Divo #21 Art Issue

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s. tomé

AO 600 AKZ | PT 4 EUROS | WORLDWIDE 7 USD

D#21

Lo ve A nGoL A novembro / dezembro 2015 november / december

art

issue

Lo ve AFrIcA Lo ve LIFe Lo ve S TYLe

INDEX

014

Who is it Capa / Cover

LOVE ANGOLA

028

Arquitectura | Arquitecture Casa das Artes | House of Arts

009

Moda | Fashion Museum Shadows

026

Música/Music – Sinkane Livros – Olho por olho Dente por dente Gadget – Teclas de levar no bolso / Pocket Canvases

028 030

28 Cinema Tango Made in Africa 30 Shopping Deco – Arte Utilitária / Useful Art

034

Galeristas / Gallerists – 4 Perguntas a 4 Galeristas / 4 Questions to 4 Gallery Owners

038

Exposições / Exhibitions Agenda Prioritária / Prioritary Agenda

042

LOVE STYLE

Pintores/Painters

Tendências/ Trends – Arte e Moda / Art and Fashion

052 062

Moda / Fashion – Museum Shadows Art work

Dossier - Arte e Representação /

SEP MAIN

078 070 094 097 090 100 103 106 110 114 116

História / History Moda / Fashion Sketches Dança / Dance Marcelino Sambé Dança / Dance Michaela Deprince Moda / Fashion – Skechtes Kuduro Manuel Canza Kuduro Heroíde Prazeres Hotel Hotel Polana Q&A Kevin Durant Crónica / Chronicle – Life in translation Museu / Museum Arte Submersa / The Subaquatic Museum of Art

122

Viagem / Travel – Amsterdão Todos os Canais / Amsterdam All Canals

SEP STYLE

048

Viagem | Travel Amesterdão | Amsterdam

Art and Representation

077

Arquitectura / Arquitecture – Casa das Artes / House of Arts

047

068

Who is it – Capa / Cover

/ Eye for an Eye Tooth for a tooth

CAPA / COVER

Moda | Fashion Sketches

WHAT’S ON

014 022 024

4 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

LOVE LIFE

042 052 090 122

Deco Tango Made in Africa

Banjamin Sabby, Don Sebas Cassule, Francisco Van-Dunen, Helga Gambôa, Patrícia Cardoso, Paulo Kussy.

LOVE AFRICA

128 130

Shopping Guide Página/ Page 130 A escrita da Cartier / Writing the Cartier way

EDITORIAL | LETTER OF THE EDITOR

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

Uma peça de arte que ficasse para sempre. Uma obra que pudesse transpirar os 40 anos de independência de Angola , uma jornada feita de criatividade e elevação num país único e mágico. Enquanto folheia esta obra de arte que é a DIVO conhecemos o que de melhor se faz nas artes plásticas em Angola.

Duas gerações de artistas num olhar único sobre o futuro sempre com o indicativo do país - 00244.

LOVE LIFE

LOVE STYLE

DIRECTOR CRIATIVO / CREATIVE DIRECTOR

Coréon Dú

Temos duas produções de moda que são tendências. Uma em Madrid outra em Nova Iorque. Uma evoca a arte enquanto espaço de pensamento no ambiente do museu. Na outra surgem os corpos que se dá à arte, o corpo artístico, o corpo belo em esquiço.

COORDENADOR EDITORIAL / EDITOR-IN-CHIEF

André Soares EDITOR GRÁFICO / ART EDITOR

Pedro Martins STYLE EDITOR

Isabel Branco

Viajamos até Amsterdão e em cada um dos canais atravessados vemos a arte dos homens a conquista do mar à terra, a inteligência humana. Viajamos pelas galerias do mundo. Olhamos a arquitetura dos palcos e visitamos a dança que acontece de forma sublime e nos liberta.

JORNALISTAS / JOURNALISTS

Catarina Homem Marques catarinamarques@masemba.com

Margarida Brito Paes margaridapaes@masemba.com

Vanessa Raminhos

A nossa página web continua a surpreender o leitor que ama a moda e quer conhecer os diferentes estilos de vida, que marcam os tempos que correm.

vanessaraminhos@masemba.com

Joana Simões Piedade joanasp.edit@gmail.com

PAGINAÇÃO / LAYOUT

Sofia Duarte

Acompanhe tudo na obra de arte que é a DIVO e no link de sempre divo.co.ao

EDITORA DIGITAL / DIGITAL EDITOR

Carolina Almeida carolinaalmeida@masemba.com

André Soares Coordenador Editorial

COLABORADORES / CONTRIBUTORS texto / text: Christabelle Peters, Elena Fernandes, Joana Teixeira, João Galvão, Nuno Milagre, Noé João, Catarina Homem Marques fotografia / photography: António Bernardo, Gonçalo F. Santos, Getty Images, Nuno Milagre, Paco Peregrin, Oscar Corracher, Patrice de Lemos, Angela Sterling, Bill Cooper, Andrej Uspenski ilustração: Vera Capoulas styling: Mario Ville (Kataca), Danielle Hawkins versão inglesa / english version: Katie Gray Craven (Atelier de Comunicação Inglesa) PROPRIEDADE / OWNED BY Semba Comunicação, S.A. PUBLISHER Masemba, Lda. DIRECTOR-GERAL / CEO Nuno Santiago DIRECTORA FINANCEIRA / CFO Ana Ruivo DIRECTORA COMERCIAL / CCO Maria João Peixe Dias (+351) 215 918 137 mariadias@masemba.com

Ricardo Luwisch, Coordenador / Sales coordinator: (+351) 215 918 140

Like an everlasting piece of artwork, this issue is a piece intended to celebrate the 40 years of Angolan Independence, this creative journey that has elevated a country that is unique, is magic.

As you thumb through this issue of DIVO you will encounter the best of Angolan visual arts.

You’ll find two generations of artists sharing their distinctive perspective about the future, and always calling from country code – 00244.

We’re bringing you two articles about trendy fashion, one from Madrid and the other from New York. One speaks of art that creates space for thought inside of museums. The other speaks of the bodies that are dedicated to art, the artistic body and the beauty of body sketches.

ricardoluwisch@lux.masemba.com

Hugo Santinho, account (+ 351) 215 918 142 hugosantinho@masemba.com

Maria João Eça, Porto & Norte / Oporto & Northern region (+ 351) 226 057 544 mariaeca@masemba.com

Carla Ramalho, assistente comercial / sales assistant: (+351) 215 918 141 carlaramalho@masemba.com

Susana Morais, gestora de materiais / materials submission (+351) 215 918 144 susanamorais@luxwoman.masemba.com

We’ve brought you to Amsterdam where, on each canal, you will find the art of humans struggling to recover land from the sea with their intelligence. We will visit the architecture of theatres worldwide. We’ll see exquisite forms of dance that liberate us.

Our web page continues to surprise fashion lovers and those who want to get to know the full range of life styles that mark our days.

Keep up with the masterpiece that is DIVO, always available at: divo.co.ao

André Soares Editor - in - Chief www.divo.co.ao

6 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

MORADA / ADDRESS Rua da Fraternidade Operária, 6 2794-024 Carnaxide redaccaodivo@masemba.com

MARKETING & EVENTS Dina Nascimento, directora / manager Cláudia Lima, Teresa Neves (accounts) RESEARCH Hernâni Almeida PRODUÇÃO / PRODUCTION Ramiro Agapito, director / manager Inês Pereira, produtora assistente / production assistant Pedro Figueiredo, Diogo Sargento, Frederico Queirós (pre-press) IMPRESSÃO / PRINTING GIO - Gabinete de Impressão Offset, Lda. Estrada da Outurela, 118, Edif. Holanda, Bl. 1 2790-114 Carnaxide TIRAGEM / PRINT RUN 20 000 exemplares /copies DISTRIBUIÇÃO / DISTRIBUTION International News Portugal DEPÓSITO LEGAL 389224/15

WHAT’S ON

ROLLER JOY A Melissa aventura-se na patinagem com o lançamento do seu primeiro par de patins. Nude e preto foram as cores escolhidas para um edição limitada muito divertida, como é característico da marca. Os Melissa Roller Joy são uma edição limitada e numerada com 1979 exemplares, estando disponíveis nas Galerias Melissa de São Paulo, Nova Iorque e Londres.

Melissa has adventured into roller skating with the launch of its first pair of skates. Nude and black are the colours chosen for this limited edition of 1979 pairs of skates that are as playful as you would expect from the label. The Melissa Roller Joy are available at Galerias Melissa in São Paulo, New York and London.

SAILING BOSS

Transat Jacques Vabre will be the first race for the latest Hugo Boss yacht. With its black hull and sails, this boat stands not only due to its elegance but also its lightness. It took two years for the partnership between Boss and the Mercedes-Benz AMG POTRONAS Formula One Team to get this boat finished and ready to sail. After sailing more than 5000 miles from France to Brazil, the yacht will then enter the Vendée Globe which will take it around the world on a solo race without assistance.

BOSS À VELA A Transat Jacques Vabre é a primeira prova do mais recente iate da Hugo Boss. De casco e velas pretas, este barco não se destaca apenas pela elegância mas também pela leveza. Foram necessários dois anos, em parceria com a Mercedes-Benz e a equipa AMG POTRONAS Formula, para este iate estar acabado e pronto a navegar. Depois das mais de 500 milhas de França ao Brasil, será a vez da Vendée Globe, a volta ao mundo a solo e sem assistência.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 9

WHAT’S ON

RUGBY

BY CHANEL Para celebrar o Mundial de Rugby, a Chanel desenhou uma bola muito especial. Disponível em pela branca, preta, castanha e azul, esta bola de rugby foi feita a pensar em colecionadores, mas tem todas as características necessárias para ser utilizada durante um jogo. Gravada com o CC da casa francesa, esta é provavelmente a bola mais sofisticada do mundo, estando disponível apenas sob encomenda.

Chanel designed a very special ball to commemorate the Rugby World Cup. Available in black, white, brown and blue, this rugby ball was designed for collectors but it’s outfitted with all the characteristics needed for playing the game. Embossed with the CC of the French design house, this is probably the most sophisticated ball in the world. It’s available only by special order.

THÉ VERT Em 1992 o mundo da perfumaria foi surpreendido com o nascimento de um perfume feito a partir do chá: Thé Vert da Bulgari. Em 2015 a famosa linha de perfumes unissexo ganha uma nova roupagem e novos aromas. Thé Vert Rouge e Thé Vert Blue.

In 1992 the world was taken by surprise with the launch of a perfume made from tea: Thé Vert by Bulgari. In 2015 the famous line of unisex perfumes has acquired new clothes and new scents. Thé Vert Rouge and Thé Vert Blue.

10 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2014

WHAT’S ON

THIS IS MY TIME O fundador da Diesel celebrou sessenta anos em Setembro e, para comemorar a data, a marca de denim lançou um relógio muito especial. Foram fabricados apenas 555 exemplares deste modelo de bracelete de ganga preta e visor gravado com a frase “This is my time”. O mostrador quadrado mantém-se, ganhando alguns apontamentos fluorescentes. Um relógio arrojado bem ao estilo de Renzo Rosso.

The founder of Diesel turned 60 years old in September and to commemorate the date, the denim label launched a very special watch.

Just 555 pieces of this item were produced with a black denim bracelet and a visor that reads ‘This is my time’. The square watch face has stayed the same, although there are a few new fluorescent details. This is a daring watch that is good enough for Renzo Rosso.

ZEGNA X MASERATI A Ermenegildo Zegna e a Maserati uniram-se numa colaboração que se estendo do mundo automóvel à moda.

A marca italiana de moda criou interiores automóveis disponíveis em todas as versões dos modelos Maserati Quattroporte e Ghilbi. Para comemorar esta parceria surgiu a edição limitada Maserati Quattroporte Zegna, uma colecção cápsula de moda perfeita para todos os amantes da excelência italiana.

Ermenegildo Zegna has teamed up with Maserati to bring fashion and the automobile closer together. The Italian fashion house has designed automobile interiors that are available for all models of the Maserati Quattroporte and Ghilbi. To celebrate this partnership, they have brought out the limited edition Maserati Quattroporte Zegna, a capsule collection perfect for all lovers of Italian excellence.

CAPA

A CAPA DAS VÁRIAS GERAÇÕES E DA ARTE. A PROPÓSITO DA CELEBRAÇÃO DOS QUARENTA ANOS DE INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA, CONVIDÁMOS SEIS ARTISTAS PLÁSTICOS ANGOLA NOS DE DIFERENTES GERAÇÕES E LINHAS ARTÍSTICAS, PARA PINTAR A CAPA DA DIVO. ARTISTAS DIFERENTES, MAS COM UM OBJECTIVO COMUM, CONFORME CONFESSARAM À DIVO: “ABRIR MENTALIDADES ATRAVÉS DA ARTE” MOSTRANDO QUE COM HABILIDADE SE TRANSFORMAM IDEIAS.

THIS COVER SPORTS SEVERAL GENERATIONS AND THEIR ART. IN ORDER TO CELEBRATE THE 40TH ANNIVERSARY OF ANGOLAN IN DEPENDENCE, WE INVITED SIX ANGOLAN VISUAL ARTISTS WITH A WIDE RANGE OF AGES AND TYPES OF ARTWORK TO “PAINT” OUR COVER. EACH OF THESE ARTISTS IS UNIQUE BUT THEY SHA RE A COMMON GOAL, AS THEY ADMITTED TO DIVO: “TO OPEN PEOPLE’S MINDS BY WAY OF ART”. AND IN THE PROCESS THEY DISPLAY HOW SKILLFULLY IDEAS CAN BE TRANSFORMED. 14 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

COVER

BENJAMIM SABBY

Começamos com Sabby, pois foi através dos seus contactos que chegamos a esta panóplia de artistas para esta edição da DIVO. Tem-se destacado como artista, mas tem caminhado também pelos trilhos da curadoria artística.Teve a grande apresentação ao público em 1997, com a exposição “Sonhos e Realidades”. Participou com algumas obras na Exposição Mundial 98, em Portugal, e foi consultor e curador para a 2ª Trienal de Luanda.

Membro da União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP) conta já com mais de sete exposições individuais, trinta colectivas e dezanove trabalhos de curadoria. Sabby trabalha sobretudo as questões urbanas, corrente que deu nome ao tema da sua mais recente exposição com o título “Mambos Urbanos”. Benjamim Sabby nasceu em Luanda em 1974. É mestrando em Estudos Artísticos Museológicos e Curatoriais, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em Portugal. Licenciado em Ciências da Educação pelo ISCED Luanda, fez a sua aprendizagem inicial nas artes como técnico Médio em Artes Plásticas pela Escola Nacional de Artes Plásticas, Luanda, Angola.

We’ll start off with Sabby, since he was the one who first put us into contact with this collection of artists for this issue of DIVO. He has made a name for himself not only as an artist but also as an artistic curator. His first introduction to the public was the exhibition “Dreams and Realities” in 1997. He showed some of his pieces at the World’s Fair 1998 in Portugal and he was a consultant and curator of the 2nd triennial in Luanda.

This member of the National Union of Angolan Visual Artists (UNAP) has had more than seven solo exhibitions, 30 collective shows and 19 productions as curator.

Sabby’s principal concern is with urban issues and as a result his latest exhibition is entitled “Mambos Urbanos”.

Benjamin Sabby was born in Luanda in 1974. He has an M.A. in Art Studies, Museum and Curatorial Studies from the Faculty of Fine Arts of the Universidade do Porto in Portugal.

His degree was in Education from ISCED Luanda and his initial training was undertaken in the Visual Arts at the National School of the Visual Arts, Luanda, Angola

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 15

CAPA

PATRÍCIA CARDOSO

Com uma inclinação para arte abstrata, Patrícia Cardoso exprime o que lhe vai na alma, dando vida às linhas, planos, cores e formas. Representou Angola na Expo Universal de Xangai, em 2010, com algumas obras. É Membro da União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP) e tem mais de dez exposições colectivas, onde se destaca: “Elas expõem - Luanda cores e ritmo”.

Patrícia Cardoso nasceu a 25 de Junho de 1973, em Luanda.

Licenciada em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Lusíada de Angola, entra no mundo da arte através de estudos como técnica média em artes plásticas pelo Instituto Nacional de Formação Artística e Cultural de Angola.

With a preference towards the abstract, Patrícia Cardoso expresses what comes from her heart, giving life to the lines, planes, colours and shapes. Some of her work represented Angola at the Shanghai World’s Fair in 2010. She’s a member of the National Union Of Angolan Visual Artists (UNAP) and has exhibited in more than ten collective shows, including: “Elas expõem - Luanda cores e ritmo/They are on exhibit – Luanda Colours and Rhythm”. Patrícia Cardoso was born on June 25th, 1973, in Luanda. She has a degree in Human Resources Management by the Lusíada University of Angola, and began her training in the visual arts at the Instituto Nacional de Formação Artística e Cultural de Angola.

16 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

COVER

HELGA GAMBÔA

Uma artista única, com mais de cinquenta exposições colectivas e individuais. Ganhou o primeiro prémio John Fleming para Investigação em Angola, concedido pelo Reino Unido, através da Associação dos Historiadores de Inglaterra. Helga Gambôa explora técnicas diferentes, criando objetos de arte com qualidade técnica que remete para o pensamento, focando as questões de identidade nas obras acabadas. O processo de trabalho parte primeiro da investigação para os objectos criados, com especial destaque para a viagem feita pelos diferentes países que foi visitando. Helga Gambôa é artista plástica, mas é sobretudo investigadora e tradutora.

Nasceu a 20 de Março de 1961, em Malanje, Angola. Doutorada em História da Arte Africana (especialidade Identidade e Cultura) pela Universidade de Wales Aberystwyth, Reino Unido. É mestre em Artefactos e Arquivos pela Universidade de West of England Bristol e tem uma Licenciatura em Cerâmica pela mesma universidade This exceptional artist has exhibited in more than 50 individual and collective exhibitions. She was the first Angolan recipient of the John Fleming Travel Award for Research in Angola that is awarded in the UK by the Art Historian’s Association of England. Helga Gambôa explores many different techniques as she creates works of art of great technical expertise that evoke the question of identity. Her process always begins with research so that the pieces she creates serve as a commentary on the different countries she has visited. Helga Gambôa is a visual artist but most of all she is a researcher and a translator. She was born on March 20, 1961 in Malanje, Angola. She received a PhD in African Art History (specialisation in Identity and Culture) at the University of Wales, at Aberystwyth. She has a M.A. in Artefacts and Archives by the University of West England, Bristol and has a Degree in Ceramics from the same institution.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 17

CAPA

PAULO KUSSY

Teve a primeira aparição como artista em 2004 com uma exposição na livraria Mabooki em Lisboa, mas é em Luanda que, em 2010, o caminho foi aberto para o mundo, com a exposição Anatomilias “Entre o homem e a máquina”.

Primeiro anatomista artístico angolano, com três exposições individuais e mais de dez exposições colectivas. As suas obras têm como denominador comum o corpo humano e associa o corpo à geometria e arquitetura. Um artista com um gene próprio, procura abrir mentes e desperta o espirito crítico nas pessoas com suas obras.

Paulo Kussy é artista plástico e docente universitário nascido a 5 de Fevereiro de 1978, em Luanda. Mestre em anatomia artística, com o tema: “Anatomia do Centauro, um ser hipotético”, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa. É licenciado em Artes Plásticas na variante de Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa.

His first appearance on the art scene took place in 2004 with an exhibition in the Mabooki bookshop in Lisbon. But it was in Luanda in 2010 that his career path opened up with the exhibition Anatomilias “Between humans and machines”. The first Angolan artistic anatomist has already shown his work in three solo shows and more than 10 collective exhibitions. The human body is the common denominator of his work that relates the human body to both geometry and architecture. He is an artist with his own unique genetic code.

With his work he seeks to open people’s minds and awaken their ability to engage in critical debate. Paulo Kussy is a visual artist and university lecturer who was born on February 5th, 1978 in Luanda. He received a Master’s Degree in Artistic Anatomy from the Faculty of Fine Arts at the University of Lisbon with a work entitled “The Anatomy of the Centaur: A Hypothetical Being”. His degree in Painting was awarded by the Faculty of Fine Arts of the University of Lisbon.

