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A beleza da maternidade

Nos casamos no ano de 1983. Muita simplicidade, muitas dificuldades – especialmente financeiras, mas um amor enorme e a certeza de que “seria até que a morte nos separasse”. Da nossa união, nasceram três filhas. Tudo caminhava normalmente: as dificuldades eram vencidas com amor, vida vivida “um dia de cada vez”, fé em Deus e o caminho a percorrer, até o dia em que descobrimos uma doença grave em nossa terceira filha: Marisa, de apenas 8 anos. Era um problema no fígado que somente um transplante traria de volta a normalidade dá vida de nossa pequena, porém só poderia ser feito em S. Paulo. A gravidade da situação nos fez tomar atitudes muito radicais: tomamos nossa pequena, juntamos alguns recursos doados pela família e seguimos para S. Paulo, sem saber o que nos esperava... Diante dos médicos que nos receberam, não tínhamos respostas a tantos questionamentos! Lembro perfeitamente da pergunta: “E o doador?” ... e a resposta: “Eu.” Não posso dizer o que passou na mente daqueles profissionais. Tiveram piedade? Não sei responder. Mas um

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deles segurou minha mão e entendi que compreendiam minha atitude. Dias depois, com o que tínhamos e o que Deus colocou em nosso caminho, estávamos, as duas, na sala de cirurgia. Parte do meu fígado seria doada e salvaria a vida da nossa “pequena”. O processo cirúrgico foi um sucesso! Agora, restaria a resposta do seu organismo. Não esquecerei, jamais, o misto de sentimentos que saíram do meu coração. Eu era muito consciente da minha atitude. O amor que tinha no meu peito transbordava. Se seria necessário o organismo da Marisa reagir para que tudo desse certo, não foi isso o que aconteceu. Outras complicações surgiram no decorrer dos dias e nossa Marisa virou um “anjo”, uma “estrelinha” a brilhar no firmamento de Deus. Não estive no seu sepultamento. Marcos, meu esposo, pai e companheiro incansável, a trouxe para Mossoró, nossa cidade, enquanto permaneci em São Paulo até que os médicos liberassem o meu retorno. Os dias e anos que se seguiram... Estes 18 anos de ausência não foram fáceis, tudo o que passamos permanece vivo em nossa lembrança. O meu fígado regenerou, mas o coração ainda traz muitas marcas. Somos muito felizes com nossa família, filhas, genros e neta. Posso assegurar que entendo, com muita propriedade, a beleza do amor de uma mãe e a que consequências este amor pode nos levar.

Regina e Marcos Eq.04 – N. S. de Guadalupe Setor Mossoró B - Região RN II