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7. Paulo, o colérico
Paulo, o Colérico
Romanos 1,1
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Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus.
Paulo era dono do temperamento considerado mais forte e mais complexo dentre os 4 temperamentos. É uma das mentes mais brilhantes de todos os tempos. Os estudiosos colocam a sua mente entre as 100 mentes mais brilhantes da era cristã. Ele era extraordinário. Nenhum dos escritores sagrados se definem melhor do que o próprio Paulo. A maneira como ele fala de si mesmo é muito interessante, por exemplo, em Romanos1,1 ele se define como: ”Paulo, servo de Cris-
to Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de
Deus”. Mas em Romanos 7,24, ele se diz: “Miserável homem eu que sou!”. Já em 1 Coríntios 15,8 ele se define como: “E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo,” ou seja, “eu sou o abortivo”. E quando ele usa a expressão abortivo, fala daquele que está matando a própria mãe, pois nos dias de Paulo um aborto matava a mãe e a criança. E Paulo se coloca como aquele que está tentando matar a igreja, porém ele está sendo gerado no ventre da própria igreja. E a gratidão de Paulo na expressão é que Deus na sua misericórdia infinita não permitiu que ele e nem a igreja morresse, ambos foram preservados para cumprir com o Plano Eterno de Deus de alcançar o mundo. Mas ele se apresenta como abortivo, o miserável homem e quando convertido, ele se coloca como Paulo, servo do Senhor Jesus. Quando Paulo escreve a Tito, ele se define como o principal de todos os pecadores: “Eu sou o pior deles, o mais desgraçado dos pecadores.” Então, ele se define de uma forma muito absoluta, muito direta e muito clara. Ele é muito autêntico e é da sua personalidade isso.
Você é o que você vê?
Acredita-se que Paulo seja o personagem bíblico que mais ilustra o temperamento colérico. Também ele é o personagem bíblico que nos apresenta mais traços de um homem transformado pelo Espírito Santo e de como alguém com esse temperamento e sobre a direção de Deus pode fazer coisas extraordinárias para Deus e no Seu reino, cumprindo o seu propósito. O Apóstolo Paulo é sem dúvida, um exemplo claro de como o Espírito Santo pode transformar uma personalidade ferrenha, irredutível em um homem resiliente, flexível e até sofrível por causa do nome do Senhor e para cumprimento do seu propósito. Naturalmente, o colérico padece mais do processo de transformação do que aqueles que são donos dos outros tipos de temperamento, porque o colérico é mais teso, mais irredutível, mais difícil de se render. Por natureza, ele é mais feroz, mais implacável. O colérico, quanto mais pressionado, mas ele entesa, pois ele não cede a nenhuma pressão. E não é capricho, a personalidade dele é assim.
Como traços negativos, o colérico costuma ser irascível, ou seja, aquele que se ira; também é sarcástico. Ele é impaciente. Se você quiser conversar com o colérico, vá direto ao ponto, não dê volta ao mundo, seja objetivo. Naturalmente, é altivo, caminha como quem está tomando o território, parece prepotência, mas é da sua natureza esse espírito de altivez. É intolerante, vaidoso, autossuficiente, astucioso. Suas características positivas são: enérgico, quase incansável, resoluto, independente, otimista, prático, decidido, líder e audacioso. O colérico é um ativista prático, para ele tudo na vida tem uma utilidade. É um líder natural e obstinado. Normalmente, é muito otimista. O cérebro do colérico vive fervilhando de ideias e objetivos. E tão logo um objetivo é alcançado, ele já estabelece o próximo. Não para, produz o tempo inteiro, pensa o tempo inteiro. Entretanto, devido essa personalidade, muitas vezes, se não controlado pelo Espírito Santo, pode cometer erros graves, pode agir por impetuosidade, se movimentar sem fazer o devido cálculo. O colérico só para quando alcança o objetivo, não é da sua natureza recuar. O colérico costuma ser bem-humorado, não tanto
Fernanda Guerra quanto o sanguíneo, mas são positivos. Os grandes administradores de empresas, diretores, generais, políticos mais destacados e os grandes soldados da história, normalmente, são donos do temperamento colérico. E é nesse quadrado que o Apóstolo Paulo se encaixa.
Porém, Paulo, o Apóstolo, não é apenas um homem de temperamento colérico, ele também é um homem de educação aprimorada, de mente brilhante e religiosidade profunda. Paulo é um poderoso jurista, um pensador rápido é hábil no raciocínio, com a incrível capacidade de não ter medo de nada e de ninguém, nem da morte. Ele dizia: “Em nada temo a minha vida por preciosa, estou pronto a não somente ser preso, mas também a morrer.” O importante para ele é alcançar a meta.