18 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

COVER

FRANCISCO D. VAN DÚNEM VAN

Membro fundador da União Nacional de Artistas Plásticos, Francisco Van-Dúnem nasceu no Bengo, em Angola, em 1959. Tornou-se mestre em Educação Artística em 2003, numa colaboração entre a University of Surrey Roehampton, em Londres, e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, em Portugal, onde se licenciou em Educação Visual e Tecnológica.

‘Van’, como é vulgarmente conhecido, expõe desde 1977, e procura reavivar a história, para que ela não seja esquecida, fundindo nas suas obras a arte africana e angolana tradicional à arte moderna. Com mais de dezassete exposições em nome individual, dá ainda aulas de arquitectura na Universidade Agostinho Neto, em Luanda.

Founding member of the National Union of Angolan Visual Artists, Francisco Van-Dúnem was born in 1959, in Bengo, Angola. He received a M.A. in Art Education in 2003, from a collaboration between the University of Surrey Roehampton, in London, and the Polytechnic Institute of Viana do Castelo, in Portugal, where he graduated in Visual and Technological Education.

‘Van’, as he is usually known, has been exhibiting his artwork since 1977, and seeks to reinvigorate and preserve history.

In his artworks, he unites traditional African and Angolan arts with the modern ones. With more than 17 solo exhibitions, he is also an architecture lecturer, in Agostinho Neto University, in Luanda.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 19

CAPA

DON SEBAS CASSULE

Don Sebas tem somado alguns prémios como se destaca o último pelo Conselho Regional PACA (Provença, Alpes, Costa Azul), na cidade de Roubion, em França.

Ganhou também um prémio de mérito e dedicação, pela Associação Nacional de Mérito e Dedicação francesa, pelas suas obras cheias de elementos dos ritmos da terra. Participou nas duas primeiras edições da Trienal de Luanda e na 7ª e 8ª Bienal de arte contemporânea de Florença, em Itália. Com mais de sessenta exposições colectivas dentro e fora de Angola e mais de sete individuais, Don Sebas cria temas que remetem ao pensamento positivo, realçando sempre a africanidade através das figuras ou linhas que traça na tela.

Don Sebas Cassule é um artista plástico autodidata. Nasceu a 12 de Março de 1968, no Kwanza Norte. A sua profissão é técnico de Manutenção Aeronáutica. É membro da União dos Artistas Plásticos (UNAP) em Angola e da Associação Internacional de Artes Plásticas (l’Aigle de Nice), em França.

Don Sebas has received a series of awards including his latest from the PACA Regional Counsel (Provence-Alpes-Côte d’Azur) in the city of Roubion, France.

He also received an award of merit and dedication from the French National Association of Merit and Dedication for his work that is replete with elements of the Earth’s rhythms. He participated in the first two editions of the Luanda Triennial and the 7th and 8th Biennales of Contemporary Art in Florence, Italy.

With more than 60 group exhibitions within and outside of Angola and more than 7 individual shows, Don Sebas creates works that promote the power of positive thinking and that always emphasize the African identity in the figures or in the lines of his work. Don Sebas Cassule is self-taught. He was born on March 12th, 1968 in Kwanza Norte. He initially trained as an airplane mechanic. He is currently a member of the União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) in Angola and the International Association of Visual Artists (l’Aigle de Nice) in France.

20 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

MÚSICA

VANESSA RAMINHOS

D.R.

SINKANE PODERIA SER SINÓNIMO DE MUITA COISA, MAS É, SOBRETUDO, SINÓNIMO DE FUSÃO. PELAS MÃOS DE AHMED GALLAB, SONORIDADES EURO PEIAS, AMERICANAS E SUDANESAS JUNTAM SE NO MESMO LUGAR E O RESULTADO NÃO PODERIA SER MELHOR.

SINKANE MIGHT BE SYNONYMOUS WITH MANY THINGS BUT MOST OF ALL HE’S SYNONYMOUS WITH FUSION. THE HANDS OF AHMED GALLAB GATHER UP THE SOUNDS OF EUROPE, THE AMERICAS AND THE SUDAN AND PUT THEM ALL TOGETHER. THE END RESULT COULDN’T BE BETTER.

“But that ain’t what gives me the heart of Kunta Kinte / I’m trying to get us ‘us free’ like Cinque”. Este verso faz parte de uma das primeiras músicas do rapper americano Kanye West, Never Let Me Down. Ahmed Gallab percebeu mal a última parte e acabou por surgir um nome “à prova de Google e com uma sonoridade porreira” para o projecto musical que viria a criar em 2008: Sinkane.

Após ter passado por várias bandas, como baterista, Ahmed resolveu que estava na altura de criar um projecto só seu, onde não era apenas mais um músico. “[A música] dá-me a liberdade de me expressar da forma que acho ser a melhor para mim.

Levou-me a todos os sítios do mundo e apresentou-me a algumas das melhores pessoas na Terra”.

Tal como Sócrates, Ahmed é um cidadão do mundo e a música singular dos Sinkane não pode ser compreendida sem olhar para o percurso do músico. Nasceu no Reino Unido e mudou-se para o Sudão, onde viveu até aos cinco anos, altura em que rumou até aos Estados Unidos. “Tive a oportunidade de experimentar muitas coisas diferentes nas minhas viagens. Também tornou o conceito de casa muito estranho para mim, mas ambas as coisas influenciam a minha forma de fazer música. Não sei como, mas sinto isso”. Dos sítios por onde passou, guarda “as culturas diferentes de sítio para sítio; as pessoas; a energia das cidades; os cheiros”.

O álbum de consagração dos Sinkane, Mars (2012), parecia algo vindo de outro mundo, onde o indie rock se juntava à pop sudanesa. “Estas sonoridades fazem parte do meu ADN criativo. Também é divertido misturar sons diferentes. É isso que me deixa entusiasmado e interessado [em fazer música]”. No ano passado, os Sinkane regressaram com Mean Love que, para Ahmed, é apenas uma “evolução das ideias de Mars, que neste álbum se realizam completamente”.

Um álbum que traduz na perfeição as influências musicais que polvilharam a sua infância: dos ritmos da África Oriental, passando pelo reggae e pela pop, com um toque de jazz. Sons que marcavam as viagens de domingo, no carro com a mãe, em mixtapes à antiga, gravadas directamente da rádio.

‘But that ain’t what gives me the heart of Kunta Kinte / I’m trying to get us ‘us free’ like Cinque’. This was one of the earliest lines from American rapper Kanye West, in Never Let Me Down. Ahmed Gallab misunderstood the last line and heard Sinkane.

There was nothing else on Google with that name but it had a great sound. That’s how Ahmed’s 2008 solo project came to be called Sinkane.

A er working his way through several bands as a drummer, Ahmed figured it was time to put together his own solo project where he could do more than just play rhythm. ‘[Music] frees me up to express what I think is the best part of myself. It takes me all over the world and also introduces me to some of the best people in the world’.

Just like Socrates, Ahmed is a citizen of the world and Sinkane’s unequalled music can’t be understood without retracing the musician’s footsteps. He was born in the U.K. and then moved to the Sudan where he lived until he was five, from where he then headed to the U.S. ‘I was able to experiment with lots of different things on my travels. It also made the concept of “home” strange to me. But both of these things have influenced my way of making music. I don’t know how but that’s what it feels like’. From everywhere he’s been, he remembers the ‘different cultures from place to place: the people, the energy of the cities, the smells’.

Sinkane’s acclaimed album Mars (2012), seemed to have come from another world where indie rock mixes with Sudanese pop. ‘The sounds make up part of my creative DNA. It’s also fun to mix different sounds. That’s what excites me and gets me interested [in making music]’. Sinkane came back last year with Mean Love, that Ahmed sees as just ‘the next step of the ideas in Mars and that are completely realised in this album’.

It’s an album that perfectly translates the musical influences that he’d heard sprinkled throughout his childhood: the rhythms of Central Africa, reggae and pop with a touch of jazz. These are the sounds that flowed out of the speakers of his mother’s car as they took their Sunday a ernoon drives. They came from old mixtapes recorded directly from the radio.

22 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

MUSIC

Q&A Com quem gostavas ainda de partilhar o palco?

Kanye West ou Jay-Z. Achas que as novas bandas africanas ajudam a que se olhe para África de uma forma diferente?

Talvez. Muita gente vê África como um só país, acham tudo homogéneo. Mas há muito mais do que isso, muitas culturas e estilos. É um continente muito dinâmico!

Achas que a música pode ser uma arma?

Porquê?

Acho que a música é terapia, é mágica. Consegue ajudar as pessoas a ultrapassar prob-

Who would you like to share a stage with?

Kanye West or Jay-Z. Do you think the new African bands are helping people see Africa in a new light?

Maybe. Many people see Africa as a single country. They think it’s all the same. But there’s much more than that, so many cultures and very many styles. It’s a really dynamic continent!

Do you think music can be a weapon? Why? I think that music is therapy. It’s magic. It can help people overcome problems like nothing else can.

LIVROS

OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE EYE FOR AN EYE, TOOTH FOR A TOOTH O NOVO LIVRO DO FOTÓGRAFO BRUCE GILDEN ESTÁ CHEIO DE CICATRIZES, MANCHAS, BORBULHAS E DEFEITOS. FACE É UMA GALERIA DE RETRATOS, COM FLASH E CLOSE UP, ONDE O GROTESCO NÃO SE ESCONDE .

THE LATEST BOOK FROM PHOTOGRAPHER BRUCE GILDEN IS FULL OF SCARS, BLEMISHES, SPOTS, AND DEFORMITIES. FACE IS A PORTRAIT GALLERY, WITH A FLASH AND CLOSE UP WHERE THE GROTESQUE’IS NOT HIDDEN.

CATARINA HOMEM MARQUES

Ser apanhado desprevenido por uma fotografia é um trauma que afecta muita gente. O resultado é imprevisível e a máquina fotográfica transforma-se numa espécie de arma de ataque perante expressões indefesas. Agora imagine essa sensação levada ao extremo com a ajuda de um flash brilhante, de um close up regulado para o máximo, de caras muito mais grotescas do que o habitual, e só aí estará perto de perceber a natureza de Face, o mais recente livro do fotógrafo norte-americano Bruce Gilden.

Nas páginas do livro, que é na verdade uma galeria de rostos, nenhuma imperfeição foi sujeita a Photoshop.

Pelo contrário – negando todas as ideias prévias que se tem dos fotógrafos que se dedicam à arte do retrato, é na bizarria de cada defeito facial que está o foco.

As cicatrizes, os dentes podres, as manchas na pele, as borbulhas, os lábios deformados por cirurgias e as rugas mais acentuadas saltam de página para página na 24 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

sua máxima potência, como quem assiste a um freak show medieval ou a um filme exagerado de Tim Burton.

“Gosto de personagens. Sempre gostei. Quando tinha cinco anos, só gostava do wrestler mais feio de todos, por isso foi fácil para mim perceber o que queria fotografar”, confessou numa entrevista. No caso de Face, considerado por alguns críticos um gesto político contra as convenções e por outros uma ridicularização abusiva dos defeitos alheios, Bruce Gilden até teve autorização de todos os fotografados. Mas nem sempre a sua busca artística tem permitido esse tipo de formalidade legal.

Conhecido como “fotógrafo de rua”, o estilo que o tornou famoso passa mais por andar pelas ruas de Nova Iorque com a máquina e o flash a postos para surpreender sem qualquer aviso os anónimos que estão a passar. Há até vídeos no YouTube que o mostram em acção. “O meu estilo evoluiu porque sempre gostei de andar no meio das pessoas comuns”, explica. É assim que Bruce Gil-

den dá novo sentido à expressão inglesa “in your face”, que se refere a uma espécie de apresentação confrontacional de factores, e foi por isso que trocou a licenciatura em Sociologia por aulas nocturnas de fotografia. As duas coisas acabam por se fundir num trabalho artístico que vive do fascínio por quem passa por nós no dia-a-dia e de uma ideologia da espontaneidade.

Num dos seus livros mais famosos, Coney Island, Gilden apresentava fotografias algo excêntricas das pessoas que frequentam o resort turístico do título.

Já havia a tendência para destacar a bizarria, mas o contexto era familiar ao espectador. Em Face, o contraste vai além disso: pode-se tentar imaginar estes rostos em comparação com aqueles que aparecem todos os dias no Facebook e concluir que nesta galeria está presente tudo aquilo que toda a sociedade prefere afastar e ver afastado do domínio estético imposto nas redes sociais.

BOOKS

Being caught unprepared for a photograph is a hassle that o en affects many people. The result is unpredictable. The camera turns into a sort of weapon of attack when faced with undefended expressions. Now imagine this sensation taken to the utmost degree with the help of a bright flash, and the maximum possible close up, focusing on faces that are more grotesque than the average. Only then will you understand the nature of Face, the latest book

by American photographer Bruce Gilden.

On the pages of the book, which is, in fact, a gallery of faces, not a single imperfection has been photo-shopped. On the contrary – the focus is on the bizarre nature of every single imaginable facial defect, in an absolute about turn, relative to the ideas of all previous portrait photographers. Scars, rotten teeth, blemished skin, spots, lips deformed by surgery, and the deepest imaginable wrinkles, all of them jump

off the page at the viewer as if you were attending a medieval freak show or a parody of a Tim Burton film.

“I like characters. I always have. When I was five, I liked the ugliest wrestler, so it was easy for me to pick what I wanted to photograph”, he said in a previous interview. Face is said to be a political statement against convention. Others see it as the demeaning display of other people’s defects. Gilden, however, had the permission of all of his subjects. But the pursuit of his artistic vision has not always permitted such legal niceties. He is known as a ‘street photographer’. This style that made him famous entails walking through the streets of New York with a camera and flash ready to surprise complete strangers without warning. There are even YouTube videos showing him in action. “My style evolved because I liked being among the common man,” he explained.

Bruce Gilden has given a new meaning to the ex-

pression ‘in your face’ that refers to a confrontational presentation of factors. That is why he traded in a degree in Sociology for a night course in photography. The two interests eventually melded together in an artistic oeuvre that lives off of the fascination we have with those who we pass by every day and the ideology of the spontaneous.

In one of his most famous volumes, Coney Island, Gilden displayed photos that were somewhat eccentric representations of the tourists that went to the resort of the same name. He was already emphasising the bizarre but the setting was more familiar. That’s where the contrast comes in in Face. You can try to compare these faces with those that show up every day on Facebook and come to the conclusion that this book contains everything that our society would prefer to hide away, to keep concealed from the aesthetic regime of the social media.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 25

GADGET

Telas de levar no bolso POCKET CANVASES CATARINA HOMEM MARQUES

OS LIVROS DE COLORIR PARA ADULTOS SÃO A GRANDE MODA DE 2015 E JÁ ESTÃO À DISTÂNCIA DE UM DOWN LOAD. COM AS APLICAÇÕES NINGUÉM CORRE O RISCO DE PINTAR FORA DA LINHA. Muitos anos de livros de auto-ajuda e teorias terapêuticas depois, a indústria da luta contra o stress virou-se para o básico: a sensação relaxante de estar diante de um desenho e ter apenas de concentrar todos os neurónios na tarefa de lhe dar cor. Foi assim que começou a moda dos livros de colorir para adultos, que arrancou com o lançamento pelo mundo todo de Terapia Criativa: Livro de Colorir Anti-Stress, se desmultiplicou em dezenas de réplicas e que agora, como não podia deixar de ser, já está à distância de uma aplicação no smartphone ou no tablet.

Pode parecer estranho que em 2015, em plena era das redes sociais e das evoluções tecnológicas semanais, haja adultos a comprar livros para colorir, a espalhar canetas de feltro pela mesa e a dedicar uma hora do seu dia a preencher os contornos de um padrão de borboletas ou de um navio em alto mar. Mas está mesmo a acontecer – a cadeia de livrarias inglesa Waterstones declarou um aumento de 300% na venda de livros de colorir em relação ao ano anterior e nos EUA houve um aumento de 9% na venda de não-ficção só por causa desta tendência.

Os especialistas afirmam que resulta mesmo. Ficar um bocado a pintar depois de um longo dia de trabalho é uma boa forma de acalmar e repor os níveis de stress. E, se é assim, o mercado das aplicações já começou a fazer o seu trabalho para responder ao interesse desta nova vaga de pintores caseiros. Basta ir à loja de aplicações de um smartphone e procurar por nomes como Colorfly, Flower Mandalas ou 1000 Dot-to-Dot. Há muitas opções. Ou então ir directamente ao campeão de downloads da modalidade, o Recolor.

De forma gratuita, esta aplicação permite que tenha acesso a cerca de 200 desenhos diferentes para ilustrar. E nem tem de investir em canetas ou lápis. Na versão tecnológica dos livros, basta seleccionar a cor entre a palete permitida e depois carregar no espaço do desenho que quer converter para essa tonalidade. É de cor em cor e de toque em toque que se preenche a ilustração completa antes de avançar para a seguinte. Se quiser ir mais longe e investir, pode comprar packs adicionais de desenhos temáticos, que vão desde caveiras mexicanas a galerias de insectos.

Claro que os mais puristas desta técnica de descontração física e mental dirão que a versão tecnológica não pode ter resultados tão marcantes – afinal, é diferente ter de riscar um quadrado inteiro com a caneta para ele ficar vermelho ou simplesmente tocar com o dedo no sítio certo do touchscreen. Por outro lado, desta maneira pode ter a certeza que nunca vai pintar fora das linhas e ficar mal visto perante a destreza das crianças na antiga arte de colorir livros.

26 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

GADGET

ADULT COLOURING BOOKS ARE ALL THE RAGE IN 2015 AND NOW THEY’RE JUST A DOWNLOAD AWAY. WITH THESE APPS NO ONE NEEDS TO FEAR PAINTING OUTSIDE THE LINES. Years of self-help books and therapeutic theories later, the anti-stress industry has gone back to basics – the relaxing sensation of sitting in front of a drawing and only having to concentrate your neurones on giving it some colour. That is how the adult colouring books began. They started off with the worldwide release of Creative Therapy: An Anti-stress Colouring Book, which was then subject to dozens of replicas. Now, inevitably, it’s been surpassed by an app for your smartphone or tablet.

It may seem strange that in 2015, in the age of social networks and weekly technological innovation, that there are adults buying colouring books, spreading out their felt-tipped pens and spending an hour of their day filling in the borders of a print with butterflies or a ship on the open sea. But that’s what’s happening – the English book chain Waterstones announced a 300% sales increase for colouring books versus the previous year and the U.S. witnessed a rise in non-fiction sales of 9% solely as the result of this trend.

Specialists argue that it really helps. Sitting and colouring a er a long day’s work is a good way to calm down and reduce your stress levels. And, if that’s how it is, the market for apps has just now started to react to this new fad of homemade painters. Just go to your smartphone app shop and punch in names like Colorfly, Flower Mandalas or 1000 Dot-to-Dot. There are loads of options. Or go directly to the download champion of the activity, Recolor.

This app will bring you about 200 free images for colouring. And you don’t even need to invest in pens or pencils. With the technological version of these books, all you have to do is to pick out a colour from the palette and then drop it in the space you want to colour.

Colour by colour and touch by touch you can fill in the entire illustration before going on to the next one. If you want to go even further, you can buy additional packs of thematic images that range from Mexican skulls to insect galleries.

Of course, the purists will say that the technological version of this technique for mental and physical relaxation won’t ever achieve the same results – a er all, it’s different having to fill in an entire square with a pen rather than making it red with a mere touch on your screen.

On the other hand, this way you can be sure that you won’t ever colour outside the lines and be embarrassed by the superior skills of little kids at the ancient art of colouring books.

