Jornal EC dezembro

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EXPOSITOR CRISTÃO, ELEITO O MELHOR JORNAL CRISTÃO DO BRASIL E PREMIADO NA ARETÉ 2019

Jornal Oficial da Igreja Metodista | Dezembro de 2020 | ano 134 | nº 12

Distribuição Gratuita

FIQUE EM CASA!

RACISMO

Igrejas brasileiras clamam por justiça racial transformadora.

Página 12

ADVENTO

Você conhece os 4 grandes ciclos do calendário Cristão?

Página 5

Natal

Temos motivos para celebrar? Página 8

MISSÃO: MOVIMENTO BARNABÉ ABRE INSCRIÇÕES PARA FORMAÇÃO MISSIONÁRIA TRANSCULTURAL. PÁGINA 6


2018

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EDITORIAL Nos caminhos da missão servem com integridade

Dezembro de 2020 | www.expositorcristao.com.br

COMENTÁRIOS Edição de Novembro de 2020

Capa

O Natal chegou! Este ano foi diferente em todos os sentidos. No ano em que a Igreja tem como tema a unidade ela se viu em isolamento social desde março devido à pandemia da Covid-19. Perdemos irmãos e irmãs de nossas comunidades. Alguns/ as perderam familiares ou amigos e amigas próximos/as. A Igreja perdeu algumas pessoas clérigas. Foi um ano difícil em que a Igreja se viu obrigada a celebrar cultos e ceia de forma on-line. Esse cenário parece não ter fim enquanto não chegar a vacina para combater a pandemia. A Igreja resiste, os membros resistem e vivem pela fé, tema da edição anterior. O jornal segue seus desafios de informar a respeito dos cuidados necessários, das ações que a Igreja fez neste período de pandemia, sejam elas ações de capacitação para as igrejas se aperfeiçoarem nas transmissões dos cultos on-line ou ações que foram feitas na prática. Algumas comunidades realizaram cultos drive-in em estacionamentos de shopping, outras ações foram de irmãs que se voluntariaram para fazer máscaras

O ano de 2020 foi fora do eixo. Me solidarizo com as famílias que perderam parentes e amigos/as pela Covid-19. Ficam registradas nas páginas do órgão oficial da Igreja Metodista, o Expositor Cristão, as perdas deste ano que vivemos pela graça de Deus. Solange Rodrigues de Souza Fortaleza/CE

Ação de Graças

Wilson Rodrigues Bonfim Belo Horizonte/MG

Racismo

Estimular o zelo evangelizador na vida de cada metodista, de cada igreja local;

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Revitalizar o carisma dos ministérios clérigo e leigo nos vários aspectos da missão;

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o discipulado 3 Promover na perspectiva da salvação, santificação e serviço;

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Fortalecer a identidade, conexidade e unidade da igreja;

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Implementar ações que envolvam a igreja no cuidado e preservação do meio ambiente;

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Promover maior comprometimento e resposta da igreja ao clamor do desafio urbano.

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Tenho acompanhado as reportagens que saem sobre a Missão no Nordeste, principalmente sobre o trabalho da Igreja Metodista em Natal, no Sertão Nordestino. A padaria construída pela Igreja, certamente ajudará muita gente.

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O.CO

Missão

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W / ISTOCKPHOT

Maria Tereza Soares Santana de Parnaíba/SP

da Igreja Metodista

e distribuir entre os membros da comunidade. A Igreja não parou. É Natal. Tempo de celebrar uma das datas mais importantes de nosso calendário cristão. O nascimento do Messias. Mais de 175 mil pessoas em nosso país estarão ausentes na hora da Ceia de Natal. Foram vencidas pela Covid-19. Certamente, lágrimas vão cair por causa da ausência eterna. Ficam as boas lembranças daqueles/ as que se foram. O tema de capa não poderia ser outro, senão o Natal. Trouxemos uma reflexão sobre a data. É possível celebrar? Por quê? Desejo a você um Natal de serenidade. Que Deus nos dê um 2021 de alegria perante os desafios dessa pandemia. Que possamos nos reencontrar, nos abraçar em comunidade para alimentar a cada dia a nossa fé. Creio que esse é o desejo de todos nós. ASH © SM

A Bíblia diz “em tudo dai Graças”. Boa reflexão sobre o Dia Nacional de Ação de Graças. Devemos ter em mente que, mesmo estando debaixo dos cuidados de Deus, não estamos isentos/as de provações.

Ênfases missionárias

Pr. José Geraldo Magalhães

Editor-chefe | Expositor Cristão

OPINIÃO | NATAL

Nossa Igreja se preocupa muito com as questões raciais. Foi bom ler mais um artigo publicado em nosso jornal. Lamentamos o que acontece em nosso país. Como Igreja precisamos nos posicionar, e as pastorais de Combate ao Racismo ter uma voz mais ativa na sociedade. Bartolomeu Dias Rio de Janeiro/RJ

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"Se há uma data que traz incontáveis controvérsias no meio cristão é o Natal. É comum vermos grupos procurando demonstrar sua origem pagã, o problema da árvore, os símbolos controversos, seu desvirtuamento, a escolha de 25 de dezembro etc. Respeito quem decida não comemorar o Natal, mas não é aceitável que vejam como anátemas os/as cristãos/ãs que o fazem.”

“Retiraram Jesus Cristo do Natal. É ultrajante o que observamos nos dias que antecedem essa data. Os filmes que abordam o tema do Natal somente contam histórias sobre Papai Noel, o bom velhinho que premia com presentes os meninos e meninas que se comportaram bem durante o ano. A maioria desses filmes é empolgante e cativante. Assim, uma festa celebrativa dos/as cristãos/ãs vai tomando contornos pagãos.” Bispo José Carlos Peres | Presidente 3ª RE

Pr. Daniel Rocha | Santo André/SP

"O avanço no conhecimento histórico, associado aos temas bíblicos, permite-nos entender que, embora a data do nascimento de Jesus não seja indicada nos evangelhos e que a escolha do dia 25 de dezembro possa ser uma reação do cristianismo primitivo à festa pagã do Deus Sol, os relatos evangélicos do Natal são pinturas de uma história feita de saudade, fé, esperança e amor.”

“O texto de Lucas 1.68-73 nos mostra que Zacarias percebeu que a ação de Deus no primeiro Natal não era um incidente isolado na história. Era, na realidade, algo maravilhosamente conectado com o projeto eterno de Deus. Não era algo novo, mas uma continuação daquilo que Deus já vinha realizando há muito tempo. Zacarias consegue ligar o que está acontecendo em seu tempo com a aliança e o juramento que Deus havia feito a Abraão.” Bispo João Carlos Lopes | 6ª Região Eclesiástica

Pr. Jovanir Lage | Belo Horizonte/MG https://bit.ly/ec-dezembro-20-natal

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Expositor Cristão Presidente do Colégio Episcopal: Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa Bispa Assessora do jornal Expositor Cristão Hideíde Brito Torres Conselho Editorial: Camila Abreu, Patrícia Monteiro, Pr. Odilon Chaves

Jornal Oficial da Igreja Metodista Fundado em 1º de janeiro de 1886 pelo missionário John James Ransom

Editor e jornalista responsável: Pr. José Geraldo Magalhães (MTB 79517/SP) Produção Audiovisual: Rodrigo de Britos Foto de Capa: © RomoloTavani/istockphoto.com Arte: Fullcase Comunicação

Revisão: Adriana Giusti Tiragem: 15 mil exemplares Entre em contato conosco: (11) 2813-8600 | www.expositorcristao.com.br expositorcristao@metodista.org.br Av. Piassanguaba, 3031 - Planalto Paulista São Paulo/SP - CEP 04060-004

*A REDAÇÃO DO JORNAL EXPOSITOR CRISTÃO É RESPONSÁVEL POR TODAS AS MATÉRIAS NELE PUBLICADAS, COM EXCEÇÃO DE ARTIGOS E REFLEXÕES, QUE SÃO RESPONSABILIDADE DE SEUS/AS AUTORES/AS.

Oceano


NACIONAL

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PALAVRA EPISCOPAL Bispo João Carlos Lopes Presidente da Sexta Região Eclesiástica

Natal: Aliança e Esperança “Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo, e para nós fez surgir uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo; assim como desde os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos profetas; para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam; para usar de misericórdia com nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto e do juramento que fez a Abraão, nosso pai” (Lucas 1.68-73)

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sse texto mostra que Zacarias percebeu que a ação de Deus no primeiro Natal não era um incidente isolado na história. Era, na realidade, algo maravilhosamente conectado com o projeto eterno de Deus. Não era algo novo, mas uma continuação daquilo que Deus já vinha realizando há muito tempo. Zacarias consegue ligar o que está acontecendo em seu tempo com a aliança e o juramento que Deus havia feito a Abraão. De fato, no relacionamento de Deus com Abraão, ele fez algo que se tornou uma norma toda vez que Deus estabelece um relacionamento com alguém – ele fez uma aliança. Uma aliança não era simplesmente um acordo mútuo entre duas pessoas, como em um contrato. Uma aliança era um compromisso que deveria ser cumprido mesmo sob dor e perigo de morte. Era baseada no caráter das pessoas envolvidas. Veja a aliança de Deus com o povo de Israel: “Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jeremias 31.33). O primeiro Natal foi o cumprimento dessa aliança. Deus estava redimindo seu povo e cumprindo sua aliança com Abraão. Nosso Deus é “Deus de aliança”. E isso nos mostra algumas verdades importantes:

1. Mostra que Deus é relacional:

Alguém pode pensar que porque Deus é Deus ele não precisa de ninguém. Na verdade, é exatamente porque Deus é Deus, porque ele é perfeito, que ele precisa das pessoas. Assim também nós: Quanto mais

perto chegamos da perfeição, mais precisamos de outras pessoas. Relacionar-se é parte da natureza do nosso Deus que é perfeito e santo. Por isso, ele sempre diz que quer ser nosso Deus e que sejamos seu povo. Essa característica de Deus era vista como estranha aos olhos dos povos que adoravam outros deuses. Seus deuses se deleitavam em dominar o povo. Eram cheios de crueldade e desejo de punição. Mas eis que aparece um Deus que está sempre buscando suas criaturas. Um Deus intensamente pessoal e relacional. O rei Salomão ficou tremendamente impressionado por essa característica de Deus e fez a seguinte oração: “Oh Senhor, Deus de Israel, não há Deus como tu, em cima no céu nem em baixo na terra, que guardas o pacto e a benevolência para com os teus servos que andam diante de ti com inteireza de coração” (I Reis 8.23). Deus quer um relacionamento pessoal conosco – essa é uma verdade fundamental na fé cristã.