A primeira menção na bíblia sobre Paulo, ainda como Saulo, foi ele executando Estevão, o primeiro mártir da igreja, da fé cristã. Entretanto, a postura de Estevão enquanto morre ficou viva na memória do velho soldado Saulo e, provavelmente, Estevão tenha sido a primeira semente de Cristo lançada no coração de Saulo. Se lermos a descrição que a bíblia faz de Estevão, vamos perceber que as características encontradas em Paulo, posteriormente, são as que Lucas apresenta sobre personalidade de Estevão em Atos 7,59: “Enquanto apedrejavam Es-
têvão, este orava: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”. Então caiu de joelhos e bradou: “Senhor, não os consideres culpados deste peca-
do”. E, dizendo isso, adormeceu.” Se Estêvão não tivesse sido morto, certamente, também teria se tornado um grande nome na história do cristianismo, pois era tão sábio, que a bíblia diz que Estêvão com sabedoria, eloquência e poder falava ao Sinédrio e os juízes o ouvia, ou seja, a mesma característica esboçada por Paulo posteriormente.
Analisando um traço negativo de Paulo e consequentemente do colérico, Paulo era cruel, frio. Não tinha problema de fazer o que tinha que ser feito. Colérico não tem problema em demitir, desfazer sociedade, acabar uma relação e depois, não fica lamentando pelos cantos. O
Você é o que você vê? colérico não sente necessidade que alguém sinta pena dele, e se você sentir, ele se ofende. É da sua natureza essa crueldade, frieza. Saulo era o grande vigilante e perseguidor da fé cristã, o mais temido de Jerusalém. Atos 9,1-2 diz que “E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor”, ou seja, ele tinha ânsia por perseguir os cristãos, fala dele como de um animal feroz querendo devorar a sua presa. O Saulo colérico, sem Deus, não vê limite para sua fúria. Não havia perdão para quem atravessasse o seu caminho. Atos 29,9-10 diz:
“Com autorização dos chefes dos sacerdotes lancei muitos santos na prisão, e quando eles eram condenados à morte eu dava o meu voto
contra eles”, isto é, ele prendeu alguns, mas também condenou outros. Traço de um homem cruel, firme no seu propósito. De uma personalidade que não tolera aqueles que não se colocam alinhados com seus princípios. “Muitas vezes ia de uma sinagoga para outra a fim de
castigá-los, e tentava forçá-los a blasfemar. Em minha fúria contra
eles, cheguei a ir a cidades estrangeiras para perseguí-los”, Atos 29,11. A fúria de Saulo estava crescendo, ninguém conseguia parar sua sede de violência, ele quebrava a regra, ia além da jurisdição. Saulo era uma ameaça aos cristãos, se sentia o vigilante do judaísmo.
Saulo era tão feroz que todos o temiam. Depois que ele se encontrou com Jesus à caminho de Damasco, Atos 9,11-15, tinha um homem chamado Ananias, que era um discípulo piedoso, a igreja de Damasco funcionava na sua casa, e o Espírito do Senhor veio a Ananias e disse: “Vá à casa de Judas, na rua chamada Direita, e pergunte por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está orando;” e então respondeu Ananias: “Senhor, tenho ouvido muita coisa a respeito desse homem e de todo o mal que ele tem feito aos teus santos em Jerusalém. Ele chegou aqui com autorização dos chefes dos sacerdotes para prender todos os que invocam o teu nome”. Irmão, Saulo era tão cruel que o Espírito de Jesus fala com Ananias e ele ainda tem dúvida se é realmente o Espírito Santo que está falando. E Jesus responde: “Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gen-
Fernanda Guerra
tios e seus reis, e perante o povo de Israel. Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome”.
Somente um homem com o temperamento colérico guiado pelo Espírito Santo iria onde Paulo foi e faria na história da igreja o que Paulo fez. O império estava matando cristãos e Paulo penetrando nas fronteiras do Império Romano e constituindo igreja em toda a Europa, Ásia e África. Muitos estavam morrendo e Paulo não para. É fato que ele tem os seus momentos de crise, por exemplo, quando ele diz que era um abortivo, ele estava falando de uma crise interior. Quando ele diz que além da preocupação com as igrejas, pesa sobre ele uma pressão interior, ele está falando de conflitos, possivelmente, dizem os estudiosos, frutos das memórias do estrago que ele fez na sua história contra a própria igreja, traços de sua personalidade, de um homem cruel. As pessoas têm um temperamento preponderante e um secundário, e dar-se a entender que o temperamento secundário de Paulo era o melancólico, tanto pelas crises de angústias que ele esboça aqui e acolá, quanto pela logística de seus pensamentos. As epístolas que ele escreveu são completas, objetivas e claras. Paulo é quem lança os pensamentos da legislação da fé cristã, os pilares cristãos. A epístola aos Romanos é tão completa que os estudiosos a chamam de Enciclopédia do Cristianismo, fruto de uma mente extraordinária, mas com uma personalidade extremamente forte.