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CINEMA

É UMA DANÇA PARA OS APAIXONADOS E QUE APAIXONA. O TANGO APARECE EM BUE NOS AIRES, NA ARGENTINA, E EM MONTEVI DEU, NO URUGUAI, NO FINAL DO SÉCULO XIX. ATRAVESSOU O ATLÂNTICO E ENTRANHOU SE NAS PISTAS DE DANÇA E NOS CORPOS DOS EUROPEUS. EM TANGO NEGRO, O REA LIZADOR ANGOLANO DOM PEDRO RECUA NA HISTÓRIA PARA ENCONTRAR AS RAÍZES NE GRAS DESTA DANÇA. VANESSA RAMINHOS

TANGO MADE IN AFRICA

IT’S A DANCE FOR THOSE IN LOVE AND A DANCE TO FALL IN LOVE WITH. THE TANGO APPEARED IN BUENOS AIRES, ARGENTINA, AND IN MONTEVIDEO, URUGUAY, IN THE LATE 19TH CENTURY. IT CROSSED THE ATLANTIC AND ENTRENCHED ITSELF IN EUROPEAN HEARTS AND BALLROOMS. IN TANGO NEGRO, ANGOLAN DIRECTOR DOM PEDRO SEARCHES BACK THROUGH THE PAST FOR THE BLACK ROOTS OF THIS DANCE.

28 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

“Tentei evocar o facto de na música branca do continente americano continuar a haver um pouco de africanidade nas suas raízes”, afirma o pianista argentino Juan Carlos Cacérès, um dos pioneiros na busca das raízes negras do tango, no início do documentário.

Lançado em 2013, Tango Negro – As Raízes Africanas do Tango procura encontrar as raízes daquela que é considerada a dança mais argentina de sempre.

Dom Pedro recuou, ao lado de Juan Carlos Cacérès e de Don Fadel, até à vaga de escravos africanos que foram levados para a América do Sul – estima-se que foram levados cerca de 12 milhões de escravos para a América Latina.

Apesar de hoje não existirem praticamente negros na Argentina, a sua herança ficou e as tradições do Candombe evoluíram pelas gerações e deram origem ao tango. ‘No Congo, tango é o sol; tango é o tempo; tango é também o tempo e o espaço’, refere Don Fadel, ao explicar

a origem da palavra congolesa que baptizou a dança, “ntango”. Uma dança que não era mais do que um reflexo das práticas sociais dos escravos, tal como era retratado em várias pinturas da época, em que as pessoas dançavam unindo os umbigos, à semelhança de outras danças africanas, como a kizomba.

De acordo com o jornalista Jorge Forbes, o tango milango, associada às tradições africanas, sobretudo congolesas, não era bem visto na Argentina mas, tal como os negros do Congo que chegavam à América em navios negreiros, viajou até à Europa. Em França, os parisienses morriam de amores pelo tango e a dança ressurge na Argentina, com o selo de qualidade europeu e origem latina.

Numa viagem que liga Buenos Aires a Montevideu, e que acompanha músicos e dançarinos de tango pela América Latina, Dom Pedro mostra-nos que a cultura africana está em todo o lado no mundo. Especialmente, onde há tambores.

Dom Pedro é um realizador angolano. Formou-se em Paris, em 1980, em Cinema e, desde então, tem vindo a trabalhar sobretudo em documentário. O filme Tango Negro – As raízes africanas do Tango estreou em 2013, na sede da UNESCO, em Paris, depois de a dança ter sido considerada Património Imaterial da Humanidade.

‘I tried to evoke the fact that almost every genre of white music on the American continent contains vestiges of African culture at its roots’, explained Argentine pianist Juan Carlos Cacérès, one of the pioneers in the search for the African roots of tango, at the beginning of the documentary.

Tango Negro – The African Roots of the Tango, 2013, seeks out the beginnings of the dance that is thought to be the epitome of Argentinian dance culture.

Dom Pedro, together with Juan Carlos Cacérès and Don Fadel, go back to the waves of African slaves who were carried to South America. It is estimated that 12 million slaves were brought to Latin America.

Although there are hardly any black people in Argentina today, their heritage has remained and the Candombe traditions have evolved over the generations and given birth to the Tango.

‘In the Congo, tango is the sun; tango is time and it’s space,’ Don Fadel tells us as he explains the origin of the Congole-

se words “ntango” that named the dance. It’s a dance that was no more than a reflection of the behaviour of the slaves as has been portrayed in several paintings from the period, in which people would dance with their navels pressed together, just as happens with other African dances such as Kizomba.

According to journalist Jorge Forbes, the milango tango, with its African, particularly Congolese, associations, was not originally highly regarded in Argentina.

However, just as the Congo people had travelled to arrive in the Americas aboard slave ships, so did the dance travel, in this case, to Europe. In France, Parisians fell in love with the Tango and the dance experienced a resurgence of popularity in Argentina due to the stamp of European approval and Latin origin.

On a trip that links Buenos Aires to Montevideo and that accompanies musicians and Tango dancers through Latin America, Dom Pedro shows us that African culture has been spread all over the world, anywhere where there are drums.

CINEMA

Dom Pedro is an Angolan film director. He graduated from film school in Paris in 1980 and since then he has been working, mostly, on documentaries. Black Tango The African Roots of the Tango, was released in 2013, and it premiered at the UNESCO Paris headquarters after the dance was named an example of Intangible Cultural Heritage by UNESCO.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 29

SHOPPING DECO

ARTE UTILITÁRIA

O QUE PODE SER MELHOR DO QUE O ÚTIL? O BELO. E MELHOR DO QUE BELO E ÚTIL? SE NA MES MA PEÇA CONVIVEREM AMBOS. É VERDADE QUE O QUADRO OU A ESCULTURA MELHORAM SEMPRE A DECO, MAS EXPERIMENTE ACENDER UM OU POISAR O COPO NA OUTRA. COM ESTES OBJECTOS PODE, SÃO ARTE PARA USAR, ABUSAR E POR VEZES ATÉ SENTAR, SE LHE APETECER. E TÊM O MESMO, OU MAIS, IMPACTO QUE A ARTE SÓ PARA VER.

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JO ÃO GALVÃO - S HOPPINGVIS A DRON. BL O GS PO T. CO M 1. Sideboard Dreams, por Cristian Zuzunaga, placa de fibra DM, em bdbarcelona.com. | Dreams sideboard, by Cristian Zuzunaga, DM fibreboard, at bdbarcelona.com.

2. Centro de mesa Venaria, da colecção 100 Piazze por Fabio Novembre, cobre prateado, em driade.com. | Venaria Reale centrepiece, from the 100 Piazze collection by Fabio Novembre, silver-plated brass, at driade.com.

3. Quadro/poltrona Canvas, por Yoy, madeira, alumínio e tecido elástico impresso, em innermost.net. | Canvas painting/chair, by Yoy, wood, aluminium and elastic fabric, at innermost.net.

4. Lustre Composição 6, por Michael Anastassiades, móbil, latão patinado e vidro opalino, em michaelanastassiades.com. | Mobile Chandelier 6, by Michael Anastassiades, patinated brass and opaline glass spheres, at michaelanastassiades.com.

5. Vaso Vas-ô, por Eugeni Quitllet, acrílico, em kartell.com. | Vaso Vas-ô, by Eugeni Quitllet, acrylic, at kartell.com.

6. Mesa de centro Silver Crush Table, por Patrik Fredrikson & Ian Stallard, folha de alumínio polida a água, enclausurada em caixa de vidro, em fredriksonstallard.com. | Silver Crush Table, by Patrik Fredrikson & Ian Stallard, water polished aluminium sheet is enclosed in a glass box, at fredriksonstallard.com.

7. Cadeiral Banc Illusion, cores de assento e espaldar formando tromp l’oeil, em 2222editiondesign.fr. | Banc Illusion chair, the colours of the seat and the backrests form a tromp l’oeil, at 2222editiondesign.fr.

8. Prato raso Undercover Antique, porcelana fina em 3 tamanhos, em mineheart.com | Undercover Antique plate, fine bone china in 3 sizes, at mineheart.com 9. Sideboard Elizabeth’s Cabinet, mdf lacado satinado com figura impressa, em mineheart.com. | Elizabeth’s Cabinet, satin black finish MDF with printed figure, at mineheart.com.

10. Poltrona Alice, por Jacopo Foggini, placa inteira de policarbonato iluminada interiormente, em edra.com. | Alice armchair, by Jacopo Foggini, monocoque polycarbonate frame illuminated from within, at edra.com.

11. Lustre Fungo, pelos irmãos Campana, madeira e vidro soprado, em lasvit.com. | Fungo lamp, by the Campana brothers, wood and blown glass, at lasvit.com.

12. Candeeiro de tecto Surf Tension, por Front Design em colaboração com Loligo, um lume de luz LED ‘sopra’ constantemente uma bolha de sabão, que após rebentar vê nascer na boca do lume uma nova bolha, em frontdesign.se. | Surf Tension pendant lamp, by Front Design in collaboration with Loligo, a LED bulb continually blows a soap bubble that bursts to be then followed by the appearance of a new bubble, at frontdesign.se.

13. Vaso Blow Away, por Front Design, porcelana de Delft, em moooi.com. | Blow Away vase, by Front Design, Delft porcelain, at moooi.com.

14. Poltrona Bergere High, por Patrik Fredrikson & Ian Stallard, aço inox e borracha, em fredriksonstallard.com | Bergere High Armchair, by Patrik Fredrikson & Ian Stallard, steel and rubber at fredriksonstallard.com.

15. Papel de parede Venus, sobre pintura de Boucher e Tiepolo, em pierrefrey.com. | Venus wallpaper, adapted from works by Boucher and Tiepolo, at pierrefrey.com.

16. Candeeiro de mesa Curiosity Object, por Gaëlle Gabillet e Stéphane Villard, vidro artesanal e freixo tinto preto, em ggsv.fr. | Curiosity Object table lamp, by Gaëlle Gabillet and Stéphane Villard, hand blown glass and blackened oak, at ggsv.fr.

17. Jarros Dudu, por Matteo Cibic, vidro soprado e relevado, em paolac.com. | Dudu carafe, by Matteo Cibic, handblown, ribbed glass, at aolac.com.

18. Tapete The Lovers, por Patrik Fredrikson & Ian Stallard, uretano, cada mancha é composta pela massa de sangue de um corpo humano, em fredriksonstallard.com. | The Lovers rug, by Patrik Fredrikson & Ian Stallard, urethane, each puddle is composed of the quantity of blood found in one human body, at fredriksonstallard.com.

19. Centro de mesa Palmanova, da colecção 100 Piazze por Fabio Novembre, cobre prateado, em driade.com. | Palmanova centrepiece, from the 100 Piazze collection

by Fabio Novembre, silver-plated brass, at driade.com.

20. Aparador Ercole e Afrodite, por DriadeLab, base em multiestrato de madeira reforçado com tubo metálico, frente em poliuretano de alta densidade branco ou preto, em driade.com. | Ercole e Afrodite sideboard, by DriadeLab, on a wooden base reinforced with an interior of tubular steel, the front is in white or black high-density polyurethane, at driade.com.

21. Candeeiro Chroma, por Arturo Erbsman, componível por diferentes placas em várias posições possíveis, em arturoerbsman.com | Chroma light fixture, by Arturo Erbsman, different coloured screens that can be mounted in a series of possible positions, at arturoerbsman.com 22. Aparador alto ood Vibrations, por Ferrucio Laviani, talha manual de madeira, em fratelliboffi.it. | Good Vibrations cabinet, by Ferrucio Laviani, carved from oak by a CNC machine, at fratelliboffi.it.

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USEFUL

ART

WHAT’S BETTER THAN FUNCTIONAL THINGS? BEAUTIFUL ONES. AND BETTER THAN BEAUTIFUL AND FUNCTIONAL? WHAT IF SOMEHOW THE TWO QUALITIES CONVERGED INTO ONE PIECE? THE TRUTH IS THAT A PICTURE OR A SCULP TURE WILL ALWAYS IMPROVE YOUR DECOR BUT TRY LIGHT ING ONE OR RESTING YOUR CUP UPON IT! THE PIECES WE’RE LOOKING AT THIS TIME AROUND ARE ONES THAT YOU CAN DO EXACTLY THIS WITH. THEY ARE ART TO BE USED, EVEN ABUSED. YOU CAN EVEN SIT ON THEM IF YOU FEEL LIKE IT. AND THEY POSSESS, AT THE SAME TIME, OR ALMOST THE SAME TIME, THE AESTHETIC IMPACT THAT ONLY ART IT SELF OFFERS.

1. Mesa de apoio Illusion, por John Bauer, acrílico claro, colorido ou foscado, em essey.com. | Illusion side table, by John Bauer, clear, coloured or frosted acrylic, at essey.com.

2. Candeeiro Aria, por Zaha Hadid, lâminas de cristalflex®, em slamp.com. | Aria suspension lamp, by Zaha Hadid, layers of cristalflex®, at slamp.com.

3. Tapete Pastoral, em colaboração com Chad Wys, tecido espesso com buracos, impresso e com avesso de borracha, em mineheart.com. | Pastoral rug, in collaboration with Chad Wys, rubber backed, thick fabric is printed then stretched and cut, at mineheart.com.

4. Aparador Diamond Emerald, madeira envernizada a alto brilho, em bocadolobo. com. | Diamond Emerald sideboard, highly varnished wood, at bocadolobo.com.

5. Mesa de apoio Balancing Boxes, por Front Design, metal lacado, em porro.com. | Balancing Boxes side table, by Front Design, lacquered metal, at porro.com.

6. Mesa Megalith, tampo em vidro técnico e estrutura em aço pintado ou polido, em duffylondon.com. | Megalith table, toughened glass with either polished or painted steel frame, at duffylondon.com.

7. Mesa Baghdad, por Ezri Tarazi, elementos em alumínio soldados manualmente, em edra.com. | Baghdad table, by Ezri Tarazi, hand-soldered aluminium pieces, at edra. com.

8. Jarra Kaleidos Vase, por Giorgia Zanalleto, para uma só flor, a superfície facetada da rolha multiplica-a, em tuttobene.nl. | Kaleidos Vase, by Giorgia Zanalleto, for just one flower, the faceted mirrored surface multiplies the image, at tuttobene.nl.

9. Sofá Matrizia, por Ron Arad, produzido como um colchão de cama tradicional, em moroso.it. | Matrizia sofa, by Ron Arad, made from a traditional bed mattress, at moroso.it.

10. Mesa de apoio Pig Table, por Front Design, porco em poliéster e bandeja em ABS, na moooi.com | Pig Table, by Front Design, pig in fibreglass and tray in ABS, at moooi. com 11. Poltrona Alligator Chair in Leather, dos irmãos Campana, estrutura metálica revestida a animais de couro, em campanas.com.br. | Leather Alligator Chair, by the Campana brothers, metal frame lined with animal leather, at campanas.com.br.

12. Sofá Versailles, estrutura de madeira e painéis exteriores em resina esculpida, acabada a pintura faux finish de pedra, estofo em veludo, em bocadolobo.com. | Versailles sofa, wooden frame with exterior panels in sculpted resin, with a faux stone finish, upholstered in velvet, at bocadolobo.com.

13. Candeeiro de mesa YOYLight, fuste com recorte de abatjour no casquilho que quando aceso o projecta à parede, em yoy-idea.jp. | YOYLight table light, a cut out on the pole projects the image of a lampshade onto the wall, at yoy-idea.jp.

14. Cadeira Him/Her, por Fabio Novembre, polietileno moldado por rotação, em casamania.it. | Him/Her chair, by Fabio Novembre, in rotationally moulded polyethylene, at casamania.it.

15. Tapete e mesa da colecção Shade, por Front Design, trabalhados como se fossem desenhos, em frontdesign.se. | Shade table and rug, by Front Design, decorated as if they had been hand drawn, at frontdesign.se.

16. Mesa de centro Isom Oblong, vidros vários, coloridos e/ou claros ou foscos, por Neo/Craft, em tuttobene.nl | Isom Oblong table, composed of clear or frosted coloured glass panels, by Neo/Craft, at tuttobene.nl.

17. Mesa de apoio Monkey, por Jaime Hayon, cimento, possível para outdoor, em bdbarcelona.com | Monkey side table, by Jaime Hayon, concrete, indoor or outdoor, at bdbarcelona.com 18. Poltrona Charles Chair Composition 14, por Marcel Wanders, estrutura metálica envernizada epoxy, tecidos vários, em moooi.com. | Charles Chair Composition 14, by Marcel Wanders, metal structure with epoxy varnish, with a selection of upholstery fabrics, at moooi.com.

19. Poltrona Veryround, por Louise Campbell, aço espessura 2mm cortado a laser, em zanotta.it. | Veryround seat, by Louise Campbell, 2mm thick laser-cut steel, at zanotta.it.

20. Sofá Montanara, por Gaetano Pesce, espuma de poliuretano flexível em várias densidades, forrado com têxtil técnico estampado digitalmente, em meritalia.it. | Montanara sofa, by Gaetano Pesce, flexible polyurethane with different densities of padding, upholstered with digitally printed fabric, at meritalia.it.

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GALERISTAS

4 P E R G U N TA S A 4 G A L E R I S TA S Cortesia V1 Gallery

4 QUESTIONS TO 4 GALLERY OWNERS

O MERCADO ARTÍSTICO, TAL COMO OS MERCA DOS DE PRODUTOS ES SENCAIS, É O ÚLTIMO REDUTO DA ALTA FINAN ÇA. MAS, PARA ALÉM DOS CIFRÕES, ONDE FICAM A PAIXÃO E A EMOÇÃO, AS MASSAS CONSTITUINTES E ASSUMIDAS DA ARTE? FALÁMOS COM QUATRO GALERISTAS INTERNA CIONAIS E DESMISTIFI CAMOS EM QUATRO PER GUNTAS O QUE VAI NAS SUAS CABEÇAS. E, JÁ AGO RA, O QUE TÊM PENDURA DO NAS SUAS PAREDES.

JO ÃO GALVÃO SH O PPI N G VI S AD R O N .

BL O G S PO T. C O M

THE ART MARKET, JUST LIKE THOSE OF ESSEN TIAL PRODUCTS, IS THE LAST STRONGHOLD OF HIGH FINANCE. BUT BE HIND THE PRICE TAGS, WHERE DO THE PASSION AND THE EMOTION COME IN? AFTER ALL, AREN’T THESE THE BUILDING BLOCKS OF ARTWORK? WE SPOKE TO FOUR IN TERNATIONAL GALLERY OWNERS, AND WE ASKED THEM FOUR QUESTIONS, TO DEMYSTIFY THEM. AND, BY THE WAY, WHAT THEY HAVE HANGING ON THE WALLS.

JESPER ELG V1 GALLERY Flaesketorvet 69, Koebdyen 1711 Copenhagen V Denmark www.v1gallery.com Quais os critérios para se expor na sua galeria? 9 Fazer arte interessante e original, que faça as pessoas pensar e sentir.

What are the criteria to be shown at your space? 9 Make interesting and original art that make people think and feel.

Num mundo em dificuldades, pode a Arte ser catártica? 9 A arte oferece sempre um ponto de vista diferente sobre um mundo em tensão. Ao contrário das notícias, ou da política, a Arte faz-nos ver os problemas e assuntos com uma perspectiva diferente. A Arte pode também fazer-nos pensar de forma diferente e muda hábitos cognitivos que estamos habituados a usar; para mim, este é o maior potencial da arte. Não creio que a arte seja necessariamente catártica. Penso que o seu papel mais interessante é possibilitar compromissos. Precisamos de compromissos no mundo.

In a world in distress, can Art be cathartic? 9 Art offers a different viewpoint on a world in distress. Unlike the news or politics, art can make you contemplate and engage problems or issues from a different perspective. Art can also make you think differently, change your cognitive habits, I think this is the art’s greatest potential. I don’t think Art necessarily should be cathartic, I think it’s more interesting if it facilitates engagement. We need engagement in our world.

Num futuro breve, para onde vê a Arte dirigir-se? 9 Espero que para todo o lado. Penso que Arte influenciará várias esferas. Muitas pessoas encaram a Arte como um luxo, um extra, um privilégio – eu penso que é uma necessidade, mas sinto-me um privilegiado por trabalhar com ela.

Que peças de Arte tem em casa? 9 Tenho tido a sorte de trabalhar com arte e artistas desde há quase 13 anos, por isso tenho muitas! Gosto muito de me rodear de arte e de construir relações com as peças. Por vezes estas relações não se vêem, mas ocupam todo o espaço. Como velhos amigos.