2. Mostra que Deus é fiel:

Deus é fiel independentemente do que fazemos ou deixamos de fazer. Veja o que o apóstolo Paulo afirma: “se somos infiéis, ele permanece fiel; porque não pode negar-se a si mesmo” (II Timóteo 2.13). Algo interessante a respeito da aliança de Deus com Abraão é que ela é, em certo sentido, unilateral. A prática comum no estabelecimento de uma aliança naquele tempo era tomar alguns animais e cortá-los ao meio. As partes dos animais eram então colocadas de tal forma a se formar um caminho entre elas. As pessoas que estavam fazendo a aliança deveriam andar entre aquelas partes, dizendo: “Se eu deixar de cumprir os termos dessa aliança, que isso

seja feito a mim”. Os animais eram então preparados e comidos como sendo o “banquete da aliança”. Mas o interessante a respeito da aliança entre Deus e Abraão é que só Deus fez aquela caminhada. Em Gênesis 15.17 vemos a seguinte narrativa: “Quando o sol já estava posto, e era escuro, eis um fogo fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre aquelas metades”. As escrituras não falam que Abraão tenha andado entre as partes dos animais. E a razão é que Abraão não poderia manter os termos da aliança. Aquela teria que ser uma aliança unilateral. Assim, mesmo que Abraão e seus descendentes não cumprissem sua parte da aliança, Deus cumpriria a dele. Veja a afirmação do salmista: “Lembra-se perpetuamente do seu pacto, da palavra que ordenou para mil gerações; do pacto que fez com Abraão, e do seu juramento a Isaque; o qual ele confirmou a Jacó por estatuto, e a Israel por pacto eterno” (Salmo 105.8-10). Assim, o autor da epístola aos Hebreus nos incentiva a que: “retenhamos firme a confissão da nossa esperança, sem vacilar, porque quem fez a promessa é fiel” (Hebreus 10.23).

3. Mostra que Deus continua agindo:

A fé cristã ensina que há significado e propósito na existência e que Deus está no controle da história. O autor de Eclesiastes assim escreveu: “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na mente do homem a ideia da eternidade, se bem que este não possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim. (…) Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar; e isso Deus faz para que os homens temam diante dele” (Eclesiastes 2.11 e 14).

Deus não está dormindo em uma nuvem em algum lugar distante. Ele está cuidando da criação. O escritor bíblico afirmou que: “… quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte a favor daqueles cujo coração é perfeito para com ele” (II Crônicas 16.9). Os evangelhos estão repletos de palavras de Jesus exortando-nos a ficarmos alertas. A razão para isso é que Deus está agindo. E Deus age, muitas vezes, de maneira inesperada. É possível que preferíssemos um Deus que fizesse o esperado e o previsível. Um Deus sobre o qual tivéssemos algum controle. Mas Deus não se submete às molduras que preparamos para ele. Ele está cumprindo sua aliança conosco e ele usará os meios disponíveis.

Conclusão

Dificilmente alguém esperaria a vinda do Messias no momento e da maneira como ele veio. Um Advento que cumprisse a aliança não estava na mente de qualquer pessoa. Mas Deus anunciou seu plano a Maria. Deus falou sobre isso a um homem simples chamado José. Os céus se abriram; os anjos desceram e o silêncio da noite foi interrompido com o choro de um bebê. Parecia um acontecimento tão corriqueiro e pequeno. Mas era um acontecimento no qual Deus tinha a sua mão. Por isso foi um acontecimento que mudou a história. Henri Nouwen escreveu: “Entendo que canções; bons sentimentos; belas liturgias; muitos presentes; grandes jantares e palavras doces não fazem o natal. Natal é dizer ‘sim’ a algo além de toda emoção e sentimentos. Natal é dizer ‘sim’ à esperança baseada na iniciativa de Deus, que tem pouco ou nada a ver com o que eu penso ou sinto”.

© FÁBIO H. MENDES/EC

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NACIONAL Dezembro de 2020 | www.expositorcristao.com.br

Anuário Litúrgico 2021 da Faculdade de Teologia chega à sua 19ª edição. Ele é um importante instrumento litúrgico, homilético e administrativo, com espaço para agenda diária, semanal, mensal e planejamento anual, além de espaço para anotação do esboço do sermão e da liturgia em cada domingo, espaço para anotações gerais e tabela para escala de dirigentes dos cultos semanais. Segue o referencial do Calendário Litúrgico Cristão e contempla o Lecionário Comum Revisado, que ajudam na celebração da História da Salvação e com toda a Bíblia Sagrada. Inclui textos com introdução ao Evangelho de Marcos, ao Evangelho de João e introdução na perspectiva da Torá e do Lecionário, além de textos sobre Liturgia, sobre Homilética, sobre a recém-lançada Bíblia de Estudo John Wesley, diversas partituras, orações, palavras de acolhida e bênçãos. Um importante instrumento para lideranças leigas e clérigas das comunidades de fé.

Anúncio de boas notícias da Graça

Desafio ao povo de Deus é o tema do Anuário Litúrgico 2021 da Faculdade de Teologia, que temos a alegria de apresentar. Esta é a 19ª edição e segue o tema nacional da Igreja Metodista, que, no Plano Nacional Missionário vigente, estabeleceu como tema para o ano de 2021: “Discípulas e discípulos nos caminhos da missão: anunciam as boas notícias da graça” (2017, p. 91), com base na primeira ênfase: “Estimular o zelo evangelizador na vida de cada metodista e de cada igreja local” (IGREJA METODISTA, 2017, p. 61).

© DIVULGAÇÃO

Angular Editora publica Anuário Litúrgico 2021 O

uma leitura das Cartas, do livro de Atos dos Apóstolos ou do Apocalipse e uma leitura dos Evangelhos, com os textos indicados para serem lidos em cada Domingo distribuídos didaticamente da seguinte forma: • Ano A: Evangelho de Mateus (2020); • Ano B: Evangelho de Marcos (2021); • Ano C: Evangelho de Lucas (2022); • O Evangelho de João é contemplado em datas especiais no decorrer dos três anos e o livro de Atos dos Apóstolos é lido também em substituição ao Primeiro Testamento em algumas datas especiais. Entre os vários recursos litúrgico-homiléticos, segue a descrição de alguns textos e outros materiais produzidos para esta edição:

Fruto de trabalho feito a muitas mentes e mãos, o Anuário Litúrgico, em parceria com a Editora Angular, tem se firmado como importante instrumento litúrgico, homilético e administrativo, já presente no cotidiano de muitas comunidades de fé, na ação ministerial e no culto cristão. Além de ser muito útil como uma Agenda para todo o ano, também contempla diversos e importantes materiais muito úteis na preparação das liturgias e das pregações, com a perspectiva de ajudar a Igreja e o povo de Deus a celebrar a História da Salvação de Deus em Jesus. O Calendário Litúrgico Cristão e Lecionário Comum Revisado, sistematizados ainda nos primeiros séculos da história da Igreja Cristã, contribuem muito no propósito de celebrar didaticamente com toda a Escritura da Bíblia Sagrada e com todo o conteúdo da História da

Salvação, que marcam as intervenções salvíficas de Deus em Cristo Jesus. O Calendário Litúrgico Cristão ajuda nesse propósito, marcando as intervenções consideradas especiais ou extraordinárias, lembradas nos grandes ciclos do Natal e da Páscoa, e também as intervenções ordinárias ou comuns, que lembram a presença e ação de Deus no cotidiano da vida das pessoas, das comunidades e de todo o seu povo, estas celebradas no Tempo Comum após Epifania e após Pentecostes. Já o Lecionário Comum Revisado, precioso instrumento que orienta as leituras bíblicas para as celebrações litúrgicas, especialmente dos Domingos, é organizado de forma que toda a História da Salvação e toda a Escritura sejam revisitadas ciclicamente no período de três anos, com quatro eixos: uma leitura do Primeiro Testamento, uma leitura dos Salmos,

• Texto sobre o evangelho de Marcos: Introdução ao Evangelho de Marcos, da professora e reverenda Dra. Danielle Lucy Bosio Frederico; • Texto sobre o Evangelho de João: Em meio aos conflitos, o cuidado e a graça de Deus se revelam: Uma introdução ao Evangelho de João, do professor e reverendo Dr. Paulo Roberto Garcia; • Texto sobre o Primeiro Testamento: Instrução na perspectiva da Torá e do Lecionário Comum Revisado, da professora e reverenda Dra. Suely Xavier dos Santos; • Texto sobre liturgia: O culto da Igreja em Missão e o anúncio de boas notícias da Graça, do professor e reverendo Me. Jonadab Domingues de Almeida;

• Texto sobre homilética: Proclamação do Evangelho e o mundo digital: desafios e oportunidades, do professor e reverendo Me. Paulo Dias Nogueira; • Texto: A Bíblia de Estudos John Wesley: anúncio de boas notícias da graça, do professor e reverendo Dr. Helmut Renders; • Diversas partituras, orações, palavras de acolhida e bênçãos, preparadas pela musicista Liséte Espíndola e outras pessoas; • Vários mosaicos com fotos e descrição de momentos vivenciados no ambiente e cotidiano da Faculdade de Teologia: Cultos comunitários, Tutorias, Discipulados, Encontros, Semanas teológicas, Cursos etc. Por tudo isso, o Anuário é um importante instrumento para lideranças leigas e clérigas de nossas comunidades de fé. Com gratidão a todos e todas que colaboraram para que o Anuário Litúrgico da Faculdade de Teologia esteja presente e contribua para a vida e ministério de muitas pessoas e comunidades, desde a sua primeira edição. Gratidão especial ao professor, reverendo e Dr. Luiz Carlos Ramos, idealizador e editor do Anuário por muitos anos. Que tenhamos um abençoado ano de 2021, com o privilégio e a responsabilidade de anunciar as Boas-Novas da Graça, sob a bênção e provisão de nosso Deus, com muitos frutos para Sua glória e louvor. Pr. Jonadab Domingues de Almeida Editor /// Acesse o site da editora e adquira o seu exemplar.