Como traço positivo do colérico Paulo, podemos destacar a sua determinação e força de vontade. Colérico não tem pressa, tem objetivo. Se ele vai alcançar hoje ou daqui um ano ou dez, não importa, o que importa é alcançar. Isso é fruto da sua determinação, da sua força de vontade. O que pode ser perigosa, porque essa determinação pode levar o colérico a confundir fé com autoconfiança. Então, muitas vezes, ele está sendo autoconfiante e está dizendo que é fé. A autoconfiança te expõe, pois ela aponta para você e fé te assegura, pois ela aponta para Deus. Você é limitado, falível, por isso é preciso que um colérico seja de fato controlado pelo Espírito Santo. A autoconfiança tem seu mérito, mas ela precisa ter limite, pois tem níveis que a pessoa não alcança sem que o
Você é o que você vê? controle de Deus esteja operando o processo. Em geral, justamente por conta de sua determinação, o colérico é bem-sucedido em qualquer profissão que ele desenvolve, não porque ele é mais inteligente do que os outros, mas porque ele não admite retroceder. Estabelece o objetivo e cumpre. Se determina uma meta para o colérico, não precisa ficar supervisionando, ele não vai parar enquanto não alcançar a meta. Essa determinação operada pelo Espírito Santo, ninguém segura, exemplo disso temos lá em 1 Coríntios 9,26-27: “Sendo assim, não corro como
quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar. Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado
aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado”, ou melhor, ele está dizendo que ele se castiga, se esmurra, se atropela, mas o que ele tem que fazer, ele realiza. Ainda aos Coríntios ele diz assim: “Fiz-me como
fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos,
para por todos os meios chegar a salvar alguns”, 1 Coríntios 9,22. Ele era tão determinado que utilizava de todos os recursos para alcançar seus objetivos. É um líder nato, em Gálatas 6,17, ele usa esta expressão: “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus”. Ninguém podia interromper Paulo, porque ele ia caminhar. Em Filipenses 3,12 ele já usa essa expressão: “Não que
eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Je-
sus”. Esquecendo das coisas que para trás ficam, prossigo. Paulo não fica lamentando o ontem, pois ele tinha que avançar.
Irmão, o colérico se vê doido quando ele precisa exercer o domínio próprio. É quase frear uma Scania carregada na ladeira em alta velocidade. Porém, determinação é um traço de personalidade que todo cristão deveria ter. Paulo nos ensina que o segredo dessa postura, dessa autodisciplina é uma mente estabelecida no propósito. Ele nos ensina que a nossa mente precisa ser nutrida, alimentada, direcionada e controlada pelo Espírito Santo. Guarde a sua mente, porque o Satanás quer te destruir a partir dela, Paulo sabia disso. Todas as nossas crises come-
çam na nossa mente. Então, comece a orientar a sua mente pela palavra e firmá-la em Deus. Assim Paulo diz em 1 Coríntios 2,16: “Quem conhe-
ceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo? Nós, porém, temos a
mente de Cristo”. Ele diz em 2 Coríntios 10,4-5: “Porque as armas da
nossa milícia não são carnais, mas sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; Derrubando os argumentos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensa-
mento à obediência de Cristo”. E ainda diz aos Filipenses 4:8: “Quanto
ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa
fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai,” ou melhor, ele está dizendo: eduque a sua mente.
Paulo é um exemplo claro de como o Espírito Santo é capaz de moldar uma natureza difícil. Por conta de seu temperamento, era um desbravador agressivo e irascível. Em Atos 15,36-41, Paulo foi fazer sua terceira viagem missionária junto com Barnabé. Barnabé não era um homem qualquer, ele era um profeta, apóstolo, um dos doutores e líderes da igreja de Antioquia. Ele foi o homem que foi a Damasco buscar Saulo, o novo convertido. Ninguém queria contar com o Saulo, por conta do seu histórico de perseguição, mas Barnabé é quem vai discipulá-lo para o ministério. Nessa viagem, Barnabé quer levar seu sobrinho João Marcos, mas Paulo não aceita, pois este por conta de alguma dificuldade desistiu de seguir com eles na primeira viagem que fizeram juntos. E a bíblia diz que Barnabé insistiu pela ida do sobrinho e ouve uma contenda tão forte entre Paulo e Barnabé que eles se separam. Barnabé viajou com João Marcos e Paulo viajou com Silas. Houve ruptura. Aqui, irmão, encontramos a personalidade de Paulo dizendo que não iria ceder. Perco o amigo, mas não perdoo aquele que voltou lá atrás. Interessante é que a bíblia vai nos mostrar que Paulo estava errado. Quando ele é preso, condenado à morte, ele escreve uma carta para Timóteo, dizendo assim: “Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito
Você é o que você vê? útil para o ministério.” O tempo mostra para o colérico Paulo que aquela decisão de abrir mão de Barnabé, porque não queria a presença de João Marcos, foi uma atitude que poderia ter sido evitada, mas foi maestrada por sua personalidade.
