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Ana F. Pinheiro

Ana F. Pinheiro, nasceu em 1985, em Almancil, Loulé. Casada, mãe de dois rapazes, licenciou-se em Educação Social; atualmente exerce funções de Diretora Técnica numa IPSS. Apaixonada pela leitura, descobriu o prazer da escrita com a participação no Concurso de Escrita Criativa Poeta António Aleixo. Permitiu-se soltar as suas palavras, participando na iniciativa “Escrita em Ação”, dinamizada por Analita Alves dos Santos e percebeu que é a escrever que se sente completa, feliz e realizada. Como primeira experiência no mundo literário, participa como autora na coletânea de contos “Não vão os lobos voltar”, já à venda. Também é uma das novas vozes que integra a revista literária PALAVRAR – Ler e Escrever é resistir, recentemente lançada para o mercado literário. Determinada em desbravar caminho no mundo da escrita e dos livros, tem tentado a sua sorte com a participação em vários concursos literários. Planeia lançar em breve um blog onde possa partilhar com o mundo as suas palavras. Tem na mãe, filhos e marido, o maior suporte, força e foco para lutar pelos seus sonhos.

MARIANA E O ESPÍRITO DE NATAL

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Na altura do Natal, andam todos tão atarefados. As crianças pensam nas férias e nos presentes que vão receber. Os pais desdobram-se entre o trabalho, as compras de última hora e os preparativos para a noite da Consoada.

O mundo inteiro anda tão ocupado que ninguém tem tempo para parar, pensar e perguntar: Afinal, o que é o espírito de Natal? O verdadeiro espírito de Natal? — Mamã, amanhã é Natal. Já compraste o meu presente? Não te esqueças que eu quero aquele Iphone de última geração. Todas as minhas amigas o têm, é uma vergonha se eu não o tiver. — Querida, agora não posso. Trata, mas é de encomendar isso ao teu pai. Ele que peça à secretária para comprar, se não puder. Agora preciso de terminar de me arranjar. Tenho mil e uma coisas a tratar e ainda vou tomar chá com as minhas amigas.

A mãe sai, batendo com a porta, deixando para trás a chorosa Mariana, que se refugia no quarto. Telefona para a empresa do pai. Está em reunião. Mais uma.

O Natal celebra-se no dia seguinte e Mariana sente-me mais sozinha que nunca. É nestas alturas que pensa como seria bom ter um irmão com quem desabafar as suas mágoas, dividir as suas angústias e, sobretudo, uma companhia nas horas mais solitárias, em que fica entregue à empregada da casa. Nem esta hoje lhe pode valer, de tanta tarefa que a mãe a encarregou.

Todos os anos a mesma coisa. A festa que a mãe gosta de dar, aquelas suas amigas todas peneirentas, sempre prontas a dar mais um beijinho e um afago, de tal forma que às vezes parece que a vão sufocar.

Mariana detesta essa festa, sente-se pouco àvontade na sua própria casa. Sobretudo, sente falta de algo, mas não consegue explicar o quê. Amãe, sempre de volta das amigas, passa os dias entre o salão de beleza, os lanches nas melhores confeitarias e as compras no shopping, onde esbanja todo o dinheiro que o pai lhe dá. O pai, todos os dias enfiado na empresa. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Vale-lhe a secretária, que lhe compra os presentes de Natal.

Afinal, de que serve o Natal se não for para ganhar presentes?

Afogada num choro descontrolado, Mariana acaba por adormecer. O sono transporta-a para um lugar que não reconhece. É de noite, só se vislumbra o céu estrelado e um arrepio revolve-lhe os cabelos. Uma luz, ao fundo, leva Mariana a caminhar, na tentativa de descobrir do que se trata. — Este é o início de uma história de salvação e amor. Uma história que mudou o destino de milhões de almas — diz-lhe uma voz desconhecida.

Mariana sobressalta-se: — Quem está aí? Quem és tu? — Nada temas, Mariana! Venho por bem. Sou o anjo do Senhor. — Anjo do Senhor!? — Mariana fita, arregalada, um anjo branco e luminoso que a guia pela mão.