ADVENTO

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Para celebrar o Natal de acordo com o calendário cristão

aparição de Cristo ao mundo. É o Cristo prometido que se torna uma realidade na vida de mulheres e homens que procuram a paz, a justiça e o amor.

d) Batismo do Senhor

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© HARALDBIEBEL / ISTOCKPHOTO.COM

Calendário Litúrgico, ou Ano Litúrgico, não é uma ideia, mas uma pessoa: Jesus Cristo e o Seu mistério realizado no tempo, que hoje a Igreja celebra sacramentalmente como memória, presença e profecia (cf. Dicionário de Liturgia. São Paulo: Paulinas, 1992, p. 58). O Ano Litúrgico se baseia, portanto, na história da salvação, cujo centro irradiador é o mistério pascal e a união em Cristo. Esse evento histórico é celebrado como memorial litúrgico, que atualiza a mensagem da salvação e desafia a comunidade de fé na direção da consumação do Reino de Deus.

Os 4 grandes ciclos do calendário Cristão

Ao longo dos séculos, convencionou-se uma estrutura para o Ano Cristão que se organiza em quatro grandes ciclos: Natal, Primeiro Tempo Comum, Páscoa e um Segundo Tempo Comum. Esses ciclos subdividem-se, por sua vez, em tempos específicos. Nesta edição publicaremos apenas o Ciclo do Natal.

Ciclo do Natal

Corresponde a quatro tempos litúrgicos do calendário cristão, a saber: Advento, Natal, Epifania e Batismo do Senhor. Esse ciclo tem início quatro domingos antes do Natal e se estende até o Batismo do Senhor.

a) Advento

O Advento é o tempo que marca o início do calendário litúrgico cristão. Sua origem é documentada a partir do século IV a.C. Semelhante à preparação da Páscoa, expiação de Cristo, o Advento surge como preparação para o nascimento de Jesus, o Natal. Advento, do latim adventus, significa "vinda", "espera". Trata-se de uma celebração cujo foco é a expectativa da vinda do Messias, o Cristo prometido. Nesse período, celebra-se a espera do Messias e pode ser dividido em duas partes: os dois primeiros domingos enfatizam o Advento Escatológico; o terceiro e o quarto domingos, a Preparação do Natal de Cristo. Dessa forma, o Advento tem a dimensão da expectativa da

segunda vinda de Cristo, bem como a expectativa da chegada do Messias que concretiza o Reino, o "já" e o "ainda não", que significam viver à espera do cumprimento das promessas e renovar a esperança no reino que virá. A espiritualidade do Advento é marcada pela esperança e pelo aguardo do Messias prometido; a fé na concretização da promessa; o amor que se demonstra com a chegada do Messias e a paz por Ele anunciada e plenificada.

b) Natal

O segundo tempo litúrgico desse ciclo é o Natal. Essa celebração teve sua origem em meados do século IV d.C., entretanto, sua aceitação como festa cristã ocorreu no século VI d.C. O Natal surgiu com a finalidade de afastar os/as fiéis da festa pagã do natalis solis invictus ("deus sol invencível") e passou a significar a chegada do Messias, o "sol da justiça" (cf. Ml 4.2), já anunciado e aguardado no Advento. Natal, na acepção da palavra, significa "nascimento", entretanto, para as/os cristãs/aos, a partir do século IV d.C., esse significado é ainda mais profundo, pois, com o nascimento de Cristo, celebra-se "o Verbo que se fez carne e habitou entre nós", o Deus infinitamente rico

se faz servo e habita entre os/as despossuídos/as da terra. É esse Verbo que atrai para Si toda a criação, a fim de reintegrá-la ao projeto salvífico de Deus. A espiritualidade desse período enfatiza a humanidade de Cristo e a salvação que n’Ele é absoluta.

c) Epifania

O terceiro tempo desse ciclo é a Epifania, que surgiu no Oriente como festa da manifestação do Cristo encarnado. Somente a partir do século IV d.C. passou para o Ocidente, a fim de rememorar a visita dos reis magos ao Messias que havia chegado. Epifania, do grego Thifimeia, significa “manifestação”, “aparição”. Antes de tornar-se um termo utilizado pelos/as cristãos/ãs, significava a chegada de um rei ou imperador. A partir de Cristo, tem a conotação de manifestação do divino ao mundo, que no Antigo Testamento era expressa pelo termo “teofania”. Esse tempo celebra a manifestação de Cristo aos seres humanos no momento em que os reis do Oriente seguiram a estrela em busca daquele que viria a ser o Salvador por excelência. A Epifania é para o Natal o que o Pentecostes é para a Páscoa, isto é, desenvolvimento e permanência do ato de Cristo em favor da humanidade. A espiritualidade desse período é caracterizada pela manifestação e

O Batismo do Senhor é celebrado no primeiro domingo após a Epifania e representa o início da missão de Jesus no mundo. Esse tempo é parte da manifestação de Jesus aos seres humanos, por isso, trata-se de uma continuidade da Epifania. Diferenciando-se pelo fato de que, na Epifania, é o ser humano (representado pelos magos) que vai a Cristo, ao passo que, no Batismo do Senhor, é Deus (por meio de Jesus Cristo) que vem até o ser humano, a fim de cumprir Sua missão. Por isso, a espiritualidade desse dia é marcada pela missão iniciada por Jesus em prol dos/as menos favorecidos/as e dos/as injustiçados/as. Com o Batismo do Senhor termina o Ciclo do Natal, dando-se início ao Tempo Comum ou Tempo após Epifania. Sugerimos os seguintes símbolos para ambientação litúrgica durante o Ciclo do Natal:

Símbolos para o Advento • Coroa do Advento: simboliza a realeza de Cristo; • Velas: simbolizam a chegada de Cristo como luz do mundo; • Luzes: símbolo da luz que ilumina as trevas, o próprio Cristo.

Símbolos para o Natal • Anjos: simbolizam aqueles/ as que anunciam o nascimento de Jesus; • Crianças: simbolizam a festa da chegada do menino Jesus; • Sinos: simbolizam o anúncio festivo da chegada do Messias; • Presépio: simboliza o local do nascimento de Cristo.

Símbolos para a Epifania e Batismo do Senhor • Coroa dos Magos: simboliza a procura pelo Cristo prometido; • Estrela: simboliza a luz que aparece no horizonte para a chegada de um novo tempo; • Mãos: símbolo da força de Deus e Sua providência a toda a criação;

• Presentes: além do presente maior dado à humanidade, Cristo, simbolizam também os presentes dados pelos magos.

Cores

No Advento, usa-se o roxo, o lilás e o rosa. O roxo significa contrição, daí a matização das cores no sentido de ir clareando conforme a chegada do Natal. O rosa, geralmente, é usado no quarto domingo do Advento, que simboliza a alegria. Para o Natal, utilizam-se as cores: branco e/ou amarelo, símbolos da divindade, da luz, da glória, da alegria e da vitória que o nascimento de Cristo representa para a humanidade.

/// Escrito por Rev. Luiz Carlos Ramos com coautoria do Rev. Luciano José de Lima (in memorian) e da Revda. Suely Xavier dos Santos

#FICADICA Para o CULTO VIRTUAL, sugerimos convidar quatro famílias da comunidade para que preparem, em suas casas, uma coroa do Advento com as respectivas velas. Cada família acenderá as velas de acordo com este programa. As famílias podem gravar, antecipadamente, um vídeo fazendo a leitura do texto sugerido neste programa enquanto acendem as velas e, depois, enviá-lo ao/à dirigente do culto, ou as famílias participam ao vivo durante o culto, dividindo a tela com o/a dirigente. As músicas sugeridas podem ser cantadas pelas famílias ou tocadas/ cantadas por um/a integrante do ministério de louvor, na sequência da participação da família convidada. Importante orientar cada família para acender as velas de acordo com o dia.

MATERIAIS DE APOIO PARA CELEBRAR O ADVENTO Confira o material de apoio preparado pelo Departamento Nacional de Escola Dominical disponível no site da Sede Nacional da Igreja Metodista para celebrar o período do Advento em sua comunidade local. https://bit.ly/36AJKz0


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MISSÃO Dezembro de 2020 | www.expositorcristao.com.br

Movimento Barnabé abre inscrições para Formação Missionária Transcultural

COMUNICADO SOBRE AS MUDANÇAS NA REDE METODISTA DE EDUCAÇÃO Então lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, como também as palavras do rei, que ele me tinha dito; então disseram: Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem. - Neemias 2.18

Redação EC

© WWW.MOVIMENTOBARNABE.COM

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A equipe da FMT é constituída de pessoas envolvidas em missões a partir de projetos e ações relevantes. Isso traz inspiração para aqueles e aquelas que se sentem chamados/as, além de proporcionar a partilha de “bagagem” de vida missionária.

FORMAÇÃO

MENTORIA

O conteúdo é específico e dinâmico. Dessa forma, a preparação para o campo missionário se torna aplicável, contextual e significativa. Conceitos missiológicos são expostos de forma aplicável e atual.

Ao longo da FMT os/as candidatos/as são acompanhados/ as mensalmente de forma individual e personalizada. Isso contribui para a preparação pessoal e ministerial para o Campo Missionário.

SUPERVISÃO MINISTERIAL

Durante o processo, o/a candidato/as pode aplicar em sua igreja local os princípios aprendidos. Dessa forma, a partir de sua comunidade, pode ser treinado/a e testado/a para o campo missionário. Acreditamos que o comprometimento na igreja local é fundamental na preparação missionária.

PROCESSO SELETIVO • ETAPA 1 - Preenchimento do formulário de inscrição (no caso de casados, os dois devem preencher). Informar as referências (pastoral, líder ou discipulador/a e amigo/a). • ETAPA 2 - Feedback da equipe MB sobre o formulário de inscrição e de referências, informando também a aprovação ou não do/a candidato/a para a etapa 3. • ETAPA 3 - Participação no encontro presencial pré-seletivo de duração de três dias, que acontece em São José do Rio Preto-SP.

