Boletim Climatológico Sazonal Inverno 2018/2019

ISSN 2183-1084

Boletim Climatológico Sazonal Inverno 2018/2019 Resumo O inverno 2018/19 (dezembro 2018, janeiro e fevereiro 2019) em Portugal Continental classificou-se como quente em relação à temperatura do ar e extremamente seco em relação à precipitação (Figura 1).

Neste inverno o valor médio da temperatura média do ar, 9.94 °C, foi superior ao normal em 0.41 °C. Valores de temperatura média do ar superiores aos deste inverno ocorreram em cerca de 20% dos anos, desde 1931.

O valor médio da temperatura máxima, 15.32 °C, foi 1.57 °C superior ao normal, sendo o valor mais alto desde 1931.

O valor médio da temperatura mínima do ar, 4.58 °C, foi inferior ai normal em -0.74 °C. Valores de temperatura mínima do ar inferiores aos deste inverno ocorreram em cerca de 40% dos anos, desde 1931.

O total da quantidade de precipitação ocorrida nos meses de dezembro a fevereiro, 145.7 mm, corresponde a cerca de 41% do valor médio (Figura 3), sendo o 4º inverno mais seco desde 2000 (mais secos em 2012, 2005 e 2000).

De destacar no inverno de 2018/2019:  Grandes amplitudes térmicas em fevereiro: entre os dias 4 e 9 de janeiro foram registadas amplitudes térmicas diárias, superiores a 20°C, em vários locais, em especial no Minho e nas regiões do Centro e Sul do território.  Valores altos da temperatura máxima do ar em fevereiro: Foram ultrapassados, em cerca de 30 % das estações, os maiores valores da temperatura máxima para o mês de fevereiro, em particular nas regiões do Norte e Centro;  Seca meteorológica: o défice de precipitação que ocorreu no inverno originou que se instalasse uma situação de seca meteorológica em todo o território, mas com maior intensidade na região Sul. No final do inverno e de acordo com índice PDSI, 4.8 % do território estava na classe de seca severa, 57.1 % na classe de seca moderada e 38.1 % na classe de seca fraca.

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Figura 1 - Temperatura e precipitação no inverno (dezembro, janeiro e fevereiro) (período 1931 – 2019)

1. TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO Distribuição espacial Na Figura 2 apresenta-se a distribuição espacial das anomalias da temperatura média do ar e da quantidade de precipitação no inverno (dezembro, janeiro e fevereiro).

Os valores médios da temperatura média foram superiores ao normal na região Norte e parte da região centro e próximos do valor normal nas restantes regiões. Os valores médios da temperatura média do ar variaram entre 6.0 °C em Miranda do Douro e 13.3 °C em Cabo da Roca e os desvios, em relação ao valor médio, variaram entre -0.3°C em Alcobaça, Alvalade e Amareleja e +2.5 °C em Penhas Douradas.

Em relação à precipitação total no inverno, os valores foram muito inferiores ao normal em todo o território.

O menor valor da quantidade de precipitação ocorreu em Faro, 49.2 mm e o maior em Lamas de Mouro, 473.6 mm; a percentagem da quantidade de precipitação total, em relação aos valores médios, variou entre 20 % em Faro e 63 % em Aveiro.

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Figura 2 - Distribuição espacial das anomalias da temperatura média (diferença em relação ao valor normal 1971-2000) e da quantidade de precipitação (percentagem em relação ao valor normal 1971-2000) no inverno 2018/19

Distribuição temporal Temperatura do ar No inverno 2018/19 o valor médio da temperatura média do ar, 9.94 °C, foi superior ao normal em 0.41 °C (Figura 3), sendo o 5º valor mais alto desde 2000 (maior valor em 2016). Valores de temperatura média do ar superiores aos deste inverno ocorreram em cerca de 20% dos anos, desde 1931.

O valor médio da temperatura máxima do ar foi o mais alto desde 1931, com um desvio de +1.57 °C (Figura 4), sendo o valor mais alto desde 1931.

