1 minute read

Uma Páscoa em Petrópolis, anos 70

Uma Páscoa em Petrópolis, anos 70

Fui com a Estela, o Fernando e a Vera acampar em Petrópolis num feriado de Páscoa. Assim que montamos nossa barraca, começou a chover. E choveu durante os cinco dias que estivemos lá.

Advertisement

Todo dia, a gente acordava pensando: hoje não vai chover. Mas a água continuou, inclemente. Saíamos para renovar nosso estoque de comida, comprar vinhos, dar uma volta de guarda-chuva, mudar de ares.

Jogamos baralho, lemos, conversamos muito para não perder o humor. Tomamos muito vinho. Fazíamos pequenos passeios e voltávamos ensopados.

Fomos até à cidade algumas vezes para comer, tomar um café, entrar numa livraria, renovar nosso estoque de leituras, conhecer o Museu Imperial, a Casa Stefan Zweig e a Casa do Santos Dumont. Continuamos, inevitavelmente, esperando a chuva amainar. Mas isso não aconteceu.

Eu e Estela, naquela época, tínhamos começado a fazer planos para ir para Paris. Essa ideia voltava sempre nas nossas conversas. Fernando ficava mudo. Não gostava nada daqueles planos, porque ia ficar no Rio.

Poucas vezes na minha vida tinha visto tanta água. Nosso estoque de bom humor nos seguiu firme dia a dia, na esperança do sol na manhã seguinte. E assim chegamos ao domingo de Páscoa. Desarmamos a barraca e colocamos tudo no carro. Fomos comer um bacalhau regado a vinho português. Depois, tomamos um café com doces no Museu Imperial e descemos a serra.

No final da tarde, quando chegamos ao Rio, o sol voltou a aparecer.

51

This article is from: