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Paris, outro dia qualquer

Paris, outro dia qualquer

Queria te encontrar todos os dias num café. Te ver devagar. Descobrir, mais uma vez, teu corpo com calma.

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Os passarinhos me acompanham no telhado de Gentilly. Parece que, amanhã, vai ter sol. Um ar de verão em Saint Michel. E aquela atmosfera meio hippie, gente sentada no chão, com mochilas ao lado.

Dylan na manhã cinzenta. Bolinhos de bacalhau na tarde fria. Sheila vestida de vermelho e preto. Preciso de solidão. E de um café ou dois. Fechar a porta e esquecer o mundo por um tempo. Eu não sei mais do ficar junto com a tarde caindo.

Detynha, deixa o teu cabelo cair e me olha grande enquanto eu me perco por aí. Queria te contar um filme de Godard, olhar a gente que passa no fim da tarde luminosa. Olhar o lustre kitsch, a luz no teu cabelo.

As palavras se transformam, os desconhecidos passam. Um livro, um disco novo, uma luz quebrada, o fim do dia. Foi difícil até descobrir esse arrepio de repente, teu olhar de carinho. Scott Joplin, um verão fora de época, minhas meias, uma música, um livro.

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