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A massa corporal e a estatura são medidas de dimensão corporal rotineiramente utilizadas na área da saúde para subsidiar o diagnóstico e o monitoramento do estado nutricional. Ambas as medidas têm potencial para medições imprecisas e podem levar a erros cumulativos com a capacidade de impactar na categorização diagnóstica, com implicações importantes para a prática clínica.1 A massa corporal e a estatura são medidas antropométricas geralmente utilizadas para derivar proporções diferentes de massa corporal em relação à estatura, a fim de prever o estado nutricional dos indivíduos, a exemplo do índice de massa corporal (IMC).

Massa corporal

A massa corporal ou o peso corporal são variáveis diferentes do ponto de vista físico.2 O peso (P) é resultante do sistema de forças exercidas pela gravidade (g) sobre a massa corporal (m), ou seja:

P = m × g

A massa corporal é a quantidade de matéria do corpo quando pesada em um campo gravitacional padrão. Embora os termos massa corporal e peso corporal possam ser considerados biologicamente sinônimos, o mais adequado é empregar o termo massa corporal nas medidas antropométricas. Massa corporal corresponde a uma grandeza escalar, medida com auxílio de balança, da qual a unidade de medida no sistema internacional é o quilograma (kg).

A massa corporal representa a soma de todos os compartimentos corporais (ou seja, massa gorda, massa muscular, água, ossos e órgão internos), não havendo distinção entre eles.3 Logo, sua avaliação deve ser realizada com cautela,

Dobras Cutâneas – Tricipital, Bicipital, Subescapular, Suprailíaca e Panturrilha Medial

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Descri O Das Dobras Cut Neas

A avaliação da gordura subcutânea por meio da medição de dobras cutâneas permite estimar a gordura corporal total e, por diferença, a massa livre de gordura. É considerado um método prático, rápido e de baixo custo, sendo importante para a avaliação do estado nutricional, devido à boa correlação com métodos considerados padrão-ouro para análise da composição corporal e da forte associação ao risco de complicações cardiometabólicas.1,2 No entanto, o método não é adequado para mensurar a gordura visceral, apresentando aplicabilidade limitada para a avaliação de risco.3,4

Embora seja um método bastante utilizado e acessível para a maioria dos profissionais, tem algumas limitações, como a influência do tipo de equipamento utilizado, de fatores individuais, da equação de predição utilizada, do grau de hidratação e espessura da pele e da habilidade do avaliador. Assim, tem baixa reprodutibilidade e elevado grau de variabilidade interavaliador, principalmente devido à dificuldade na identificação do local correto de medição.5-10

Além disso, há variações na compressibilidade das dobras cutâneas de acordo com diferentes regiões do corpo, gênero, idade, tensão cutânea, distribuição de tecido fibroso e vasos sanguíneos e estado nutricional.11-14

Na prática clínica, convém especial atenção para a medição de dobras cutâneas em indivíduos obesos, sobretudo aqueles com obesidade grave, e indivíduos muito magros, pois, em ambos os casos, há maior dificuldade na separação da camada de tecido adiposo do músculo subjacente.15 Em indivíduos com obesidade, a baixa acurácia da medição de dobras cutâneas ocorre principalmente devido a maior compressibilidade do tecido adiposo e pele, dificuldades relativas à técnica de medição e incompatibilidade do equipamento com o tamanho da espessura da dobra, podendo ocorrer subestimação do percentual de gordura corporal.4,14,16,17

Tabela 4.2 n Procedimentos gerais para a medição das dobras cutâneas

1. A marcação dos pontos anatômicos é facultativa, mas altamente recomendada

2. A palpação do local antes da medição ajuda a familiarização do avaliador com o contato da área

3. O polegar e o dedo indicador da mão esquerda (indivíduos destros) devem ser usados para elevar a dupla camada de pele e tecido adiposo subcutâneo (dobra cutânea) aproximadamente 1cm acima do local em que a dobra cutânea deve ser medida. Essa distância entre os dedos e o local de medição é necessária para que a pressão dos dedos não afete o valor a ser medido

4. A dobra cutânea deve ser elevada, colocando-se o polegar e o dedo indicador sobre a pele, a aproximadamente 8cm de distância entre eles, em uma linha perpendicular ao longo do eixo do local a ser medido. O polegar e o dedo indicador devem ser atraídos um para o outro, e uma dobra deve ser pinçada firmemente entre eles

5. A quantidade de tecido elevada deve ser suficiente para formar uma dobra com lados aproximadamente paralelos. Deve ser tomado cuidado para que somente pele e tecido adiposo estejam elevados

6. A quantidade de pele e tecido adiposo que deve ser elevada depende da espessura do tecido adiposo subcutâneo no local

7. Quanto mais espessa a camada de tecido adiposo, maior separação entre o polegar e o dedo indicador será necessária quando o avaliador iniciar a elevação da dobra cutânea. Os erros de medição são maiores em dobras cutânea mais espessas.

8. A dobra deve ser levantada perpendicularmente à superfície do corpo no local de medição e deve ficar elevada até o fim da medição

9. A dobra deve ser pinçada com o adipômetro na mão direita, enquanto a dobra é elevada com os dedos da mão esquerda

10. Exerce-se pressão para separar as hastes do adipômetro, e elas são deslizadas sobre a dobra, de modo que o braço fixo do adipômetro esteja posicionado de um lado da dobra

11. As hastes do adipômetro devem ser colocadas de modo que a espessura da dobra seja medida perpendicularmente ao seu eixo longitudinal. Quando a pressão sobre o adipômetro for liberada, as hastes do adipômetro devem vir em direção uma da outra. A liberação de pressão deve ser gradual para evitar o desconforto

12. A medição (leitura) deve ser feita a cerca de 4s após a liberação da pressão, com a haste do adipômetro posicionada de modo que os erros de paralaxe sejam evitados. Se as hastes exercerem força por mais de 4s, uma medida menor será obtida porque os fluidos teciduais serão extrapolados

Observação 1: para evitar que o tecido muscular seja elevado, pode-se deslizar a dobra levemente entre o dedo indicador e o polegar, garantindo também que haja compressão suficiente. Caso haja dificuldade, o indivíduo pode contrair e depois relaxar o músculo até que o avaliador esteja confiante de que somente pele e tecido subcutâneo foram pinçados.37

Observação 2: caso o adipômetro seja colocado muito fundo ou muito raso, valores incorretos podem ser registrados. Como um guia, o centro das faces do compasso deve ser colocado a uma profundidade de aproximadamente meia unha do dedo. A experiência prática também é necessária para garantir que a mesma espessura de dobra cutânea seja elevada no mesmo local para medidas repetidas.37

Fonte: adaptada de Lohman et al., 1988.15