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Cidade em transformação

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CIDADE EM TRANSFORMAÇÃO

Mudanças no espaço reservado para as obras da Copa do Mundo já renderam muita dor de cabeça para os antigos e atuais moradores da região. A falta de planejamento marca o período de transformação.

Por Ana Beatriz Villas Bôas Bruna Mazanek Lucas Prestes

Curitiba se tornou um canteiro de obras, e não é só o trânsito que sai prejudicado com essa situação. As pessoas que moram, ou moravam, nas proximidades da Arena da Baixada são as mais afetadas por todas as modificações que são realizadas nessa região em decorrência da Copa do Mundo. O maior empecilho da obra do estádio está nas desapropriações. Seria esta um direito legítimo em nome de “um bem maior”? Edival Pereira, do Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), afirma que, perante a lei, o interesse coletivo se sobrepõe o interesse público, e como a Copa 2014, supostamente, é de interesse coletivo, a desapropriação se faz legítima. A permissão para essa retirada também está na legislação, e faz parte do planejamento urbano, que é, de acordo com a arquiteta e urbanista Gislene Pereira, a “definição de regras para o atendimento dos interesses de diversos agentes, mas, principalmente, dos dominantes, de forma a garantir um desenvolvimento que priorize a qualidade de vida”. O planejamento mais recente da capital mostra que a área da Arena da Baixada é um espaço esportivo, entretanto, essa legislação foi alterada quando já havia casas, tanto as que sofreram desapropriação quanto as que continuam lá. Segudo Pereira, as estratégias utilizadas nas obras para reduzir os transtornos, como, realizá-las no período noturno ou durante os finais de semana, são pouco viáveis, pois são

depois

de maior custo, comparado às obras feitas em horário comercial. “Além disso, em regiões residenciais, obras no período noturno incomodam a paz dos moradores”, explica. O barulho das obras incomoda residentes que não foram retirados de suas casas. É o que conta Claudia Picone, publicitária que morava em uma das ruas de acesso ao estádio e se mudou devido às obras. “Eu tenho um filho pequeno, e os barulhos nos atrapalhavam muito. Além disso, não posso nem imaginar os transtornos durante a Copa. Não íamos conseguir nem sair de casa nos dias de jogo.” Victoria Cezimbra, moradora em um apartamento na Avenida Getúlio Vargas, cujas moradias não sofreram ameaças de retirada, conta que parte do terreno do prédio no qual reside foi desapropriado. “Os moradores estão sendo indenizados por isso. Uma mixaria!”, conclui. O que se espera agora é que o canteiro de obras traga reais melhorias para a capital paranaense e que todo o transtorno valha a pena.

FOTOS DE DIVULGAÇÃO ARENACAP. COM As imagens mostram a desapropriação de casas em torno do estádio durante as obras da Arena para a Copa 2014.

MUDANÇA DE PLANOS A Prefeitura da cidade de Curitiba, anunciou em sua página no Facebook que os espaços não utilizados das desapropriações para a Copa do Mundo irão virar uma unidade de saúde do programa Mãe Curitibana, que oferece qualidade no atendimento à gestante e à criança Ainda de acordo com a prefeitura, as obras terão início assim que o espaço for entregue. Ao receberem a notícia, os internautas tiveram opiniões diversas, houve pessoas que apoiaram a iniciativa e parabenizaram a prefeitura, já outras disseram que a unidade é apenas uma maneira de esconder os erros e o desvio de dinheiro da Copa. Claudia Rocha aproveitou para contestar, “Vi circularem imagens indignantes do Rio, mas daqui ninguém falou nada. Ocorreu de forma tranquila ou só escondida mesmo?”

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