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Distribuição espacial das indústrias
FRENTE A
MÓDULO A18
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ASSUNTOS ABORDADOS
n Distribuição espacial das indústrias
GEOGRAFIA
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS INDÚSTRIAS
Embora desde o início deste século o eixo São Paulo - Rio de Janeiro já fosse responsável por mais da metade do valor da produção industrial brasileira, até a década de 1930 a organização espacial das atividades econômicas era dispersa e as atividades econômicas regionais progrediam de forma quase totalmente autônoma. A região Sudeste, onde se desenvolvia o ciclo do café, quase não interferia ou sofria interferência das atividades econômicas que se desenvolviam no Nordeste (cana, tabaco, cacau, algodão) ou no Sul (carne, têxteis e pequenas agroindústrias de origem familiar). As indústrias de bens de consumo, em sua esmagadora maioria ligadas aos setores alimentício e têxtil, escoavam a maior parte da sua produção apenas em escala regional. Somente um pequeno volume era destinado a outras regiões. Não havia significativa competição entre as indústrias instaladas nas diferentes regiões do país, chamadas até então de “arquipélagos econômicos regionais”.
A partir da crise do café e do início da industrialização, sob o comando do Sudeste, esse quadro se alterou. A oligarquia agrária do setor cafeeiro deslocou investimentos para o setor industrial, instalando, principalmente em São Paulo, uma indústria moderna para os padrões da época. Junto a isso, o Governo Federal, presidido por Getúlio Vargas, promoveu a instalação de um sistema de transportes integrando os “arquipélagos regionais”. Nessa dinâmica, houve uma verdadeira invasão de produtos industriais do Sudeste nas demais regiões do país. Isso levou muitas indústrias, principalmente nordestinas, à falência. Nenhum industrial tinha capacidade financeira para competir economicamente com os antigos barões do café. Assim, com a crise do café, iniciou-se o processo de integração dos mercados regionais, comandado pelo centro econômico mais dinâmico do país, o eixo São Paulo - Rio de Janeiro.
#DicaCine Geogafi
Um sonho intenso (Sinopse: Relato das transformações do processo socioeconômico brasileiro pontuado por interpretações de um grupo de economistas e historiadores que tem em comum o reconhecimento de que os avanços desde 1930 até os dias atuais não foram suficientes para eliminar algumas características fundamentais do subdesenvolvimento brasileiro.)
C
V
Mapa 01 - No Sudeste, o café começou a ser plantado no Rio de Janeiro, depois no Vale do Paraíba, São Paulo e Minas Gerais.
O desenvolvimento econômico da região Sudeste do Brasil não está atrelado somente ao desenvolvimento da infraestrutura, dos investimentos realizados em forma de capital, e da mão de obra proveniente da cafeicultura. Outro fator de extrema importância é a riqueza mineral da região. Destacam-se o ferro e o manganês, reservas importantíssimas para as indústrias de base. O quadrilátero ferrífero em Minas Gerais é um grande fornecedor dessas reservas. Por isso, várias indústrias siderúrgicas surgiram em cidades próximas ao Quadrilátero Ferrífero.
Além de terem nascido com mais força no Sudeste, as atividades industriais tenderam à concentração espacial nessa região devido a dois fatores básicos: a complementaridade industrial - as indústrias de autopeças tendem a se localizar próximo às automobilísticas; as petroquímicas, próximo às refinarias -, e a concentração de investimentos públicos no setor de infraestrutura industrial devido à pressão feita pelos detentores do poder econômico, os quais costumam ter suas reivindicações atendidas pelos governantes. Ainda é mais barato para o governo concentrar investimentos em determinada região do que espalhá-los pelo território nacional.
Até o final da década de 1970 a concentração industrial brasileira tinha como base a região Sudeste. A partir do momento em que grandes usinas hidrelétricas foram sendo construídas e inauguradas na região Nordeste (exemplos: UHE de Sobradinho e UHE Parnaíba), passou a ocorrer um processo de desconcentração industrial no país. O Governo Federal passa então a ampliar investimentos para que outras regiões pudessem crescer no aspecto industrial.
No estado de São Paulo, o mais equipado do país quanto à infraestrutura de energia e de transportes, houve maior concentração de indústrias na região metropolitana da Grande São Paulo (figura 1).
Mapa 02 - Distribuição industrial brasileira.
SAIBA MAIS
RECIFE É O VALE DO SILÍCIO BRASILEIRO Pernambuco sempre esteve à frente de seu tempo. Desde a ocupação dos holandeses, lá por 1630, o estado tinha um intenso comércio, sobretudo em Recife, onde os comerciantes eram chamados de “mascates”.
