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Figuras de sintaxe, de pensamento e de linguagem
3. palavras de mesma raiz que se opõem pelos prefixos de significação contrária; ex.: excluir / incluir. Diz-se que um café está “amargo”, em oposição a doce. Às laranjas que não estão doces, diz-se que estão “azedas”. A água dos rios é – a princípio – insípida, porém, em oposição à água salgada do mar, se diz que os rios têm água “doce”. Logo, a aplicabilidade de alguns adjetivos se dá a partir da relação com o seu antônimo. No caso da palavra “doce”, tem-se como antônimo “amargo” ou “azedo” ou “salgado”, de acordo com o contexto em que esta ocorre.
PARONÍMIA
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Diante dos enunciados que seguem, analisemos:
A pessoa que estava ao seu lado demonstrou ser um cavalheiro. A carreata seguiu adiante acompanhada dos cavaleiros trajados a rigor.
Constatamos a presença de dois vocábulos que se mostram semelhantes, tanto no som quanto na grafia. Entretanto, quando analisadas de modo contextual, retratam significados divergentes, haja vista que na primeira oração o sentido se refere a uma atitude cordial, educada. Já na segunda, o sentido se atém a um determinado grupo que, supostamente, saiu em cavalgada rumo a um determinado lugar. Mediante tal ocorrência, deparamo-nos com uma particularidade linguística, ora caracterizada pela paronímia – relacionada à Semântica –estabelecendo uma estreita relação com o significado das palavras de acordo com o contexto em que se inserem. Não somente os casos evidenciados acima, mas também tantos outros representam a classe a qual denominamos de parônimos. Vejamos a seguir uma relação destes:
AMBIGUIDADE
Ambiguidade é considerada um vício de linguagem. É também chamada de Anfibologia. Ocorre quando há a duplicidade de sentido em palavras ou expressões do texto. Muitas vezes, certas orações não são constituídas com clareza. Acontece isto quando alguns termos apresentam entendimento ambíguo ou duvidoso. Isso pode acontecer quando são usadas palavras ou expressões que não possibilitam uma interpretação precisa. Neste caso há um entendimento duvidoso da sentença e a Ambiguidade se estabelece. Apesar de ser uma alternativa linguística admissível dentro do contexto poético e também na linguagem literária, seu uso não é recomendado em casos de escrita mais objetiva, em textos informativos e em redação de cunho técnico. Veja abaixo diferentes exemplos de Ambiguidade.
Exemplos de Ambiguidade
A menina disse à colega que sua mãe havia chegado. (A oração deixa um entendimento duvidoso, pois não se sabe ao certo quem chegou. A mãe da menina ou a mãe da colega). O atleta falou ao treinador caído no chão. (Não há como saber quem está caído. Se é o atleta ou o treinador.) Perseguiram o porco do meu tio. (Quem foi perseguido? o porco que é um animal ou o tio que está sendo chamado de porco?)
Orações como estas são casos de Ambiguidade, que deixam muitas dúvidas no entendimento.
Etimologia da palavra “Ambiguidade”
O vocábulo Ambiguidade originou-se no termo latino “ambiguitas” que significa equívoco, incerteza. A Anfibologia que é considerada sinônimo de ambiguidade, também tem significado semelhante. A palavra vem do grego “amphibolia” que quer dizer duplicidade de sentido. Apesar da interpretação dúbia que gera, seu uso é permitido em vários contextos, como por exemplo: nos poemas, na linguagem coloquial e em obras literárias que registram ou se baseiam na língua falada.
Ambiguidade como vício de linguagem
Para entender porque a Ambiguidade entra na categoria dos Vícios de Linguagem, precisamos compreender o que expressa exatamente esta classificação. Os vícios de linguagem são formações textuais, sentenças ou orações, que fogem da normatização gramatical e/ou sintática da língua. Geralmente acontecem por desconhecimento das normas linguísticas ou até mesmo por falta de atenção ao se expressar. Veja exemplos que mostram o quanto a Ambiguidade pode levar ao mal entendimento ou à duplicidade de interpretação da mensagem. A cachorra da minha mulher está na rua. (Ele se refere ao animal ou está chamando a mulher de cachorra?) O menino olhou o pai deitado na cama. (Afinal quem estava deitado na cama? o menino ou o pai?) Vale observar o quanto é importante a clareza e objetividade nas construções textuais. Nos exemplos acima, percebemos que as sentenças deixam dúvidas quanto ao personagem a que se referem.
Exemplos de Ambiguidade em diferentes Contextos
Um outro ponto é relevante em nosso estudo. Trata-se da versatilidade característica desta figura de linguagem. A ambiguidade não ocorre sempre da mesma forma e em um mesmo contexto. É recurso estilístico que pode ocorrer de várias formas diferentes. Observe abaixo de quantas maneiras diferentes ela pode aparecer:
A ambiguidade Sintática
Esta figura de linguagem está ligada também à sintaxe. Ela pode ocorrer quando várias interpretações decorrem da estrutura da oração. Ou seja, a ambiguidade acontece porque a oração não foi bem estruturada.