Um outro momento de ira de Paulo, já convertido, está em Atos dos Apóstolos 16,35-40. Paulo depois da briga com Barnabé vai para Filipos, onde ele expulsa o demônio de uma moça que tinha o espírito de adivinhação, e ele e Silas acabam sendo presos. Estavam os dois no calabouço, orando e cantando e o Senhor se move e o alicerce do cárcere sacode e as correntes se quebram e todos os presos ficam soltos. Quando o carcereiro vê aquilo, ele pega a espada para se matar, pois ele respondia com a vida sobre cada preso que fugisse. E Paulo fala com ele: “Não te faças nenhum mal, estamos todos aqui.” A prisão toda se converteu, porque o natural de um preso é ir embora. O carcereiro pediu luz, entrou correndo e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Então levou-os para fora e perguntou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” Eles responderam: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa”. Aqui está um Paulo convertido, um Paulo cheio do Espírito Santo. O carcereiro chama Paulo e Silas e os leva para sua casa, pede para tomar banho, cuida das suas feridas, come com eles na sua mesa e depois o carcereiro e toda sua casa são batizados nas águas. Um milagre extraordinário acontece. Mas quando o tribunal mandou os soldados na casa do carcereiro avisar que os dois presos estavam livres e já podiam partir, Paulo respondeu assim: “Sendo nós cidadãos romanos, eles nos açoitaram publicamente sem processo formal e nos lançaram na prisão. E agora querem livrar-se de nós secretamente? Não! Venham eles mesmos e nos libertem”. Irmão, isso aqui é a personalidade de um homem que não importa o milagre que Deus tenha feito, ele não está disposto a liberar a quem lhe prejudicou. Então, os juízes vieram, liberaram Paulo e Silas e disseram assim: “Por favor, saiam da cidade.” Mas Paulo e Silas saíram de lá e foram para à casa de Lídia e ali ficaram por alguns dias, ou seja, desacato à autoridade. Não vamos obedecer.
Fernanda Guerra Frutos de uma personalidade que não está disposto a se curvar diante da determinação de alguém. É um Paulo convertido, cheio do Espírito Santo, mas com uma personalidade forte. Irmão, é preciso se conhecer para que nossas reações sejam planejadas e não impetuosas.
Um colérico, sobretudo dominado pela ação do Espírito Santo, consegue conter a sua autoglorificação e se tornar uma pessoa humilde. Tem um momento na bíblia que Paulo dá uma vangloriada, em 2 Coríntios 10, e ele diz assim: “Julgo para vós que eu não sou inferior aos mais nobres dos apóstolos.” Mas o Espírito Santo conhece a peça que ele tem na mão e Ele conhecia Paulo, em Romanos 8,27 diz que o Espírito Santo discerne as intenções do nosso coração, e como Ele sabe das nossas tendências e Ele vai tratando. Chega um momento que Paulo faz uma viagem e sofre, padece, é preso, sofre naufrágio, é apedrejado e quando ele volta a escrever, ele diz assim: “Eu não sou nem digno de ser chamado de apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus.” Irmão, o Paulo que ontem era um dos mais nobres, hoje não era mais digno de ser chamado de apóstolo. Espírito Santo trabalhando, e Ele sabe a medida, por isso precisou “ajustar” mais um pouco. Então, Paulo volta a escrever e diz: “Eu sou como um abortivo”, quer dizer, estou muito abaixo daquilo que pensei que estivesse. Mas ainda vem um espinho na carne de Paulo, que ele chama de mensageiro de Satanás, e ele reconhece que esse espinho era para que ele não se vangloriasse, era para tirar a sua vaidade e o manter no seu nível. E quando ele escreve para Timóteo, ele diz assim:
“Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou
o pior deles”, ou seja, Paulo revela um nível de humildade adquirido pela experiência com o Espírito Santo. Mas entenda, humildade é diferente de humilhação. Humilhação é quando te empurram para baixo, humildade é quando você decide descer. Jesus disse assim: ”Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”, Mateus 11,29. Irmão, a humildade é o sentimento que mais nos assemelha a Cristo.
Você é o que você vê?
Paulo era um homem obstinado, o colérico é por natureza assim. Quando você se contrapõe a um colérico, mais entesado ele se torna para cumprir aquilo que determinou fazer. A melhor forma de lidar com um colérico, quando você não concorda com ele, é esboçando sua opinião, mas não fazer frente. Porque quando você bate de frente, ele vira um touro querendo quebrar a parede. Vai cumprir o que disse só para dizer que cumpre. Entende tudo como um desafio, mesmo que você não o esteja desafiando. A força de vontade e determinação do Apóstolo Paulo torna ele um homem motivado e com uma incrível capacidade de motivar outras pessoas, provavelmente, no Novo Testamento, ninguém fez tanto discípulos como Paulo, em Romanos 16 ele cita alguns deles. Paulo sabe formar líderes e não cansa, é um homem infatigável. Ele está sempre pronto para cumprir a missão cheio de fé. Porém, a determinação de Paulo, a sua força de vontade, a sua obstinação manifesta uma vontade perigosa, a sua incapacidade de retroceder lhe coloca em uma linha de risco.