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In a near future, where do you see Art going? 9 Hopefully everywhere.

I think we will see Art influence many spheres. Many people see art as a luxury, an extra, a privilege - I see it as a necessity but feel privileged working with it.

What Art Pieces do you have at home? 9 I have been fortunate to work with art and artists for almost 13 years, so I have quite a lot. I love having art around me and building relationships with the works, sometimes you don’t see them, and sometimes they occupy everything. Like old friends.

Cortesia Jonathan LeVine Gallery

GALLERISTS

JONATHAN LEVINE JONATHAN LEVINE GALLERY 529 W. 20th Street, 9E / 557C W. 23rd Street NY 10011 www.jonathanlevinegallery.com Quais os critérios para se expor na sua galeria? 9 Tem que haver uma ligação profunda, a nível visceral, entre mim e a obra. A maioria do trabalho que mostro é influenciado por culturas sub-pop, muitas vezes figurativo, com traços de humor e sempre bem trabalhado.

Porque somos uma galeria que representa na sua maior parte artistas a meio da sua carreira, trabalho com gente que tem já no seu percurso trabalho exposto e que eu conheço, antes de os expor na minha galeria.

Num mundo em dificuldades, pode a Arte ser catártica? 9 Existem artistas cujo trabalho é motivado por razões sociais e políticas, e que podem atrair as atenções para alguns assuntos de forma única, promovendo uma postura de mudança. A instalação Dismaland de Banksy, no South West, é disto bom exemplo: os diferentes artistas na mostra acabam por tocar em importantes matérias sociais e políticas. Imensas pessoas, que normalmente não atenderiam à arte, têm visitado esta instalação e sido expostas a estas ideias numa nova perspectiva. Apesar de por si a Arte não poder resolver este tipo de problemas, pode certamente condicionar caminhos em melhores direcções.

Num futuro breve, para onde vê a Arte dirigir-se? 9 Acredito que o mercado continuará em expansão e que cada vez mais pessoas serão cativadas e conscientes da produção artística devido à exposição massiva que a internet oferece. Tornou-se uma espécie de novo rock and roll, e é agora um novo tipo de entretenimento para o público em geral. Cada vez mais marcas colaboram com os artistas a vários níveis, e assim as artes visuais tornam-se mais acessíveis como um todo. Como isto se desenvolverá no futuro ninguém sabe.

Que peças de Arte tem em casa? 9 Algumas das peças que tenho são de Shepard Fairey, Mark Ryden, Camille Rose Garcia, Ron English, Shag, Faile, Jeff Soto, Doze Green, Kevin Cyr, Alex Gross, Phil Frost e Jim Houser.

What are the criteria to be shown at your space? 9 I have to be able to connect with the work in a visceral way. Most of the work I show is influenced by pop sub cultures. O en the work is figurative, humor based and well cra ed. Because we are a gallery that represents mostly mid career artists, I typically work with artist who already have a track record of exhibiting before I work with them.

In a world in distress, can Art be cathartic? 9 Certain artists whose work is socially and politically motivated can bring attention to issues in unique ways that can help to promote and foster change. Banksy’s Dismaland installation in South West England is a good example of this. The many different artists in the exhibit touch on important social and political issues. Many people who wouldn’t necessarily be looking at art are visiting this installation and being exposed to these ideas in a new way. While art may not be able to solve problems it can certainly help to push things in a better direction.

In a near future, where do you see Art going? 9 I believe the market will continue to expand and more people will be engaged and aware of the visual arts because of massive exposure on the Internet. It has become the sort of new rock and roll where it is a new form of entertainment for the general public. More brands are collaborating with artists on multiple levels and the visual arts will become more assessable as a whole. How this all develops from here on out is anyone’s guess.

What Art Pieces do you have at home? 9 Some pieces I have at home are Shepard Fairey, Mark Ryden, Camille Rose Garcia, Ron English, Shag, Faile, Jeff Soto, Doze Green, Kevin Cyr, Alex Gross, Phil Frost and Jim Houser.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 35

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

LOVE STYLE

Rebecca Fanuelle e Cortesia Praz-Delavallade

GALERISTAS

BRUNO DELAVALLADE PRAZ DELAVALLADE 5, Rue dês Haudriettes, F-75003 Paris, França 11 Boulevard de Waterloo, 1000 Bruxelas, Bélgica www.praz-delavallade.com Quais os critérios para se expor na sua galeria? 9 Desde a abertura em 1996, a Praz-Delavallade traz para a Europa especialmente artistas residentes em Los Angeles.

Ao longo dos anos a galeria tem ganho o epíteto de melhor representante em Paris da cena artística de Los Angeles.

What are the criteria for selecting artwork for your gallery? 9 Since our opening in Praz-Delavallade we’ve been bringing primarily Los Angeles resident artists to Europe. Over the years our gallery has become known as the best Paris representative of the LA art scene.

Num mundo em dificuldades, pode a Arte ser catártica? 9 A Arte pode na verdade desempenhar um papel importante na percepção por parte do público do que ocorre pelo mundo.

A Arte pode ser um meio catártico para chamar a atenção sobre o quotidiano. Alerta-nos sobre a iniquidade, a violência, o ódio, o racismo, a homofobia, de como é nosso dever combater estes males. O trabalho do artista inserido na sociedade é essencial, trazendo consigo uma mensagem realista, ou poética, como um apito de aviso sobre o conhecimento das coisas na sua própria esfera. Um artista é esta espécie de vigilante, sem obrigações para com o mundo real.

In a world in distress, can Art be cathartic?9 Art indeed can play a major role to enable people to be aware what’s going on around them.

Art can be some kind of a cathartic medium to draw attention on what our daily world is made of, in order to be well informed that inequity, violence, hate, racism, homophobia, do exist and that it is part of our duty to combat all these prejudices.

The work of the artist to be in society is essential, he helped deliver a realistic message, poetic, whistleblower what he saw in his own sphere. The artist embodies this vigilance, a major role lookout to unsubscribe in the world of reality.

Num futuro breve, para onde vê a Arte dirigir-se? 9 O mundo artístico fez nestes últimos 5 ou 6 anos tremendos avanços. Com a internet o mercado de arte mudou tão depressa... não digo demasiado depressa, mas acredito que devemos continuar a pensar a arte como uma coisa especial, subtil, frágil e emocional. Temos que preservar um certo meio caminho para contrabalançar o poder monetário no mundo da arte, para não perdermos a sua magia e influência social. É necessário evitar catalogar a arte apenas como um produto altamente cotado, destinado a reforçar heranças. A arte esteve desde sempre sob a alçada de coleccionadores abastados, mas não pode, nunca, ser possuída apenas por fãs poderosos.

Que peças de Arte tem em casa? 9 Como amante de arte contemporânea, tenho vindo a coleccionar há mais de 15 anos, e nas minhas paredes poderá encontrar obras tanto de artistas que represento como de outros com outros horizontes. Gosto muito de comprar obras a outros colegas meus, se os artistas emparelharem bem com a nossa estética. É sempre um maravilhoso deleite descobrir novos artistas.

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Where do you see art heading in the near future? 9 The art world made a tremendous step forward these past five/ six years. Through internet the art market has changed so fast, I’m not saying too fast, but I believe we should still take into account, that art is something special, subtle, fragile, emotional.

We must preserve a middle way to counterbalance the power of money in the world of art in order not to alienate its magic and social influence, avoiding looking at some works as only stock exchange quotations to reinforce heritage.

Art has always been under the influence of wealthy collectors but must never become the sole property of powerful fans.

What artwork do you have in your home? 9 As a contemporary art lover, I’ve been collecting art for over 15 years and you’ll find on my walls works of the artists I’m representing mixed with many other artists coming from various horizons. I love to buy works from my colleagues if the artists they represent can pair with our aesthetic.

It is always a wonderful treat to discover new artists.

LOVE STYLE

GALLERISTS

Quais os critérios para se expor na sua galeria? 9 O cerne programático da minha galeria tem sido sempre focado em enaltecer arte e artistas que reflectem a sociedade em que vivemos, bem como os avanços concretos no século XXI. A Arte exposta no meu espaço reflecte o meu gosto pessoal numa estética de pintura plana, cores saturadas geradas digitalmente e nos novos métodos de produção que passem pelas novas tecnologias. Penso que estes são a suma da actualidade. Em resumo, procuro apoiar a arte que melhor comunique a era corrente.

What are the criteria to be shown at your space? 9 The core of my gallery program has always been to highlight art and artists that reflect contemporary society and the physical advances of the twenty-first century. Art displayed in my space reflects a personal aesthetic interest in flat painting, computer-generated saturated color, and technologically innovative production methods, all of which I feel are summations of the modern day. Thus, I seek to support art which is communicative of the current era.

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

Costas Picadas, James Ewing, Cortesia de Sandra Gering Inc.)

LOVE ANGOLA

SANDRA GERING SANDRA GERING INC. 14 East 63rd Street New York, NY 10065 www.sandrageringinc.com

Num mundo em dificuldades, pode a Arte ser catártica? 9 Para mim, a Arte como experiência catártica é melhor descrita por uma citação de Marcel Duchamp que, mais ou menos parafraseada, nos diz que o acto criativo só é concluído pelo espectador. Determina a vitalidade da arte como forma de comunicação; a razão de ser da relevância da Arte é devida ao seu estatuto condutor de ideias e pensamentos das pessoas que vivem na sociedade ao tempo em que a Arte é feita.

Num futuro breve, para onde vê a Arte dirigir-se? 9 Na era industrial, os materiais usados para compor e produzir arte eram mais simples, de fontes mais naturais. Nos nossos dias, os materiais evoluíram em complexidade, por exemplo, hidrocarbonetos, resinas e plásticos. Portanto, formas contemporâneas de arte usarão estas novas matérias, bem como novas técnicas produtivas, como protótipos rápidos e programação de so ware, e permitirão aos artistas gizarem trabalhos que, mais do que inventivos, serão o sujeito de novos movimentos, de uma nova era.

Uma entidade em rápido crescimento é o branding comercial, que dá aos artistas oportunidade de integrar a sua obra em tantas variantes do quotidiano; um bom exemplo disto é a recente colaboração de Todd James com Pharrell e a Adidas, na produção de um sneaker engenhado para ser super resistente e ao mesmo tempo permitir ser uma tela artística no exterior. Estas novas atitudes implicam um acesso generalizado do grande público à arte, e esta encontra nova e difundida exposição a novos mercados que a arte nunca antes tinha alcançado.

Que peças de Arte tem em casa? 9 Algumas peças one-off de design por Karim Rashid.

Vivo também entre trabalhos de Peter Halley, Leo Villareal, Todd James, KAWS, John F. Simon, Jr., Ryan McGinness, Dove Bradshaw, William Anastasi, Eillen Gray, Ettore Sottsass, James Irvine, Michael Scott e Choong Sup Lim. Escolhi ter estes artistas em casa principalmente devido à sua coerência representando aquilo que penso ser um ambiente ideal, reflexo da vibrante sociedade contemporânea em que vivemos.

In a world in distress, can Art be cathartic? 9 My view of art as a cathartic experience is best described by a Marcel Duchamp quote, essentially paraphrased, that the creative act is only truly completed by the viewer. It stresses the vitality of art as a form of communication. The reason art is so relevant is because it conveys the ideas and thoughts of people living in a society at a time in which the art is made.

In a near future, where do you see Art going? 9 In the industrial age, materials used to compose and produce art were simpler, and more naturally sourced. However now in the contemporary age, materials have evolved in complexity, for example hydrocarbons, resins, and plastics. Therefore, contemporary forms of art will use and apply these new materials, as well as innovative production techniques such as rapid prototyping and so ware programming, allowing artists to produce works that are inventive and subject to a new movement or era. Commercial branding is also a rapidly growing entity, giving artists opportunities to integrate their work into many aspects of everyday life. An example would be Todd James’ recent collaboration with Pharrell and Adidas to produce a ‘supershell’ sneaker that showcases his quintessential style of painting and drawing on the exterior of the shoe. It allows for public accessibility of art and widespread exposure to a new market that the art industry has never before been able to access.

What Art Pieces do you have at home? 9 At home I have works by artist and designer Karim Rashid, including several of his one-off product designs. I also live amongst works by Peter Halley, Leo Villareal, Todd James, KAWS, John F. Simon, Jr., Ryan McGinness, Dove Bradshaw, William Anastasi, Eileen Gray, Ettore Sottsass, James Irvine, Michael Scott, and Choong Sup Lim. I have chosen to display art by these particular artists because they all cohesively depict what I feel is an ideal living environment, reflective of the vibrant contemporary society in which we live.

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EXPOSIÇÕES

AGENDA PRIORITÁRIA SÃO MUITAS AS BOAS EXPOSIÇÕES AO REDOR DO MUNDO, ESTA REVISTA NÃO CHEGARIA PARA AS MOSTRAR A TODAS E O EDITOR FICARIA FURIOSO PELO NÚMERO DE PÁGINAS OCUPADAS. ESTAS SÃO AQUELAS ONDE IRÍAMOS ALEGREMENTE E JÁ!

JO ÃO GALVÃ O S HO PPINGVIS A DRON. BL O GS PO T. CO M

MUSEU THYSSEN BORNEMISZA MADRID, ESPANHA, VOGUE LIKE A PAINTING A moda não passa de um negócio. Mas quando é resultado de um super criador, de um super fotógrafo, de um super modelo numa super revista, podemos considerar ascendê-la a arte. A exposição Vogue Like a Painting explora a relação entre a fotografia de moda e a pintura, mostradas em fotos do rico arquivo da revista Vogue internacional. Os modelos tomam poses que lembram e mimam as que vemos nos museus, de diversos tempos e estilos, sempre rematados pela restante ambiência necessária para compor a ‘tela’.Nas palavras de Debra Smith, curadora da exposição, o fio comum que une toda a mostra é uma espécie de abrandamento: “uma atemporalidade nas poses dos modelos, uma espécie de lapso mental em que tudo está muito, muito quieto”.Até 12 de Outubro. http://www.museothyssen.org

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MUSEU THYSSEN BORNEMISZA MADRID, ESPANHA, VOGUE LIKE A PAINTING Fashion can sometimes seem like nothing more than business. But when it come from the hand of a super-creative, a master photographer and a super model at an iconic magazine, we can concede that it may ascend to art.

Vogue Like a Painting explores the relationship between fashion photography and painting, as illustrated in photos from the rich archives of the international magazine Vogue international. Models strike poses that mimic and remind us of what we o en see in museums, from different ages and including many styles, always finished off by the rest of how an ambiance needs to compose the “scene”. In the words of the exhibit curator, Debra Smith, what unites the sample is a sort of slowing down: ‘a timelessness in the pose of the models: a kind of mental time lapse in which everything is very, very still’.

Open until October 12th http://www.museothyssen.org

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1. Carmen as Zurbarán’s Santa Isabel, em 2000, por Michael Thompson. 2. Untitled, em 1954, por Clifford Coffin. 3. Untitled, em 1949, por Clifford Coffin.

4. One Enchanted Evening, em 2012, Taormina, Sicilia, por Peter Lindbergh. 5. Stella, Paris, em 1999, por Paolo Roversi. 6. The Dress Lamp Tree, em 2004, por Tim Walker.

1. Carmen as Zurbarán’s Santa Isabel, in 2000, by Michael Thompson. 2. Untitled, in 1954, by Clifford Coffin. 3. Untitled, in 1949, by Clifford Coffin. 4.One Enchanted Evening, in 2012, Taormina, Sicilia, by Peter Lindbergh. 5. Stella, Paris, in 1999, by Paolo Roversi. 6. The Dress Lamp Tree, in 2004, by Tim Walker.

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EXHIBITIONS

PRIORITY AGENDA THERE ARE COUNTLESS WONDERFUL EXHIBITS AROUND THE WORLD AND ONE ISSUE IS NOT NEAR LY ENOUGH TO SHOW THEM ALL OFF. OUR EDITOR WOULD BE FURIOUS ABOUT THE NUMBER OF PAGES IT WOULD TAKE UP. HERE ARE SOME OF THOSE THAT WE WILL JOYFULLY BE TAKING IN AND SOON!

MUSEUM OF MODERN ART, NOVA IORQUE, E.U.A. PICASSO SCULPTURE

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É a primeira vez em 50 anos que o MoMA dedica toda uma mostra à obra tridimensional do mestre. Ao contrário da pintura, que Pablo tinha prosseguido academicamente e pela qual é mais conhecido, no campo da escultura o seu trabalho ocupa um espaço ainda mais pessoal e experimentalista; mas não é por isto que é menos profícua que a pintura, Picasso trabalhava constantemente e viveu durante mais de 90 anos, trabalhando praticamente até ao fim. Picasso abordou a escultura com a mesma verve que usava na pintura, antes de tudo para quebrar regras instituídas, e porque autodidacta na tridimensionalidade, com inteira liberdade, sem ter que prestar contas a corrente instituída alguma. O artista tratava as suas esculturas como companheiros de casa, e manteve a grande maioria consigo quase até ao fim. Apenas em 1966, durante a larga retrospectiva Hommage à Picasso, em Paris, é que a maioria do público se apercebeu desta produção desconhecida.Até 7 de Fevereiro. www.moma.org

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MUSEUM OF MODERN ART, NEW YORK, E.U.A. PICASSO SCULPTURE It’s the first time in 50 years that the MoMA has dedicated an entire show to the master’s three-dimensional artwork. Unlike his paintings, which Pablo approached academically and what he is best known for, his sculpture is much more personal and experimental. But that doesn’t mean that he was less prolific as a sculptor than as a painter. Picasso worked constantly and he lived to be over 90, working almost to the very end of his life.

Picasso approached sculpture with the same verve that he used in his painting, above all, seeking to break all the rules. And the fact that he was an autodidact in three-dimensionality afforded him full liberty; he didn’t need to pay dues to any schools of art. The artist treated his sculptures as house companions and he kept most of his pieces almost until the end.

It was only in 1966, during the huge retrospective Hommage à Picasso in Paris, that the general public realised the existence of this almost unknown body of work.Running until February 7th www.moma.org

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7. Baboon and Young, em Vallauris, 1951, fundido em 1955, bronze. 8. Bull, em Cannes, c.1958, contraplacado, ramo de árvore, pregos e parafusos. 9. Chair, em Cannes, 1961, folha de metal pintada. 10. Vase Woman, em Vallauris, 1948, cerâmica branca pintada. 11. Woman in the Garden, em Paris, 1929-30, ferro moldado e pintado.

7. Baboon and Young, in Vallauris, 1951, cast in 1955, bronze. 8. Bull, in Cannes, c.1958, plywood, tree branch, nails and screws. 9.Chair, in Cannes, 1961, painted sheet metal. 10. Vase Woman, in Vallauris, 1948, painted white ceramic. 11. Woman in the Garden, in Paris, 1929-30, moulded and painted iron.

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EXPOSIÇÕES

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

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VICTORIA & ALBERT MUSEUM, LONDRES, INGLATERRA SHOES, PLAISURE AND PAIN

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Esta é a exposição de perdição de Carrie Bradshaw e de Imelda Marcus, focada apenas em sapatos, da sandália egípcia do principio da História até às bombas do design contemporâneo. Mas sempre do ponto de vista do extremo. O extremo foi sempre alavanca da moda e, por isso, nesta mostra, mesmo as peças que têm mais de mil anos, na sua altura foram novos e desejáveis. A mostra desdobra-se nos significados culturais que envolve o calçado, especialmente a sua capacidade para se reinventar e de se transformar para acompanhar os tempos. Afinal, como o faz a restante arte, que se pretende sempre de vanguarda. Até 31 de Janeiro. http://www.vam.ac.uk

VICTORIA & ALBERT MUSEUM, LONDRES, INGLATERRA SHOES, PLEASURE AND PAIN This exhibit would thrill Carrie Bradshaw or Imelda Marcus. It concentrates solely on shoes, from the beginning of history with the Egyptian sandal to the hits of contemporary design. But always from an extreme point of view.

