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Emanuel Matos ������������������� pág

UM PATRIMÔNIO,

DEPRECIADO?

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Pensar o Patrimônio Histórico Arquitetônico de Belém, além de muitas perguntas, traz-me alguma perplexidade.

Teria sido depreciado, por falta de visão empresarial e de políticas públicas capazes de garantir o seu uso de forma condizente com o seu valor, inclusive material e financeiro?

Migrante, Belém, logo me ganhou com seus brocados de ferro e sua Baía, perfeita Xícara de Chá de Porcelana Inglesa.

Portal da Amazônia, “agnome” que aprendi pronunciar com orgulho que aumentou quando li Manuel Bandeira:

“Bembelelém Viva Belém! Nortista gostosa Eu te quero bem. Terra da castanha Terra da borracha Terra de biribá bacuri sapoti Terra de fala cheia de nome indígena Que a gente não sabe se é de fruta pé de pau Ou ave de plumagem bonita.”

Mas, Belém com o tempo perdia sua pele, azulejos e casarões enquanto eu, que vi o Grande Hotel e entrei na Palmeira, dizia-me: é isto que vejo e sempre verei. Belém, síntese de uma época da Amazônia.

Somos nós que nos demarcamos no tempo.

A memória é caminho que fazemos e nele vamos ficando, ainda que tudo nos acompanhe, na ideia e nos sentimentos que foram vividos e que na alma ficou tatuado. Somos feitos do antes, do agora e do depois ainda que se disponha somente do amanhã. Aí está: dispomos de algo que nunca chega e com uma esperança sem fim, de modo a sermos obrigados a visitar o passado que não temos mais, o presente que nos foge e o que estamos sendo para dar sentido à existência.

Não é possível um futuro digno sem referência ao passado.

O Patrimônio Histórico somos nós, tatuado na alma e nós precisamos ver-nos para dar continuidade ao “éthos” que nos criou e nos determinou, de modo a poder vislumbrar o amanhã com a garantia de que as mudanças sejam equilibradas e sem rupturas que destruam a identidade.

Por isso, deveria ser objeto de Política Pública de modo a considerar, não apenas seu valor estético e emblemático, mas, também seu caráter de Bem de Uso, Bem de Consumo e Bem de Produção uma vez que, também, pode gerar riquezas, via Políticas voltadas ao Empreendedorismo.

Belém não percebeu sua grandeza, beleza, o exemplo único dos seus núcleos urbanos históricos, o seu Maior Patrimônio e, assim, não soube crescer para fora, na direção das ilhas, por exemplo, e em outras direções, de modo a preservar, memória, história, patrimônio, riqueza para construir um futuro invejável que já seria o seu AGORA?

Emanuel Matos

sociólogo emanuelgmatos@yahoo.com.br

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