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Escola de Samba em Paris

Escola de Samba em Paris

Edu, meu amigo do Rio, chegou em Paris no final dos anos 70. Ficou alguns dias lá em casa até encontrar um quarto na Cidade Universitária. Veio para trabalhar como professor de Português na Sorbonne por um ano.

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Chegou entusiasmadíssimo. Assim que se instalou, e começou a conhecer pessoas, foi convidado a fazer parte de uma escola de samba, a Unidos da Rive Gauche. A motivação principal da escola era tocar pela Anistia.

Cada um conseguiu seu instrumento. Fizemos uma vaquinha para comprar o surdo. As “meninas” acompanhavam cantando. Algumas, como a Lícia, tocavam instrumentos de percussão.

Os ensaios aconteciam na Casa do Brasil. Faziam parte da escola: Edu, Beto, Tania, Lícia, Dominique, Milton Baiano, Marcius, eu, Meca, Lalinha, Jader, Luis, Ricardo, Sandrinha, Gonzaga, entre outros. Sempre tinha gente nova chegando.

O Jader trabalhava em Aulnay-sous-Bois, uma banlieue de esquerda ao norte de Paris, e conseguiu nossa primeira apresentação: tocar numa sala da Prefeitura da cidade. A partir desse convite, surgiram outros. Nossa escola começou a se tornar conhecida.

Fomos, aos poucos, formando uma família barulhenta. Tudo era motivo para festa. Naquele maravilhoso ano da escola de samba, ninguém conseguiu estudar nem trabalhar direito.

O ápice daquela aventura foi a apresentação na Place de la Contrescarpe, em Paris, no dia 14 de julho, festa nacional francesa. Eu não estava lá para ver, mas todos contam que a banda botou a moçada toda a rebolar na praça.

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Soube também que a escola se apresentou em Colônia, na Alemanha, numa festa da Anistia.

Tocaram também em Metz, no nordeste da França. Acho que aquela foi uma das últimas apresentações do grupo.

Eu tinha ido trabalhar em Maputo e não vi o final dessa história. A anistia política fez muita gente voltar ao Brasil. Os que tinham ido para estudar ou mudar de ares também começaram a voltar. Alguns poucos ficaram.

Foi o fim de um lindo sonho.

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