Extremes have always leveraged fashion and this exhibit brings to us pieces that were innovative and coveted when they were made, some of which 1,000 years ago. The show focuses on the cultural significance surrounding shoes, especially their capacity to be reinvented and transformed to accompany fashion trends. Just as with other forms of art, shoes always aim to keep apace with the vanguard. Running until January 31st http://www.vam.ac.uk

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1. Sapatos Parakeet, por Caroline Grooves, em 1959. 2. Nova, por Zaha Hadid para a United Nude. 3. Sapatos de homem em pele marmoreada com aplicações douradas, de Northamptonshire, Inglaterra, 1925. 4. InvisibleNakedVersion, por Andreia Chaves, em 2011. 5. Sandálias paduka, para casamento, madeira folheada a prata e ouro, Índia, século XIX. 6. Chopines venezianos, pele gravada sobre madeira de pinho, Veneza, Itália, cerca de 1600. 7. Sapatos de noite, por Roger Vivier para Christian Dior, França, em 1958-60.

1. Parakeet shoes, by Caroline Grooves, in 1959. 2. Nova, by Zaha Hadid for United Nude. 3. Man’s shoe in marbled leather with gold leather appliques, from Northamptonshire, England, 1925. 4. IInvisibleNakedVersion, by Andreia Chaves, in 2011. 5. Paduka sandals, for a wedding, in silver- and gold-plated wood, 19th century India. 6. Venetian Chopines, leather over pinewood, Venice, Italy, cerca 1600. 7. Evening shoe,

by Roger Vivier for Christian Dior, France, in 1958-60.

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LOVE LIFE

LOVE STYLE

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

EXHIBITIONS

LOVE STYLE

MUSEU LOUISIANA, HUMLEBÆK, DINAMARCA IN INFINITY POR YAYOI KUSUMA Se for verdade que os derradeiros e verdadeiros artistas são aqueles que ainda têm a capacidade de nos surpreender, então Yayoi Kusuma é desta categoria. Nasceu em 1929 e ainda nos cativa. Uma coisa é um quadro na parede, outra é toda uma instalação, onde a mensagem artística extravasa o meio. E pop, que por qualquer razão que nos ultrapassa, mais que ter voltado, nunca se foi embora.

Esta é uma exposição retrospectiva de todo o trabalho da artista, e inclui várias instalações recentes, onde o clássico padrão de bolinhas se estende para lá do espaço tradicional. Yoyoi, agora com 86 anos, produziu de propósito uma série de novas obras para esta mostra.

Este não é um museu que apareça nos roteiros do costume; nós também não somos uma revista do costume. Se puder vá, faça confiança em nós.

Entre 17 de Setembro e 24 de Janeiro. http://www.louisiana.dk

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MUSEU LOUISIANA, HUMLEBÆK, DINAMARCA IN INFINITY BY YAYOI KUSUMA 5

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If it’s true that the truly great artists are those who are still able to surprise us, then Yayoi Kusuma fits into this category. She was born as far back as 1929, yet she still manages to captivate us. One thing is a picture on a wall.

It’s another thing all together to see an entire installation where the artistic message cuts across the room. And , for whatever reason, too vast to understand, Pop has never faded.

This is a retrospective of the artists’ entire body of work. It includes several recent installations where classic spotted print spreads beyond the traditional space. Yoyoi is now 86 years of age and she has now produced an entirely new set of works especially for this exhibit.

This is not your run of the mill museum. And we are not your runoff the mill magazine. If you can possibly do so, you should plan to catch this exhibit.

Take our word for it.

September 17th – January 24th http://www.louisiana.dk

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8. Kusama artista e parte da obra artística, numa instalação actual onde revisita as polka dots constantes ao longo do seu percurso. 9. Dot Obsession, 2015, instalação em vidro espelhado, balões tinta e pintas, cerca de 103x123cm. 10. Black Flower, 1986, escultura em fibra sintética estofada, tinta e metal, 225x145x63cm. 11. Pumpkin, 2014, escultura em bronze, 110x120x120cm. 12. I Want to Taste Adolescence, 2015, da série My Eternal Soul, 194x194cm.

13. Kusama in Infinity Mirror Room – Phalli’s Field, instalação com exibição a solo pela artista “Floor Show” na R. Castellane Gallery, Nova Iorque.

8. Kusama the artist and part of her artwork, in a current installation where she revisits the polka dots that have accompanied her throughout her career. 9.

Dot Obsession, 2015, installation in mirrored glass, balloons, paint and polka dots, about 103x123cm. 10. Black Flower, 1986, sculpture in stuffed synthetic fibre, paint and metal, 225x145x63cm. 11. Pumpkin, 2014, bronze, 110x120x120cm. 12. I Want to Taste Adolescence, 2015, from the My Eternal Soul series, 194x194cm. 13. Kusama in Infinity Mirror Room – Phalli’s Field, installation with a solo exhibit by the artist “Floor Show” at R. Castellane Gallery, New York.

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ARQUITECTURA

Casas d’Artes

DESDE SEMPRE QUE TÃO IMPORTANTE COMO A PERFORMANCE É O EDIFÍCIO ONDE ELA DECORRE. UM DOS PRIMEIROS EDIFÍCIOS PÚBLI COS QUE A HUMANIDADE CONSTRUIU FOI O TEATRO, E CADA CIDADE GREGA DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA, MESMO NO CASO DAS MENORES, TINHA A TRADICIONAL MEIA ARENA RODEADA DE BANCOS EM FOR MA DE ESCADARIA CIRCULAR. HOJE, AS CASAS DE ARTES PERFORMATIVAS SÃO UM DOS REDUTOS DO DESENHO, ONDE OS TALENTOS TANTO DO ENGENHEIRO COMO DO ARQUITECTO TÊM OPORTUNIDADE DE BRILHAR E DE SER ADMIRADOS TANTO POR LOCAIS COMO POR GENTE QUE VEM DE FORA VER O BALLET OU ASSISTIR À ÓPERA. UMA ÓPERA OU UM TEATRO PODEM SER O EX LIBRIS DE UMA CIDADE, E QUANDO NÃO O SÃO, A CIDADE PODE CONSTRUÍ LO DE RAIZ E FAZER DELE O SEU NOVO CARTÃO DE VISITA. NOS CASOS QUE LHE TRAZEMOS, MAIS IMPORTANTES QUE NIJINSKY OU VERDI SÃO OS EDIFÍCIOS E A ARQUITECTURA, PARA NÓS DEFINITIVAMENTE UMA ARTE MAIOR.

ÓPERA DE GUANGZHOU, GUANGZHOU, CHINA, POR ZAHA HADID

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base do desenho inicial partiu dos seixos rolados e suaves do rio, como os do Rio das Pérolas que passa ao lado da cidade que ganhou em 2010 esta ópera, uma das mais emblemáticas obras de Zaha Hadid levadas a construir. Esta nova ópera foi construída no coração da nova zona cultural de Guangzhou, e virada para o Rio das Pérolas. Une a cidade velha e as torres do novo bairro financeiro. É composta por um auditório de 1.800 lugares concebido com a mais recente tecnologia acústica e uma outra sala menor, com 400 lugares, ambos passíveis de mostrar qualquer tipo de arte performativa. O desenho do edifício evoluiu de um conceito de paisagem natural, geologia e topografia, como os vales dos rios erodidos pela água e pelo vento. O material usado foram painéis moldados de gypsum, uma espécie de gesso técnico reforçado com fibra de vidro. Estas paredes de natureza produzida desdobram-se e criam espaços, tanto exteriores como interiores, vales e canyons, que graças aos painéis transparentes parte do revestimento permite a entrada de luz natural no interior do edifício.

The design concept was based on river rocks smoothed by endless tumbling along the course of waters like those of the Pearl River. This waterway runs through the city that was lucky enough to produce one of the best works ever built by Zaha Hadid in 2010. This new opera house stands in the middle of the new cultural area of Guangzhou, facing the Pearl River that joins the old city with the towers of the modern financial district. There are two auditoria. One includes the most up-to-date possible acoustic technology and seats 1,800 people. The smaller one has room for 400 spectators and both are capable of hosting all possible forms of performing art.

The design evolved from concepts of natural, geological and topographic landscapes. Its forms are reminiscent of valleys eroded by water and wind. Panels of moulded gypsum served as a type of technological stucco reinforced with fibreglass. These manmade, “natural” walls open up and create spaces, both indoors and out, valleys and canyons constructed with transparent panels that allow the natural light into the building.

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ARCHITECTURE

House of Arts

FROM TIME ETERNAL, CONCERT VENUES HAVE BEEN AS IMPORTANT AS THE PERFORMANCES THEY HOST. THEATRES WERE AMONGST THE FIRST PUBLIC BUILDINGS BUILT BY HUMANS. EACH GREEK CITY, NO MATTER HOW MODEST, HAD A TRADITIONAL SEMI CIRCULAR ARENA RINGED WITH BENCHES FORMING A SORT OF CIRCULAR STAIRWAY. TODAY, CENTRES FOR THE PERFORMING ARTS CONSTITUTE SOME OF THE PREMIÈRE EXAMPLES OF DESIGN. THEY SERVE AS A STAGE FOR THE TALENTS OF ENGINEERS AND ARCHITECTS WHO ARE ABLE TO SHINE AND RECEIVE THE ADMIRATION OF LOCALS AND TOURISTS ALIKE, COMING TO ENJOY THE BALLET OR OPERA. AN OPERA HOUSE OR THEATRE IS OFTENTIMES THE SYMBOL OF A CITY. EVEN WHEN THAT ISN’T THE CASE, CITIES MAY BUILD THEM FROM SCRATCH AND TURN THEM INTO THE CITY’S MODERN CALLING CARD. WE’VE BROUGHT YOU SEVERAL EXAMPLES OF VENUES THAT ARE, PERHAPS, AS IMPORTANT AS THE MOVEMENTS OF NIJINSKY OR AN ARIA FROM VERDI. ARCHITECTURE IS, AFTER ALL, AN ART FORM WORTHY OF THE CAPITAL “A”.

ÓPERA DE BUSAN, BUSAN, COREIA DO SUL, POR SNØHETTA

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obra começou em 2012 e continua em progressão. A nova ópera de Busan tem na sua génese a democratização da cultura, libertando-a do acesso exclusivo das elites, tanto em relação à arte como em relação ao espaço, que se pretende, mais do que acessível, convidativo. Localizada em terrenos recuperados junto à linha de água, este novo espaço pretende ser o início da conversão deste local até agora ocupado apenas por terrenos industriais O conceito na sua génese é uma homenagem ao local e à cultura do povo: Kun (o Céu) encontra Kon (a Terra) e juntos encontram Kam (a água). Estre trigrama espelha relações especialmente importantes na história e na filosofia coreanas tal como espelha o edifício.

A equipa de arquitectos da Snøhetta dobrou subtilmente as fachadas e esta convexidade de superfícies, que se tocam entre si, são o sustento para a ideia de trigrama sagrado. O piso térreo foi desenhado para ser o mais amplo possível, e a entrada estende-se pelos lados do corpo principal, em direcção ao mar.

Característica maior é o acesso por rampas ao telhado raso do edifício que o público é convidado a visitar quase que inconscientemente, fazendo parte de um movimento perpétuo, quase cósmico.

Construction on the new Busan Opera House began in 2012 and is still ongoing. The goal was to make culture more democratic, to open it up from being the exclusive domain of the elite and to do so, not only for the art form itself, but also for the venue. The building is to be as accessible as possible, and as appealing. It is located at sea level by the waterfront and it is hoped that the space will serve as the springboard for the urban renewal of this formerly industrial area. The goal is to pay homage to the location and to the culture of its people: Kun (the sky) encounters Kon (the Earth) and together they find Kam (the water). This trigram reflects especially important relationships in Korean history and philosophy. All of this is reflected in the building. The Snøhetta architectural firm have subtly folded the facades over, giving the surfaces convex forms. As these shapes fold back over themselves, they manifest the idea of the sacred trigram. The ground floor was designed to be as ample as possible and the entryway spreads out in front of the building towards the sea. The structure’s most marked characteristics are entry ramps leading to the flat roof of the building where the public is almost compelled to visit, being pulled into a form of continual movement that is almost cosmic in scale.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 43

ARQUITECTURA

CENTRO DE ARTES PERFORMATIVAS DE TAIPEI, TAIPEI, TAIWAN, POR OMA

E

ste centro de artes, ainda em construção, consiste em 3 salas que podem funcionar autonomamente ou, se necessário, juntarem-se criando zonas para suprir necessidades espaciais para uma boca de cena especialmente grande. Cada uma delas toma a forma de um sólido geométrico ligadas entre si por espaços comuns; uma esfera onde funcionará a Proscenium Playhouse, cuja linha de intersecção com o gigantesco cubo central será uma boca de cena original que possibilitará qualquer moldura de cena imaginária; o Grand Theatre que é a evolução da sala de espectáculos tradicional do século XX e faz fronteira com o Super Theatre, e que juntos poderão acomodar um palco com até 100 metros de comprimento. Mais do que um novo modelo arquitectural, o Centro de Artes Performativas de Taipei poderá implicar, se os encenadores assim o decidirem, a rescrição da cenografia de algumas peças de teatro, óperas ou ballets, que inicialmente não se viram representados como idealmente se pretendia.

This performing arts centre is made up of three theatres that can either function independently or be joined together when an especially ample proscenium is called for. Each space has its own geometric shape and they all come together to meet special needs. The Proscenium Playhouse is spherical. It intersects with a huge central cube to form a novel stage that will make almost any scenic design possible. The Grand Theatre is an innovation on the traditional 20th century theatre. Next door is the Super Theatre. When joined these three spaces will form a stage 100 metres long.

More than a new concept in architecture, the Taipei Performing Arts Centre may make it possible for stage directors, if so inclined, to produce plays, operas or ballets whose original concept had been unfeasible to produce on existing stages.

44 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

ARCHITECTURE

FILARMÓNICA DE SZCZECIN, SZCZECIN, POLÓNIA, POR BAROZZI/VEIGA

A

linha subjacente a este desenho foi a sua integração formal no aspecto tradicional da cidade. Massa, verticalidade e a forma da linha do telhado que emparelha com a envolvente são tudo o que se espera de uma típica cidade polaca. Mas tudo o resto é novo e nunca visto: a massa é compacta e praticamente sem janelas – o edifício não precisa delas, é todo revestido a vidro, ora translúcido ora opalino, ora opaco – branco e diáfano como se de um fantasma de um edifício que ali antes existisse. E aqui o conto torna-se real. A Filarmónica de Szcsecin ocupa exactamente o mesmo espaço que a sua antecessora de mesmas funções. Esta nova construção é mesmo o fantasma da antiga, revista e melhorada. O exterior austero contrasta com a riqueza do interior da sala principal, dourada até mais não, cujo revestimento foi produzido por artesãos tradicionais e experimentados da região. Por razões acústicas, estes elementos decorativos são fragmentados gradativamente como se de uma sequência de Fibonacci se tratasse: aumenta a acústica em relação à distância com o palco.

The idea was for the building to incorporate itself into the traditional style of the city. The sheer mass of the structure, its verticality and the rise and fall of the roofline are all good matches for its surroundings in this traditional Polish town. Everything else about the building is totally new and groundbreaking. The structure is compact and almost without windows – they aren’t needed as the building is panelled in glass, sometimes clear, sometimes opaline, sometimes opaque. It is white and diaphanous as if it were the ghost of the previous structure. And this is where the fairy tale comes true, for the Philharmonic is standing on exactly the same spot where its predecessor did. With exactly the same purpose, this new building is the ghost of the former one, yet renovated and incredibly improved. The austere façade contrasts with the richness of the main auditorium that overwhelms visitors with gold leaf manufactured by traditional, experienced local artisans. For acoustic reasons these decorative elements are broken up gradually like a Fibonacci sequence that slowly increase the acoustic depending the distance from the stage.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 45

ST YLE

TENDÊNCIAS

ARTE E MODA ART AND FASHION A ARTE E A MODA HÁ MUITO QUE ANDAM DE MÃOS DADAS E DESTE ENCONTRO RESULTAM CRIAÇÕES ÚNICAS QUE SÃO VERDADEIRAS OBRAS PRIMAS. M AR GAR I DA B R I T O PA E S

ART AND FASHION HAVE LONG STROLLED THROUGH LIFE ARM IN ARM. THIS FERTILE UNION HAS GENERATED UNIQUE CREATIONS THAT ARE TRUE WORKS OF ART. Colaborações com artistas surgem hoje em muitas colecções, já para não falar dos designers que frequentemente se inspiram em obras e movimentos artísticos que marcaram a História. A DIVO fez uma viagem no tempo, resgatando do passado, mas também do presente, as evidências mais significativas desta paixão entre arte e moda.

Collaborations with artists show up in many collections. And we’re not even talking about those designers who regularly seek inspiration in historical works and artistic movements from history. DIVO has taken a trip back through time not only to uncover the past but also the present, by showing the most significant fruits of this passion shared by art and fashion.

Chrysler Building em Nova Iorque. Por William Van Alen, 1928-30

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Cartier, 1920

A Art Deco foi um dos movimentos artísticos mais marcantes do início do século XX. As linhas geométricas e os adornos em materiais nobres e coloridos foram amplamente usados na arquitectura, design industrial e nas artes e ofícios. Na moda, a sua influência está bastante patente nos vestidos rectos e glamorosos dos anos vinte, mas é na joalharia que mais sobressaem as características Art Deco.

Art Deco was one of the most important artistic movements from the early 20th century. The geometric lines and adornments in sumptuous, colourful fabrics were used frequently in architecture, industrial design and cra smanship as well. In fashion, the influence of this period is most obvious in the straight-lined, glamorous gowns of the 1920’s. But it is in jewellery that Art Deco saw perhaps its greatest expression.

48 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

Reuters

Josephine Baker, 1925.

Reuters

Cartier, 1937

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1920-1930

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TRENDS

Salvador Dalí, 1936

1930-1940

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A representação do limiar ténue entre real e inconsciente, o retrato do feio, do invulgar e fantasioso em nome de uma total liberdade artística fizeram do Surrealismo uma das correntes mais interessantes do século XX. Salvador Dalí foi um dos artistas mais importantes da sua época tendo sido uma das maiores influências de Elsa Schiaparelli. Exemplos da forte ligação da designer italiana com o surrealismo são o vestido de noite com uma lagosta pintada (1937), inspirada pelo Telefone Lagosta de Dalí (1936); o vestido escrivaninha inspirado na Vênus de Milo com Gavetas (1936) também do artista espanhol e o Chapéu Sapato (1937).

m

Surrealism was one of the most fascinating movements of the 20th century with its representations of the tenuous border between reality and the subconscious, the portrayal of the grotesque, the bizarre and the fantastic in the name of full artistic freedom. Salvador Dali was one of the most important artists of his era and one of the greatest influences on Elsa Schiaparelli. Examples of the strong link between the Italian designer and surrealism include: the evening gown with a painted lobster (1937) inspired by Dali’s Lobster Telephone; the desk dress inspired by Venus de Milo with Drawers (1936), also by the Spanish painter, and the Shoe Hat (1937).

Reuters

Elsa Schiaparelli

Elsa Schiaparelli e Jean Cocteau, Salvador Dalí, 1936

Yves Saint Laurent, 1965

1960 A década de 60 foi marcada artisticamente pela Pop Art, caracterizada sobretudo pela elevação do mundano a obra de arte. Andy Warhol é o rosto mais conhecido do movimento, tendo as latas de sopa Campbell’s representadas pelo artista dado origem a um dos vestidos mais marcantes da década. Quem também marcou este período foi Yves Saint Laurent com o vestido inspirado na obra do pintor Piet Mondrian.

The 60’s were marked by the Pop Art movement that sought to elevate the mundane to the status of works of art. Andy Warhol is the most famous personage of the movement, with his Campbell’s soup cans giving rise to the most emblematic dress of the decade. The period also saw the mark of Yves Saint Laurent with his dress inspired by the painter, Piet Mondrian.

Andy Warhol, 1962

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Souper Dress”, 1966-67

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Piet Mondrian, 1937

TENDÊNCIAS

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2013

Reuters

Na estação quente de 2013 da Louis Vuiton, Marc Jacobs inspirou-se na instalação Les Deux Plateaux do artista Daniel Buren.