O anjo logo lhe fala: — Há mais de dois mil anos, nasceu um menino, mas não um menino qualquer, Ele era o filho de Deus. Um anjo chamado Gabriel apareceu a Maria, dizendo que ela teria um filho, e que este filho seria o Salvador da humanidade e seu nome seria Jesus. Diz na Bíblia, no evangelho de S. Lucas, que “Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado. E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. Subiu também José, da Galileia, da cidade de Nazaré, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz, e teve

o filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou na manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem”. Estamos em Belém, Mariana, no dia do nascimento de Jesus. O dia de Natal. — Mas por que me trazes para aqui? O que viemos aqui fazer? — pergunta Mariana, que continua sem perceber o que faz naquele lugar. — Mariana, quero que saibas que todos ficaram muito felizes com a chegada do filho de Deus. E que é por isso que devemos celebrar o Natal. Pelo Nascimento de Jesus, que um dia andou pela Terra, curando e falando de amor, mas foi preso e entregou a sua vida numa cruz, por todos nós, para nos salvar.

Sem se aperceber, lágrimas soltam-se pelo rosto de Mariana: — Ah, então é por isso que se celebra o Natal… não conhecia esta história, os meus pais nunca me contaram… Também, eles nunca têm tempo para nada, quanto mais para contar histórias. Eu acho que os meus pais são muito egoístas.

O anjo conforta-a: — Não penses assim Mariana. Todas as pessoas têm, e os teus pais também, bondade no coração, nem que seja lá num cantinho, há sempre um pouco de bondade que espreita. Muitas das vezes, o que acontece é que as pessoas passam a vida numa verdadeira correria, nem têm tempo para o mais importante. E muitos há que só param para pensar no que os rodeia quando algo de mal lhes acontece, então aí o mundo desaba nas suas cabeças e é quando se 26

apercebem que tudo está errado no mundo em que vivem. Será que as pessoas modernas e inteligentes de hoje em dia já não se lembram do Natal de Jesus? Será que preferem presentes e outras coisas materiais?

Mariana começa a encontrar sentido nas palavras do anjo: — Então isso quer dizer que somos muito materialistas. Eu também sou, anjo, peço perdão. Valorizo mais os presentes e a festa, embora me aborreça demasiado a festa que a mãe e o pai oferecem aos amigos no Natal… Mas, de certeza que os meus pais conhecem a história, que sabem o que é o Natal! — De que adianta saber o que é o Natal? De que adianta saber que 25 de dezembro é Natal se Jesus ainda não nasceu no coração dos homens e tornou suas atitudes verdadeiramente cristãs? Atitudes de amor, paz, tolerância e respeito. O significado do Natal é simples, Mariana. E quem não entende quem foi e o que ensinou Jesus, vive um Natal vazio. Nunca te esqueças Mariana. Não vires as costas a Jesus. Consagra a tua vida a Ele. — Mas, e os meus pais, anjo? O que faço com eles? Como faço para que eles se voltem para Jesus? Para que entendam, e vivam, o verdadeiro espírito de Natal? — pergunta Mariana, aflita.

O anjo sorri: — Basta que peças isso de presente a Jesus. Pede a Ele que este Natal aconteça um milagre na tua casa, na tua família e todos se unam e possam ter o melhor Natal da vossa vida.

— Como é que eu posso pedir a Jesus? Eu nem o conheço… — É simples, querida Mariana. Pede em oração e Ele te ouvirá. A oração é como se conversasses com os teus pais, mas conversas com Jesus…

Mariana interrompe-o: — Só espero que Jesus me oiça mesmo, porque às vezes os meus pais…

O anjo não a deixa continuar: — Não, Mariana. Jesus vai te ouvir. Queres orar comigo?

Mariana aperta fortemente a mão do anjo e oram juntos: — Senhor, que na Noite de Natal, Jesus possa nascer nos corações dos que ainda não o conhecem de facto. Que as pessoas possam olhar para dentro dos seus corações e verificar se Jesus realmente nasceu no seu interior. Que andem com Ele e nunca O abandonem. Obrigada Jesus, porque nasceu e nos trouxe a esperança. Obrigada Jesus, pelo seu grande amor. Obrigada Jesus, pois sabemos o que é o Natal. Relembra a Sua vinda para nos salvar. Obrigada Jesus, nosso Salvador, Deus deAmor Maravilhoso.

NOTA: O texto original foi apresentado em 3 páginas, conforme o edital. No entanto, após a diagramação da revista, fez-se necessária a alteração em virtude do programa usado.