Boa parte dos cristãos pensam que Paulo depois da conversão não falhou nada, que Paulo não cometeu lapsos de sua personalidade, no entanto, há um momento crucial na vida de Paulo que, claramente, parece ser mal dirigido. A sua obstinação lhe tira a capacidade de ouvir e calcular suas ações. Em Atos 20, quando Paulo está voltando da sua terceira viagem missionária, ele decide que quer ir à Jerusalém antes da festa de Pentecoste. Não há nenhum indício no texto que o Espírito Santo tenha mandado Paulo ir à Jerusalém. É um desejo forte dele, uma vontade de voltar em casa, pois Paulo tinha uma irmã que morava lá. Mas essa obstinação por um alvo perigoso é transformada numa vontade que Paulo não aceita que seja questionada. Ele decidiu e foi. Então podemos observar em Atos 20,22-24, Paulo dizendo assim: “Agora, compelido pelo
Espírito, estou indo para Jerusalém, sem saber o que me acontecerá ali, senão que, em todas as cidades, o Espírito Santo me avisa que prisões
e sofrimentos me esperam.” No texto fica claro que não era o Espírito Santo falando para Paulo ir à Jerusalém e sim a vontade dele, o Espírito
Fernanda Guerra dele. Todavia, o Espírito Santo o avisou que era um território perigoso e que ele iria passar por prisões e sofrimentos e mesmo assim ele decidiu ir e pensou assim: “Mas, não me importo, nem considero a minha
vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou de testemunhar do evangelho da graça de Deus.”
Irmão, aqui fazendo uma leitura cuidadosa, percebo uma necessidade de Paulo ser aceito pela igreja de Jerusalém, que o rejeitou. O fato dele ter sido perseguidor fez os cristãos de Jerusalém não gostarem dele. Ele vai lá para se encontrar com Pedro e Thiago e não consegue. Paulo entende que sua carreira só seria completa quando a igreja de Jerusalém o reconhecesse. Apesar disso, o texto sagrado diz em Atos 21,4 que desembarcando em Tiro, onde o navio deles deveria deixar sua carga, encontraram os discípulos dali e ficaram com eles sete dias. Eles, pelo Espírito, recomendaram a Paulo que não fosse a Jerusalém. Mesmo sendo alertado outra vez pelo Espírito Santo, Paulo segue viagem. Quando parou em Cesaréia, ele se hospedou na casa de um discípulo chamado Filipe, o evangelista. Filipe tinha três filhas que profetizavam, mas Deus não usou nenhuma delas para falar com Paulo e sim enviou um profeta chamado Ágabo que entrando na casa de Filipe, olha para a parede, vê um cinto pendurado, então o pega, amarra com suas próprias mãos e diz assim: “Assim o Espírito me diz, desta maneira os judeus amarrarão o dono deste cinto em Jerusalém e o entregarão aos gentios”. Neste momento, sabendo que o cinto era de Paulo, todos olham para ele e rogam para ele não ir para Jerusalém, porém Paulo, irredutível, respondeu assim: “Por que vocês estão chorando e partindo o meu coração? Estou
pronto não apenas para ser amarrado, mas também para morrer em
Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”, Atos 21,13.
Irmão, o final desta história foi que Paulo ficou dois anos preso em Jerusalém e de lá foi transferido para Cesaréia, porque os judeus estavam armando para matá-lo na prisão. Em Cesaréia, Paulo iria ser jul-
Você é o que você vê? gado pelo governador da província, mas ele manda uma carta para o imperador romano dizendo que era cidadão romano e que não queria ser julgado por um preposto e exigindo ser julgado por César. Quando Paulo chega à frente do Rei Agripa, ele diz que por pouco Paulo o convence a se converter. Se ele não tivesse apelado para o César, ele o libertaria naquela hora, mas agora saiu da sua alçada e ele precisava o enviar para Roma. Paulo foi então transferido, fica três anos preso e foi executado e decapitado. Irmão, penso que o colérico falou mais forte nesse episódio da vida de Paulo. Ele não quis retroceder. O Espírito Santo lhe avisou várias vezes que ele não fosse e ainda assim, Paulo foi. Aqui vemos o perigo da obstinação. Apesar de você ser uma pessoa determinada, corajosa, é preciso aprender a ouvir aqueles que estão perto de você e sobretudo saber ouvir a voz do Espírito Santo. Um homem debaixo do comando do Espírito vai caminhar e fazer uma grande obra. É preciso entender que, muitas vezes, a nossa teimosia pode interferir nos nossos resultados. Entenda, não estou afirmando que Paulo morreu antes do tempo, mas que ele poderia ter feito muito mais, porque na bíblia tá escrito que “há tempo para nascer e tempo para morrer”, mas também está escrito que “não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas tolo; por que morrerias antes do teu tempo?”, Eclesiastes 7,17. Tenha foco, mas não seja teimoso.
