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  “Aprenda uma coisa: nós não  fazemos nada    na zona de CONFORTO.”

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CAPÍTULO 6

Experiência vale mais que dinheiro

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Recém-promovido a coordenador geral na concessionária, meu gerente regional me chamou para uma conversa. Já na minha sala, ele me disse:

“João, você deve saber que o salário do coordenador anterior estava acima do que podíamos pagar e que a sua promoção vem com uma mudança. Você receberá um salário de R$2.000,00 mais a comissão do que vender”.

Naquele momento, fiquei indignado e o questionei, pois a remuneração não era justa. Eu sabia dos desafios daquela função e tinha a expectativa de receber um salário maior do que isso, até porque tinham técnicos mecânicos que recebiam próximo ou até mais que este valor. Mas, com sabedoria, disse que ia pensar e responderia no outro dia se aceitaria ou não a proposta.

Então, liguei para minha madrinha, afinal, são com os mais velhos que melhor podem nos aconselhar; eles, que já passaram por muitas decisões difíceis na vida e não têm mais a ansiedade dos jovens, conseguem nos direcionar para

40 um caminho que não nos prejudicará e, assim, nossas decisões tornam-se mais assertivas. A sabedoria da minha avó também foi conquistada pela presença de meu avô, que, por ser comerciante, sabia como negociar e persuadir, como entrar e sair de qualquer situação, e dividia muitos ensinamentos com ela.

Minha expectativa era ouvir de minha madrinha que eu deveria questionar e rejeitar a proposta de modo que meu chefe oferecesse uma contraproposta. Porém, para minha raiva momentânea, não foi isso o que ela disse. Minha madrinha, sabiamente, orientou-me:

“Meu filho, você deve aceitar a proposta de seu chefe por três motivos. Primeiro porque você terá experiência com gestor, o que lhe permitirá crescer, bem como abrirá muitas portas lá na frente. Segundo porque você não tem proposta de nenhum outro lugar na qual possa receber esse salário; por menor que seja a remuneração, ninguém lhe ofereceu uma proposta melhor que essa. Por fim, você está sendo formado pela empresa, que está lhe pagando menos que o funcionário anterior porque você não tem experiência nessa função.”.

Na verdade, minha madrinha, além de me aconselhar, proporcionou-me um ensinamento muito maior: de que eu, naquele momento, enxergava apenas o agora e não tinha a visão de que aquele não era o tempo da colheita, mas do plantio.

A partir dessa sábia decisão, inúmeras outras oportunidades surgiram. Atuando como gestor na concessionária, aprendi muito sobre gestão de pessoas, e consegui desenvolver um bom trabalho, apesar de ter cometido muitos erros de iniciante. São os erros, os desafios, os acertos e tudo o que você vivencia em determinada função que o levará a ser reconhecido como tal. A experiência traz conhecimento e a única forma de ser bem remunerado é tendo conhecimento sobre o que se faz. Lembre-se: a experiência é o plantio e a remuneração é a colheita. Não cometa o erro de querer colher sem plantar. Respeite a ordem do processo para que o final seja justo e sem surpresas.

O maior erro de um profissional é “achar” que deveria ganhar mais porque está há um determinado tempo na empresa. Isso não funciona. Tempo de função é diferente do comportamento. Se você tem uma postura omissa e se esquiva de todos os problemas que lhe proporcionariam aprendizado e valor, nunca será bem remunerado. Nenhum funcionário é bem remunerado pelo fato de ele estar há mais tempo na empresa, mas por sua aptidão, competência e resultados. Peque, portanto, pelo excesso e não pela omissão! Tenha coragem para tomar frente e a mesma coragem para assumir se errar.

Sempre que precisar escolher entre um caminho de desafios grandiosos, cheio de novidades e experiências não vivenciadas e outro com melhor remuneração, mas com poucas experiências novas, opte pelo primeiro. Sempre!

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