Berço de importantes centros de inovação e do maior parque tecnológico do País, Recife é atualmente o maior polo tecnológico do
Brasil. Cada vez em maior número, multinacionais, como IBM, Accenture, Microsoft, HP e Samsung, escolhem a região para instalar fábricas e centros de pesquisa. Em março de 2014, foi a vez da Fiat Chrysler. Ela anunciou que instalará um centro de pesquisa e desenvolvimento em Recife, que será localizado dentro do parque tecnológico Porto Digital, fundado em 2000 para fomentar a área de tecnologia de informação Figura 01 - Vista do Porto Digital, no bairro do Recife Antigo, em Recife (PE), o maior parque no Nordeste. tecnológico do Brasil (WikimediaCommons/Américo Nunes). Desde os anos 70, quando foi criado o curso de Ciência da Computação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a cidade formava um grande número de profissionais qualificados na área de TI, o que gerou de um crescimento de empresas para servir a indústria local.
Já o parque tecnológico Porto Digital abriga mais de 250 startups, pequenas, médias e grandes empresas e multinacionais que somam mais de 7 100 trabalhadores em uma área de 149 hectares.
O tempero pernambucano
Não só a história ajudou Recife a carregar o título de polo tecnológico. A cidade tem alguns pontos fortes que atraem as empresas.
De acordo com um estudo da consultoria Urban Systems, Recife é a cidade brasileira com a melhor infraestrutura para negócios — além, é claro, de ter um ótimo capital humano.
A cidade também se destaca em áreas fundamentais para o desenvolvimento e expansão das empresas, como uma localização estratégica para o Nordeste, e o transporte, com o Porto do Recife e com o melhor aeroporto do Brasil, de acordo com a Secretaria de Aviação Civil (SAC).
Do gargalo à solução
Segundo o diretor de inovação Guilherme Calheiros, do Porto Digital, com o crescimento, Recife adotou alguns problemas bem conhecidos por outros centros urbanos, como a falta de segurança, falta de iluminação pública, e o principal gargalo da cidade: a mobilidade pública.
Fonte: Wikimedia Commons

Data da reportagem: 25 jul. 2015. Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia/recife-o-vale-do-silicio-brasileiro/
Atualmente, seguindo uma tendência de descentralização já verificada nos países desenvolvidos, assiste-se a um processo de deslocamento das indústrias em direção às cidades médias do interior, que apresentam índices de crescimento econômico superiores aos da Grande São Paulo. Isso é possível graças ao grande desenvolvimento e à modernização da infraestrutura de produção de energia, de transportes, de comunicações e de informatização, criando condições de especialização produtiva por meio da integração regional. As regiões tendem, atualmente, a se especializar em alguns poucos setores da atividade econômica e a buscar, em outros mercados (do Brasil ou do exterior), as mercadorias que satisfaçam as necessidades diárias de consumo da população.
Por volta de 1970, começou a ocorrer uma relativa desconcentração industrial no Brasil, com decréscimo relativo em São Paulo e crescimento maior em outras unidades federativas. Nesse caso, o que houve não foi tanto uma regressão da atividade industrial em São Paulo, porém um maior ritmo de crescimento em outros estados. Dentre os vários fatores da desconcentração industrial brasileira, podemos apontar três como os principais: n Deseconomia de escala: ocorre quando uma aglomeração se torna desfavorável às novas localizações empresariais em função dos custos elevados com impostos, terrenos caros, congestionamento frequente, enorme poluição, maior custo de vida; n Maior organização sindical: sindicados tradicionais que são mais atuantes na defesa dos direitos de suas categorias profissionais, obtendo médias salariais bem maior do que no restante do país; n Incentivos fiscais (Guerra fiscal): incentivos variados, feitos por estados e municípios, para atrair empresas (terrenos baratos ou doados pela prefeitura, isenção de impostos).
Com o processo de desconcentração industrial nas últimas décadas, foi possível identificar o desenvolvimento fabril em todas as regiões do Brasil, mas havendo, ainda, um maior percentual para região sudeste (mapa 3).
Gráfico 01 - Percentual de indústria por região 2006.
A região Sudeste é a mais industrializada do país. Em 2006, contava com mais da metade das unidades industriais (50,5%). A concentração industrial, marca do espaço brasileiro, também ocorre nesse espaço regional. É bastante evidente o elevado número de empresas industriais nas aglomerações de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
A região Sul é a segunda mais industrializada do país. A principal concentração industrial situa-se no Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, que polariza um corredor industrial em direção a Caixas do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi. Outro aglomerado é o de Curitiba, que se difere pela elevada participação de empresas que inovam e diferenciam produtos. As regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre ganharam novo impulso a partir da década de 1990, com a criação do Mercosul. A localização geográfica próxima aos outros países do bloco econômico tem alavancado o comércio bilateral.