For the 2013 Luis Vuitton warm weather season, Marc Jacobs sought out inspiration in Daniel Buren’s installation Les Deux Plateaux for his collection.

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Céline S/S 2014, Reuters

2014

A primavera-verão de Céline em 2014 encheu-se de pinceladas inspiradas nos graffitis de Brassaï.

Céline’s 2014 spring summer collection was filled with brush marks inspired by the graffiti of Brassaï.

TRENDS

2015

17 18

Passados cinco anos desde a sua morte o designer Christopher Nemeth foi homenageado na colecção masculina da Louis Vuitton.

Five years a er his death, the designer Christopher Nemeth was paid homage in the masculine collection of Louis Vuitton.

O inverno feminino da Fendi inspirou-se na arquitectura do Pallazzo della Civilità Italiana, símbolo do regime de Mussolini e desenhado pelos arquitectos Giovanni Guerrini e Ernesto Bruno La Padula.

Reuters

Reuters

Louis Vuitton F/W 15-16

Fendi’s winter women’s collection is inspired by the architecture of the Pallazzo della Civilità Italiana, symbol of the regime of Mussolini and designed by architects Giovanni Guerrini and Ernesto Bruno La Padula.

A colecção de alta costura da Christian Dior inspirou-se no pontilhismo, técnica muito usada pelos pintores Georges Seurat e Paul Signac.

Christian Dior’s haute couture collection was inspired by the pointillism technique regularly used by painters Georges Seurat and Paul Signac.

MODA

Total look "Euphemio Fernรกndez"

52 DIVO FEVEREIRO 2015

FASHION

MUSEUM SHADOWS Photographer: Paco Peregrín (www.pacoperegrin.com).

Model: Tanya R. (Traffic).

Stylist: Mario Ville (Kattaca).

Make-up: Junior Cedeño International make up artist Dior.

Hair: Crisanto Blanco.

FEBRUARY 2015 DIVO 53

MODA

Capa e saia/Cape and skirt Amaya Arzuaga Sweater MM6 Martin Margiela Sapatos/Shoes TopShop.

Top & Calรงas/trousers M. Missoni Botas/Boots Just Cavalli

FASHION

FEBRUARY 2015 DIVO 55

MODA

Jersey MM6 Martin Margiela, kimono, saia/skirt & sandรกlias/ sandals Gala Gonzalez

FASHION

MODA

Casaco/Coat & Calรงas/trousers DSQuared2 Botas/Boots Vivienne Westwood Luvas/gloves M. Missoni 58 DIVO FEVEREIRO 2015

FASHION

Sweatshirt & leggins Love Moschino Capa/ cape & Sandรกlias/sandals Gala Gonzรกlez Pins H&M Mala/bag "M. Missoni" FEBRUARY 2015 DIVO 59

MODA

60 DIVO FEVEREIRO 2015

FASHION

Casaco/Jacket Amaya Arzuaga Vestido/dress "Chanel" Top & saia/skirt Euphemio Fernandez FEBRUARY 2015 DIVO 61

ART WORK

NUM NÚMERO DIVO ONDE A ARTE ESTÁ PRESENTE EM TODAS AS PÁGINAS, CONVIDÁMOS A ILUSTRADORA VERA CAPOULAS PARA RETRATAR OS PRODUTOS MAIS TRENDY DA ESTAÇÃO. ILUSTRAÇÃO Vera

Capoulas

IN AN ISSUE DIVO WHERE THE ART IS PRESENT ON EVERY PAGE OF DIVO WE INVITED THE ILLUSTRATOR VERA CAPOULAS TO PORTRAY THE MOST TRENDY PRODUCTS OF THE SEASON. Pulseira/Bracelete, SAINT LAURENT

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Lenรงo/Scarf, KENZO

DOSSIER

O OUTRO UMA QUESTÃO DE GÉNERO NO INÍCIO DO TEMPO, ANTES DA CRIAÇÃO DO MUNDO, HAVIA SERES EM QUE O FEMININO E O MASCULINO COEXISTIAM, COMO FACES UNÍVOCAS DE UMA MESMA REALIDADE. COETÂNEOS DAS DI VINDADES, OS ANDRÓGINOS, NOME DAS FANTÁS TICAS CRIATURAS, BASTAVAM SE A SI MESMOS. INTELIGENTES E AUTÓNOMOS, A SUA OUSADIA PROVOCOU A CÓLERA DOS DEUSES QUE OS DECIDIRAM SEPARAR, COMO CASTIGO. EXPULSOS DO PARAÍSO, FORAM LANÇADOS NO ABISMO DA TERRA E CONDENADOS A VAGAR PARA SEMPRE, À PROCURA DA SUA OUTRA METADE.

AT THE BEGINNING OF TIME, BEFORE THE WORLD WAS CREATED, THERE WERE BEINGS IN WHICH MASCULINI TY AND FEMININITY WERE BLENDED, AS UNMISTAKA BLE FACES OF ONE SINGLE REALITY. THE EQUAL OF THE GODS, THE ANDROGYNES, AS THESE FANTASTIC CREATURES WERE KNOWN, WERE FULLY SELF SUFFI CIENT. INTELLIGENT AND AUTONOMOUS, THEIR AUDA CIOUSNESS PROVOKED THE RAGE OF THE GODS WHO, IN PUNISHMENT, DECIDED TO SEVER THEM INTO TWO. EXPELLED FROM PARADISE, THEY WERE THROWN INTO THE ABYSS ON EARTH AND CONDEMNED TO WANDER ETERNALLY IN SEARCH OF THEIR OTHER ‘HALF’.

THE OTHER A QUESTION OF GENDER E. FERNANDES

VERA CAPOULAS

A TELA MOSTRA UMA SITUAÇÃO FREQUENTE NO DIA A DIA DO PALÁCIO REAL DA MONARQUIA ESPANHOLA DO SÉCULO XVII. DIEGO VELÁZQUEZ É PINTOR DE CÂMARA DO REI FILIPE IV, E NESSA CONDIÇÃO RECEBE COM FREQUÊNCIA A VISITA DOS DIFERENTES MEMBROS DA FAMÍLIA REAL, NA SALA EM QUE EXECUTA AS OBRAS QUE LHE SÃO REQUERIDAS. DESTA VEZ QUEM INTERROMPE OS TRABALHOS É A INFANTA MARGARITA, ACOMPANHADA POR VÁRIAS PERSONAGENS, ENTRE AS QUAIS AS DAMAS DE COMPANHIA DONA MARIA AGUSTINA SARMIENTO, FILHA DO CONDE DE SALVATIERRA, E DONA ISABEL DE VELASCO, FILHA DO CONDE DE FUENSALIDA. “AS MENINAS” DA PRINCESA VÃO DAR UM NOVO NOME À PINTURA, REFERIDA NO INVENTÁRIO DA COROA COMO “O QUADRO DA FAMÍLIA”, E TRANSFORMAR UM INSTANTE FUGAZ NUM MOMENTO ETERNO.

THE CANVAS PORTRAYS A COMMON SITUATION IN THE DAY TO DAY LIFE WITHIN THE ROYAL PALACE OF THE 17TH CENTURY SPANISH MONARCHY. DIEGO VELÁZQUEZ WAS THE COURT PAINTER OF KING PHILLIP IV AND SO HE WAS FREQUENTLY VISITED BY MANY MEMBERS OF THE ROYAL FAMILY IN THE ROOM WHERE HE CARRIED OUT HIS MUCH LOVED PAINTINGS. THIS TIME, IT WAS PRINCESS MARGARITA WHO INTERRUPTED HIM, ACCOMPANIED BY SEVERAL OTHER PEOPLE INCLUDING THE MAIDS OF HONOUR DONA MARIA AGUSTINA SARMIENTO, DAUGHTER OF THE COUNT OF SALVATIERRA AND DONA ISABEL DE VELASCO, DAUGHTER OF THE COUNT OF FUENSALIDA. REFERRED IN THE ROYAL INVENTORY AS THE FAMILY PAINTING, “LAS MENINAS”OF THE PRINCESS WILL BE RESPONSIBLE FOR THE CANVAS RENAMING, TRANSFORMING A SINGLE INSTANT INTO AN ETERNAL IMAGE.

DOSSIER

DOSSIER

Quando Diego Rodríguez da Silva y Velázquez pinta “As Meninas”, em 1656, Tiziano já se tinha atrevido a colocar um olhar inquisitivo numa das figuras da sua “Madonna com santos e membros da família Pesaro”, o mestre Leonardo da Vinci esboçara um ligeiro sorriso que cruzaria séculos, e daria origem às mais diversas teorias sobre a expressão da tela conhecida como “A Gioconda”, enquanto Van Eyck e os pintores do norte da Europa capturavam o que a luz das suas janelas permitia, e os espelhos ajudavam a revelar. E no entanto, a obra do pintor de câmara do rei Filipe IV de Espanha permanece como uma das mais importantes manifestações artísticas de todos os tempos, inesgotável fonte de estímulo para críticos, historiadores e artistas que a referenciam como um tratado sobre a criação e a arte, para lá das inúmeras ilusões de óptica que a caracterizam.

A monumentalidade da obra, com dimensões a ultrapassar os três metros de altura, e a rondar essa mesma medida na horizontal, aliada à configuração dos diversos planos que a constituem, através da disposição das figuras, num jogo de profundidade que culmina na inclusão do suposto tema da pintura no espelho ao fundo da sala, junto a uma das portas de acesso, na qual se vê uma figu-

ra “real” que espreita a tela, são as coordenadas de que se serve Velázquez para pulverizar a noção de espaço de representação. E incluir em “As Meninas” o que não é visível, o espectador, que ao mesmo tempo ocupa o lugar do que estará a ser retratado, e se presta ao olhar do pintor, e de outras personagens da cena exposta.

Desde a sua génese que a arte, no mundo ocidental, enfrenta fortes contradições. E a relação entre a imagem e a sua natureza e significado são campo aberto para tensões diversas. Depois das civilizações antigas, o primeiro cristianismo e a religião islâmica limitaram o que podia ser visto e reproduzido. Se num primeiro momento, em ambos os casos, a negação das divindades pagãs e a existência de um deus único e invisível levaram à proibição de reproduzir figuras, o cristianismo acabou por flexibilizar a interdição desde que aquelas assumissem a sua condição de pintura e fossem colocadas ao serviço da palavra de Deus para ilustrar, de maneira inequívoca, os temas bíblicos. A arte e o seu exercício passam a ser controlados com rigor.

Durante centos de anos, a bidimensionalidade, a pose estática e os temas religiosos caracterizam a produção artística na Europa, projectada para comover ou como evocação de gestas épicas e vidas

DOSSIER

When Diego Rodríguez da Silva y Velázquez painted “Las Meninas” in 1656, Titian had already dared to put an inquisitive glance into the eyes of one of the characters in his “Pesaro Madonna”. And the master Leonardo da Vinci had sketched a grin that would last for centuries and would give birth to a wealth of theories about the expression on the face in the canvas known as “Mona Lisa”. Meanwhile, Van Eyck and the northern European painters were capturing what tenuous light that their windows would allow in and that mirrors were able reflect.

However, the oil painted by the painter of the chamber of King Phillip IV of Spain is one of the first pieces of art work of all times. It has been the source of endless critical investigations, and historians and artists have spoken of it as study into creation and art, besides its numerous optical illusions.

It is a monumental piece, more than 3 metres high and almost as long. It is composed of several different planes of action that are placed in a play of depth of field that culminates in the inclusion of the supposed main character of the painting who appears in a mirror in the depths of the chamber near a doorway where you can see a real figure glancing back at the canvas.

These are the coordinates used by Velazquez to pulverize the representation space’s idea, and to include in Las Meninas what is not visible: the spectator, who occupies the place of the subject that is being painted, and simultaneously, at the present, is exposed to the eyes of the painter, and other characters of the scene.

Ever since the dawn of western art, it has dealt with contradictions.

The relationship between the image and its nature and meaning has been open for intense debate. A er the ancient civilisations, first Christianity and then the Muslim religion limited what could be seen and reproduced. If, in a first instant, in both cases the replacement of pagan gods with one single and indivisible God led to the prohibition against representational figures. Christianity later began to loosen up its ban as long as such images were seen as mere paintings that were placed at the service of the word of God to illustrate biblical themes in an unequivocal way. Art and its production came under careful strict control.

For hundreds of years, two-dimensionality, static poses and religious themes characterised European artistic production that was designed to move viewers, or to portray epic actions and devout lives.

It wasn’t until the 15th century that the Renaissance freed figures

DOSSIER

piedosas. É apenas no século XV que o renascimento liberta as figuras da sua rigidez para deixar a vida determinar as formas, e conquistar o espaço da composição. Nascida sob influência da Grécia antiga, a renascença recupera o corpo humano. Cor, luz e movimento redefinem técnicas de pintores e escultores italianos que começam a reivindicar um novo estatuto. Até essa data, aqueles eram considerados trabalhadores manuais, similares a outros grémios que executavam empreitadas. Bastante diferentes, portanto, de escritores, poetas ou filósofos dedicados às nobres áreas do intelecto e da palavra. Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, Rafael, Tiziano ou Caravaggio, entre muitos outros, abrem um novo paradigma que leva a rever o conceito de arte. Pela sua acção, o trabalho de pintores e escultores passa a ser encarado como a criação de obras únicas, complexas, assinadas por um autor que as pensa e realiza através da escolha de determinadas técnicas e recursos, para alcançar uma imagem mental original e distintiva que, apesar de dialogar intensamente com muitas outras, é inconfundível.

Nesse sentido, embora o renascimento tivesse irradiado os seus princípios um pouco por toda a Europa [o próprio Velázquez visitara duas vezes Itália, e tinha absorvido os ensinamentos pictóricos da escola veneziana], em Espanha, passados duzentos anos, os pintores ainda eram considerados trabalhadores

up from their rigid poses and allowed life to determine shapes and to conquer space in composition. Born under the influence of ancient Greece, the Renaissance rediscovered the human body. Colour, light and movement redefined painting techniques and Italian sculptors began to demand new social status. Up until this moment, they had been considered simple manual artisans, similar to other guilds people who contributed to works of construction. They were thought to be totally different from the writers, poets, or philosophers who dedicated their attention to the noble fields of the intellect and the word. Michaelangelo, Leonardo da Vinci, Rafael, Tiziano and Caravaggio, amongst many others, opened up a new paradigm leading to the redefinition of the concept of art. Their work led to a new concept of painting and sculpture which came to be seen as unique works of art, signed by the artist who had planned them and brought them into being by way of their choice of specific techniques and resources in order to achieve their original and distinctive mental image. These works of art, although their intense dialogue with other ones similar, were uniques.

Although the Renaissance had spread through most of Europe by this time [Velázquez himself had visited Italy twice and had taken in the Venetian teachings about painting], in Spain,painters were still considered mere artisans two hundred years later. “Las Meninas” is seen as a statement by the painter as an artist and

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manuais. Há por isso quem defenda que “As Meninas” é uma afirmação, a do pintor enquanto artista e criador de um mundo que obedece a regras próprias, construídas pelo virtuosismo do sujeito capaz de transportar algo tão efémero e importante como um pedaço de tempo irrepetível, o da própria obra e a sua verdade, actualizadas cada vez que alguém a observa.

Historiadores como Ernest Gombrich ou Svetlana Alpers falam da experiência de ver “As Meninas”, da intervenção da pincelada e da delicada harmonia da cor como elementos fundamentais da intensidade que se respira ao ver e entrar em contacto com o quadro, no caso do primeiro, ou, relativamente a Alpers, da oscilação entre a pintura como espelho do mundo ou fragmento de um mundo preexistente, que o tornam “um trabalho de ilusão e um pedaço de vida”. Seja como for, desde a sua criação e até à data “As Meninas” é uma obra aberta que recusa definições e continua a exercer a sua influência. Em 1916, inspira uma das coreografias de Léonide Massine para os Ballets Russos de Serge Diaghilev. Em 1957, Pablo Picasso Picasso realiza quarenta e quatro variações sobre a famosa tela, enquanto Salvador Dalí executa uma série de pinturas, por essa mesma época, com títulos tão evocativos como “Velázquez pintando a infanta Margarita com as luzes e sombras da sua própria glória” ou, em forma minimal, simplesmente, “As Meninas”.

DOSSIER the creator of a world that obeys its own peculiar laws. It was put together by way of the virtuosity of an artist who managed to convey something so ephemeral and so important as an unrepeatable moment in time.

Something that pertains both to the master piece itself and its truth, and that seems eternally contemporary every time someone looks at it.

Art historians such as Ernest Gombrichor or Svetlana Alpers speak of the experience of seeing “Las Meninas”. Gombrich mentions the effect of the brushwork and the delicately harmonious relationship between the colours which are fundamental to build an intensity that flows when someone gets in touch with the painting. Alpers, for her part,describes an oscillation between a painting as a mirror of the world and as a fragment of a pre-existing world that turns it into ‘an optical illusion and a slice of life’. No matter how you describe it, from the moment of its creation, “Las Meninas” has been seen as an open work that refuses to be defined and that still exerts powerful influence. In 1916, it inspired Léonide Massine to choreograph a piece for the BalletRusses by Serge Diaghilev.

In 1957, Pablo Picasso carried out 44 variations upon the famous image, whilst around the same period Salvador Dalí produced a series of paintings with evocative titles such as “Velázquez Painting the Infanta Margarita with the Lights and Shadows of His Own Glory” or another art work simply known as “Las Meninas”.

Para saber mais: História da Arte, Hans Ernst Gombrich The Vexation of Art: Velázquez and Others, Svetlana Alpers As Palavras e as Coisas, Michel Foucault

For more information: The Story of Art, Hans Ernst Gombrich The Vexation of Art: Velázquez and Others, Svetlana Alpers The Order of Things, Michel Foucault

MAIN

MODA

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LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

LOVE STYLE

ANOS DE MODA YEARS OF FASHION

A MODA PODE SER TUDO MENOS FÚTIL OU, COMO DIRIA A ICÓNICA CRIADORA FRANCESA COCO CHANEL: “A MODA NÃO É ALGO PRESENTE APENAS NAS ROUPAS. A MODA ESTÁ NO CÉU, NAS RUAS, A MODA TEM QUE VER COM IDEIAS, A FORMA COMO VIVEMOS, O QUE ESTÁ A ACONTECER”. A EXPLOSÃO DO TALENTO ANGOLANO “ESTÁ A ACONTECER” EM DIVERSAS ÁREAS E GEOGRAFIAS. A DIVO ESCOLHEU 8 MOMENTOS CHAVE QUE MOSTRAM A MODA ANGOLANA COMO SINÓNIMO DE SUCESSO E AFIRMAÇÃO IDENTITÁRIA.

FASHION CAN BE ANYTHING EXCEPT FUTILE. OR, IN THE WORDS OF THE ICONIC FRENCH DESIGNER COCO CHANEL, “FASHION IS NOT SOMETHING THAT EXISTS IN DRESSES ONLY. FASHION IS IN THE SKY, IN THE STREET, FASHION HAS TO DO WITH IDEAS, THE WAY WE LIVE, WHAT IS HAPPENING.” THE EXPLOSION OF ANGOLAN TALENT IS “HAPPENING” ACROSS A WIDE RANGE OF SECTORS AND LOCATIONS. DIVO HAS BROUGHT YOU 8 KEY MOMENTS THAT DEMONSTRATE HOW ANGOLAN FASHION IS SYNONYMOUS WITH SUCCESS AND THE AFFIRMATION OF A CULTURAL IDENTITY.

JOAN A SIMÕES P IEDAD E

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

FASHION

LOVE STYLE

SHARAM DINIZ UM ANJO NA TERRA Vencer a edição portuguesa do concurso Super Model of the World foi o primeiro passo firme de Sharam Diniz na passarela da fama internacional.

Nunca mais parou e uma viagem a Nova Iorque, em 2011, para «testar o mercado» por uma semana acabou por ser o início da escalada. Marcas como a BCBG, Hervé Léger, Anne Klein e a famosa marca de lingerie Victoria’s Secret entraram para o portfólio da angolana. «Fazer esse desfile era um dos meus sonhos e comecei logo a trabalhar para isso», admitiu Sharam Diniz, que pouco demorou a juntar-se a nomes como a brasileira Adriana Lima ou a sul-africana Candice Swanepoel.

