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1.4 Como identificar os aspectos cognitivos e metacognitivos?

1.4. COMO IDENTIFICAR OS ASPECTOS COGNITIVOS E METACOGNITIVOS?

A todo momento, durante todas as etapas de uma Sequência de Ensino Investigativa, temse a oportunidade de desenvolver os processos cognitivos e metacognitivos dos estudantes. Mas como identificar o desenvolvimento destes processos ao longo da SEI? É sobre isso que será tratado nesta seção.

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O desenvolvimento das habilidades cognitivas e metacognitivas pelos estudantes torna o ensino por investigação uma metodologia diferenciada, pois não são valorizados apenas os conteúdos programáticos e os aspectos cognitivos (factuais e conceituais) mas os aspectos metacognitivos também (procedimentais e atitudinais).

Para que seja possível identificar os processos cognitivos e metacognitivos, é preciso compreender o significado de cada um deles para saber diferenciá-los. Também é importante esclarecer que os dois processos possuem uma estreita relação de interdependência. Ou seja, para conseguir o sucesso do estudante no desenvolvimento do processo cognitivo, é necessário criar a oportunidade de exercitar as habilidades metacognitivas dele. Os dois processos devem seguir por todas as etapas, lado a lado, com a intenção de alcançar a alfabetização científica no ensino de Biologia.

METACOGNIÇÃO COGNIÇÃO ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA

I. O QUE É COGNIÇÃO?

É o processo realizado pelo estudante para adquirir conhecimento, quando esse compreende o que precisa ser feito. É a forma como se conhece o mundo, como se apreendem as informações do cotidiano. Cada um faz essa coleta a seu modo. No processo cognitivo estão envolvidos: o pensamento, a memória, o raciocínio, a forma como se chega à conclusão de um assunto. Quais são os objetivos cognitivos que podem ser identificados no desenrolar de cada etapa?

É POSSÍVEL PERCEBER O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO QUANDO:

1º Etapa: na elaboração de hipóteses, na busca pela resolução do problema, no uso do vocabulário científico e quando o aluno, finalmente, compreende o problema apresentado pelo professor, isso ilustra o desenvolvimento da habilidade cognitiva.

2º Etapa: na realização do experimento para teste de hipóteses. Na execução das normas de biossegurança e na elaboração do relatório.

3º Etapa: na resolução das atividades relacionadas aos resultados experimentais encontrados. Elaboração do relatório. Uso do vocabulário científico. Construção de conceitos sobre os fenômenos observados dentro da temática.

4º Etapa: na organização e apresentação das conclusões encontradas. Uso do vocabulário científico.

5º Etapa: nas respostas do questionário aplicado pelo professor. Elaboração das explicações causais ou legais do que foi aprendido.

II. O QUE É METACOGNIÇÃO?

É a reflexão realizada sobre os processos cognitivos efetivados. Quando o estudante reflete sobre as ações concretizadas, sobre como as planejou para resolver o problema apresentado. É quando ele faz o que compreendeu, e sobre como irá aplicar o conhecimento adquirido em seu cotidiano (RIBEIRO, 2003). Quais são os objetivos metacognitivos que podemos identificar no desenrolar de cada etapa?

É POSSÍVEL PERCEBER O DESENVOLVIMENTO METACOGNITIVO QUANDO:

1º Etapa: quando o estudante se questiona: “estou consciente do problema?” E consegue fazer aquilo que compreendeu. Um aluno consciente elabora boas hipóteses e consegue migrar da fase manipulativa, para intelectual.

Quando o aluno planeja a forma como poderá comprovar a hipótese, ou quando sugere alterações no experimento proposto pelo professor.

2º Etapa: quando o aluno se questiona: “que passos preciso dar? O que eu preciso fazer agora?” E busca realizar o planejamento do experimento, das suas ações com segurança.

3º Etapa: quando o aluno se questiona: “como fiz para dar certo?” “Como cheguei a esta conclusão?” “Para que me serviu o que encontrei?” E analisa os resultados que descobriu.

4º Etapa: quando o aluno se questiona “por que é importante aprender isso? Em que ocasiões posso utilizá-lo?” E busca a relevância, a aplicabilidade do conhecimento adquirido e é capaz de comunicar suas explicações, usando palavras novas, pertencentes ao vocabulário científico.

5º Etapa: quando o estudante se questiona: “o que eu aprendi?” Sendo capaz de demonstrar o que foi aprendido na forma escrita. Além disso, o estudante utiliza o espaço da autoavaliação para opinar sobre a aula, sobre o conteúdo e suas ações, quando ele avalia o seu processo de aprendizagem, manifestando suas dúvidas, anseios, e certezas sobre o tema.

O exercício metacognitivo proposto nessas etapas é importante. É por meio da realização de questionamentos aos estudantes que esses irão refletir sobre a trajetória percorrida para finalizar as ações, também sobre como eles as executaram e em quais momentos esse conhecimento adquirido lhes será útil (CARVALHO, 2013; RIBEIRO, 2003).

III. COMO IDENTIFICAR SE ESTOU ALFABETIZANDO CIENTIFICAMENTE MEUS ESTUDANTES?

Os indicadores de Alfabetização Científica (AC), segundo Carvalho (2013), evidenciam o modo como o estudante reage e age quando se depara com algum problema durante uma abordagem investigativa, e quais são as habilidades desenvolvidas pelos alunos durante a aplicação da SEI:

 Com os alunos trabalham com os dados obtidos em uma investigação? Como organizam e classificam estes dados coletados?

 Como organizaram o pensamento? Possuem uma linha de raciocínio própria?

 Como lidam com as situações analisadas? Realizam a elaboração e os testes de hipóteses?

Buscam justificar os resultados? Elaboram conceitos sobre o fenômeno observado?

Organizam oralmente e de forma escrita explicações causais? Exercitam a argumentação científica?

Professor(a), é importante compreender que através das abordagens investigativas é possível não somente desenvolver os conteúdos programáticos e científicos, mas também as características que compõem a natureza desse conhecimento e desenvolver a argumentação científica e senso crítico. E essa reflexão sobre o próprio aprendizado se faz necessária para que os alunos se sintam encorajados a terem compromisso e responsabilidade pela sua própria aprendizagem, desenvolvendo o que tem sido denominado de consciência metacognitiva (CARVALHO, 2013; RIBEIRO, 2003).

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