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EQUILÍBRIO E NO TRABALHO bem-estar

saúde emocional está relacionada ao equilíbrio entre a nossa interioridade e o mundo exterior, criando condições para uma efetiva qualidade de vida e bem-estar. Como cada ser humano está inserido em um contexto de relações familiares, profissionais e sociais, não se trata de uma questão isolada. Somos seres relacionais, portadores de sentimentos e emoções e gostamos de nos sentir amados, aprovados e reconhecidos em todos os âmbitos em que atuamos.

Sem a devida harmonia entre nossos sentimentos e a realidade concreta, algumas doenças podem surgir e ameaçar nossa estabilidade psicológica, como a ansiedade, o pânico e a depressão. Está em alta hoje a preocupação com a síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, um distúrbio psíquico que tem como principal característica o estado de tensão emocional e o estresse crônico, provocados por condições de trabalho desgastantes, tanto do ponto de vista físico quanto do ponto de vista mental.

Uma pesquisa feita pela plataforma Oceano sobre saúde emocional nas corporações brasileiras detectou que 12,6% dos entrevistados tiveram a síndrome Burnout diagnosticada; 44% acham que a sofreram; e 11,6% não sabem se foram vítimas dela.

Todo esse acúmulo de estresse pode se manifestar em ausências no trabalho e em comportamentos carregados de tensão, como agressividade, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, isolamento e baixa autoestima. Todos sabem que a rotina de trabalho deve transcorrer em um ambiente seguro, acolhedor, onde os laços humanos se estabeleçam de maneira rica e gratificante. Contudo, os relatórios globais apontam que, para a maioria dos trabalhadores, nem sempre a experiência tem sido essa.

Segundo o State of the Global Workplace de 2022, da consultoria Gallup, 81.396 é o número de horas que passamos no trabalho durante a vida. Nessa pesquisa, descobriu-se que 60% das pessoas responderam estar emocionalmente desvinculadas de suas atividades profissionais e 19% responderam estar não apenas desengajadas, mas infelizes. Apenas 21% consideraram estar florescendo em seu trabalho. Esse diagnóstico foi feito com 68 mil funcionários em mais de 140 países – o maior relatório mundial sobre ambiente de trabalho já realizado.

Estar atento à saúde mental da equipe durante o trabalho ajuda as empresas a economizar e a ter mais produtividade no dia a dia. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada 1 dólar investido em ações de saúde mental e bem-estar, 4 dólares são ganhos com o aumento da produtividade. A falta de um tratamento adequado nesses casos prejudicará o rendimento do colaborador e o da empresa. Ou seja, em hipótese alguma deve-se menosprezar a área do bem-estar e da qualidade de vida, visando sempre entender e lidar com situações que envolvam a saúde emocional no trabalho.

Gabriella Zonatto Maurente, psicóloga e Consultora de Recursos Humanos da Experato Investimentos, acrescenta que estar atento a essas questões no cotidiano é essencial, pois interfere

CULTIVAR UM AMBIENTE DE TRABALHO EMOCIONALMENTE SAUDÁVEL EVITA AS CAUSAS DE ADOECIMENTO E CRIA UM CONTEXTO DE VÍNCULOS AFETIVOS, DE ACOLHIMENTO, ACEITAÇÃO, DE RELACIONAMENTOS QUE PRODUZEM ALEGRIA diretamente na performance e no engajamento do profissional. Se a pessoa não está bem e sente que a empresa não a apoia, ela vai acabar se desmotivando e, consequentemente, apresentando desconexão com a cultura organizacional e com a entrega dos resultados.

Além da questão produtiva, o controle da saúde mental é vital para um excelente convívio entre todos os colaboradores em um ambiente organizacional. Cultivar um ambiente de trabalho emocionalmente saudável evita as causas de adoecimento e gera um contexto de vínculos afetivos entre as pessoas, de acolhimento, de reconhecimento dos outros e de relacionamentos que produzem alegria e identidade de propósitos.

A psicóloga destaca também que, se a empresa estiver atenta à saúde mental, estará demonstrando interesse nas pessoas, fazendo com que se sintam escutadas, acolhidas e compreendidas. Nem sempre os interesses individuais serão aten- didos, mas poder falar sobre eles é o que permite a melhora na comunicação. Com isso, promove-se uma cultura de transparência, conexão e, claro, de confiança acima de tudo. O resultado final é a melhora no clima de trabalho e a retenção dos profissionais mais qualificados.

Dentro desse panorama, o papel dos líderes adquire extrema importância. Eles precisam ser melhores ouvintes, treinadores e colaboradores, ajudando os colegas a aprender e a crescer. Devem desenvolver uma comunicação aberta e não violenta, fazer readequações do trabalho quando necessário, valorizar e reconhecer o esforço individual e coletivo, de forma que todos se sintam verdadeiramente cuidados.

Outro ponto relevante é proporcionar um ambiente interativo e livre de julgamentos, para que cada um se posicione da melhor maneira possível, trocando ideias, idealizando projetos, solucionando problemas e comemorando os seus resultados.