SHARAM DINIZ AN ANGEL ON EARTH Winning the Portuguese edition of the Super Model of the World was Sharam Diniz’s first step on the road to international fame. A trip to New York in 2011 to ‘test out the waters’ for a week ended up being just the first leg on a journey which hasn’t yet ended. Labels such as BCBG, Hervé Léger, Anne Klein and the iconic Victoria’s Secret have found their way into the Angolan model’s portfolio. ‘Walking in this show was one of my dreams and I started off by doing just that,’ confessed Sharam Diniz, who took no time at all to join names such as Brazilian Adriana Lima and South African Candice Swanepoel.

NADIR TATI CRIAÇÃO NOS ÓSCARES Escreveram-se muitas linhas na imprensa, fizeram-se inúmeras publicações nas redes sociais, comentou-se na televisão e nos cafés. O vestido que a jovem actriz congolesa Rachel Mwanda usou na cerimónia dos Óscares em 2013, apesar do decote assimétrico, deu pano para mangas. A angolana Nadir Tati criou-o para o mundo inteiro ver na noite dos Óscares. A Rachel Mwanda, na altura com 15 anos e uma nova revelação do cinema africano com o filme Rebelle, juntou-se o talento de Nadir Tati, a mais internacional das estilistas angolanas. A grande referência da moda angolana, vencedora três vezes do Moda Luanda, duas vezes eleita Diva da Moda e presença frequente em semanas da moda, de Lisboa a Nova Iorque, tinha subido mais um degrau rumo ao topo.

NADIR TATI A DESIGN AT THE OSCARS Many lines of print have been written. Innumerable articles have been posted on social media. The news has been commented on TV and at the cafés. The dress worn to the Oscar Awards 2013 by the young Congolese actress Rachel Mwanda, despite its asymmetrical neckline, was the talk of the town. It was specially designed for all the world to see on Oscar night by Nadir Tati. At the time, 15-year-old Rachel Mwanda was the newest sensation of African cinema due to her role in the film Rebelle when she got together with Nadir Tati, the most international of Angolan fashion designers. One of the top names in Angola fashion, the designer had already won Moda Luanda three times and had been chosen Diva da Moda twice and was a frequent presence at fashion weeks from Lisbon to New York. And now she had climbed one more rung towards the top.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 79

MODA

LOVE ANGOLA

LEILA LOPES ELEITA MISS UNIVERSO 12 de Setembro de 2011. De São Paulo, Brasil, chegou a notícia: a Miss Universo era angolana. Leila Lopes fez história. Foi a primeira angolana e a quarta africana a alcançar o feito de ser eleita a mais bela do mundo.

Admiradora da super modelo Naomi Campbell, a benguelense Leila Lopes sentiu o apelo das passerelles quando viu Emília Guardado ser coroada Miss Angola em 1998, contou numa entrevista. O sonho de criança ficou mais perto quando foi eleita Miss Angola/Reino Unido na época em que estudava naquele país e depois com a vitória no concurso nacional. "Ser Miss Universo é muito mais do que uma coroa e uma faixa. Para mim, é um orgulho e um compromisso pessoal de servir o meu país", disse. Leila Lopes tornou-se uma bandeira de Angola içada em todos os cantos do mundo.

LEILA LOPES CROWNED MISS UNIVERSE It was September 12th, 2011 when the news came in from São Paulo, Brazil: Miss Universe was Angolan. Leila Lopes came down into history. She was the first Angolan and the fourth African to be crowned the most beautiful woman in the world. An admirer of super model Naomi Campbell, this young woman from Benguela had been struck by the attraction of the runways when she’d seen Emília Guardado crowned Miss Angola in 1998, she recounted in an interview. The child’s dream came closer to reality when she was crowned Miss Angola/ United Kingdom when she was studying in that country and following her win in the national contest. ‘Being Miss Universe is much more than getting a crown and a sash.

For me, it is the pride and the personal commitment that come from serving my country,’ she said. Leila Lopes became the Angolan flag that has been raised in all corners of the world.

80 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

LOVE STYLE

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

NAYMA NA LINHA DA FRENTE Durante a década de 90 foi uma das modelos mais badaladas em Portugal, considerada por diversas vezes “modelo do ano”. Numa altura em que havia poucas modelos negras Nayma soube afirmar-se e encontrar o seu lugar. “Eu não era a jovem de olhos claros e cabelo ondulado quase liso. Eu era o chocolate mais escuro”, disse numa entrevista. Quebrou preconceitos e abriu o desfile ao conjunto de outras manequins negras que lhe seguiram os passos. Não é por acaso que ainda hoje é a referência para muitas modelos que começam no meio.

NAYMA IN THE FRONT ROW During the 1990’s she was one of the most popular models in Portugal where she won the ‘model of the year’ award several times. There were very few black models at the time and Nayma knew how to project herself and find her place. ‘I wasn’t one of those young women with light coloured eyes and wavy, almost straight hair. I was the colour of dark chocolate,’ she’s said in an interview.

She broke through prejudice and opened up the runways for a group of other black models who have followed in her footsteps. It’s not just by chance that today she is the idol of many rookie models.

MARIA BORGES A PRIMEIRA TOP MODEL Depois de uma breve passagem pelas passerelles portuguesas, Maria Borges conquistou os Estados Unidos em 2012 com a presença em 17 desfiles logo na sua primeira participação na semana da moda nova iorquina. A partir daí, Maria nunca mais largou o circuito internacional de moda em Paris, Milão, Londres e Nova Iorque. Desfiles para a Givenchy, Jean Paul Gaultier, Kenzo, Pacco Rabanne, Tom Ford, Oscar de la Renta, Zac Posen, MaxMara, campanhas para a Tommy Hilfiger e Forever 21 nos Estados Unidos e um editorial na Vogue Itália comprovam o estatuto de “Top Model Internacional” da angolana.

MARIA BORGES THE FIRST TOP MODEL A er a brief stint on Portuguese runways, Maria Borges conquered the U.S. in 2012 by walking in 17 shows in her first New York Fashion Week. From that moment on, Maria has yet to step off the international fashion circuit ranging from Paris, to Milan, to London and New York. Shows for Givenchy, Jean Paul Gaultier, Kenzo, Pacco Rabanne, Tom Ford, Oscar de la Renta, Zac Posen, MaxMara, as well as campaigns for Tommy Hilfiger and Forever 21 in the U.S. and an editorial in Vogue Italy have proven that the label of International Top Model has been rightfully granted to this Angolan.

LOVE STYLE

FASHION

MODA

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

LOVE STYLE

DUPLA IMPREVISÍVEL Em Março de 2011 os irreverentes Tekasala e Schunnoz chegaram ao Japão para fazerem parte da semana de moda de Tóquio mas a terra tremeu e o evento foi cancelado devido ao tsunami. A dupla voltou depois em Outubro e arrasou com uma explosão de cor na passarela. “O design angolano começa a ser reconhecido no mundo, para que vejam que Angola não é um país amorfo, adormecido ou cego. A nossa presença aqui contribuiu para a composição da história do design angolano”, referiu Schunnoz na época. E não passaram despercebidos a publicações como a Vogue Homme Japão, i-D Magazine, GQ Style e a Vogue do Reino Unido.

MÁRIO PATROCÍNIO/I LOVE KUDURO

TEKASALA AND SCHUNNOZ

TEKASALA E SCHUNNOZ IMPREDICTABLE TEAM In March of 2011 the audacious duo Tekasala and Schunnoz arrived in Japan to participate in the Tokyo Fashion Week when the earthquake struck. The event was understandably cancelled due to a tsunami. The duo returned in October and paraded an explosion of colour down the runway. ‘Angolan design is gaining recognition around the world. People are coming to realise that Angola is not an amorphous, sleepy or blind country.

Our presence here has contributed to the composition and the history of Angolan design’, Schunnoz said at the time. And they have not passed unnoticed in magazines such as Japan Vogue for Men, i-D Magazine, GQ Style and Vogue UK.

CONCURSO ELITE MODEL LOOK ANGOLA DESCOBERTA DE NOVAS CARAS

MARIA RITA

A Moda em Angola pode, justamente, dividir-se em antes do Elite Model Look e depois da chegada deste concurso a Angola. A nível internacional foi criado em 1983 e afirmou-se como um dos mais prestigiados concursos de beleza. Lançou algumas das mais famosas top models de sempre como Cindy Crawford, Stephanie Seymour ou Gisele Bündchen. A ideia de que Angola está repleta de mulheres bonitas é amplamente difundida há décadas, mas a versão nacional deste concurso soube traduzir uma afirmação empírica em profissionais para a indústria da moda internacional. Roberta Narciso, Elsa Baldaia, Verónica Bartolomeu, Amilna Estevão ou Alécia Morais são exemplos de modelos angolanas descobertas neste evento e que conquistaram as passerelles do mundo.

ELITE MODEL LOOK ANGOLA CONTEST

PEDRO FERREIRA

SCOUTING NEW FACES

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The story of fashion in Angola can be split into the period before and a er the Elite Model Look Contest in Angola.

The contest was created on an international scale in 1983 and became one of the most prestigious beauty contests anywhere. It has been responsible for launching some of the most famous models of all time, including Cindy Crawford, Stephanie Seymour and Gisele Bündchen.

The idea that Angola is full of beautiful women has been bandied about for decades but the domestic version of this contest managed to raise the awareness of this fact amongst fashion professionals around the globe. Roberta Narciso, Elsa Baldaia, Verónica Bartolomeu, Amilna Estevão and Alécia Morais are just a few examples of Angolan models discovered at this event who have since conquered their spot on runways worldwide.

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

LOVE STYLE

FASHION

OS MÚSICOS A AFIRMAÇÃO DA ANGOLANIDADE A moda é sinónimo de cultura e pode significar também afirmação da identidade de um povo e de um país. A banga de músicos como os N’gola Ritmos, Os Kiezos, Teta Lando ou Bonga marcaram gerações. Foram símbolo de resistência ainda na época colonial e, depois, de afirmação cultural e defesa da angolanidade.

MUSICIANS THE AFFIRMATION OF THE ANGOLAN IDENTITY Fashion is synonymous with culture and it can also represent the affirmation of the identity of a people and of a country. The likes of musicians like N’gola Ritmos, Os Kiezos, Teta Lando and Bonga have le their mark on entire generation. They were the symbol of resistance in the colonial period and then began to represent the affirmation of the culture and the expression of Angolan identity.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 83

SKETCHES

MODA

Fotografia / Photography Oscar Correcher Styling Danielle Hawkins Hair: Tsuyoshi Harada Maquilhagem / Make-up Misuzu Miyake Furniture by Mark Grattan Paintings by Mathew Lane and Oliver Apte

84 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

FASHION

Delos Santos: Casaco/ Coat Reiss Camisola de gola alta/Turtleneck - Reiss Calรงas/Pants Drew Sapatos/Shoes Topman Felix: Fato/ Suit Drew Camisa/ Shirt G-star Top JMR Brand Sapatos/Shoes Topman

MODA

Casaco/Jacket JMR Brand Top Control Sector Calรงas/Pants- Control Sector

FASHION

Casaco/Jacket JMR Brand Top Alexander Wang Calรงas/Pants Control Sector

MODA

Delos: Camisa/ Shirt G-star Sweater Control Sector Calรงas/Pants Jbrand Felix: Camisa/Shirt G-star Top Reiss Calรงas/Pants G-star Sapatos/Shoes- Topman

FASHION

MODA

Blazer Drew Top-JMR Brand

FASHION

Camisa/Shirt Kenneth Cole Top- JMR Brand Top G-star Raw Calรงas/ Pants Giorgio Armani

MODA

Mascara/ Mask Bubi Canal; Colar/ Necklace Bubi Canal

Camisa de Ganga/ Denim shirt - Jbrand Camisa/Shirt G-star Camisola/Sweater Control Sector

FASHION

Camisola/Sweater- Nadashta

DANÇA

Marcelino Sambé JO A NA T E IXE IRA

T

BILL COOP ER / AN DR EJ USP EN SKI

ERA UMA VEZ UM JOVEM QUE SENTIA TUDO À SUA VOLTA COM AS PONTAS DOS DEDOS DOS PÉS. DE UM BAIRRO SOCIAL NOS ARREDORES DE LISBOA PARA OS PALCOS DE LONDRES FOI UM SALTO EM PIRUETA QUE LHE TROCOU AS VOLTAS ÀS SAPATILHAS E O FEZ VER O MUNDO EM PONTAS. NO AUGE DA SUA JUVENTUDE, MARCELINO SAMBÉ LEVA A VIDA A DANÇAR.

ONCE UPON A TIME THERE WAS A YOUNG MAN WHO FELT HIS WAY AROUND ON TIPTOE. FROM A POOR NEIGHBOURHOOD ON THE OUTSKIRTS OF LISBON ALL THE WAY TO THE LONDON OF STAGE WAS BUT A JUMP AND A PIROUETTE. HIS BAL LET SLIPPERS OPENED THE WORLD UP TO HIM, ON THE POINT OF HIS TOES. IN THE PRIME OF HIS YOUTH, MAR CELINO SAMBÉ SPENDS HIS LIFE DANCING.

Tinha seis anos quando o seu corpo começou a ganhar o gosto pela dança.

No bairro do Alto da Loba, em Paço de Arcos, as raízes dançantes da comunidade africana influenciaram os movimentos de Marcelino desde cedo. Filho de pai guineense, o jovem cresceu ao som de kuduro, kizomba e funaná, incorporando a energia e sensualidade destes estilos na sua identidade como bailarino.

O seu talento foi descoberto no grupo de dança da comunidade e aos nove anos fez uma audição para integrar a Escola de Dança do Conservatório Nacional, onde teve o seu primeiro contacto com o estilo clássico, cuja elegância e intemporalidade ainda hoje guarda, enquanto confessa o desejo de que um dia “o ballet volte a estar na moda como antigamente”, deixando de ser uma arte “de elite, não acessível a todos”.

O seu sonho de ser um bailarino profissional levantou voo de Lisboa para Londres, quando tinha 16 anos. Os seus pés mudaram de país, de língua e de cultura e Marcelino encontrou o início da sua estrada de tijolos amarelos na Royal Ballet School. Extrovertido e de coração quente e olhos castanhos, de repente viu-se rodeado por uma sociedade mais fria, entre colegas altos e loiros, de olhos azuis. Aterrou nas terras de Sua Majestade, trazendo um pouco de África na bagagem corporal mas, apesar da adaptação difícil e solitária, recorda o seu percurso nesta escola como uma experiência feliz, durante a qual se menteve fiel a si próprio – “vou ser apenas eu, o Marcelino”. E começou por marcar a diferença quando um dia pediu aos colegas para se descalçarem numa aula de coreografia, introduzindo-os aos ritmos africanos que pulsam dentro de si, de pés no chão, sem pon-

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tas, com a pulsão e energia da terra.

O Marcelino do palco é emocional, dança naturalmente com movimentos de um egoísmo subtil – fá-lo por si próprio, emerso no ritmo que lhe aquece o âmago, onde combina a técnica minuciosa com uma brisa vinda de África, que o conduz enquanto performer.

O Marcelino fora de palco é racional, uma mente pensante, freneticamente em busca do próximo desafio, do próximo passo a dançar para cumprir o seu sonho. Se por um lado deseja ser pioneiro na dança contemporânea, construindo um estilo que coloque o clássico em simbiose com movimentos africanos, por outro pretende um dia levar os ritmos europeus até África, onde gostava de dar aulas de ballet a crianças menos favorecidas, fomentando também a sua “exportação” artística para o Mundo – “na dança contemporânea faltam bailarinos negros,

DANCE

He was six years old when the love of dance took hold of his body. In the Alto da Loba neighbourhood in Paço de Arcos, the exotic steps of the African immigrant dance influenced him from a young age. Marcelino was the son of a father from Guinea-Bissau and he grew up listening to kuduro, kizomba and funaná, incorporating the energy and sensuality of these dances into his identity as a dancer.

His talent was spotted at a community dance troupe and he was 9 years old when he auditioned to join the National Conservatory’s School of Dance where he first came into contact with classical dance. Its elegance and timelessness is still dear to him, as he confessed his hope that “someday ballet will come back into style as it used to be”, instead of being a preserve “of the elite that is not accessible to all”.

His dream of being a professional

H

ballet dancer took him off from Lisbon to London when he was just 16 years old. His feet changed country, changed language and culture.

Marcelino followed his yellow brick road to the Royal Ballet School. A warm-hearted extrovert with brown eyes, he was suddenly surrounded by an aloof society, an outsider amidst tall, blonds with blue eyes.

He arrived in the land of Her Majesty bringing a bit of Africa with him in his bags. Despite a difficult and lonely period of adaptation, he remembers his passage through the school as a happy experience, during which he was always true to himself – “I am going to be just what I am, Marcelino”. And he began to stand out when he asked his colleagues to take their shoes off in a choreography lesson, introducing them to the African beat that was

sounding inside of him, with his feet on the ground, without point shoes, without artifice. On stage, Marcelino is emotional. He dances naturally with subtly personal moves – he does it for himself, immersed in a beat that warms his soul, where he brings careful technique together with an African breeze that always guides him when he performs. Offstage he is rational. He’s a thinker, frenetically searching of the next challenge, the next step to dance in search of his dream. If, on the one hand, he would like to be a pioneer of modern dance, building a style that brings classical dance into a symbiosis with African moves, on the other he hopes to bring European rhythms to Africa, where he would like to teach ballet to disadvantaged children. That way he could nurture the export of his own art worldwide

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 95

DANÇA

com uma linguagem corporal diferente, muito mais física”.

Depois de ser surpreendido por uma grande exposição mediática internacional, quando foi nomeado como First Artist no Royal Ballet de Londres, onde é bailarino desde 2012, Marcelino confessa-se um jovem orgulhoso por representar Portugal e a Lusofonia na diáspora e por ter estado no centro da promoção artística da dança contemporânea a nível nacional.

“there is a lack of black classical dancers with their distinctive body language, its greater physicality”.

Following the surprise of his jump to international fame when he was nominated as the First Artist at the London Royal Ballet where he’s been dancing since 2012, Marcelino admits to being proud of representing Portugal in the diaspora and to being able to promote contemporary dance at the national level.

Off stage, as he wanders around London, with his feet firmly planted on the ground Marcelino - almost ironically - reveals himself changing from his paint shoes to his Dr. Martens boots He changes from his stage tights with their 1970s and 80s prints and he prefers a colourful vintage style that is very different than that of his stage image. This is one young talent who promises to keep on living life dancing.

96 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

Fora dos palcos, enquanto passeia pelas ruas de Londres de pés bem assentes no chão, Marcelino revela-se também, quase ironicamente, trocando as pontas por sapatos Dr. Martens e as licras lisas por estampados dos anos 70 e 80, apresentando um estilo colorido e revivalista que o distingue da sua “personagem” de palco.

Um jovem talento que promete continuar a viver a vida a dançar.

DANCE

Michaela DePrince VA NE S S A RA MINHOS

AN GELA STER LIN G

QUEM VÊ MICHAELA DEPRINCE NUM PALCO NÃO SABE QUE, POR TRÁS DA DELICADEZA DOS SEUS MOVIMENTOS, SE ESCON DE UMA PEQUENA FORÇA DA NATUREZA. ESTRELA NO DOCUMENTÁRIO FIRST POSITION, DE BESS KARGMAN, E AUTORA DO LIVRO TAKING FLIGHT, MICHAELA TEM APRENDIDO A DESAFIAR OS ESTEREÓTIPOS. E COM MUITO SUCESSO.

THOSE WHO SEE MICHAELA DE PRINCE ON STAGE HAVE NO WAY OF KNOWING THAT BEHIND HER DELICATE MOVEMENT, LURKS A DYNAMIC FORCE OF NATURE. STAR OF THE DOCUMENTA RY FIRST POSITION, BY BESS KARGMAN AND AUTHOR OF THE BOOK TAKING FLIGHT, MICHAELA HAS MANAGED TO CHALLENGE STEREOTYPES AND WITH MUCH SUCCESS. NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 97

DANÇA

N ‘Não acho que a minha infância tenha sido difícil. Tive pais que me amaram e cuidaram de mim até ter três anos e meio. Difícil foi o ano seguinte, quando os perdi e vi coisas horríveis’. Mabinty Bangura nasceu na Serra Leoa em 1995, em plena guerra civil. Uma guerra que lhe levou os pais biológicos e a pôs num orfanato, aos quatro anos, onde acabaria por se cruzar com a família DePrince, que a adoptou e levou para a América.