A partir da análise do mapa 2 é possível notar que nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste predominam os enclaves industriais, núcleos fabris dispersos e isolados.
Região
Sudeste
Sul
Nordeste
1996
61%
23%
9%
Centro-oeste
Norte
4,5% 2,5%
2011
47,5% 19%
13,5% 7%
3%
Exercícios de Fixação
01. (UEFS BA) Sobre o processo de industrialização brasileira, é correto afirmar que: a) A maior concentração de capital industrial se deu em São Paulo, no final do século XIX, que só perdeu essa posição, para o Rio de Janeiro, na segunda década do século XX. b) A fase inicial da industrialização teve como característica sua subordinação ao capital estrangeiro. c) A principal característica do governo Juscelino Kubitschek foi a adoção de uma política de abertura do país ao capital estrangeiro, com grande crescimento industrial. d) A década de 90 do século passado foi marcada pelas privatizações das empresas estatais, como as siderúrgicas CSN, COSIPA e USIMINAS, dentre outras, adquiridas por capitais nacionais. e) Uma das maiores jazidas de minério de ferro do país está localizada às margens do rio Tapajós, cuja produção é exportada para usinas siderúrgicas nas proximidades de Belém. 02. (IF SC) Assinale a alternativa CORRETA. A integração econômica do Brasil ocorreu: a) Pelos processos de industrialização, diversificação produtiva e conexões de mercados, ocorridos principalmente no século XX. b) Pelo acentuado investimento em infraestrutura e incentivos do governo ao desenvolvimento regional no século XIX. c) Pela divisão regional do país em cinco regiões pelo IBGE. d) Por processos de privatização de empresas durante a desestatização da economia, a partir da década de 1990. e) Pela integração de ferrovias, portos marítimos e fluviais em todo o país.
03. (Uem PR) Sobre a industrialização brasileira, assinale o que for correto. 27 01. A implantação da usina de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, na década de 1940, durante a ditadura de Getúlio Vargas, representa um marco importante na industrialização brasileira. 02. O chamado “processo de substituição de importação de produtos manufaturados” foi desencadeado após a crise mundial de 1929. Por meio dele, os industriais e o Estado brasileiro pretenderam substituir os manufaturados importados pelos manufaturados produzidos no Brasil. 04. O primeiro surto de industrialização começou com a vinda da Família Real portuguesa para o Brasil. Sob os conselhos de José Bonifácio e do Visconde de Cairu, em 1808,D. João VI decretou o “Ato do Monopólio” proibindo a entrada de produtos industrializados estrangeiros, favorecendo a indústria brasileira. 08. Por meio do “Plano de Metas”, a presidência de Juscelino Kubitsckek(1956-1961) atraiu capitais estrangeiros e desencadeou um processo de industrialização nos setores automobilístico, farmacêutico e de alimento. 16. Por meio da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho – 1943), Getúlio Vargas procurou regular os direitos dos trabalhadores e solucionar os conflitos trabalhistas, inclusive no setor industrial, por meios legais.
04. (Fatec SP) Analise o gráfico a seguir.
(Fonte dos dados do gráfico: ANFAVEA –Indústria Automobilística Brasileira – Anuário 2013)
Com base nos dados apresentados nesse gráfico, podemos afirmar corretamente que a) houve crescimento aproximado de 30% no faturamento líquido da indústria de automóveis de 2005 a 2010, enquanto a participação no PIB industrial passou de, aproximadamente, 14% para 19% nesse mesmo período. b) houve queda aproximada de 5 bilhões de dólares no faturamento líquido da indústria de máquinas agrícolas de 1985 a 1995, acompanhada por uma queda constante da participação no PIB industrial nesse mesmo período. c) a participação no PIB industrial passou de, aproximadamente, 21% para 11% de 1975 a 1990, devido à queda constante no faturamento líquido da indústria de automóveis e de máquinas agrícolas nesse mesmo período. d) houve crescimento aproximado de 57 bilhões de dólares no faturamento líquido da indústria de automóveis de 1990 a 2010, enquanto a participação no PIB industrial passou de, aproximadamente, 11% para 19% nesse mesmo período. e) houve crescimento aproximado de 6 bilhões de dólares no faturamento líquido da indústria de máquinas agrícolas de 2000 a 2010, enquanto a participação no PIB industrial passou de, aproximadamente, 48% para 69% nesse mesmo período.