Agora, passando para um traço positivo, Paulo era líder de transformação. Todo colérico, normalmente, encabeça movimentos de transformação. O colérico não consegue ver uma injustiça e simplesmente se comover. Se ele ver uma injustiça, ele vai se mover. Normalmente, os coléricos são grandes reformadores, por exemplo, Paulo colérico, chega na igreja da Galácia e encontra com o Pedro sanguíneo. Pedro, entre os gentios, estava sentando a mesa e comendo com os irmãos, com naturalidade típico de um sanguíneo, tratando bem a todos. Porém, quando chega o apóstolo Tiago, Pedro para o agradar, se afasta dos gentios. Isso porque a igreja da Judeia não se relacionava bem com a da Gentílica. A igreja da Judeia não entende que os gentios também poderiam alcan-
çar a salvação, a não ser pela circuncisão e pelos ritos judaicos. Paulo, quando entendeu toda aquela cena em que Pedro se afastou dos gentios para agradar a Tiago, foi demais para o colérico. Acontece que Pedro era o Bispo da igreja Apostólica, andou com Jesus e era honrado por isso. Tiago é o bispo da igreja em Jerusalém. Paulo é simplesmente um novo apóstolo, um novo obreiro, mas o temperamento fala mais alto e Paulo olhou para Pedro e “resistiu na cara”, ou seja, colocou o dedo na cara dele e disse que ele não era cristão. “Como pode você querer converter os
gentios ao judaísmo, se você, que é judeu, não estava se comportando
como tal? Você é um hipócrita”, Gálatas 2,11-14. A dor de Paulo era porque ele percebeu que os irmãos gentios foram desprezados por Pedro que, naquele momento, por respeito a Tiago se afasta. Isso é da personalidade do colérico, Paulo estava ali reivindicando o cuidado com os irmãos, pois o fato deles serem gentios não os tornavam indignos da salvação, porque por eles Cristo também morreu.
Paulo é um modelo inspirador, pois se transformou no maior empreendedor do cristianismo da história da igreja. Sua primeira viagem missionária foi acompanhando e sendo liderado por Barnabé, seu mentor, guia e orientador. A partir daí o feroz Paulo, agora convertido, viaja por todo o mundo antigo estabelecendo igreja, propagando o evangelho. Paulo é o estabelecedor de igrejas em toda Europa, Ásia e África, e diga-se de passagem, somos resultados do seu ministério. Sem sombra de dúvidas, Paulo se torna um dos gigantes da história do Cristianismo e da história da igreja, ele foi o maior evangelista, o maior teólogo, o maior implantador de igrejas, o maior missionário. Nenhum homem, depois de Jesus, exerceu tanta influência sobre a nossa civilização quanto Paulo. Nenhum escritor foi tão conhecido. A obra de nenhum homem foi tão difundida, propagada e utilizada como as obras de Paulo. Ele é considerado uma das mentes mais brilhantes de toda a história, embora sofresse pressões internas e pressões externas, iremos perceber que a sua alma não era uma alma amargada. Ele não arquiva magoas, apesar das traições que sofrera no seu ministério.
Você é o que você vê? Quando Paulo escreve a carta aos Filipenses, ele estava preso, preste a ser executado, e a carta é conhecida como a carta da alegria. Paulo poderia ser executado a qualquer hora, poderia estar ansioso, tendo pesadelos, se lamentando, murmurando, mas o que vemos é um homem tomado por uma paz que excede todo entendimento. “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos.”, Filipenses 4,4. Não é simples, aqui é um aspecto de um colérico que foi profundamente transformado pelo poder de Deus.
Imaginar que Paulo não tinha aflições e sofrimentos é fantasiar, exemplo disso, está em Filipenses 1,12, “Eu quero, irmãos, que saibais
que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito
do evangelho;”. Paulo compreende que seu sofrimento é uma semente para que o evangelho expanda e essa é uma razão pelo qual ele tem paz e não reclama. Na 2 Coríntios 12, Paulo diz assim: “em verdade que não
convém gloriar-me; mas passarei as visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem
não é lícito falar.” O interessante, irmão, que quando ele está falando em conhecer, ele não está falando por fora e sim interiormente. Ele está falando de si mesmo, mostrando para nós um espírito de humildade, que ele não diz “eu fui ao terceiro céu, eu fui ao paraíso”, ele fala de si mesmo na terceira pessoa da conjugação verbal. Paulo não fala da glória que o Senhor o revela exaltando a si mesmo, ele se revela na terceira pessoa para deixar claro que o destaque é do Senhor. “De alguém assim
me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve. E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.”
