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ENTREVISTA

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ERRAMOS

ERRAMOS

ENTREVISTA COM O ILUSTRADOR JOÃO QUEIROZ

preferia ficar rabiscando personagens e histórias em quadrinhos nas folhas dos meus cadernos e apostilas. Cresci lendo mangás. Eu tinha alguns amigos que também gostavam e nós ficávamos inventando histórias dentro e fora da sala de aula. Quando chegou a hora de escolher um curso, a única opção que parecia fazer sentido para mim na época era design de animação, um curso que tinha aberto recentemente. Lá foquei em animação e depois de me formar resolvi enveredar pelo caminho da ilustração.

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J. Queiroz - Illustrator https://q1r0z.artstation.com https://www.instagram.com/q1r0z https://www.twitter.com/q1r0z

1- Então, começa te apresentando e contando pra gente como surgiu teu desejo pela arte?

O meu nome é João Queiroz, sou rondoniense, porém moro há quase 20 anos em Florianópolis. Sou formado em Design pela Universidade Federal de Santa Catarina. Eu comecei a desenhar, porque eu não prestava muita atenção nas aulas, então eu 2- Tu és ligado em redes sociais pra divulgar tuas ilustrações?

Essa é a minha maneira principal de divulgação e foi como as pessoas conheceram e ainda conhecem o amazofuturismo. Uso principalmente o Instagram e o Twitter para isso. O meu nick é @q1r0z.

3- Pensando em inspiração, quem te influencia?

Existem alguns artistas que têm trabalhos tão inspiradores para mim que eu preciso revê-los de

tempos em tempos para me motivar. Eles são o Sergio Toppi, Evan Cagle, Takehiko Inoue, Sergey Kolesov, Jakub Rebelka, Benedykt Szneider, Faraz Shanyar, Jen Zee, Nishio Nanora, Fred Augis, Casper Konefal, N. Kayurova e a Svetlana Dmitrieva. Também gosto dos trabalhos do Leyendecker, Frazetta, Mucha e Klimt.

4- Como surgiu a ideia do Amazofuturismo?

Ele começou como um experimento estético. No início eu só queria criar um ou dois desenhos no estilo cyberpunk e com elementos da cultura brasileira. No meio das minhas pesquisas encontrei o solarpunk e isso me inspirou também. Também foi uma forma de afirmação étnica, já que eu nunca tinha visto o povo caboclo e indígena do Norte serem inseridos na ficção científica. A partir disso, comecei a brincar com os conceitos de alta tecnologia, povos originários e integração com a natureza e o amazofuturismo foi se formando.

5- Como surgiu o nome do subgênero? Por que Amazofuturismo e não Amazopunk?

Ele apareceu como sugestão de um usuário do Reddit, pois o nome original que eu dei para o projeto era Silvifuturismo, derivado do termo "silvícola". Depois me explicaram que o termo "silvícola" era um termo que caiu em desuso faz tempo.

6- Algum conselho para quem está começando a escrever sobre o subgênero?

O amazofuturismo ainda é terra incognita, então quem sabe como ele irá evoluir a partir da contribuição de vários artistas com perspectivas diferentes? Acho que a única coisa que deve se manter em mente é o respeito e a valorização das culturas dos povos originários.

7- Algum conselho para quem está começando agora ou tem dúvidas sobre a carreira de ilustrador?

Entenda que você vai precisar dedicar alguns anos da sua vida para melhorar. Você irá errar bastante, só que todo desenho ruim que você faz possui uma lição. Se possível, faça um curso, por mais curto que ele seja, online ou não. Algumas poucas aulas de um professor podem lhe economizar alguns meses ou anos de erros e acertos. O mais importante é a persistência. Estude a história da arte, derrube os seus preconceitos, se abra para ideias diferentes, estude

de perto o trabalho dos seus artistas favoritos, treine o seu desenho imaginativo. De vez em quando olhe os seus desenhos antigos e perceba como você evoluiu. Dito tudo isso, eu não gostaria de vender um papo de coach quântico 100% empreendedorzão. A realidade é que vivemos em um país capitalista dependente periférico no meio de uma crise econômica e sanitária mundial. O neoliberalismo avança na esfera política e isso tem consequências no mercado de ilustração também: menos direitos trabalhistas; menos programas do governo de incentivo às artes; mais pessoas disputando um número decrescente de vagas. Falando daqui do meu ponto de vista, não posso dizer que a ilustração é algo que vai te trazer rios de dinheiro, a não ser que você consiga trabalhar para grandes empresas e revistas ou se você tiver um mecenas. Eu ainda estou na batalha para tentar me estabelecer nesse mercado. Então, se você perceber que está difícil para você, não ache que você está sozinho ou sozinha nessa. Tem muita gente na mesma situação. Reflita se você está preparada ou preparado para enfrentar isso. Se estiver, nunca perca o foco dos seus objetivos. E paciência: com você e com o processo de aprendizado.

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