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OBJEÇõES AO ARGUMENTO COSMOLóGICO

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Conclusão

Conclusão

Qual é a causa de Deus?

Se todas as coisas do universo precisam de causas anteriores, porque é que Deus não precisa? Dizer que Deus é um ser sobrenatural e tem uma natureza diferente das coisas do universo não parece explicar porque não precisa de uma causa.

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Será que Deus se criou a si mesmo? Mas, para isso, tinha de existir antes de si próprio, o que não parece fazer sentido.

Várias questões foram surgindo sobre a razão do mesmo. Terá Deus sido criado por um Deus superior? Mas, nesse caso, quem criou esse Deus superior? Um Deus ainda mais superior? Ou seja: recorrer a Deus para explicar a existência do universo também leva a uma regressão Infinita e não parece, portanto, ser uma boa explicação.

A causa primeira pode não ser o Deus teísta:

Suponhamos que o argumento cosmológico prova a necessidade de uma causa De primeira. Contudo, não prova que esta seja o Deus teísta. A causa primeira poderia ser uma divindade deísta ou não ser sequer uma divindade. Para ser a causa primeira do universo teria de ser uma entidade muito poderosa, mas podia não ser omnipotente e, sobretudo, não ser omnisciente nem perfeitamente boa.

"[Mesmo que aceitássemos o argumento, este] apenas provaria, no melhor dos casos, que a primeira causa existe, não que essa primeira causa seja Deus. (...) E mesmo que o argumento tivesse provado que a primeira causa tinha de ser um deus, não provaria que ele tivesse de ser o seu Deus (se for um crente) ou um deus que encaixasse ca judeus ou muçulmanos têm de Deus. Poderia ser qualquer um na imagem comum que os cristãos, dos milhares de deuses diferentes em que os seres humanos acreditam ou, , talvez, um deus em que os seres humanos nunca tenham pensado."

(Howard Kahane)

Argumento ontológico

Ao contrário do argumento cosmológicos, o argumento ontológico mostra a tentativa de demonstrar a existência de Deus de um modo inteiramente a priori (sem recurso à experiência ou aos dados empíricos). Este argumento começa com um conceito de Deus e, recorrendo apenas a princípios a priori (razão) que procuram provar que Deus efetivamente existe a partir da ideia que (alegadamente) temos de Deus. As premissas deste argumento podem ser justificadas apenas pelo pensamento, não requerendo de informação empírica.

Santo Anselmo de Cantuária apresenta este argumento no segundo capitulo da sua obra "Proslogion".

Supondo que alguém diz que, por exemplo, Zeus não existe. Como para negar inteligivelmente a existência de algo é preciso ter esse algo em mente, segue-se, de acordo com Anselmo, que, se alguém diz que algo não existe, esse algo existe no seu entendimento. Assim, dizer que Zeus não existe equivale a afirmar que Zeus existe no entendimento, mas não na realidade (ou seja, que ele existe apenas no entendimento).

AnselmodeCantuáriafoiummongebeneditino,filósofo e prelado da Igreja que foi arcebispo de Cantuária entre 1093-1109 Chamado de fundador do escolasticismo, Anselmo exerceu enorme influência sobre a teologia ocidental e é famoso principalmente portercriadooargumentoontológicoparaaexistência deDeuseasatisfaçãosobreateoriadaexpiação.

O conceito de existência na realidade é o que habitualmente possuímos para designar as coisas que efetivamente existem, independentes de nós. Sendo assim, uma coisa existe no entendimento quando pensamos nela.

Zeus

Anselmo acredita igualmente que a existência na realidade é uma qualidade produtora de grandiosidade, por isso se uma coisa existe apenas no entendimento, mas podia ter existido na realidade, então ela podia ser maior ou mais grandiosa do que é.

De acordo com o argumento ontológico, da grandeza de Deus ou da sua perfeição segue-se a sua existência, não apenas no pensamento, mas também na realidade.

1- Se Deus, o ser mais grandioso em que se pode pensar, for apenas uma ideia e não existir realmente, então podemos pensar num ser mais grandioso do que Deus.

O filósofo considera nesta teoria que Deus não tem limitações nem imperfeições: é perfeito no conhecimento, no poder, na bondade e em tudo o que possamos imaginar. Ora, é mais grandioso ou mais perfeito existir (na realidade) do que não existir (ou existir apenas no entendimento). Deste modo, a existência constitui um dos aspetos da grandiosidade e perfeição de Deus (um ser perfeito não seria perfeito se não existisse). Daqui se conclui que Deus existe na realidade.

Se dissermos que Deus é apenas uma ideia e não existe realmente, poderemos pensar num outro ser supremo e perfeito. Porém, nesse caso, ao pensar nesse outro ser estaremos a pensar em algo mais grandioso do que Deus, pois atribuímos-lhe as mesmas qualidades mais a existência.

2- Mas é falso que possamos pensar num ser mais grandioso do que Deus.

Ao negar a existência de Deus estamos a negar-lhe a grandeza máxima que lhe tínhamos reconhecido ao defini-lo como «aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado». Por isso, é incoerente ter a ideia de Deus e não reconhecer a sua existência.

3- Logo, Deus existe tanto no entendimento como na realidade.

Haverá alguma coisa que exista de facto só por pensarmos nela?

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