Muitos têm discutido sobre qual seria o espinho na carne de Paulo, mas o interessante é que ele não fez questão de explicar, porque Paulo estava querendo nos ensinar que cada um tem a sua luta pessoal, seu embate interior, por isso sua não preocupação de se falar do que se tratava. Se ele falasse, um grupo de pessoas poderiam se identificar com ele, mas outro grupo não se identificaria. Paulo só explica que o motivo desse espinho era para ele não se exaltar, não se glorificar, não se envaidecer. Mas Paulo suplicou: “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim”. E o Senhor disse-lhe: “A minha
graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim ha-
bite o poder de Cristo.” E Paulo conclui: “Por isso sinto prazer nas fra-
quezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias
por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” Irmão, olha que experiência extraordinária o colérico Paulo recebeu: “Não é
a minha força, não é a minha capacidade, não é o meu temperamento, não é a minha formação acadêmica, não é a minha fúria, nem a minha coragem, é o Senhor operando em mim a partir das minhas limitações
para manifestar o Seu nome, a Sua glória através da minha vida.” Para um colérico admitir que não é ele é o Senhor, ele precisa ter vivido uma experiência muito poderosa com o Espírito Santo.
Em 2 Coríntios 11,23-29, Paulo fala dos seus sofrimentos, das suas agruras. De todas as cartas que ele escreveu, a carta aos Coríntios foi a primeira, então, quando ele faz essa relação de sofrimento, muitos ele ainda haveria de passar: “fui encarcerado mais vezes, fui açoita-
do mais severamente e exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos.
Você é o que você vê?
Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome
e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez.” Irmão, qual é seu sofrimento mesmo pelo evangelho? Mas Paulo ainda diz assim: “Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas.” A tradução melhor seria: “Você vê minha luta exterior, mas você não vê a luta interior que eu passo”. O velho colérico, o homem que perseguiu a igreja, agora é um homem esmagado pelas pressões por causa igreja. Paulo está nos ensinado que todos nós lidamos com algum tipo de pressão interior. E a palavra é: Regozijai-vos no Senhor.
O Saulo duro, perseguidor, cruel, incontrolável se tornou um homem que decidiu imitar a Cristo. No dia que esse colérico teve uma experiência com Deus, ele decidiu que não seria apenas cristão, mas a personificação de Jesus. É por isso que ele diz: “Sejam meus imitadores.” Vivam a transformação que eu passei para que vocês se tornem parecido com Cristo. Ele diz que não foi transformado pela metade, ele decidiu imitar a Cristo. Em 2 Coríntios 11,23 ele diz: “São eles servos de Cristo? - estou
fora de mim para falar desta forma - eu ainda mais trabalhei muito
mais”. O que ele estava dizendo é que ele não era apenas ministro e sim um imitador de Cristo. Eu repito Cristo, eu faço o que Ele fez, eu reproduzo as suas ações e seus atos. Em 2 Timóteo 2,3, ele diz assim:
“Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.”
Seguir a Cristo é passar padecimento. O colérico Paulo decidiu que a fé não seria só palavras, ele imitaria a Cristo em tudo que ele fazia. Por isso, em Gálatas 6,17, ele falou assim: “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus”, ou seja, ele foi marcado, foi selado, foi moldado para ser conforme Jesus Cristo é. Transformação que o tira do nível de perseguidor e o torna imitador.
O colérico Saulo mostra para nós que quando o homem passa pela experiência com o Espírito Santo, ele se torna um homem crucificado com Cristo. Jesus disse assim: “Se alguém quer vir após mim, renuncie
Fernanda Guerra a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”. Esse é um dos versículos mais desafiadores, pois primeiro Jesus diz que “se quiser”, ninguém é forçado a seguí-lo, segundo “venha após”, ou seja, venha atrás, me segue e terceiro “toma a tua cruz”, ninguém que toma a cruz tem o direito de voltar atrás, não tem mais volta, não desiste dela. Em Gálatas 2,20, Paulo, o homem valente, diz assim: “Já estou crucificado com Cristo e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim.” Em Atos 11,23, Paulo estava tão resignando que não estava pronto apenas para ser preso, mas também a morrer pela causa do evangelho. Quando o Espírito Santo transforma seu temperamento, as motivações mudam, o foco muda, suas reações mudam. Não é que Paulo deixou de ser valente para ser covarde, mas a sua valentia foi redirecionada para o propósito que glorifica a Cristo.