Quanto ao valor médio da temperatura mínima foi inferior ao normal em -0.74 °C. Valores de temperatura mínima do ar inferiores aos deste inverno ocorreram em cerca de 40% dos anos, desde 1931.

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Figura 3 - Anomalias da temperatura média do ar no inverno, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000

Figura 4 Anomalias da temperatura máxima do ar no inverno, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000

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Precipitação Na Figura 5 apresenta-se a distribuição temporal das anomalias da quantidade de precipitação total no inverno entre 1931/32 e 2018/19. Verifica-se que o total de precipitação neste inverno foi inferior ao valor normal, sendo o 3º inverno consecutivo com valores de precipitação inferiores ao valor médio.

Figura 5 - Anomalias do total de precipitação no inverno em Portugal Continental em relação ao valor da normal 1971-2000

2. INVERNO MÊS A MÊS Na figura 6 apresentam-se os desvios da média da temperatura mínima, média e máxima (esq.) e do total de precipitação (dir.) no inverno 2018/19.

Os valores da temperatura máxima do ar foram superiores aos valores médios nos três meses, com especial destaque para o mês de fevereiro, com uma anomalia de +2.4 °C. Em relação à temperatura mínima do ar foi inferior ao normal nos 3 meses, mas em particular nos meses de janeiro e fevereiro.

Os valores da quantidade de precipitação foram inferiores aos valores médios nos três meses, o que contribuiu para a anomalia negativa muito significativa no inverno.

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Figura 6 - Desvios (em relação ao valor médio 1971-2000) da média da temperatura (mínima, média e máxima) (esq.) e do total de precipitação (dir.) no inverno 2018/19 (dezembro 2018 a fevereiro 2019).

3. SITUAÇÕES RELEVANTES NO INVERNO 

Grandes amplitudes térmicas em fevereiro: no início de janeiro e em particular entre os dias 4 e 9 de janeiro a ocorrência simultânea de noites frias e dias quentes o que originou fortes amplitudes térmicas diárias, superiores a 20°C, em vários locais, em especial no Minho e nas regiões do Centro e Sul do território.



Valores altos da temperatura máxima do ar em fevereiro: o Maiores valores da temperatura máxima no período de 23 e 26 de fevereiro; no dia 24 valor médio da temperatura máxima foi, 21.9 °C, +7.3°C acima do valor normal; o Foram ultrapassados, em cerca de 30 % das estações, os maiores valores da temperatura máxima para o mês de fevereiro, em particular nas regiões do Norte e Centro; o Entre 21 e 28 de fevereiro ocorreu uma onda de calor em algumas estações meteorológicas do Norte e Centro de Portugal



Seca meteorológica: Neste inverno ocorreram valores de precipitação muito inferiores ao valor médio, situação que contribuiu para o início de uma seca meteorológica em Portugal Continental. A área e a intensidade da situação de seca foi aumentando gradualmente (Figura 7) e no final do inverno, de acordo com índice PDSI, 4.8 % do território estava na classe de seca severa, 57.1 % na classe de seca moderada e 38.1 % na classe de seca fraca.

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Figura 7 – Percentagem do território afetado nas classes de seca do índice PDSI nos meses de inverno

VALORES EXTREMOS – INVERNO 2018/19 Menor valor da temperatura mínima

-7.0 °C em Miranda do Douro, dia 5 e Chaves, dia 6 janeiro

Maior valor da temperatura máxima

25.8 °C em Pinhão, dia 26 fevereiro

Maior valor da quantidade de precipitação em 24h

86.8 mm em Lamas de Mouro, dia 31 janeiro

Maior valor da intensidade máxima do vento (rajada)

115.2 km/h em Guarda, dia 1 fevereiro

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Notas - Os valores normais utilizados referem-se ao período 1971-2000.

- Horas UTC – Inverno: hora UTC = igual à hora legal Verão: hora UTC = -1h em relação à hora legal - Unidades: Vento: 1 Km/h = 0.28m/s Precipitação: 1mm = 1 kg/m2

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