© DIVULGAÇÃO

o início de dezembro estarão abertas as inscrições para Formação Missionária Transcultural (FMT). Essa mobilização faz parte do Movimento Barnabé (MB) da 5ª Região Eclesiástica. A inciativa é mobilizar, por meio de treinamentos em breves ministrações específicas, para partilhar conceitos missionários e informações da realidade missionária transcultural, bem como firmando parcerias relevantes para o desenvolvimento de missões e para o envio e a recepção dos missionários do MB. No momento há três projetos missionários: Sul Asiático, Esporte e Inglês e Agricultura no Deserto. Você pode colaborar orando, contribuindo ou participando.

/// Para saber todos os detalhes, acesse o link abaixo: www.movimentobarnabe.com /// Acesse o blog e veja as notícias do MB: www. movimentobarnabe.com/blog

A Assembleia Geral, composta pela Cogeam e contando com a presença do Colégio Episcopal, reunida nos dias 23 e 24 de novembro, tomou a decisão, sob a solicitação do Conselho Superior de Administração das instituições metodistas de ensino, de realizar o desligamento da atual gestão da Rede e redirecionar as ações no que tange à vida e à missão de nossas escolas, colégios e universidades. Entendemos que nosso momento institucional enfrenta suas dificuldades próprias, agudizadas pelo tempo da pandemia. E estamos procurando nos esforçar por respostas mais eficientes aos processos complexos que experimentamos. Neste momento de transição, o protagonismo de nosso Conselho Superior de Administração, juntamente com toda a nossa comunidade educacional, certamente realimentará a nossa esperança para superarmos em unidade nossos percalços, nos reinventarmos no que for necessário e consolidarmos os ajustes que garantirão uma melhor jornada futura. Neste sentido, consideramos o esforço de toda a gestão que ora se despede da tarefa e acolhemos com amor, temor e orações a nova equipe que assume, rogando a Deus que ilumine cada decisão, potencialize cada recurso financeiro e humano preciosos à existência de nossas instituições, nos ajude em saídas criativas para nossas dificuldades e nos conduza a um tempo de santidade social, de renovação de nossa fé, valores e missão, bem como de restauro e de avanço. Coordenação Geral de Ação Missionária (Cogeam) Colégio Episcopal da Igreja Metodista 27 de novembro de 2020


NATAL

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Preservar o espírito do Natal “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz” (Isaías 9.2)

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rgo minha voz de protesto para que respeitem o sentido bíblico do Natal. A Palavra de Deus nos informa que o nascimento de Cristo traria esperança para um povo que andava em trevas. Como no passado, vemos que o povo continua em densas trevas. Ele cultiva o Natal do mesmo modo que cultiva o dia das mães, dos pais e dos namorados. Tudo gira em torno do comércio. Retiraram Jesus Cristo do Natal. É ultrajante o que observamos nos dias que antecedem essa data. Os filmes que abordam o tema do Natal somente contam histórias sobre Papai Noel, o bom velhinho que premia com presentes os meninos e meninas que se comportaram bem durante o ano. A maioria desses filmes é empolgante e cativante. Assim, uma festa celebrativa dos/as cristãos/ãs vai tomando contornos pagãos. Afirmo que nos dias atuais o Natal serve para aquecer o comércio e dar um “up” na economia. O sentido verdadeiro do espírito natalino está caindo no esquecimento. A Igreja de Cristo não pode entrar na onda do consumismo que se instala nes- as que o receberam são herdei- nossa salvação, ele é marca de em defesa do Natal mundano e esperança e de restauração da proclamará a plenos pulmões o sa época do ano, deve procla- ros da promessa. Clamo a Deus para que as humanidade com o seu criador. Cristo de sua fé e do plano salmar o projeto de Deus para os “E o verbo se fez carne e ha- vífico baseado no grande amor homens e mulheres, ensinando igrejas cristãs não se esqueçam nossas crianças as sagradas le- de que Jesus Cristo é o verdadei- bitou entre nós, cheio de graça do Deus Pai pela humanidade ro sentido do Natal. Creio que e verdade, e vimos a sua glória, caída e sem esperança. tras do Evangelho. O Natal celebrado pela Igreja O Natal apresentado nos co- o Natal só faz sentido para os glória como a do unigênito do merciais promove a ideia de que cristãos e para as cristãs. Alerto Pai” – João 1.14. Jesus Cristo é tem em sua base o fundameno Natal é mais um feriado que aos irmãos e irmãs cristãs que a revelação da glória do nosso to que Jesus nasceu e, assim, se consta no calendário e serve a Igreja de nosso Senhor não Deus. O Natal não será plena- deu a encarnação de Deus no para aflorar os desejos carnais se envolve nem apoia mentiras, mente entendido sem a cruz mundo, e essa afirmação motiva a Igreja e a coloca e não apresentam neem condições de tesnhum sentido relitemunhar às ovelhas gioso. O Natal bíblico “O Natal celebrado pela Igreja tem em sua base o desgarradas e perditem sentido complefundamento que Jesus nasceu e, assim, se deu a das no mundo para tamente diferente do que encontrem a esque se vê ao andarmos encarnação de Deus no mundo” perança ao andar com pelas ruas da cidade Cristo. ou quando vamos ao Finalizo lembrando-me de cinema assistir a algum filme por ser uma Igreja santa. Erga- no calvário. Cristo viveu sua que tenha como pano de fundo mos nossa voz profética para história no mundo, ele nasceu um “corinho” cantado na Igreja motivação natalina. O nosso denunciar o estrago feito com o e cresceu como qualquer outra em tempos passados: Ele é realidade, ele é realidaNatal marca o nascimento do Natal. Quero ver Jesus Cristo de pessoa, quando adulto pregou sobre o reino de Deus. Ele fez de. Ele não é sonho, ele é real. Rei dos reis e Senhor dos senho- novo sendo o motivo do Natal. “O verbo estava no mundo, uma nova leitura da Palavra di- Ele é realidade, ele é realidade. res, Jesus Cristo. Ele espera do seu povo adoração e fidelidade. o mundo foi feito por intermé- zendo que a relação com Deus Ele não é sonho, ele é real. Ele é a paz, o amor, a alegria e a Entretanto, o povo que deveria dio dele, mas o mundo não o se dá em amor e intimidade. Entendo que a Igreja não vitória. Estou falando de Jesus reconhecer o Jesus Salvador é o conheceu” – João 1.10. O munmesmo que o despreza. A Igreja do continua sem reconhecê-lo. pode perder tempo nem deixar Cristo. Deus os/as abençoe e que o precisa receber o Senhor Jesus O Natal só fará sentido para o de testemunhar sua fé no Cristo e devotar a Ele todo o tributo mundo quando Jesus Cristo ressurreto, expondo a Palavra seu Natal traga de volta o Cristo e honra. Afinal, Jesus veio para ocupar um lugar de prioridade com clareza e ensinando sobre da nossa fé. Com estima pastoral. os/as seus/as e foi rejeitado por em seu coração. A Igreja neces- o verdadeiro sentido do Natal. eles/as. Mas, aqueles e aquelas sita proclamar em altas vozes Tenho fé de que ela não se deixaJosé Carlos Peres que o receberam se tornaram que o Natal marca a presença do rá vencer pelos argumentos que Bispo na 3ª RE filhos e filhas do Rei eterno. Os/ Deus encarnado entre nós para os/as marqueteiros/as fazem

NATAL ALIANÇA (Onofre José de Freitas) Este ano um Natal diferente Não há festa, Não há cântico, Não há gente. Natal saudade, soledade Natal magia “pandemia” Portas fechadas. Praças vazias. Onde está o “Papai Noel?” Prevenindo se escondeu E os presentes, então?!… Os esperados presentes! De onde virão? Que pena! Estamos em quarentena! Os povos em quarentena Nunca, em todo o tempo, O mundo em pavor, Chora as mesmas lágrimas, Sente a mesma dor. Natal carência, Natal sofrença Natal magia, Pandemia! Falta José Falta Maria. Há fome no morro, Há calote na praça. Pedidos de socorro, Em meio à desgraça. Natal sem graça! Será hoje Natal? Presença ou virtual? Um sorriso, Um abraço a distância Um coração criança. Uma nova esperança Um Deus que todos alcança. Natal ALIANÇA.


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Natal comemorar

ou não?

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e há uma data que traz incontáveis controvérsias no meio cristão é o Natal. É comum vermos grupos procurando demonstrar sua origem pagã, o problema da árvore, os símbolos controversos, seu desvirtuamento, a escolha de 25 de dezembro etc. Respeito quem decida não comemorar o Natal, mas não é aceitável que vejam como anátemas os/as cristãos/ãs que o fazem. Levantarei aqui alguns aparentes “problemas” e, de forma sucinta, darei as devidas explicações.

1º Problema: A comemoração do Natal tem “origem pagã”. Iniciou-se possivelmente em 354 d.C. Era originalmente uma festa dos povos pagãos, chamada Saturnália. RESPOSTA: Discordo dessa tese. Biblicamente falando, o Natal tem origem bem anterior, mais precisamente três séculos antes, quando, numa noite escura, um anjo do Senhor desceu onde pastores/as guardavam seu rebanho durante as vigílias da noite e lhes anunciou: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor” (Lc 2.10-11). Esse mensageiro dos céus avisou que ocorrera o maior acontecimento da História: nascia aquele que haveria de redimir as nações, aquele que veio trazer luz às trevas, aquele que haveria de mudar completamente nossa vida. E, para mostrar a grandiosidade do acontecimento, surgiu no céu um coral das milícias celestiais, iluminando a noite escura e louvando a Deus dizendo: “Glória a Deus nas maiores alturas!” (Lc 2.14).

Sem dúvida alguma, essa foi a primeira cantata de Natal. Hoje, a Igreja é uma comunidade de fé que continua celebrando a Cristo e tudo o que diz respeito ao Seu Reino. A Igreja é, por excelência, um centro de celebrações: enfeitamo-la para os casamentos e nela comemoramos a Páscoa, o Dia de Ação de Graças, o Dia do Pastor, o aniversário da Igreja, as bodas de nossos casais… (Ironia: as Igrejas que são contra o Natal costumam comemorar todas as festas judaicas do Antigo Testamento). Creio que, por uma questão de coerência, os/as que defendem a não comemoração do Natal também deveriam deixar de celebrar essas outras datas. Esqueça o seu aniversário de casamento e os 15 anos da sua filha. Ora, nossa vida é constituída daqueles acontecimentos que chamamos de cotidianos, mas também de eventos especiais e marcantes. Sem a lembrança das coisas passadas e dos eventos significativos, tornamo-nos duros/as, secos/as e nos esquecemos dos feitos do Senhor. O salmista nos ensina: “Recordarei os feitos do Senhor; sim, me lembrarei das tuas maravilhas” (Sl 77.11). O nascimento do Salvador fora profetizado e ansiosamente aguardado por todos os profetas. Esse dia foi tão sonhado

que eles já o celebravam por antecipação. E por que, depois de ocorrido, não haveríamos de rememorar o cumprimento de tão grandiosa promessa? Natal nada mais é do que recordar o maior presente que Deus concedeu à humanidade.

