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2. INOVAÇÃO PEDAGÓGICA E BENEFÍCIOS DE PROJETO

O projeto de recuperação da horta biológica da escola destaca-se pelas inovações propostas para o espaço, tornando-o mais apelativo, mais funcional, mais dinâmico e mais diversificado.

Uma das inovações introduzidas aproveita uma infraestrutura física descaracterizada pré-existente na escola para conformar um mecanismo simples e de fácil execução destinado à recolha, aprovisionamente e utilização da água da chuva. Esta ideia potencia, a longo prazo, um conjunto de ações de elevado interesse pedagógico e ambiental que integram um projeto mais amplo, seguindo uma lógica de interdependência, coerência e circularidade. Todo o trabalho desenvolvido está sustentado por sub-projetos detalhados, em formato de cartazes informativos ilustrados, que descrevem com detalhe os objetivos e os procedimentos, assim como numa maqueta que evidencia, tridimencionalmente, o projeto e a relação simbiótica entre todos os seus componentes.

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As ideias apresentadas resultaram de um trabalho interdisciplinar e transdisciplinar, que permitiu ultrapassar os conteúdos das próprias disciplinas, procurarando e relacionando informação pertinente de fontes diversas e conjeturando novas ideias e modelos, dando assim corpo a um trabalho de elevado valor pedagógico e baseado em metodologias ativas de ensino. Nesse sentido, está perfeitamente alinhado com os documentos estruturantes da atividade educativa “Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória” e “Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular”.

O projeto e as ideias que encerra conformam um benefício ambiental direto, na medida em que promove o aproveitamento de um recurso natural vital. A água doce é essencial à continuidade da vida humana e das atividades que a suportam, mas é um bem escasso, pois representa apenas 1% do total da água do planeta. O benefício ambiental deste projeto prolongar-se-á por longo prazo, permitindo a continuidade do processo de recolha, aprovisionamento e utilização da água da chuva por anos sucessivos. Realçam-se as mais valias ambientais que a concretização desta ideia e do projeto onde está inserida permitirão atingir ao longo do tempo, como sejam a produção biológica de produtos hortícolas obtidos principalmente a partir de variedades de plantas locais, a produção de plantas aromáticas e medicinais, a produção de espécimes arbóreos autóctones para reflorestação, o benifício dos polinizadores e a promoção da reciclagem de nutrientes através da compostagem. Haverá também um benefício económico, na medida em que a utilização de água da chuva no espaço da horta biológica evitará a utilização da água da rede pública.

O maior benefício está, no entanto, o associado às mais-valias pedagógicas das atividades que o projeto permitirá desenvolver. Essas atividades contribuirão para a qualidade da formação e para a capacitação transversal proporcionada aos alunos da escola que deverão estar cada vez mais alinhadas com os princípios do desenvolvimento sustentável e da resposta aos cidadãos perante os grandes desafios da atualidade. Destaca-se o envolvimento dos alunos em atividades práticas, num contexto e num espaço que lhes permitem adquirir novos conhecimentos e novas competências, incluindo a capacidade de compreender e viver num mundo em constante mudança.

3. FASES DE EXECUÇÃO E METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO

A primeira fase consistiu no diagnóstico feito ao local onde, em anos transatos, funcionou a horta da escola. O problema facilmente identificado foi o grau de degradação do espaço, tendo sido apontadas, como principais causas, a falta de água para a rega das culturas, a degradação da cobertura plástica das estufas e a invasão por plantas indesejáveis (ver figuras 1 e 2).

Os problemas diagnosticados conduziram a uma situação de difícil manutenção das culturas implementadas no espaço e a um progressivo ambandono do mesmo. Perdia-se, assim, também, a possibilidade de dinamização de um conjunto de atividades de elevado interesse pedagógico, ambiental e, até, social e cultural, que ali poderiam ocorrer envolvendo grupos de alunos e até familiares.

A fase seguinte consistiu numa investigação orientada para a dinamização do espaço, tendo em conta as atividades que se poderiam concretizar de forma a potenciar os benefícios ambientais. Com recursos à diversidade de informação disponível na internet foram consultados dezenas de sítios para recolha de informação cientificamente sustentada e útil para o projeto. Surgiram, desta forma, várias ideias com sentido e coerentes entre si, muitas delas concebidas também com o contributo dos familiares dos alunos (ver figura 3).

As ideias desenvolvidas resultaram em vários sub-projetos dão suporte visual ao projeto e aproveitam a componente comunicacional do projeto global.

Todos os sub-projetos foram apresentados em cartazes devidamente detalhados (ver figuras 4, 5, 6, 7 e 8), para que possam servir a componente comunicacional do projeto e também para explicitar os fundamentos científicos e técnicos do projeto e apoiar a sua implementação (identificação de materiais e indicação de procedimentos de instalação). Aplicaram-se técnicas de ilustração e desenho técnico, incluindo o uso realista de cores, medidas, proporções e perspetivas visuais. Procederam-se a medições e cálculos matemáticos diversos, como volumes e áreas. Também foi construída uma maqueta, com recurso, maioritariamente, a materiais reutilizados. Estes subprojetos, ou “projetos de pormenor”, e a maqueta construída também informam sobre os recursos materiais necessários para a execução, os quais integram uma lista longa da qual fazem parte, entre outros: plástico de cobertura das estufas; tela de cobertura de solo; casca de pinheiro; blocos de delimitação de canteiros (ou outros materiais para o mesmo fim); ferramentas de jardinagem; vários tipos de recipientes; madeira (que pode ser reutilizada); mangueiras e torneiras; sementes e plantas. Serão necessários, também, serviços de mão-d’obra e pichelaria.

A última fase até ao momento consistiu na construção de uma representação tridimensinal do projeto, para a qual se recorreu a materiais reutilizados, alguns deles provenientes de lixo marinho. A maqueta resultante, construída à escala de 1:20 (ver figuras 9 e 10), expressa bem a ideia para a recolha, aprovisionamento e utilização da água da chuva, assim como o contributo de todos os outros componentes para o projeto global de recuperação da horta biológica da escola.

Deve salientar-se que todo o projeto de recuperação tem subjacente a sua própria sustentabilidade, na medida em que limita as operações de manutenção. Os detalhes relativos à sua execução permitem contrariar alguns problemas que têm tendência a ganhar expressão ao longo do tempo, como a falta de água e o excesso de evaporação pelo solo, o crescimento de ervas indesejáveis, a dificuldade em trabalhar o solo, a falta de composto natural para fertilização e a falta de plantas germinadas para plantação. Destaca-se, neste caso a atenção dada aos canteiros - que devem ser delimitados, preenchidos com um substrato adequado e cobertos com uma tela que impessa o crescimento de ervas indesejávies quando não estão a ser utilizados - e aos corredores de passagem - que devem ser coberos igualmente com um tela, também para limitar o crescimento de ervas indesejáveis, sobre a qual se propõe colocar casca de pinheiro de forma a dar uma aspeto mais natural ao espaço. Todos os materiais são de fácil aplicação, não exigindo procedimentos técnicos específicos, o que propicia a participação de elementos da comunidade local. A água da chuva recolhida será utilizada na rega de plantas no solo (hortícolas e de jardim) e de plantas envasadas (arbóreas, aromáticas e medicinais), na germinação de sementes, no sistema de cultura hidropónica e na produção de composto.

Houve uma preocupação estética ao nível da conceção e implantação das diferentes valências do projeto, precavendo a mobilidade de grupos de utilizadores, a conveniência de proximidade entre algumas estruturas a serem implementadas e a dinâmica das ações a desenvolver no âmbito dadinamização do espaço.

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