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S E R V I C E L E A R N I N G

SERVICESERVICE LELE ARNINGARNING

Você sabia que, a partir do 6° ano, os estudantes da Concept devem dedicar de 30 a 100 horas por ano em projetos de aprendizagem solidária? Entenda as motivações dessa proposta e conheça alguns dos projetos atuais.

Por Camila Icassatti, líder de Comunicação e Marketing da Escola Concept

Aqui na Escola Concept enxergamos com muita clareza que o aprendizado só faz sentido quando ele encontra uma aplicação prática na vida.

Buscamos fazer com que os estudantes percebam essas relações a todos os momentos, esteja ele fazendo um cálculo matemático, estudando história, escrevendo um texto ou participando de uma "rotina do pensamento visível" . Por isso, a aprendizagem é baseada em projetos. Por isso também, conectamos o que se está vendo em aula com um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável ou Global Goal.

À medida que os estudantes crescem, vamos além. Passamos a incentivar que se envolvam em projetos de aprendizagem solidária, que chamamos de Service Learning, materializando seu saber em ações que beneficiem alguém fora de seu círculo de convivência imediato.

ALGUNS DOS PROJETOS EM CURSO

Temos o exemplo dos irmãos Thomás e Heitor Campos, do 9° e 6• ano respectivamente da Escola Concept São Paulo. Eles são fãs e jogadores de futebol e criaram um projeto para arrecadar e doar equipamentos esportivos para crianças assistidas por uma instituição filantrópica na cidade. "Nós conseguimos 38 pares de chuteiras e 84 camisetas de time, além de 50 bikes, o que deu origem a um segundo projeto, com meu pai, em que fizemos um curso de mecânica de bicicletas, e envolvemos outras pessoas, para ajudar a consertá-las " , conta Thomás.

Falamos muito em doar tempo e talento, como alternativa a doação de dinheiro ou bens materiais" , diz Patrícia Busico, orientadora educacional dos Anos Finais do Ensino Fundamental. Para estimular, na hora de fazer a contabilidade do tempo dedicado, entram também as horas em tarefas como organização, comunicação e propaganda. "Service Learning não é doação. É troca que acaba também por nos transformar" , resume Patrícia. Ressaltamos ainda o projeto de outros irmãos, os gêmeos Lorenzo e Anna Fiorella Baldi, do 6° ano. Eles entraram em contato com a ONG Moradia e Cidadania para entender quais eram suas necessidades. Produziram cartazes e estão preparando kits de higiene, com sabonete, escova e pasta de dente. E temos muitos estudantes envolvidos em projetos de reciclagem de cápsulas de café, embalagens tetrapack, tampinhas, invisalign, entre outros.

Um jogo de ganha-ganha

Do inglês, a expressão Service Learning se refere a uma prática que, algumas vezes, se confunde com o voluntariado. Porém, é um pouco diferente, à medida que entra como um componente do currículo, então há um foco também no desenvolvimento da pessoa que doa seu tempo. Confira ao lado as principais características que você vai desenvolver com o serviço de aprendizagem? Tornar-se líder: você pode descobrir suas habilidades para liderar equipes e realizar bons trabalhos dentro e fora da escola. Ser protagonista: assumir responsabilidades pode transformá-lo como aluno e como ser humano. Ajudar a sua comunidade: através do seu compromisso você pode inspirar e ajudar muitas pessoas. Preparar-se para o futuro: quando você está engajado com os projetos pode conseguir bônus que irão valorizar seu histórico escolar. Proporcionar conhecimentos: participando ativamente dos projetos você pode envolver sua turma e seus professores a também contribuir de diversas formas. Além de trazer importantes debates para melhorar e ampliar os projetos. Fazer novos amigos: quem não gosta de fazer novos amigos? Quando você se inspira a participar, além de tudo o que você vai aprender, terá a oportunidade de construir novas amizades que, com certeza, serão muito especiais.

O DNA F U T UF U T U E R R O O O

Como crianças de 7 anos podem aprender conceitos sobre genética, evolução das espécies, habitats e sustentabilidade – num projeto com leveza e muita criatividade

Fernanda Zajd, educadora do 1° ano, Escola Concept São Paulo

Projeto bom não acaba, vira outro. A investigação do Grade 1D de São Paulo sobre "Como os registros do passado nos conectam com o presente?" , com foco na evolução da escrita, motivou e instigou a turma pesquisar sobre suas histórias e memórias, bem como as de suas famílias e da comunidade que os cerca. Encerramos o semestre falando sobre as ferramentas do passado e as tecnologias que temos atualmente.