Exercícios Complementares
01. (Fatec SP) A política territorial das corporações automobilísticas a qual até recentemente buscava as benesses das localizações metropolitanas, a estas acrescenta hoje ações de descentralização industrial e coloniza novas porções do território.
Fonte: SANTOS, Milton & SILVEIRA, M.L. O Brasil. Rio de Janeiro, Record, 2001.
Sobre a recente “descentralização industrial” no território brasileiro mencionada pelos autores podemos afirmar corretamente que a) a região Sudeste apresentou uma fuga da indústria automobilística e, nos últimos anos, não conheceu instalação de novas unidades. b) o estado de Minas Gerais conheceu, no século XXI, a instalação das primeiras indústrias automobilísticas. (C) a concentração de indústrias no centro-sul do país exclui a região Nordeste desse processo. d) o estado de Pernambuco prepara a instalação de importante fábrica automobilística no contexto do aquecimento econômico pelo qual passa a região Nordeste. e) o estado de São Paulo monopoliza a instalação das novas unidades automotivas, reafirmando sua hegemonia automobilística.
02. (ESPM SP) A expansão e descentralização da indústria automotiva nacional nos últimos anos foi marcada pela: a) Fuga das indústrias automobilísticas do estado de São Paulo que acabou se tornando carente desse tipo de produção. b) Instalação das primeiras unidades automotivas no estado de Minas Gerais que assistiu à chegada da Mercedes-Benz, em Juiz de Fora. c) Instalação de novas unidades em Resende, Rio de Janeiro, como a presença da Peugeot e Nissan. d) Concentração industrial no Centro-Sul brasileiro, visto que a região Nordeste ainda não conta com nenhuma unidade automotiva. e) Migração industrial para a região Sul que tomou do sudeste o posto de principal produtor brasileiro de automóveis e ônibus.
03. (ESPM SP) Com investimentos de US$ 50 bi, Nordeste vira rota de grandes empresas Com investimentos de US$ 50 bi,
Nordeste vira rota de grandes empresas
Já se foi o tempo em que as belas praias impulsionavam quase solitariamente a economia do Nordeste. Nos últimos anos, a região deixou de apenas atrair turistas e passou a ser receptora também de investimentos de peso, ajudando os
Estados a se industrializarem.
Fonte: http://economia.uol.com.br/noticias/ redacao/ 2013/02/19/com-investimentos-de-mais-de-r-100- bi-nordeste-vira-rota-de-grandes-empresas.htm. Acesso: 01/08/2013. Comprovam a informação fornecida na matéria: a) A ampliação da rede hoteleira em Alagoas com a conclusão do complexo de Sauípe. b) A consolidação da agroindústria e setor sucro-alcooleiro no sul da Bahia. c) A instalação de uma indústria automobilística em Sergipe e Rio Grande do Norte. d) a instalação de complexos industrial-portuários em Pecém (CE) e Suape (PE). e) A migração da indústria siderúrgica do Sudeste para o
Nordeste.
04. (FM Petrópolis RJ) O governo [...] promoveu uma ampla atividade do Estado tanto no setor de infraestrutura como no incentivo direto à industrialização. Mas assumiu também a necessidade de atrair capitais estrangeiros, concedendo- lhes inclusive grandes facilidades. Desse modo, a ideologia nacionalista perdia terreno para o desenvolvimentismo. [...] A legislação facilitou os investimentos estrangeiros em áreas consideradas prioritárias pelo governo: indústria automobilística, transportes aéreos e estradas de ferro, eletricidade e aço.”
FAUSTO, B. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001. p. 235-236.
Os elementos apresentados no texto acima, sobre um recorte temporal do processo de industrialização brasileiro, marcam a) os anos do milagre econômico. b) as metas do governo JK. c) os efeitos da crise de 1929. d) o primeiro governo de Vargas. e) a era Mauá. 05. (Escs DF) Se há um setor da economia brasileira que tem sido pouco afetado pelos impactos da turbulência financeira global, ou se mantido ileso, esse setor é o da indústria farmacêutica. Enquanto os números do PIB nacional no ano de 2012 apresentara um pífio crescimento, os índices das vendas de medicamentos continuam em dois dígitos e tem-se verificado um aumento expressivo de empresas farmacêuticas. Esse crescimento se justifica em razão a) de o Brasil adotar uma política de produção de fármacos para exportação em grande escala. b) da política de quebra de patentes e produção de medicamentos genéricos. c) da existência de muitas indústrias farmacêuticas em todos os estados da federação. d) da baixa carga tributária incidente sobre a produção de remédios.