
2 minute read
Exposição Olga Noronha Pag
Arte e ciência dão as mãos nas criações de Olga Noronha
Olga Noronha é já um nome incontornável no mundo da joalharia, uma paixão que vem de longe, das brincadeiras com missangas, mais tarde substituídas por outros materiais que lhe foram moldando a imaginação. Mas foi na escola Engenho e Arte que criou as bases para um trabalho que tem merecido o reconhecimento nacional e internacional.
Advertisement
Nascida no Porto, em 1990, Olga Noronha vive e trabalha em Portugal e Londres, cidade à qual rumou após finalizar o ensino secundário na Escola Soares dos Reis. Aos 17 anos, e enquanto frequentava a Central Saint Martins College of Art & Design, iniciou um curso preparatório em Arte e Design, sendo que o seu trabalho, denominado “Dirty Tissues”, foi considerado o melhor do curso, acabando por ser adquirido pela faculdade para integrar o seu espólio privado.
Após a licenciatura em Design de Joalharia, em 2011, foi admitida como investigadora no Centro de Investigação em Território, Arquitetura e Design – Fundação para a Ciência e a Tecnologia (CITAD) e, no mesmo ano, é convidada a lecionar na Central Saint Martins College of Art & Design, assumindo ainda o papel de palestrante na Whintrop University (nos Estados Unidos da América) e na ESAD (em Portugal). Em 2012 conclui o mestrado de Investigação em Design na Goldsmiths College, University of London, sendo de seguida premiada com uma bolsa de mérito para doutoramento. Atualmente doutorada, Olga Noronha encontra-se ligada a varias instituições académicas nacionais e internacionais, bem como ao Museo Del Gioiello Vicenza (em Itália).
O trabalho desenvolvido por Olga Noronha flutua entre áreas distintas, caracterizadas por contrastes e dicotomias que visam conjugar o pragmatismo científico e o conceptualismo da arte.
Essencialmente focada na análise artística e filosófica de actos e rituais médico-cirúrgicos (“Joalharia Medicamente Prescrita”), reitera o seu fascínio pela possibilidade de se ‘intrometer’ numa relação de rejeição subconsciente, e ao mesmo tempo visceral, com a necessidade fulcral da intromissão de ‘corpos estranhos’ no corpo humano. Espoletada pela sua ligação à ModaLisboa (desde 2013), entrega-se à criação de peças que relacionem a robustez do mecânico e a elegância e delicadeza da matéria per se. Defende assim que cada peça deverá veicular algo mais que uma simples ideia de acessório ou adereço, ou seja, a jóia como escultura que tanto vive em contacto directo com corpo do utente, como também é apreciada e sentida de um ponto de vista “exterior”: a obra de arte, digna de audiência.
A inspiração de Olga Noronha para desenhar as suas coleções surge de uma certa inquietação de incentivar as pessoas a reflectirem naquilo que não é óbvio, encontrando novos significados, caminhos e texturas. Para Olga Noronha o óbvio é algo repelente, a leitura imediata e imediatista não estimula a criatividade.
Desta forma, as coleções que desenha são exclusivas, sem produções em massa, onde cada peça é única. A Portojóia, como maior evento nacional relacionado com a joalharia, é assim um palco privilegiado para uma obra que encerra em si um olhar diferente de uma criadora que continua a granjear admiradores aqui e além-fronteiras.