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Paris-Lisboa, on the road again

Paris-Lisboa, on the road again

Sábado, nove da manhã, 3 de março. Uma neve fina que derrete antes de chegar ao chão. O trem acaba de sair. Nos meus olhos, os arredores de Paris que acorda.

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Comprei, ontem, o último Beauvoir. Achei que a Simone seria uma ótima companhia de viagem. Pensei que teria uma viagem tranquila. Doce ilusão. A cabine se enche de imigrantes portugueses que falam sem parar.

É preciso fazer um grande esforço para desligar o ouvido. Na minha cabeça, lembro a tão sonhada viagem a Capetown, que não aconteceu.

Os portugueses vão, em família, visitar a terrinha. Falam da casa que estão construindo com janelas tipo fenêtre (é isso mesmo!). Na hora do almoço, distribuem sanduíches e tomam café. E sonham com a família que deixaram lá, com as pessoas que vão encontrar. Com a cidade branca.

Na chegada, malas e malas. Presentes para a família. Presentes para os amigos. Perfumes, roupas. Pedaços de Paris. Em Paris, falam de Lisboa. Em Lisboa, falam de Paris. E eles no meio do caminho.

Procuro Manuel na estação. Será que ele esqueceu? Dou uma volta, tomo um café. Olho para todos os lados.

Depois de uma hora de espera, pego um táxi e vou até a casa dele. Chegando lá, nada de Manuel. Saio, mais um café. Volto para a frente do prédio.

Uma hora depois, ele chega, vindo do aeroporto, onde tinha ido me esperar! Quando perguntei para ele por que achava que eu chegaria de avião, me disse com sua lógica bem lusitana: a Vera veio de Paris de avião. Logo, achei que virias de avião. Durmo um pouco e saímos para descobrir Lisboa

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devagar. A Baixa, os cafés, aquele ar de Fernando Pessoa. Andar de bonde. Entrar nas livrarias.

Almoçar numa tasca. Comer sardinhas. Ver o pôr do sol do castelo. Tomar mais um vinho. Ir à Fundação Gulbenkian. Flanar à toa. Foram dias simpáticos, cheios de vinho do Porto e de um subir e descer de ladeiras.

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