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O conceito de uma sonora parceria

Há 16 anos juntos, os compositores e intérpretes do Sonora Parceria apostam na arte que transforma. Nos grandes movimentos da música brasileira, como Tropicália, Clube da Esquina e Mangue Beat, a dupla resgata o protesto, a poesia concreta, a mistura de ritmos e a necessidade de fazer música para além dos padrões e modismos. No palco, o lúdico é estimulado em um formato inovador que combina teatro, poesia, canções e música instrumental. Eles não abrem mão do conceito e do conteúdo em suas canções e apresentações. A música de Tatiana Cobbett e Marcoliva é para ver, ouvir e reetir

Para criar, a compositora explica que “bebe de todas as fontes”, inclusive dos modismos, na tentativa de lhe acrescentar um olhar crítico. “A música não é só entretenimento. Não me interessa que as pessoas só escutem, eu quero que diga algo”, arma a cantora. A musicalidade transcende a qualquer gênero, em uma mistura de ritmos que fazem um diálogo inusitado entre fado, tango, forró, ciranda, frevo, samba, bossa nova e outros tantos. “Temos essa contemporaneidade da linguagem musical que escapa de aportes tradicionais. Também não nos limitamos nessa relação com a arte contemporânea”, explica Marcoliva.

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Em uma integração livre de “pré-conceitos”, Tatiana e Marcoliva despiram-se de seus “saberes” para, juntos, descobrirem o mundo da parceria. Na trajetória, estão cinco álbuns: Parceiros (2001), Bendita Companhia (2008), Música Súbita (2012), Corte e Costura (2013) e Sawabona Shikoba (2015), que foi lançado como álbum comemorativo dos 15 anos de carreira. O Bendita Companhia, por exemplo, conta com 19 faixas de compositores do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. A dupla atua nessa integração entre artistas, na defesa da música autoral e aposta na troca entre o pessoal do teatro, da música, da poesia e das artes plásticas

Única mulher entre os cinco lhos do diretor de cinema William Cobbett e da produtora cultural, Eliana Cobbett, a carioca Tatiana teve a presença constante da arte na sua vida. Mas foi na dança que encontrou a maneira de se expressar. Bailarina formada pela Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, trabalhou durante 12 anos na companhia paulista Balé Stagium, com quem percorreu o Brasil e o mundo. Dos 20 aos 40 anos escreveu, produziu e atuou no musical Mulheres de Holanda, coreografou para teatro e dirigiu vários outros espetáculos. Nessa época, cantarolar e inventar versos já era a marca da bailarina. Seu encontro mais estreito com a música se deu como produtora e diretora nos shows de Badi Assad, Carlinhos Antunes, Tutti Baê, Janete Machnacz, Joel Brito, Nara Lisboa, Grupo Rio Vermelho e Rachel Barreto. Quando se mudou para Florianópolis, Tatiana conheceu Marcoliva e, desde de 2000, desenvolve com ele um trabalho autoral.

Em 1969, dona Estela encontrou seu lho de três anos, cantando um sucesso recente: Debaixo dos Caracóis, música de Roberto Carlos. Era primeira manifestação musical de Marcos Vanderlei de Oliveira, que aos 12 anos, arriscou seus primeiros acordes nas aulas de violão. Corajoso, o menino colocou para fora seu talento nos auditórios escolares e em pouco tempo tocava em bares, festivais, teatros e bailes. Aos 15 já era um prossional e percorria o Brasil participando de grupos nativistas. Natural de Carazinho (RS), Marcoliva especializou-se em violão e voz. Aos 18, pelas mãos do marido de sua professora de piano foi apresentado à onda Tropicalista. Trocou o Rio Grande do Sul por Santa Catarina em 1994, onde começou a tocar na noite de Florianópolis. Nessa época também se apresentou com um grupo em diversas cidades argentinas, onde se apaixonou pelos ritmos folclóricos. Desde 2000, forma a Sonora Parceria com

Tatiana Cobbett.

*Por Duda Hamilton

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