2º Problema:

3º Problema: O dia 25 de dezembro era dedicado ao “Deus Sol”, o “Sol Invictus”. RESPOSTA: Não vejo impedimento para que uma data dedicada a uma comemoração pagã seja transformada numa celebração cristã. Eu não veria problemas se, após a conversão em massa de nosso país, transformássemos o Carnaval numa festa não mais da “carne”, mas da ação do Espírito em nossa vida. Alguém se oporia a tão preciosa mudança? Paulo, quando esteve em Atenas, não teve pudores em dizer que o “Deus Desconhecido” que os/as atenienses adoravam era precisamente o Cristo que ele estava anunciando! E, daquele altar pagão, podiam vislumbrar o Salvador de sua pregação. Hoje, portanto, já não é mais o “Sol Invictus” que é lembrado nessa data, mas Jesus. Afinal, o Salvador também é retratado na Bíblia como sol: “Nascerá o sol da justiça, trazendo salvação” (Ml 4.2). Ele é o “sol nascente das alturas” que veio para “alumiar os que jazem nas trevas” (Lc 1.78-79).

O mundo comemora de forma errada, com comidas, bebidas, gastanças, Papai Noel…

4º Problema:

RESPOSTA: Se o mundo se apropriou e desvirtuou aquilo que deveria ser essencialmente objeto da fé, não temos nada com isso. Ele fez o mesmo com a Páscoa, mas nem por isso vamos deixar de lembrar o sofrimento e a ressurreição de Cristo. Agora, se este mundo comemora o Natal de forma errada, cabe a nós, Igreja, mostrar o verdadeiro sentido da comemoração, e não a suprimir. Seria jogar fora a água suja com a criança dentro. Para isso, façamos cantatas nas praças, encenações nas Igrejas, cultos com mensagens temáticas e convidemos o “mundo” a assistir.

RESPOSTA: O fato de não sabermos a data real não impede que comemoremos o nascimento de Jesus. Até hoje, há pessoas que não sabem a verdadeira data de seu nascimento e nem por isso a comemoração “convencionada” é menos verdadeira ou sem sentido. Na verdade, o “dia” é o que menos importa. Poderíamos fazê-lo em julho, agosto ou outubro. O principal é reconhecer o “fato”, ou seja, a encarnação, a confissão de que Jesus veio ao mundo em carne. Mas adivinha quem não gosta de ser lembrado disso. Ele mesmo: o Diabo! “Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus” (1 Jo 4.2). Entretanto, “muitos enganadores têm saído

Não sabemos realmente a data em que Jesus nasceu.

pelo mundo afora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo” (2 Jo 7).

5º Problema: A árvore de Natal é uma representação da antiga adoração a Asera (ou Astarote).

RESPOSTA: Um mesmo objeto pode ter significados simbólicos diferentes, dependendo do contexto. O arco-íris, por exemplo, é hoje reconhecido como símbolo do movimento LGBT. Mas, se eu usá-lo na Igreja, não significa apoio a tal movimento. Para mim, o arco-íris sempre será visto como o “sinal da aliança de Deus” firmada com Noé (Gn 9.13). Se, num passado distante, a árvore era associada a Astarote, hoje nós a identificamos com o homem e a mulher que confiam em Deus e cuja esperança é o Senhor: “Porque ele é como a árvore plantada junto às águas (…) e a sua folha fica sempre verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto” (Jr 17.8). Se, no passado, símbolos e enfeites apontavam para falsos deuses, hoje, entretanto, a estrela ou as velas do Advento apontam para um só: Cristo! Os Jogos Olímpicos foram criados pelos gregos, ao lado de rituais de sacrifício, em honra a Zeus, cuja estátua ficava em Olímpia. Seriam hoje vetados aos/às cristãos/ãs por causa de sua origem pagã? Obviamente não, pois muitos/as cristãos/ãs têm testemunhado a sua fé por meio deles. Bem, se até aqui você não se convenceu, não adianta continuar. Quanto a mim, é sempre no mesmo espírito de alegria e assombro dos magos e dos/as pastores/as que comemoro esse dia. Pr. Daniel Rocha SD distrito do Grande ABC


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É interessante percebermos que o dia 25 de dezembro carrega muito mais um valor simbólico do que concreto para o estabelecimento do nascimento de Jesus. Expresso na simbologia de suas cores marcantes e das luzes inconfundíveis de árvores bem enfeitadas, o Natal torna-se o anúncio do nascimento de um novo tempo de paz, reconhecido por cristãos/ãs e não cristãos/ãs. O avanço no conhecimento histórico, associado aos temas bíblicos, permite-nos entender que, embora a data do nascimento de Jesus não seja indicada nos evangelhos e que a escolha do dia 25 de dezembro possa ser uma reação do cristianismo primitivo à festa pagã do Deus Sol, os relatos evangélicos do Natal são pinturas de uma história feita de “saudade, fé, esperança e amor”. Se, para o prólogo do Evangelho de João, Cristo é “a luz do mundo” e nos Evangelhos de Lucas e Mateus os anjos anunciam a chegada do Salvador que trará paz à terra entre os/ as homens/mulheres de bem, o nas-

cimento de Jesus tem em especial as marcas da expectativa messiânica de um novo mundo anunciado por Deus. O Natal tem em seu centro os mesmos sinais do espírito de justiça e de reconciliação, promovidos pelo sistema sabático e pelo ano jubileu judaico, pois um tempo de descanso e de libertação nasce juntamente com Cristo. Os elementos essenciais que marcam o nascimento de Cristo foram transportados dos mesmos ideais característicos de um Deus que ama a justiça e se comporta como justificador daqueles e daquelas que se abrem ao seu chamado e acolhimento.

SENSO COMUM Percebemos, no entanto, uma diferença significativa entre o Natal ideal e o Natal real. Enquanto o primeiro revela seu verdadeiro sentido, a partir de concepções teológicas estabelecidas há séculos, o segundo sinaliza o modo como a maioria das pessoas vivencia o Natal de forma prática. Há um bom tempo, observo a agitação que toma conta das pessoas nas ruas, à medida que se aproxima, em dezembro, o tão esperado dia de Natal. Seja em uma grande cidade ou mesmo nos menores vilarejos, a maioria das pessoas parece

ser preenchida por uma mistura de sentimentos que envolvem alegria, ansiedade, nervosismo e uma lista de obrigações necessárias para que tudo fique perfeito nesse dia de festa. No entanto, se fizermos uma pesquisa, mesmo que isenta, grande parte dos/as brasileiros/as não saberá dizer qual o verdadeiro sentido do Natal. Muitos/as associam essa festa a um tempo oportuno para confraternização entre amigos/as e família, com troca de presentes. Outros/as continuam na expectativa da chegada do Papai Noel em um trenó mágico, entoando seu famoso e característico riso, alimentando a imaginação de pequenos entusiastas. Outros/as, ainda, expressam certo descontentamento com a apropriação que o comércio fez dessa data, produzindo lucros a partir de uma maçante propaganda em torno do tema. Fenômenos interessantes parecem acontecer na vida das pessoas neste tempo. Como em um passe de mágica, uma flutuante sensação de alegria e bondade toma conta de um bom número de pessoas que “obrigatoriamente” precisam estar bem, precisam comer a melhor comida, comprar o melhor presente, visitar creches e asilos e, quem sabe, adotar uma criança para passar o Natal com a família. O sentido do Natal é, então, esvazia-

do e substituído por sentenças práticas que acontecem no esporádico da vida, sem o sustentamento de uma análise mais consistente a respeito de seu real significado e dos desdobramentos de uma convivência mais justa, equilibrada e amorosa.

EXPECTATIVA O verdadeiro sentido do Natal precisa estar além da superficialidade de nossa prática comum. Deve ser uma busca constante por elementos que sejam duradouros e permanentes na construção das relações humanas. O verdadeiro sentido do Natal deveria acontecer sempre como parte de nosso cotidiano e jamais como uma comemoração anual. Deveria estar fixado em nossa memória e celebrado em nossa vida como elemento intrínseco à nossa fé. Os desafios que se impõem para aqueles e aquelas que desejam a experiência de um Natal diferente, com sinais de amor, esperança e relações mais justas entre as pessoas, estão na prática de uma fé que busca o Novo mundo de Deus e que se esforça para que ele aconteça de forma permanente, e não somente uma vez a cada ano. Pr. Jovanir Lage Diretor IMTJRJR

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O SENTIDO DO NATAL NA CONCEPÇÃO TEOLÓGICA


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LITURGIA Dezembro de 2020 | www.expositorcristao.com.br

Origem e significado da estola

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mbora a Bíblia fale da estola sacerdotal no Antigo Testamento, as vestes do sumo sacerdote eram feitas de linho simples (1 Samuel 2.18; 2 Samuel 6.14), como o eram as vestes de todos os sacerdotes. A estola, porém, era feita de "ouro, estofo azul, púrpura, carmesim e linho fino retorcido" (Êxodo 28.6). Isso indica que ela era uma mistura de lã e linho, visto que o linho só podia ser tingido de azul. A "obra esmerada" significa algum tipo de bordado. A estola dividia-se em duas partes. Uma parte cobria as costas e a outra o peito do usuário. A vestimenta era presa nos ombros por uma grande pedra de ônix. O cinto da estola era feito de estofo azul, púrpura e carmesim entretecido com fio de ouro (Êxodo 28.8). A sua origem no cristianismo é imprecisa. No princípio a estola provavelmente era uma tira de tecido de linho ou lã destinada a resguardar o pescoço. No Oriente aparece como faixa no século IV; já como distintivo, no Ocidente no século VI. Na Igreja Oriental chama-se EPITRACHILION. É vestida pela cabeça e, contornando o pescoço, estende-se pela parte da frente até embaixo. Para comodidade, as suas duas partes são costuradas ou unidas entre si com botões. A estola designa uma graça especial dupla, na comparação com o diácono, concedida ao sacerdote para ministrar os Sacramentos da Igreja. Sem a estola o sacerdote não pode realizar nenhuma celebração. Na Igreja Latina é uma espécie de faixa que o sacerdote pendura no ombro sobre o peito em cima da alva (Túnica) e debaixo da casula (veste externa). A estola deve ser da mesma cor da casula; sua única decoração é uma cruz no meio (na altura do pescoço), que o ministro ordenado beija antes de colocá-la. Geralmente ela fica escondida. A disciplina da Igreja Latina prescreve seu uso na missa,

nos sacramentos, sacramentais e sempre que haja um contato com a Eucaristia. Tanto na Igreja Oriental quanto na Latina, ela deriva do manto de oração dos/as judeus/as, mais especificamente do “orarium”, nome com o qual a estola era conhecida na antiguidade. A palavra “orarium” é um termo relacionado a “orare” (falar, pregar), o que torna esse ornamento uma insígnia dos/as pregadores/as. A partir do século XII, não se usou mais o termo “orarium”, mas “estola”. Esse orarium pode ser interpretado como o talit, que se trata de um acessório religioso judaico em forma de xale feito de seda, lã ou linho, tendo em suas extremidades as tsitsiot (franjas).

