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PAPO CABEÇA

UM RETRATO HISTÓRICO DO BRASIL

A PRIMEIRA COLETA DE DADOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA FOI EFETUADA EM 1808, VISANDO ATENDER ESPECIFICAMENTE A INTERESSES MILITARES. MAS O DENOMINADO CENSO GERAL DO BRASIL, REALIZADO EM 1872, É CONSIDERADO O PRIMEIRO FEITO NO PAÍS, CONDUZIDO PELA ENTÃO DIRETORIA-GERAL DE ESTATÍSTICA. VOCÊ PODE TER RECEBIDO EM SEU DOMICÍLIO, NOS ÚLTIMOS MESES, UM DOS RECENSEADORES DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, PARA A COLETA DE DADOS QUE VÃO INTEGRAR O CENSO DEMOGRÁFICO 2022. REALIZADO COM PERIODICIDADE DECENAL, NESTE ANO SERÃO RECENSEADOS CERCA DE 78 MILHÕES DE DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES DO NOSSO PAÍS, INCLUINDO ALDEIAS INDÍGENAS E TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS. PARA APROFUNDAR O ASSUNTO, A FV CONVERSOU COM A COORDENADORA DE ÁREA DO CENSO DEMOGRÁFICO 2022 DE CHAPECÓ E REGIÃO, CRISTIANE LAZZARIN. >>

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Flash Vip. Muito mais que um levantamento quantitativo da população, qual a importância de realizar o Censo Demográfico?

O Censo constitui a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todos os municípios do País e em seus recortes territoriais internos, tendo como unidade de coleta a pessoa residente, na data de referência, em domicílio do Território Nacional. Ele vai ajudar cada um de nós a conhecer melhor o País, nossos estados e, principalmente, nossos municípios. Os resultados do Censo 2022 vão refletir a realidade brasileira, fornecendo o retrato do Brasil num determinado período de tempo. Seus dados serão utilizados em programas e projetos que vão contribuir para que todos os governantes tenham como planejar as políticas públicas de cada município do País. Mas não é só o governo que se beneficia dos dados do Censo Demográfico.

A sociedade também pode fazer uso de seus resultados, utilizando-os na seleção de locais para a instalação de fábricas, supermercados, shopping centers, escolas, creches, cinemas, restaurantes, lojas; na análise do perfil da mão de obra brasileira, instrumento fundamental para sindicatos, associações profissionais e entidades de classe; na análise acadêmica do perfil sociodemográfico e econômico da população e sua evolução entre 2010 e 2022; e na reivindicação dos cidadãos por maior atenção do governo municipal ou estadual para problemas específicos, expansão da rede de água e esgoto, da rede telefônica, acesso à internet, dentre outros. São inúmeros os usos que um país pode fazer dos resultados de um Censo Demográfico.

Quais as novidades do Censo 2022?

Uma pergunta foi inclusa no questionário de amostra, para investigar a quantidade de brasileiros identificados com autismo. A grande novidade também é a inclusão da investigação sobre os povos quilombolas. Além de identificar e quantificar aqueles que se autodeclaram como quilombolas, o questionário também irá avaliar as condições de vida do grupo, reunindo dados a respeito da educação, saúde, saneamento básico, entre outras informações. Isso será fundamental para as políticas públicas incluírem esses povos no seu planejamento.

Em 2020, o Censo não foi realizado por conta da pandemia de Covid-19, e em 2021 não foi feito por conta de corte orçamentário. Quais os impactos da falta de atualização dos dados nos últimos 12 anos?

Uma sociedade que conhece a si mesma pode executar, com eficácia, ações imediatas e planejar com segurança o seu futuro. Tivemos muitas variações importantes nesses últimos 12 anos. Junto com a mudança de todo cenário brasileiro, tivemos as migrações

(...) Seus dados serão utilizados em programas e projetos que vão contribuir para que todos os governantes tenham como planejar as políticas públicas de cada município do País.

de outros países, que também não foram contabilizadas para que todo e qualquer representante político possa realizar ações para esses imigrantes. Nossa realidade mudou muito nos últimos anos e o Censo é como um raio X do nosso País.

A pandemia de Covid-19 gerou novos questionários para o Censo Demográfico ou tende a gerar para os próximos?

Quando ocorreu a pandemia, os questionários do Censo já estavam consolidados, não sendo incluídas perguntas sobre o assunto em questão. O IBGE investigou a Covid-19 através da PNAD Covid, uma pesquisa nacional de domicílios que é aplicada através de uma seleção de locais por amostragem. Foi realizada durante o auge da pandemia, por telefone, investigando dados sobre a situação e contato das pessoas com a doença.

O Censo possui dois tipos distintos de questionário, o simples e o completo. Quais as diferenças entre eles e o que define qual será respondido?

O questionário básico da pesquisa conta com 26 questões e investiga as principais características do domicílio e dos moradores. Além disso, uma parcela dos domicílios é selecionada para responder ao questionário da amostra, que conta com 77 questões. A investigação desses lares, além dos quesitos presentes no questionário básico, outros mais detalhados, com temas específicos: características dos domicílios, identificação étnico-racial, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, deficiência, migração interna ou internacional, educação, deslocamento para estudo, trabalho e rendimento, mortalidade e autismo. A escolha desses questionários de amostra, o mais completo, são por frações amostrais, sendo elas: em municípios com até 2,5 mil habitantes, são aplicados 50% de questionário de amostra; em municípios de 2,5 mil até 8 mil habitantes, são aplicados 33% de questionário de amostra; nos municípios de 8 mil até 20 mil habitantes, são aplicados 20% de questionário de amostra; nos que possuem de 20 mil até 500 mil, são aplicados 10% de questionário de amostra; e naqueles acima de 500 mil habitantes, são aplicados 5% de questionário de amostra.

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