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A beleza da criação vista pelo coração

Palavra do Papa A beleza da criação vista pelo coração

O Papa Francisco alerta: quando a pessoa é apenas mais um entre os outros seres, proveniente de jogos do acaso, “corre o risco de atenuar-se, nas consciências, a noção da responsabilidade” (LS, 118). Perante a afirmativa, será que o ser humano assume a responsabilidade sobre a continuidade da vida na face da Terra? Alguns se sentem impotentes diante da situação de degradação ecológica e deixam que o próprio ciclo da natureza se resolva, tanto para a continuidade quanto para a extinção das espécies e do planeta. Outros dizem: é hora de agir, para não sermos considerados criminosos perante os efeitos da omissão humana. Muitos pensam que temos um mundo material desprovido de animação. Como dizia Galileu, em relação às atrocidades enfrentadas pela Terra: “ainda assim ela se move” (in LATOUR, B. Diante de Gaia. São Paulo: Ubu, 2020, p. 102). Digamos nós: mesmo assim, a Terra se comove. O que parecia metáfora, “até as pedras gritam” (Lc 19,40), agora toma sentido literal diante da dor que se pode provocar ao planeta. O sentido do comover-se não é que choremos pela Mãe Terra, ou nos extasiemos por ela ter uma alma. Mas que saibamos que tanto a Natureza como os seres humanos são parte da beleza da criação e unidos louvam a Deus. Seja o homem o responsável ou não, é evidente que a situação ecológica é de deterioração e o caminho para uma possível restauração passa pela transformação do estilo de vida, com foco na espiritualidade e na maior responsabilidade dos seres humanos sobre os demais e o planeta. Nesse sentido, o Papa Francisco diz que “quanto mais vazio está o coração da pessoa, tanto mais necessita de objetos para comprar, possuir e consumir... E a obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando poucos têm possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e destruição recíproca” (LS, 204). O envolvimento com o coração é, pois, o eixo central para um estilo de vida que permita a continuidade da vida na Terra. É necessário tocar o coração para que se sinta a beleza da natureza e todos se tornem parceiros nas ações sobre os seres e o planeta. Relembremos as três primeiras reuniões do tema de estudo em 2015 – Discernir os Sinais dos Tempos: Olhar para o mundo de forma positiva; Olhar para o mundo em transformação; e Construir a “civilização do amor”. A escuta da Palavra de Ap 1, 8.17 e a meditação da LS, 238-245 evidenciam o caráter de ameaça sobre a vida na Terra. Porém, a ameaça não nos fará mudar o que precisa ser mudado, mas somente pelo coração é que iremos nos preparar para refazer a história rumo à civilização do amor.

Leila e Antônio Carlos Eq. 29 N. S. do Pilar Setor B, Região BSB Prov. Centro-Oeste