A Igreja Latina vê o seguinte simbolismo para a estola:

• É símbolo do poder e da autoridade sacerdotal, sinal por excelência da dignidade sacerdotal. • Como a estola era uma vestimenta utilizada por pessoas de certa dignidade, simboliza a dignidade do primeiro homem, do homem antes do pecado original. • Simboliza também a inocência necessária para o cumprimento do serviço sacerdotal e a veste de glória que o servo

bom e fiel usará em recompensa pelos seus méritos. Evoca, portanto, o traje de festa que o Pai colocou no filho pródigo quando ele voltou à casa. Só Deus pode nos dar tal vestimenta e tornar-

-nos dignos de sentar à sua mesa, ao seu serviço. • Como é usada sobre o pescoço, assemelha-se a um jugo, o suave jugo de nosso Senhor, ou seja, as obrigações do estado sacerdotal. • A estola também simboliza as ovelhas que o Bom Pastor carrega sobre os ombros. • Ela é sinal das sogas (cordas) com que nosso Senhor foi arrastado ao calvário. • A estola do diácono é símbolo de sacrifício e generosidade ao serviço da comunidade cristã. • Vários/as ministros/as de igrejas protestantes usam a estola. É muito comum usar túnica com estola à mostra. Ou usar a estola sobre o clergyman (gola clerical) ou o terno. • Para nós, protestantes, a estola está relacionada à toalha que

AS CORES LITÚRGICAS DO TEMPO DA GRAÇA A pregação do Evangelho é tanto mais eficaz quanto melhor for a comunicação da Igreja. Comunicação é mais do que discurso, pois se dá no nível verbal e no nível não verbal. A Igreja evangeliza não somente pelo que ela fala, mas também (ou principalmente) pelo que ela demonstra. Dizem os/as estudiosos/as que mais de dois terços da área cerebral humana são destinados ao processamento de informações visuais. Assim, cada vez mais, fica evidente a importância da comunicação visual. E a combinação das cores é um importante elemento no estímulo à percepção visual humana. Assim como as parábolas foram utilizadas por Jesus como recurso comunicativo para estimular a imaginação (imagem+ação) de seus discípulos, a Igreja emprega recursos visuais, principalmente na ambientação de seus espaços cúlticos, visando ao anúncio do Tempo da Graça. E foi com a expe-

riência acumulada ao longo da história da Igreja, que o emprego das cores nos lugares de culto deixou de ser feito de maneira aleatória para ser usado com critérios estéticos e teológicos. Secularmente, o estudo das cores passou a ser feito mais sistematicamente no período do Renascimento, por Leon Batista Alberti, que relacionou as cores com os quatro elementos da natureza: vermelho—fogo, azul—ar, verde—água, cinza—terra; e por Leonardo Da Vinci, que propôs a seguinte simbologia cromática: branco—luz, amarelo—terra, verde—água, azul—ar, vermelho—fogo e preto—trevas. Desde então, confirmou-se, cientificamente, que as cores afetam o metabolismo humano basicamente da seguinte maneira: as cores quentes (vermelho, amarelo) aceleram o batimento cardíaco e aumentam a pressão arterial; ao passo que as cores frias (azul, verde) acalmam e relaxam. Geometricamente, as cores são assim representadas: Quadrado—vermelho (que sugere ação centrífuga, isto é, do centro para fora), círculo—azul (que

Cristo usou na noite da Ceia quando lavou os pés dos discípulos: “Jesus…, levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido”. (João 13.3-5). • A estola é símbolo do serviço ministerial que o pastor exerce para a Igreja do Senhor. Ele tem a dignidade de ser servo de todos no serviço dos sacramentos, da visitação, da unção com óleo, da Palavra de Deus e nas orações. • Estola para o pastor protestante significa serviço (a toalha), segundo o modelo e o discipulado do Senhor Jesus. Pr. Edson Cortásio Sardinha 1ª Região Eclesiástica

sugere ação centrípeta, isto é, de fora para o centro) e triângulo—verde (que sugere estabilidade). Com essas informações, fica mais fácil entender por que a Igreja convencionou o uso do vermelho para o período de Pentecostes, pois é uma época de missão (de dentro para fora); e o uso do verde para o Tempo Comum, sugerindo a estabilidade e a persistência dos/as fiéis no cotidiano. Veja no quadro o esquema tradicional das cores litúrgicas. Obviamente, essa é uma convenção basicamente ocidental. Em outras culturas, as cores podem assumir outros significados, ou até mesmo significados opostos. De qualquer forma, se conseguirmos utilizar o extraordinário poder de comunicação visual das cores de forma inteligente e teologicamente coerente, estaremos melhorando nossa capacidade de pregar o Evangelho em uma sociedade marcada pelo fascínio das imagens. Pr. Luis Carlos Ramos 5ª Região Eclesiástica

SIMBOLISMO

BRANCO E A COR DE OURO: simbolizam a Divindade, luz, glória, alegria e vitória. São usadas para celebrar a obra redentora de Cristo (Natal, Epifania, Batismo do Senhor, Transfiguração do Senhor, Páscoa, Ascensão do Senhor, Trindade e Cristo, o Rei do Universo).

VERMELHO: símbolo do fogo e do sangue dos mártires, é a cor das celebrações do Espírito Santo e da Igreja: Pentecostes, Dia da Reforma, aniversário de igrejas locais, ordenação e investidura de pastores/as.

AZUL CLARO: expressa esperança. Alguns teólogos (Barth, Tillich e Von Allmen) sugerem o azul como sendo a cor ideal para o templo, lugar para onde os/as fiéis convergem, por simbolizar a ação centrípeta da própria comunhão. Sugerem também que o círculo é a forma arquitetônica ideal para a disposição dos/as fiéis no templo (com a mesa da comunhão ao centro).

ROXO OU LILÁS OU VIOLETA: caracterizam as épocas do ano cristão dedicadas à reflexão, ao arrependimento e à preparação, como o Advento e a Quaresma. Note que o roxo é a mistura de uma cor quente (o vermelho) e uma cor fria (o azul). Isso é representativo da tensão própria dos períodos de expectativa: o já e o ainda não.

VERDE: é a cor da natureza, da vida e do crescimento e é usada ao longo do Tempo Comum (ou da Criação) por ser uma cor que denota estabilidade e constância.

PRETO: denota a morte e o luto e é a cor usada na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira da Paixão.


SOCIAL

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Diaconia e UMCOR firmam parceria para a promoção de segurança hídrica e produção de alimentos no Semiárido do Brasil

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nente às famílias agricultoras; formação; realização de campanhas; intercâmbios entre famílias agricultoras sobre práticas agroecológicas; e o fortalecimento da Rede Pajeú de Agroecologia, no âmbito da incidência para o fortalecimento de políticas públicas de promoção de direitos humanos. Para a coordenadora-geral da Diaconia, Waneska Bonfim, “esta parceria com a Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos fortalecerá o que a Diaconia se propõe no semiárido brasileiro, favorecendo a integração de tecnologias sociais para melhorar ainda mais a convivência das famílias agricultoras com o semiárido”.

Tecnologias Sociais contempladas no projeto

Cisterna de 2ª água: reservatórios onde a captação da água se dá por meio de adaptação, construído no nível do solo, aproveitando

Tádzio Estevam Assessor de Comunicação da Diaconia

© FOTOS ACERVO DIACONIA

Projeto “Vida Digna no Semiárido: uma abordagem agroecológica com foco na integração de tecnologias sociais” é a mais nova missão que a Diaconia está executando nos municípios de Afogados da Ingazeira, Santa Terezinha, São José do Egito, Carnaíba e Tabira, todos no Sertão do Pajeú, em Pernambuco. O projeto consiste numa parceria entre a organização e a Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos, através do Comitê de Ajuda Humanitária da Igreja Metodista Unida (UMCOR), cujo objetivo é fortalecer estratégias de convivência com o Semiárido no que se refere à Segurança Alimentar, Nutricional e Hídrica. Na prática, o projeto prevê ações de fortalecimento da produção de alimentos de famílias agricultoras a partir da integração de tecnologias sociais em bases agroecológicas, contribuindo para melhorar as estratégias de convivência com a região semiárida. O projeto contemplará atividades de formação sobre armazenamento e gerenciamento de água, bem como práticas sustentáveis de produção de alimentos agroecológicos, por meio da implementação de tecnologias que, aliadas àquelas já existentes nas propriedades rurais, fortaleçam um agroecossistema de base familiar com mais resiliência. A família da jovem agricultora Maria Ivaneide Alves da Silva, moradora da comunidade Ilha do Rato, no município de Tabira, é uma das 30 famílias beneficiadas pelo projeto. Eles viviam em extrema vulnerabilidade social, amparados apenas pelo Bolsa Família. A transformação de vida da jovem agricultora e de seus familiares começou com a inclusão da família no Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), financiado pelo BNDES e executado pela Diaconia no âmbito da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil). Por intermédio do programa, ela recebeu a cisterna de 52 mil litros para armazenar água das chuvas – chamada de cisterna calçadão –, o que ajudou a família a implantar um pequeno sistema de irrigação para a criação de animais, como

seu declive. Tem capacidade de armazenamento de 52 mil litros d’água e foi idealizada para a irrigação de pequenas plantações e dessedentação de animais. Biodigestor: utiliza o esterco animal, cuja decomposição produz o biogás, que substitui o gás de cozinha GLP. Também contribui para redução da extração e queima de lenha e produz biofertilizantes (adubos orgânicos de alta qualidade). Banheiro Redondo: desenvolvido e aprimorado como solução de saneamento rural. A instalação nas residências rurais atende às necessidades de saneamento básico das famílias, proporcionando-lhes mais saúde e dignidade. Bioágua: sistema de reúso da “água servida” garantindo o reaproveitamento das águas residuais provenientes da lavagem de pratos e roupas e da higiene pessoal como banho e escovação de dentes para a irrigação, por gotejamento, de hortas e pomares cultivados nos quintais. Quintais Produtivos: são áreas geralmente nos arredores das casas, onde há produção diversificada, com criação de pequenos e médios animais (aves, caprinos, ovinos, porcos) e cultivo de plantas medicinais, frutíferas, hortaliças. Fossa biodigestora: responsável por tratar o esgoto do vaso sanitário (a água com urina e fezes humanas) de forma eficiente, produzindo um efluente que pode ser utilizado no solo como fertilizante.