Exemplos:
Ouvi falar da festa no restaurante. (Neste caso, ele ouviu falar da festa quando estava no restaurante ou ouviu falar da festa que acontecia no restaurante?)
Ambiguidade lexical
Ocorre com palavras que possuem vários sentidos.
Exemplos:
A vaca se diverte com a pata na
lama.
(A palavra pata se refere à pata animal ou à pata que é o pé da vaca?) Os meninos jogam futebol no campo. (A palavra campo pode se referir à campo –área própria para jogar futebol. Mas, também pode estar se referindo ao campo – zona rural.) Cortaram a rede. (Rede possui diversos significados não explícitos na frase. Pode ser rede de conexão à internet; pode se referir à rede usada para dormir; pode ser rede elétrica. A menina estava perto do banco. Banco pode ser o banco da praça, assim como pode referir-se ao banco instituição financeira. A Ambiguidade, como vemos, pode levar à interpretação dupla ou duvidosa de uma mensagem. Apesar disto, é permitido seu uso como recurso ou alternativa linguística, para chamar a atenção para um determinado contexto.
FIGURAS DE SINTAXE, DE PENSAMENTO E DE LINGUAGEM
FIGURAS DE SINTAXE
As Figuras de Sintaxe ou Figuras de Construção correspondem a um grupo das figuras de linguagem - ao lado das figuras de pensamento, figuras de palavras e figuras de som. São utilizadas para modificar um período, ou seja, interferem na estrutura gramatical da frase, com o intuito de oferecer maior expressividade ao texto.
Assim, as figuras de sintaxe operam de diversas maneiras na frase, seja na inversão, repetição ou na omissão dos termos.
Elipse
A elipse é a omissão de um ou mais termos, os quais não foram expressos anteriormente no discurso, entretanto, que são facilmente identificáveis pelo interlocutor (receptor). Exemplo: Estávamos felizes com o resultado dos exames. (Neste caso, a conjugação do verbo “estávamos”, propõe o termo oculto “nós”.)
Zeugma
A zeugma é um tipo de elipse, uma vez que há omissão de um ou mais termos na oração, sendo um recurso utilizado para evitar a repetição de verbo ou substantivo. Exemplo: Fabiana comeu maçã, eu (comi)
pera.
Hipérbato ou Inversão
O hipérbato é caraterizado pela inversão da ordem direta dos termos da oração, segundo a construção sintática usual da língua (sujeito + predicado + complemento). Exemplo: Triste estava Manuela. (Neste caso, o estado do sujeito surge antes do nome “Manuela”, que na construção sintática usual seria: Manuela estava triste).
Silepse
Na silepse há concordância da ideia e não do termo utilizado. São classificadas em: Silepse de Gênero, quando ocorre discordância entre os gêneros (feminino e masculino); Silepse de Número, quando ocorre discordância entre o singular e o plural; Silepse de Pessoa, quando ocorre discordância entre o sujeito, que aparece na terceira pessoa, e o verbo, que surge na primeira pessoa do plural.
Exemplos:
São Paulo é suja. (silepse de gênero) Um bando (singular) de mulheres (plural) gritavam assustadas. (silepse de número) Todos os atletas (terceira pessoa) estamos (primeira pessoa do plural) preparados para o jogo. (silepse de pessoa)
Assíndeto
Síndeto corresponde a uma conjunção coordenativa utilizada para unir termos nas orações coordenadas. Feita essa observação, a figura de pensamento assíndeto é caracterizada pela ausência de conjunções. Exemplo: Daiana comprou uvas para comer, (e) limões para fazer suco.
Polissíndeto
Ao contrário do assíndeto, o polissíndeto é caracterizado pela repetição da conjunção coordenativa (conectivo). Exemplo: Dolores brigava, e gritava, e
falava.
Anáfora
A anáfora é a repetição de termos no começo das frases, muito utilizada pelos escritores na construção dos versos a fim de dar maior ênfase à ideia.
Exemplo: Se eu amasse, se eu chorasse, se eu perdoasse. (A repetição do termo “se” enfatiza a condicionalidade que o emissor do discurso quer propor).
Anacoluto
O anacoluto altera a sequência lógica da estrutura da frase por meio de uma pausa no discurso. Exemplo: Esses políticos de hoje, não se pode confiar. (Numa sequência lógica, teríamos: “Esses políticos de hoje não são confiáveis” ou Não se pode confiar nesses políticos de hoje.)
Pleonasmo
Repetição enfática ou redundância de um termo que soa “desnecessário” no discurso, o qual pode ser utilizado intencionalmente (pleonasmo literário) como figura de linguagem, ou por desconhecimento das normas gramaticais (pleonasmo vicioso), nesse caso um vício de linguagem. Exemplo: A noite escura da Amazônia. (Note que a noite já pressupõe escuridão.)