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Voto obrigatório
OS PORQUÊS DO VOTO OBRIGATÓRIO
Rejeição cresce e opiniões divergem
Voto obrigatório é tema de debate entre a população
A rejeição ao voto obrigatório nunca foi tão alta no Brasil. Segundo dados do Instituto Datafolha divulgados no mês de maio, 61% dos eleitores são contra a imposição prevista na Constituição. Ainda, 57% dos votantes não iriam às urnas nas próximas eleições, na qual serão escolhidos o presidente da República e, em cada estado, o governador, um senador, deputados federais e estaduais.
Segundo o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerson Cervi, o número de pessoas que se opõe é grande porque, em tese, todos são contra algo que é obrigatório. O professor afirma que, no Brasil, este dever é necessário já que quem tem dificuldades para se locomover até os locais de voto, por exemplo, deixaria de votar facilmente, o que acarretaria uma desigualdade ainda maior do que aquela que já é verificada no país. “Você tende a concentrar a representação em lugares que já são desenvolvidos, onde já há melhores condições”.
A estudante de Relações Internacionais Luciana Nassar, 18 anos, vai votar pela primeira vez no dia 05 de outubro. Ela acredita que o voto é sim muito importante, mas é contra sua obrigatoriedade porque não se sente preparada para votar. “Isso se torna um peso, não só para mim, mas para muitos da minha idade”, afirma.
De acordo com Cervi, estar preparado ou não para o ato de votar é algo bastante relativo. “Conheço jovens de 14 anos que têm plenas condições de votar, mas não podem por lei”, diz. O professor ainda complementa que a capacidade de participação depende do interesse e do acúmulo de informações de cada eleitor e, segundo ele, isso não necessariamente resultaria da idade: pessoas de 30 anos podem não se sentir preparadas também.
Lucas Henrique Muniz, estudante de Direito, tem outra opinião. Para ele, o voto é uma das mais importantes expressões democráticas de poder – e critica, “em um país marcado por questões sérias de desigualdade, infraestrutura e níveis escassos de educação, cabe ao legislador provocar e até obrigar todos a exporem as suas opiniões e vontades no debate político por meio da escolha de seus representantes”. O estudante ainda finaliza, “a obrigatoriedade do voto é um remédio vergonhoso para a falta de politização da sociedade. Enquanto isso não mudar, a obrigatoriedade deve ser defendida e fundamentada”.
O professor Cervi segue a mesma linha. “Tínhamos que começar a discutir formas mais contínuas de participação, porque aí sim nós veríamos os efeitos das nossas ações”, conclui.

Silvia Tokutsune / 5° Período

TRAUMAS DE VÍTIMAS DE FURTOS E ROUBOS
Sem acolhimento nas delegacias, vítimas são obrigadas a procurar tratamento particular
Pessoas que passam pela desagradável experiência de serem roubadas ou furtadas, experimentam também o amargo gosto da sensação de invasão, de impotência e de vazio. Muitos casos de furto não se solucionam, pois a identificação do autor do crime nem sempre é fácil de se obter por parte das autoridades. O fato aumenta as sensações desagradáveis descritas que podem acarretar em traumas psicológicos permanentes.

IMEDIATAMENTE
De acordo com o psicólogo jurídico, Rodrigo Soares Santos, deveria haver um acompanhamento imediato para os casos logo após a chegada das vítimas na delegacia, o que não ocorre. “Atualmente só existe assistência psicológica imediata apenas para casos de violência sexual, que são atendidos pelo SUS e, aqui em Curitiba, são encaminhados para o Hospital do Trabalhador. Não para casos de furtos e roubos, que também geram um grande dano à pessoa. Quem chega na delegacia, geralmente, é aconselhado a procurar um médico particular, porém nunca ouvi falar de que a assistência social ajudaria na hora do fato. E creio que se isso acontecesse de fato, talvez não seja tão eficaz quanto poderia ser um tratamento psicológico imediato com um profissional”, comenta.
O delegado-titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Marcelo Magalhães, afirma que realmente não há uma ação para casos como de pessoas traumatizadas pós-furto ou roubo, mas também diz que são raros os que pedem esse tipo de tratamento em delegacias. “A polícia em si não tem nenhum tipo de tratamento ou programa imediato, mas encaminhamos para a assistência social ou ao um psicólogo particular, se a vítima pagar. Mas digo que não é comum pedirem esse tipo de coisa na delegacia no pós ato, pois a pessoa tem que entender que ela está numa situação de estresse”, diz.
SUBESTIMAÇÃO
Para o delegado, os casos de roubo e furto, invariavelmente, não envolvem diretamente o risco de morte da vítima. “Salvo em casos de latrocínio (roubo seguido de morte), são raros os casos em que a vítima tenha realmente sofrido um risco de morte eminente, pois os métodos são puramente coativos, que te pressionam a ceder o objeto que o assaltante quer. Geralmente casos de latrocínio já tem alvos claros e, às vezes, pré-definidos. Mas, mesmo assim, naturalmente a vítima se sente invadida e perde a sensação de segurança, o que sempre acaba afetando o psicológico. Porém, depois ela toma noção de que a perda foi simplesmente material e que, apesar dos riscos corridos, a vida não foi afetada e muito menos tirada”, afirma Magalhães.
Entretanto, para Santos, os efeitos psicológicos devem ser relevados, não importa a situação. “O tratamento deveria ser imediato e feito até dentro da própria delegacia, pois psicologicamente nunca se deve ignorar ou subestimar os efeitos patológicos que um episódio de trauma
pode desenvolver, independente de quem seja e de como reaja inicialmente. Mesmo que não se revele na hora, eles podem ser devastadores no futuro, que por sua vez
“AINDA ME PEGO OLHANDO PARA pode se tornar endêmico”, comenta.
VÍTIMAS
A assistente administrativa Dalila Angélica Rosa foi vítima de assalto à mão armada, há cerca de três meses, e relata que passou por cenas dramáticas quando tudo aconteceu. “Foi no dia 31 de março, às 06h45 da manhã. Quando cheguei na frente do meu trabalho, vi um casal abraçado. Me aproximei mais e a moça saiu da frente do homem. Foi então que ele me apontou uma arma. O assaltante pegou no meu braço e me fez andar colada com ele por alguns metros sentido Praça Rui Barbosa. Pensei que ele fosse me levar a uma agência bancária a fim de sacar dinheiro. Ele me ameaçava o tempo todo dizendo q iria estourar minha cabeça caso eu fizesse algo. Tirou minha mochila das minhas costas e lá estava tudo, como minha carteira com meus documentos, meu celular e minha câmera digital. Ele nem sequer me deu chance de negociar. E acho que nem teria coragem, pois temia perder minha vida”, relata.
Quando chegou na delegacia, Dalila diz que não houve trato nenhum, nem com o ocorrido, muito menos com sua situação. Sobre os traumas, ela conta que nunca mais agiu e foi a mesma. “Ainda me pego olhando para pessoas na rua e no ônibus, com medo que me abordem com voz de assalto. Eu fico assustada até com pessoas que me pedem informação na rua”, comenta. Pedro Giulliano / 3° Período
DIFERENÇA ENTRE FURTO E ROUBO
Furto é subtrair coisas alheias para si ou para outrem, porém consiste só em subtrair a coisa, sem violência ou sem graves ameaças. Roubo é a subtração da coisa alheia, mas com o uso de coação ou violência contra a vítima ou sob fortes ameaças, como chutes e socos e até utilização de armas de fogo.