A jovem agricultora irá receber mudas de plantas e fruteiras em sua propriedade.

galinhas e porcos. Ela também trabalha com abelhas e faz a coleta seletiva na sua propriedade. Com a chegada do projeto apoiado pelo UMCOR, Ivaneide poderá enriquecer seu agroecossistema de produção de alimentos a partir do reforço da sua criação de animais, como caprinos e ovinos, além da produção de silagem para o armazenamento de forragem. No âmbito das energias renováveis, a família será contemplada com um biodigestor sertanejo para a produção do seu próprio gás de cozinha. “Com a chegada desse projeto, nossa vida vai passar por uma grande transformação. Espero produzir mais, criar mais animais, ter mais alimento para

alimentar minha família e até fazer uma renda extra com o excedente da produção. As mudas das plantas e fruteiras darão outra aparência à minha propriedade, além de nos alimentar também”, disse. Com relação às tecnologias, a agricultora destaca a economia de tempo e de mão de obra que ela terá. “Vamos ter mais tempo para nós. A vida da agricultora não é só plantar. Com a implantação de tecnologia, vamos poder investir nosso tempo em outras coisas a nosso favor”, concluiu esperançosa. A jovem agricultora receberá mudas de plantas e fruteiras em sua propriedade. O projeto ainda terá atividades de assessoria técnica perma-

A agricultora Maria Ivaneide irá enriquecer seu agroecossistema de produção de alimentos, a partir do reforço da sua criação de animais como caprinos e ovinos.


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INTERNACIONAL Dezembro de 2020 | www.expositorcristao.com.br

Igrejas brasileiras clamam por justiça racial transformadora Redação EC

A

morte brutal de João Alberto Silveira Freitas, negro, de 40 anos de idade, causada pela ação de dois agentes de segurança brancos do lado de fora de um supermercado em Porto Alegre/RS, no dia 19 de novembro, véspera do Dia da Consciência Negra, despertou revolta em todo o país. As igrejas membros do Conselho Mundial de Igrejas

ta. E que tenhamos a esperança quilombola de uma sociedade mais justa, fraterna, acolhedora sem racismo e violência étnica. Como cristãos e cristãs, não basta não ser racista. É preciso ser antirracista!”, ele escreveu. O Bispo Naudal Alves Gomes, primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), declarou: "nossa responsabilidade como pessoas cristãs e cidadãs é que superemos e renunciemos a esses pecados sociais, estruturais e realmente nos compro-

mos mais um caso de violência ocorrido no nosso país. Nos solidarizamos com todas as pessoas vítimas de violência e clamamos por justiça e paz", declarou a liderança da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). "Precisamos vencer o mal com o bem, transformar a violência em paz." O Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) emitiu um pronunciamento reiterando seu compromisso histórico no

falar sobre esta triste realidade para poder melhor combatê-la, de acordo com os princípios do Evangelho de Jesus Cristo", dizia o anúncio do evento. A Pastora Romi Bencke, secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), lembrou que nos últimos dias, "além do assassinato

de Beto, mulheres negras eleitas nas últimas eleições sofrem ameaças de morte. Esperamos que a responsabilização deste crime não seja apenas dos seguranças, mas também da rede de supermercado. As empresas privadas também devem ser responsabilizadas pelas práticas racistas", disse.

IGREJA METODISTA SOLIDARIZA-SE COM AS VÍTIMAS DO FURACÃO ETA presença metodista. Segundo os Ministérios Globais, agência missionária mundial da IM, já há relatos de famílias metodistas que foram evacuadas, incluindo famílias pastorais, especialmente na região de São Pedro de Sula, em Honduras. O ciclone atingiu também Panamá e Costa Rica.

Nós, da Igreja Metodista no Brasil, nos solidarizamos com a população de vários locais na América Central, que têm sido atingidos desde segunda-feira, dia 2 de novembro, pelo Furacão Eta. O ciclone teve impacto de categoria 4 na escala de 5 de Saffir-Simpson, segundo Marcio Baca, diretor de Meteorologia do Instituto Nicaraguense de Estudos Territoriais (Ineter). A população indígena foi gravemente afetada na Guatemala, onde um desabamento soterrou 25 casas. O país já registra mais de 50 óbitos em decorrência do ciclone. Entre os países atingidos estão Guatemala, Nicarágua, Honduras e região do Caribe, todos com

DOE condenaram a morte de João Alberto e expressaram profunda preocupação com a injustiça racial sistêmica no Brasil. Gravações de vídeo mostram João Alberto sendo repetidamente agredido no rosto pelos seguranças do supermercado. O Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa, presidente do Colégio Episcopal da Igreja Metodista do Brasil, emitiu uma declaração expressando dor e solidariedade à família de João Alberto. "Esperamos que a justiça seja fei-

metamos com a justiça e a paz do Reino de Deus. Nossa igreja tem buscado trilhar esse caminho, levantando sua voz profética, exercitando a solidariedade, buscando dialogar com as demais religiões". De acordo com pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os/as afrodescendentes representam 56,1% da sociedade brasileira. A discriminação racial, no entanto, segue prevalecendo no país. "Com muita dor, acompanha-

combate ao racismo e a todas as formas de discriminação: "Nenhum cristão vive um cristianismo maduro se permanece omisso diante deste pecado social que marginaliza e mata milhões de negros e negras em nossa pátria". A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB) promoveu um evento on-line no Dia da Consciência Negra para debater a questão do racismo como pecado. "Racismo é crime! Racismo é pecado". A Igreja precisa

Você pode realizar a sua doação financeira para apoiar as vítimas do desastre em nosso site de doações, selecionando a campanha FUNDO EMERGENCIAL. Acesse o link direto aqui: http://doacoes. metodista.org.br/ campanha-fundoemergencial.

O trabalho social da Igreja Metodista nessa área já está mobilizado para acolher as famílias prejudicadas. A Unicef, fundo para infância da Organização das Nações Unidas, afirma que cerca de 500 mil crianças estão ameaçadas pela passagem do furacão e se mobiliza para realizar atendimentos de emergência. Incentivamos os/as metodistas brasileiros/as a se unirem em oração com nossos irmãos e irmãs da América Central, pedindo ao Senhor que dê estratégia às organizações de resposta para emergência e segurança para as famílias da região. Saiba como realizar doações financeiras no Brasil logo abaixo. /// Fonte: Sede Nacional da Igreja Metodista.

Caso prefira, você pode realizar a sua doação por transferência bancária: Banco Itaú Agência 0150 Conta Corrente 27036-1 Associação da Igreja Metodista CNPJ 33.749.964/0001-04 Caso queira comunicar a sua doação, envie o comprovante de depósito para o e-mail comunicacao@metodista.org. br ou WhatsApp (11) 28138600. As doações pelo site são informadas automaticamente.


DIREITOS HUMANOS

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Dezembro de 2020 | www.expositorcristao.com.br

Consciência negra e a justiça de gênero Redação EC

É importante chamar a atenção para a urgência em fortalecer uma luta antirracista que também seja anticapitalista e capaz de promover justiça de gênero! Precisamos avançar na luta contra o racismo estruturante que sustenta um projeto político de extermínio do povo negro, entendendo que isso só é possível com ações articuladas de promoção dos direitos das mulheres e de justiça socioeconômica. Não existe consciência negra sem considerar o protagonismo e a luta de Dandara pela libertação de seu povo! Não existe consciência negra sem denunciar os abusos vivenciados por milhares de Conceições em todo o país! Não existe consciência negra sem a condenação da assassina do filho de Mirtes! Que essa Consciência Negra esteja enraizada nas nossas pautas diárias e em todas as nossas iniciativas de fazer Diaconia.

mais afetadas pela crise política, econômica e sanitária que atravessa o mundo. Como alerta a ONU Mulheres Brasil1 em referência à pandemia da Covid-19: “A avaliação das desigualdades é realizada pela perspectiva interseccional, sem a qual não é possível ter noção verídica do cenário, a população negra é quem historicamente detém os piores índices, sobretudo, as mulheres negras. A população negra está majoritariamente nas periferias vivendo em imóveis insalubres, amontoados, com elevado número de pessoas por cômodo, sem saneamento, sem acesso a água, com suas chefes de família trabalhando na informalidade e sem poder prover as suas necessidades. Um cenário que reflete um descaso consciente com 54,9% da população”. Esse cenário apresentado pela ONU Mulheres Brasil era também a realidade de Mirtes Santana – mulher negra, moradora da periferia da cidade do Recife/PE, empregada doméstica –, que, sem alternativa para o cuidado, precisou levar seu filho ao trabalho em plena pandemia. Miguel Otávio, com apenas cinco anos de idade, ficou aos cuidados da patroa enquanto Mirtes passeava com o cachorro da casa. Quando Miguel chora pedindo por sua mãe, a patroa, de forma negligente, o coloca sozi-

nho em um elevador. Miguel vai até o 9º andar do condomínio de luxo, cai de uma altura de 35 metros e morre. Mirtes é uma das muitas mulheres negras periféricas que continuam sendo obrigadas a se submeter às situações abusivas de trabalho, que põem em risco sua saúde, sua dignidade e sua vida. A perda de seu filho simboliza o lugar que tem sido destinado às mulheres negras das periferias urbanas. Cenários que cruzam distintas formas de violência e marcam profundamente suas histórias de existência e resistência. O contexto de violações também é realidade das mulheres negras camponesas, vitimadas por violências físicas, psicológicas, simbólicas e patrimoniais. Os resultados econômicos de seu trabalho comumente se caracterizam como renda indireta por se destinar ao autoconsumo da família e, portanto, não são contabilizados, restringindo drasticamente sua condição de autonomia financeira e seu protagonismo na vida comunitária. Além disso, as dificuldades no acesso à documentação civil nas áreas semiáridas impõem às mulheres restrições legais e as limitam no acesso às políticas de seguridade social e outros direitos, retroalimentando o estigma de sua invisibilidade.