Quando Paulo se converte, ele decide não ir mais para onde ele desejava ir. O Espírito Santo assume o comando da sua vida. Em Atos 16, ele quer ir pregar em uma cidade e a bíblia diz que o Espírito Santo não lhe permitiu, então ele resolve ir para outra, e o Espírito de Cristo outra vez não autorizou. Até que, à noite, ele tem uma visão e nela um jovem aparece e diz para ele passar em Macedônia, pois estavam precisando dele lá, e é justamente nessa decisão de Paulo de seguir o Espírito Santo, que o Evangelho chega até nós, porque ele queria ir para Ásia e o Espírito falou para ele ir para a Europa. O evangelho chegou à América por causa da igreja da Europa que foi evangelizada por Paulo. Em Atos 13,2, é o Espírito Santo que diz: “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Em Gálatas 5,17, Paulo diz: “Porquanto a carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a
carne. Eles se opõem um ao outro, de modo que não conseguis fazer o
que quereis.”, ou seja, andais em Espírito e não cumpríeis os desejos da carne. Temos aqui um colérico guiado pelo Espírito Santo. A sua fúria foi direcionada para alcançar territórios para Deus. Irmão, deixe o Espírito Santo assumir o controle da sua vida. Existem propósitos que não é para a gente entender, apenas para ser executado.
Você é o que você vê?
O colérico Saulo se tornou um homem cheio dos dons espirituais e ele esbanjou esses dons para a glória de Deus. Em 1 Coríntios 14, Paulo diz falar em línguas mais do que todos. É ele que discorre pelos dons e descreve que Deus lhe disponibilizou dons para a glória do seu nome. Paulo diz em 1 Coríntios 2,1: “Eu mesmo, irmãos, quando estive entre
vocês, não fui com discurso eloquente nem com muita sabedoria para
lhes proclamar o mistério de Deus”. Paulo estava tão cheio do Espírito Santo que se dispõe a servir a Deus em todo lugar e em toda parte.
Paulo trabalhou pela obra sem ambição financeira. Aqui temos um traço do colérico, o objetivo alcançado importa mais do que o que ele vai ganhar. A satisfação é realizar o propósito. Ele disse em 2 Coríntios 11,8 assim: “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas
salário; e, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a nin-
guém fui pesado”. Paulo revelou que seu desejo era apenas de anunciar a Cristo e foi capaz de qualquer sacrifício para alcançar homens para Jesus. Em 2 Coríntios 9,16, ele disse que se comportou como escravo perto de escravos, fez-se livre para os livres, judeus para os judeus, gregos para os gregos, gentio para os gentios e viveu como aqueles que vivem sem lei. Para Paulo o que importava era o alvo, o propósito. O colérico é motivado pelo propósito. Se ele tiver um propósito, ele escala montanhas, Paulo tinha um: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja
perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também pre-
so por Cristo Jesus”, Filipenses 3,12. E ele disse ainda que para alcançar esse propósito ele se esqueceu das coisas que para trás ficaram, como aquilo que o atraia, as ofensas, os apegos. Ele apenas avança para o alvo, pelo prêmio da soberana glorificação de Deus.
Irmão, quem encontra um propósito encontra algo pelo qual vale a pena viver e, se for necessário, vale a pena morrer. O que não podemos é viver sem propósito. É melhor um homem de propósito prostrado, do que um homem sem propósito de pé. Alguém sem Deus com um propósito chega mais longe do que aquele que diz que tem Deus, mas não estabeleceu propósito na vida, porque Deus trabalha em cima de propósitos. Deus está na sua vida, mas você não tem propósito, ele vai
Fernanda Guerra continuar operando e você vai ser salvo, vai entrar no céu, mas você não tem meta. Por que que os ímpios prosperam e nós que servimos a Deus vivemos essa vida? Porque se o ímpio tiver um propósito, ele vai caminhar em direção a ele. Se o propósito dele é bom ou mal será julgado no dia do juízo final.
O Saulo perseguidor, cruel e frio quando escreve a sua segunda carta a Timóteo 4,6-8 diz: “Eu já estou sendo derramado como uma
oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda”.
Paulo morreu na certeza de que encontraria Jesus e seria salvo, assim como aqueles que creem no Senhor. A experiência de Paulo nos ensina que ainda que você passe por armaduras e adversidades, não se deve perder a fé. Não devemos desconfiar jamais de que Deus se enganou e o que te trouxe até aqui, caminhado com Cristo, foi um equívoco. Interessante que Paulo disse que não combateu “um” bom combate, usado um artigo indefinido e sim “o” bom combate, artigo definido. Ele não estava falando da sua performance como pregador e sim da causa pelo qual batalhou, a razão pelo qual lutou e pelo qual morreu. Um homem transformado pelo Espírito Santo pode fazer um estrago no reino das trevas, glorificar o nome de Jesus e ver todos os seus traços de personalidade, sejam eles positivos e negativos, sendo utilizados para que o nome de Jesus seja glorificado.
Irmão, muitas vezes, não nos comportamos como cristãos e sim como religiosos dentro de uma igreja. Mas você é o homem do qual Deus quer transformar para te levar a um nível impensável, a uma dimensão imaginável e usar você de maneira extraordinária. O que nos falta hoje não são recursos e sim corações resignados a viver a vontade de Deus e a cumprir o seu propósito. Deixe o Espírito Santo se apoderar de você no propósito que Deus quiser te usar, só responda para Ele: “Eis- me aqui, Senhor, me usa.”