Logo na primeira semana de retorno das férias de julho, um estudante compartilhou: “Teacher, vamos agora para o futuro? Que tal uma maquete de cidade do futuro?” Imediatamente, o novo projeto ganhou forma, ou melhor, sua sequência. Com o título "Quais futuros conseguimos imaginar e projetar?" .

Durante uma proposta cujo objetivo era relacionar a escrita por extenso, de 1 a 100, com sua respectiva representação numérica, os estudantes se desafiaram e pediram para avançarmos até o 1000. Ao atingir 1000, quiseram seguir até 10.000. No que eu disse: “ Pessoal, assim iremos contar o dia todo!” E um estudante refletiu: “ Vai virar infinito!” Esta fala gerou questionamentos na turma: “Que número usa para fazer infinito?” Com a explicação sobre o símbolo do infinito , um estudante se levantou, se dirigiu até a lousa e refletiu: “ Este símbolo parece um DNA. ”

Pronto, agora nossa rota já tinha um novo desdobramento! As investigações sobre o DNA e suas funções levou a diversas conexões, curiosidades e questionamentos: “Comida tem DNA?”; “ Tomate tem, porque eu plantei. ” “Então suco de caixinha não tem DNA porque não é fruta de verdade. ”; “ A gente tem letras dentro da gente?”; “ O DNA se enrola igual a minha pulseira de elástico”; “ Se o DNA diz como a gente vai ser, se eu abrir meu corpo e entrar na célula, eu vou saber o futuro?” ; “O DNA é a receita do nosso corpo” , "Todo DNA é igual?” .

Com tantos caminhos a seguir, uma descoberta sobressaiu-se: os seres humanos possuem 99% do DNA igual e é exatamente o 1% que torna cada um de nós únicos.

Como receita de bolo!

Dando voz às conexões dos estudantes, fomos testar a hipótese em uma aula de culinária, e alteramos um ingrediente para testar a hipótese de que apenas 1% de diferença é capaz de mudar tanta coisa assim. A receita escolhida foi bolinha de leite ninho, mas trocamos o leite ninho por nutella. A cooking class se mostrou reflexiva e divertida, possibilitando aos estudantes estender seus conhecimentos teóricos para a prática: “ Teacher, a gente só mudou uma coisinha e virou outra coisa, igual ao 1% do DNA. Tem de seguir a receita!” .

Estrutura do DNA

Após a compreensão da função do DNA, usamos bolinhas de isopor, fios de nylon e miçangas com letras para construir o nosso DNA e orgulhosamente exposto em nosso espaço de referência. Do DNA para a evolução foi um pulo, ou melhor, bastaram alguns comentários: "Quando o DNA muda, você evolui. ”; “Quando uma coisa é velha, ela evolui. ”; “A evolução faz os bichos ficarem mais fortes e mais rápidos. ”

Darwin explica

Embora os estudantes da minha turma tenham apenas 7 anos, entendi que podíamos ver a origem das espécies e a teoria de seleção natural de Darwin. Fizemos isso por meio de pesquisas. Cada estudante escolheu uma espécie para pesquisar em casa e ver como elas mudaram com o tempo. Também vivenciamos a teoria da seleção natural a partir de gincanas, em que os estudantes tinham, por exemplo, os pés amarrados, ou havia pistas camufladas na caça ao tesouro. As propostas fizeram os estudantes perceber como certas vantagens adaptativas ajudaram a resolver os desafios.

Floresta ou Polo Norte?

Ainda tivemos mais um momento muito marcante no projeto, quando transformamos nosso espaço de aprendizagem em dois habitats distintos. Metade da sala virou uma floresta tropical e a outra, o Polo Norte. Os estudantes ajudaram na ambientação, produzindo troncos e cipós, coletando folhas e galhos, e trazendo suas pelúcias e bonecos de casa para dispor em cada habitat. Eles registraram a aprendizagem respondendo quais animais vivem em quais dos habitats e por quê? Também listaram quais vantagens adaptativas eles possuem para sobreviverem ali.

Como proposta final, nos beneficiamos da temática sobre evolução para refletir sobre a própria evolução da aprendizagem do grupo, e um estudante concluiu, orgulhoso: "Era um trabalho de criança, mas parece de adolescente. "

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