[1] http://www.onumulheres.org.br/noticias/acoesde-enfrentamento-a-pandemia-devem-considerarcondicao-de-vida-e-saude-de-negras-e-negrosdiz-sanitarista-a-onu-mulheres-brasil/

/// Fonte: Diaconia com adaptações.

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O

dia 20 de novembro é conhecido no Brasil como Dia Nacional da Consciência Negra. Na edição anterior, publicamos um artigo sobre racismo estrutural, tema amplamente discutido nas grandes mídias no mês de novembro. A data faz referência à morte de Zumbi, do quilombo dos Palmares, mas também diz respeito à luta de muitas outras pessoas que construíram a resiliência do povo negro, resistindo e se aquilombando em todo o território nacional. E ainda se refere, de forma especial, às lutas de mulheres como Dandara, uma das principais lideranças de Palmares na resistência contra a escravidão. Assim como Dandara, as mulheres negras têm sido invisibilizadas nas narrativas históricas que tentam apagar sua participação protagonista ou relegá-las a papéis coadjuvantes. Desde o início da colonização do país, são elas as mais afetadas pelos efeitos do racismo, do sexismo e das desigualdades de classe que estruturaram e continuam alicerçando as bases da sociedade brasileira. Esses pilares estiveram presentes na história das mulheres negras da cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX, que utilizavam o apelido “Conceição” para esconder o verdadeiro nome, possivelmente na tentativa de livrarem-se da polícia, uma vez que, muito comumente, eram processadas por “vadiagem” (termo aparentemente utilizado para designar prostituição) ou quando estavam envolvidas em outros “conflitos”, como aqueles em que eram vítimas de agressão física dos maridos e também de estupros. O registro das “Conceições” está datado no ano de 1900, contudo, mesmo com as conquistas sociais dos últimos 100 anos, o cotidiano da mulher negra ainda é marcado pela hipersexualização do seu corpo, pela precarização de seu trabalho e pelo não reconhecimento de seus direitos. Esses têm sido os contextos das amas de leite, das trabalhadoras do comércio informal, das domésticas, babás, lavadeiras e de tantas outras mulheres negras que construíram e constroem esse país. No atual contexto nacional não há como não voltar o olhar sensível às mulheres negras trabalhadoras que vivem nas periferias das áreas rurais e dos centros urbanos do país, porque elas continuam sendo as

CAPELANIA METODISTA MESMO EM TEMPO DE PANDEMIA Em dezembro de 2019, com aval do Bispo Paulo Rangel (1ª Região), foi formada a primeira turma de capelães metodistas do distrito de Nova Iguaçu/RJ, com membros de outras denominações também. Desde então, sob a coordenação do Rev. Alexandre Teixeira de Almeida, foi desenvolvido um trabalho de apoio mútuo com ação social (através de doações) e estudo bíblico regular todo terceiro domingo no abrigo Projeto Resga-

tar, que está sob a coordenação do diretor Jeferson Pontes. O abrigo também funciona como um centro de recuperação em Cabuçu, Nova Iguaçu. Os capelães metodistas Marcos Arão, Carlão e Rildinho, membros da Igreja Metodista em Jd. Corumbá, são os capelães escalados e responsáveis por esse trabalho, que tem o apoio da sociedade de homens e do departamento de ação social da Igreja Metodista local (Jd. Corumbá), e que segue firme mesmo em tempo de pandemia, conforme relatório fornecido a Flávia Leôncio, coordenadora de ação social do distrito de Nova Iguaçu. /// Informou: Pr. Alexandre Teixeira de Almeida


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CRIANÇA Dezembro de 2020 | www.expositorcristao.com.br

Você conhece a história dos Aventureiros em Missão? N

esta página, sempre reproduzimos o que foi publicado no site do Expositor Cristão. A editoria é chamada de Página de Mídia, mas excepcionalmente nesta edição de dezembro vamos apresentar a história de cada Aventureiro em Missão na Página da Criança. É importante para você que é educador ou educadora e trabalha com as crianças em sua comunidade explicar como nasceu cada Aventureiro em Missão. O material foi enviado pelo Departamento Nacional de Trabalho com Crianças.

Luca

Personagem sonhador, sensível, perceptivo, companheiro. Tem 10 anos e uma deficiência física na perna direita. Por isso, usa cadeira de rodas para se locomover. Como tem boa autoestima e forte espírito de liderança, é o conciliador da turma. Sua família é de classe média e bem estruturada. Mora com o pai, a mãe, um irmão adolescente e uma irmã caçula de dois anos. Gosta de música e de desenhar. Toca teclado.

Zeca

É um menino brincalhão, simpático, cooperador. Na turma, é conhecido como o criativo, o inventor; mas tem seu lado sapeca e sedutor. É gozador e muito querido pelo grupo. Seu nome é José Carlos. Vive com seus pais, uma família humilde, que veio do Nordeste para tentar a vida em São Paulo. Zeca tem mais duas irmãs e três irmãos. A mãe trabalha fora e o pai é autônomo. Gosta de jogar futebol e nunca se separa do seu boné. Zeca retrata o dialeto nordestino, com aquele sotaque cantado e gostoso de ouvir: “Oxente!”

Rebeca

É uma menina negra, superfashion, de personalidade marcante, determinada, alegre e, com seu jeito extrovertido, agita todo o grupo. É otimista, moleca e cheia das ideias, mas é impositiva e autoritária. Filha única de uma família de classe média, bem estruturada, mora com os pais. Usa trancinhas com fitinhas coloridas nas pontas. Gosta muito de jogos com bola e de liderar a turma.

Talita

A personagem loirinha e gorduchinha usa macacão vermelho. É uma menina sensível, estudiosa e introspectiva. Sempre que o grupo tem alguma dúvida, ela logo tem resposta. A turma diz que ela é a “sabe-tudo”. Apesar de seu jeito tranquilo e sossegado, é muito chorona também. Seus pais são separados. Mora com o pai e uma irmã mais velha, que está na faculdade.

Ian

É um menino de 8 anos, descendente de família oriental. Interessado em ecologia, cultiva hábitos alimentares saudáveis. Anda sempre com seu skate e é surfista, também. Mora com a mãe, que é professora, e uma irmã mais velha, que faz origami e tem muita habilidade artística. Seu pai está separado da família, trabalhando no Japão. É colecionador.

Formigarra

Criada pelo Zeca, junto com toda a Turma, a mascote do grupo é a mistura da formiga com a cigarra.

Açucena

O nome "Açucena" significa "singela" ou "branca flor". Na verdade, é o nome de uma flor que ela usa estampada em suas roupas. Ela é uma criança brasileira guarani, filha de um casal indígena e neta do primeiro pastor metodista indígena. Além do avô, seus pais também são metodistas e militantes da causa indígena. O pai de Açucena é professor e a mãe é médica. O trabalho deles na aldeia é criar um posto de saúde e uma escola primária onde os/as indiozinhos/as reaprenderiam a língua guarani e os costumes indígenas. Como na aldeia ainda não há escola, Açucena estuda na escola da turma dos Aventureiros e, aos domingos, vai com seus pais à Igreja Metodista, onde também frequentam as crianças da turma. Tem um animalzinho de estimação: uma linda e querida cachorrinha vira-latas chamada Moema, que quer dizer "aurora". Tem um irmãozinho ainda bebê. Açucena gosta de esportes, sobretudo nadar e jogar futebol. Coleciona fotografias e ilustrações de animais de todo tipo e de todo o planeta.


CRIANÇA Dezembro de 2020 | www.expositorcristao.com.br

© LUCIE SKALOVA / ISTOCKPHOTO.COM

Hoje, o Salvador nasceu!

E

stá sendo um ano difícil e incomum. A Covid-19 trouxe consigo a pandemia e levou à morte milhares de pessoas. Não apenas vidas se foram, mas sonhos, projetos, e esta circunstância impôs ao mundo um novo jeito de ser e agir. Em tempos difíceis, de insegurança e vulnerabilidade, tudo se torna mais difícil, contudo, é preciso caminhar e aprender a partir de experiência da fé e esperança. Em Lucas 2.11 é narrado o nascimento de um novo tempo: "pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo o Senhor". O nascimento de Jesus mudou a história da humanidade e trouxe ao coração das pessoas a oportunidade de uma nova vida, de um tempo novo de justiça aos/às injustiçados/as, de cura, inclusão e salvação para quem nEle crê. O profeta Isaías anunciou a chegada de um rei justo e amoroso - Is 9.1-6.

Em Lucas 2.25-38 o sacerdote Simeão e a profetisa Ana deram conta de conhecer e sentir imensa alegria ao fazerem parte do cenário da apresentação de Jesus no templo. Simeão chega a afirmar: "pois agora os meus olhos viram a tua salvação", Lc 2.30. Israel vivia a grande expectativa da esperança do Messias. E nem mesmo a perseguição, entre outras adversidades, impediu o agir de Deus na vida do seu povo. Olhar para o Messias reacendeu a fé, ressignificou a vida e deu coragem para superar dias difíceis, como no caso de Ana, viúva, idosa, mas servia ao Senhor no templo dia e noite, Lc 2.37-38. Assim seja também em nossos dias. Somos convidados/as a olhar para Cristo e, a despeito de todas as coisas, a Sua luz nos guiará e nos fortalecerá em dias difíceis, pois um menino nos nasceu. /// Equipe DNTC

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