Nos Estados Unidos, descobriu a sua paixão pela dança e há três anos que faz parte da Companhia Nacional de Bailado Holandesa. Este ano,

foi promovida a coryphée, o equivalente a um demi-solista. ‘A minha experiência tem sido fantástica. [A Dutch National Ballet] é uma companhia fantástica, com bailarinos e coreógrafos fantásticos. Toda a gente tem sido muito simpática e a cor da minha pele não influência os papéis que me são atribuídos’, afirma Michaela, uma das poucas bailarinas negras em grandes companhias internacionais de ballet, uma vez que a cor da pele ainda é motivo de discriminação na dança clássica. ‘Pouco antes de lançar o Taking Flight, eu e a minha mãe fizemos uma pesquisa sobre companhias de ballet americanas. Nas 31 companhias que podem ser consideradas clássicas, só conseguimos encontrar 11 bailarinas de pele negra e, dessas, sete tinham um tom de pele muito claro, que facilmente se confunde com bailarinas mais morenas. Ou seja, só quatro mulheres têm a pele suficientemente escura para se distinguirem.

Acho que os números falam por si’.

Mas a cor da sua pele não foi o único obstáculo que Michaela teve de ultrapassar. Portadora de vitiligo, foi vítima de descriminação, espe-

cialmente na infância, mas, hoje, ao lado de outras jovens como a modelo Winnie Harlow (que tem o mesmo problema) quebra tabus. ‘Acho que esta nossa presença na esfera pública está a fazer com que toda a gente reconheça que a beleza vem em todas as cores. Até é multicor!’.

No ano passado, editou Taking Flight, um livro baseado nas memórias que a sua mãe apontou num bloco de notas quando a adoptou. ‘Uma das razões que me fez escrever este livro foi pensar que podia servir de inspiração a outros jovens que têm lutado contra adversidades e a bailarinas negras que pensam que a cor da sua pele pode ser uma barreira’, afirma a estrela do documentário First Position, de Bess Kargman, que acredita que está na altura de ‘os directores das escolas perceberem que o público está preparado para uma Clara ou uma Aurora negras’. Ao ler o produto final, a bailarina considera que conseguiu ‘aceitar o meu passado e apreciar o presente e o futuro’.

Com um ano que corre de Agosto a Julho, Michaela DePrince preparase para dar vida a Clara, do ballet

de Tchaikovsky O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos, e continua a trabalhar para um dia dar vida a Aurora, d’A Bela Adormecida. ‘Tenho memórias muito boas de dançar em competições quando era pequena e usar o lindo tutu da Aurora que a minha mãe fez para mim’, confessa. A sua mãe é, também, o seu principal ídolo. ‘Ela é autora, porta-voz, educadora, advogada, activista e, acima de tudo, uma mulher espectacular. Um dia, espero ser como ela!’.

Até lá, a ‘paixão pela minha arte e o meu desejo de tornar este mundo num lugar melhor’ dão força a Michaela DePrince para continuar.

Em Outubro, foi uma das porta-vozes contra a Mutilação Genital Feminina, uma prática comum no Médio Oriente e em África, incluindo no seu país natal, na abertura do Women in the World London Summit. Para os jovens que a vêem como uma inspiração, relembra: ‘Evitem comportamentos autodestrutivos, não andem com pessoas negativas, comam comida saudável, descansem muito. Apreciem a pessoa que são e como são, e mandem e-mails à vossa família todos os dias’.

That is where she discovered her passion for dance. For the past three years she has performed with the Dutch National Dance Company. This year she was promoted to coryphée, the equivalent of a demi-soloist. ‘My entire experience has been amazing.

It’s a wonderful company with brilliant dancers and exciting choreographers.

Everyone has been very nice and the color of my skin has no impact on the roles I am given’, Michaela told us. She is one of the few black ballerinas in a large international ballet company, and skin colour can still be a cause for discrimination in classical ballet. ‘Shortly before Taking Flight was due to be released, Mom and I did some research on ballet companies in the United States. Of the 31 companies that could possibly be considered “classical” companies, we could find only 11 female dancers that were “black.” Of these dancers, 7 were so light skinned to be practically indistinguishable on stage from their dark-haired colleagues. Only 4 women in U.S. classical companies were dark enough to be readily identifiable as black by the audience. So, I will let the num-

bers answer this question.’ But her skin colour was not the only obstacle that Michaela had to overcome.

She also suffers from vitiligo, which was also a discriminating factor. But today, alongside other young women, like model Winnie Harlow (who has the same problem), she is shattering taboos ‘I think that our presence in the public has also made others recognize that beauty comes in all colors, even multicolors!’

Last year she published Taking Flight, based on her mother’s remembrances from when she first adopted the child. ‘I also wrote the memoir because I hoped it would inspire young people who were confronted by adversity’ and to inspire young black ballerinas who were feeling their colour might be a barrier. This star of the documentary First Position, by Bess Kargman believes that it is finally time for ‘directors and boards of directors to recognize that the world is ready for a black Clara or Aurora’.

She also says that by the time she read the final version of the book, she has managed to ‘accept my past and appreciate my present and future’.

With an agenda that runs from Au-

I

‘I don’t consider myself as having had a rough childhood. I was well protected and nurtured by loving parents until I was three and a half.

Rough was the following year, when I lost both of my parents and witnessed terrible sights’. Mabinty Bangura – her birth name – was born in Sierra Leone in 1995, during the civil war, which claimed the lives of her parents and placed her in an orphanage at the age of four, where she would later cross paths with the DePrince family who adopted her and took her to the U.S. 98 DIVO NO NOVEMBRO O VEMBRO / DEZEMBRO 2015

DANCE

gust to July, Michaela DePrince is preparing to bring Clara, from Tchaikovsky’s The Nutcracker to life. And she is still hoping one day to dance the part of Aurora from Beauty and the Beast. ‘I have fond memories of dancing it in competition as a child, and wearing the beautiful Aurora tutu that my mother made for me’, she confessed. Her mother is, in addition, her idol. ‘She is an author, speaker, educator, advocate, activist, and all around terrific lady. I aspire to be like her’.

Until then, a ‘passion for art and a desire to make the world better’ are what give Michaela DePrince the strength to keep going. In October she was one of the spokespeople against Female Genital Mutilation at the Women of the World London Summit. This practice is common in the Middle East and also in Africa, including her birthplace. For young women who see her as an inspiration, she reminds them: ‘avoid selfdestructive behaviors, do not hang around negative people, eat healthy meals, get plenty of rest, appreciate who you are and how you look, and email your family every day’.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 99

DANÇA

COMEÇOU A DANÇAR QUANDO AINDA ERA UMA CRIANÇA. PRIMEIRO, RENDEU SE AOS RITMOS AFRICANOS, COMO O KUDURO E O NDOMBO LO; DEPOIS, DAVA POR SI EM FRENTE AO ECRÃ DA TELEVISÃO A IMITAR OS PASSOS DE MICHAEL JACKSON. SETE ANOS DEPOIS DE TER SIDO DECLARADO O VENCEDOR DA PRIMEIRA EDIÇÃO DO BOUNCE ANGOLA, MA NUEL KANZA MARCA O SEU PRÓPRIO PASSO NO MUNDO DA DANÇA.

P

Para Manuel Kanza, o kuduro não se dança só com o corpo, mas também com a mente (e com a alma). Criador do Cracanza e do Afrokanza,viu a sua vida mudar através da dança, quando participou na primeira edição do Bounce Angola, um concurso televisivo que tinha como objectivo encontrar o melhor dançarino do país.

‘A vitória mudou muito a minha vida.

Tudo o que tenho hoje foi por causa de ter vencido o Bounce [Angola]. A dança levou-me para lugares aonde ninguém imaginava que eu fosse.

Abriram-se muitas portas, conheci países que nunca pensei visitar e hoje tenho a minha própria academia de dança e estúdio de produção de imagem’, confessa o coreógrafo que, depois de um ano a estudar dança em Lisboa, recebeu uma bolsa de estudo para frequentar a Faculdade de Dança Angel Vianna, no Brasil. Foi durante este período que Manuel se

conseguiu definir como um ‘verdadeiro coreógrafo’ e desenvolveu o Cracanza, uma mistura de dança contemporânea com Tai Chi Chuan. ‘Durante a faculdade, tive uma disciplina onde tinha de inventar um estilo de dança que tivesse a ver comigo, e eu andava à procura de algo cru e verdadeiro, que ainda não existisse’, diz Manuel. Destinado a pessoas com mais de 6 anos, o Cracanza é uma ‘arte que pertence à categoria do ioga e do pilates, com uma finalidade terapêutica’, libertando a tensão muscular e articular.

Uma união entre corpo e mente, conseguida através dos ritmos angolanos e congoleses, como o ndombolo, que Kanza dançava ainda em criança, até descobrir os videoclips de Michael Jackson no pequeno ecrã. Ritmos que acabariam por ter influência na sua carreira como coreógrafo.

Depois de ter sido convidado a parti-

Manuel Canza VA NE S S A RA MINHO S

HE BEGAN TO DANCE WHEN HE WAS JUST A BOY. FIRST HE GAVE INTO THE AFRICAN BEATS LIKE KUDURO AND NDOMBOLO. LATER ON HE FOUND HI MSELF IN FRONT OF THE TELEVISION IMITATING THE STEPS OF MICHAEL JACKSON. SEVEN YEARS AFTER HAVING BEEN CROWNED THE WINNER OF THE INAUGURAL BOU NCE ANGOLA CONTEST, MANUEL KANZA CAN NOW SET HIS OWN BEAT WITHIN THE WORLD OF MUSIC.

PATR ICE DE LEMOS

A

100 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

According to Manuel Kanza, you can’t dance kuduro with just your body.

You need to use your mind too (and the spirit). The creator of Cracanza and Afrokanza saw his world transformed by dance when he entered the first Bounce Angola, a TV contest that aimed to find the country’s finest dancer.

‘That victory changed my life totally. Everything that I have today I owe to having won Bounce [Angola]. My dancing has taken me places that I never imagined seeing. Many doors have opened. I’ve visited countries I’d never dreamt of seeing. And today I have my own dance academy and studio of image production,’ confessed the choreographer who, after studying for a year in Lisbon, got a scholarship to the Angel Vianna Dance Faculty, in Brazil.

It was at this period that Manuel decided to define himself as a ‘true choreographer’. He put together Cracanza, a mix of contemporary dance with Tai Chi Chuan. ‘At the university, I had a subject where I had to invent a style of dance that related to me. I wanted to come up with something that was honest and raw, something completely new’, recounts Manuel.

Intended for those over 6 years of age, Cracanza is an ‘art that belongs in the category of yoga and pilates.’

It’s a form of therapy. It releases joint and muscle tension.

This union of body and soul comes about through Angolan and Congolese rhythms, like ndombolo, that Kanza used to dance as a child until he discovered Michael Jacskson on the small screen. These beats ended up influencing his career as a choreographer. A er being invited to participate in the Festival Internacional de Danças Urbanas in Rio de Janeiro, Rio H2K, Manuel sought out a way to blend African dances.

Pantsula, mbrututo, ndombolo, kuduro, azonto, kwaito and popping all came together into one single style, the Afrokanza. ‘”Afro” comes from Africa; kanza means planting so that you may reap. And this dance allows you to both plant and to reap African rhythms’.

But, since the good child always comes home, he returned to the Bounce studio in 2009 as a member of the jury, and in 2011, as a choreographer. Currently, he manages a dance academy in Angola and is one of the founders of the Inspira Dan-

DANCE

#SENTEORITMODIVO Convidámos Manuel Kanza e Heroide Prazeres a juntarem-se à DIVO e à Diesel para mostrar o seu #ritmodivo, no conforto da jogg jeans – ideais para dançar.

Aqui, pode conhecê-los melhor e, no site da DIVO, ver como eles dançam.

Veja o video / see the video T-Shirt, Diesel Jeans, Diesel Jogg Jeans NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 101

DANÇA

cipar no Festival Internacional de Danças Urbanas do Rio de Janeiro, o Rio H2K, Manuel procurou uma forma de fundir as danças africanas. Pantsula, mbrututo, ndombolo, kuduro, azonto, kwaito e popping juntam-se no mesmo estilo, o Afrokanza. ‘Afro porque vem de África; kanza significa plantar para colher. E esta dança serve para plantar e colher África’.

Mas como bom filho à casa torna, acabaria por regressar aos estúdios do Bounce, em 2009, como júri, e em 2011, como coreógrafo. Actualmente, gere uma academia de dança em An102 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

gola e é um dos criadores do projecto Inspira Danza, ao lado da holandesa Lisanne Van Sonsbeek. ‘Sempre sonhei em ter um grupo de dança internacional que pudesse trabalhar online, para desenvolver a dança em Angola e mostrar aos angolanos que existem muitos estilos de dança no mundo e as dificuldades pelas quais todos passamos’. Munidos de máquinas fotográficas, usam a paisagem urbana de Luanda como cenário para os passos que a cidade viu nascer nos subúrbios, e prometem lançar o maior evento de danças urbanas e tradicionais em Luanda.

Membro fundador do projecto Os Kuduristas, Manuel Kanza afirma-se cada vez mais como um dos embaixadores internacionais do kuduro. Depois de já ter levado esta dança por toda a Europa e até ao outro lado do Atlântico, promete não parar por aqui. ‘Admiro muito o Chris Brown, por todo o seu sucesso como jovem artista e pela sua carreira. Mas se pudesse dançar num concerto ou num videoclip, gostaria de o fazer ao lado de Coréon Dú ou Pérola, porque são dois artistas muito versáteis e não se limitam a um só estilo musical’.

za project, together with the Dutch dancer Lisanne Van Sonsbeek. ‘I’d always dreamed of having an international dance company that could work online, to develop dance in Angola and show Angolans the dance styles from all over the world as well as the challenges that we have faced’.

Armed with cameras, they use the urban Luanda landscape as their backdrop for the steps that the city has seen springing from the suburbs. They are also planning to set up the largest urban and traditional dance events in Luanda.

Founding member of the Os Kuduristas project, Manuel Kanza is becoming better and better known as an international representative of kuduro. A er having carried this dance style all across Europe and even to the other side of the Atlantic, he promises not to stop there.

‘I really admire Chris Brown, for his success as a young artist and for his career too. But if I could do a show or a video clip, I’d really like to do it with Coréon Dú or Pérola.

They are both highly versatile musicians who don’t limit themselves to any particular style’.

Heroide Prazeres

‘QUEM DANÇA SEUS MALES ESPANTA’, JÁ CANTAM OS HMB, E HEROIDE PRAZERES SEGUE O LEMA À RISCA. DE POIS DA SUA BREVE PASSA GEM PELO BOUNCE ANGOLA, A SUA VIDA MUDOU SE PARA O EXTREMO OPOSTO E PAS SOU A DANÇÁ LA NO MESMO COMPASSO DA SUA MÚSICA. VAN ESSA R AMIN HOS

PATR ICE DE LE M O S

JUST LIKE THE SONG BY HMB SAYS ‘QUEM DANÇA SEUS MALES ESPANTA/ THOSE WHO DANCE CAN DANCE THEIR PROBLEMS AWAY’. HEROIDE PRAZERES FOLLOWS THAT ADVICE TO THE LETTER. AFTER A BRIEF PERIOD AT BOUNCE ANGOLA, HER LIFE TURNED AROUND AND SHE BEGAN TO DANCE LIFE TO HER OWN BEAT.

DANÇA

A

‘A dança entrou na minha vida num momento muito complicado para mim, em que eu achava que não era importante para ninguém, nem para a minha família. Foi aí que conheci o Manuel Kanza e a minha vida começou a mudar...’. Heroide Prazeres tinha 15 anos quando se cruzou com aquele que é hoje um dos seus bailarinos favoritos e, aos 17, resolveu participar no Bounce Angola 2011. Não chegou ao fim, mas os dois meses que lá estiveram souberam-lhe pela vida. ‘Durante o Bounce, aprendi as bases de muitos estilos de dança, como o ballet, contemporâneo, jazz e danças de salão. Metade da Heroide de hoje existe graças à formação do Bounce. Cresci muito em termos de técnica, controlo do meu corpo, dinamismo, leveza...’, afirma a bailarina.

De sorriso forte, facilmente se destacou durante os castings para o concurso, tendo sido das melhores classificadas nessa fase. Quatro anos depois, Heroide está empenhada

nos estudos e está a completar a sua formação em Gestão de Recursos Humanos, mas sem nunca esquecer a dança. ‘O meu maior sonho é, e sempre foi, ser uma artista completa. Nada seria melhor do que a alegria de olhar para mim e ver que realizei o meu sonho’. E que sonho é esse? ‘Adorava ser especialista em jazz!’.

Para além de conseguir manter o seu corpo sempre em forma, quando dança, Heroide deixa-se fascinar pela ‘liberdade e paz de espírito’ e sente-se ‘especial, única e livre, como uma pomba branca no céu’. Mas nem tudo é um mar de rosas e, no primeiro show da sua vida, foi difícil controlar os nervos. ‘A minha perna não parava de tremer e não a conseguia controlar de tão nervosa que estava!’, confessa, ao mesmo tempo que diz que, nestas situações, o importante é reagir com naturalidade.

Faz parte da companhia Corpo de Dança, de Manuel Kanza, e sentese uma privilegiada, por poder ‘rep-

resentar a mulher Mwangolé e aquilo de que elas são capazes, porque há força de vontade para aprender e ensinar kuduro’, uma dança que a bailarina considera ser sinónimo de ‘Angola, cultura, vida, alegria e, acima de tudo, muita adrenalina’.

Admira o trabalho de outros colegas do Bounce, como Dilo Paulo e Bruna Samara, e, é claro, o do seu mentor, Manuel Kanza. Sasha, concorrente do programa americano So You Think You Can Dance, é também um dos ídolos da bailarina, que gostaria de dançar ao lado da cantora moçambicana Lizha James, porque ‘ela canta muito bem e as suas músicas têm muito ritmo. Vibro muito com as músicas dela!’.

E daqui a dez anos, onde quer estar? ‘Vejo-me realizada, com a maioria dos meus sonhos e desejos realizados e uma vida estável. Gostava de me tornar referência e inspiração para outras bailarinas e artistas. Ah, e quero estar casada e com dois filhos!’.

A

‘Dance came into my life at a really difficult time when I felt like I wasn’t important to anybody, not even to my family. That’s when I met Manuel Kanza and my life began to change…’

Heroide was 15 years old when she met the man who is now one of her favourite dancers. At 17 she entered Bounce Angola 2011 contest. She didn’t make it to the end but the two months she spent in that environment were enough to convince her.

‘Throughout Bounce, I learned the basics of many dance styles like ballet,

contemporary dance, jazz and ballroom dance. Half of who I am today I owe to the training I got at Bounce. I learned a tremendous amount about technique, body control, dynamism, lightness…’ the dancer told us.

Her broad smile helped her to stand out during the auditions for the contest and she got some of the best marks during this phase. Four years later, Heroide is concentrating on her studies and she’s currently finishing her training in Human Resources Management but she hasn’t forsaken dance. ‘My biggest dream is to and has always been to be a true performer.’

Nothing would be better than the happiness of looking at myself and seeing that I had made my dream come true.’ What dream is that? ‘I would love to specialise in jazz.’

In addition to helping her keep in shape, dance leaves Heroide mesmerised by the ‘freedom and peace of mind’. She feels special, unique and free, like a white dove in the sky’. But life is not a total bed of roses and in her first show, she found it hard to keep her nerves under control. ‘My leg wouldn’t stop shaking and I was so nervous I couldn’t control it!’ She told us this story at the

same time that she taught us that the best thing to do in these situations is to react naturally.

She is part of the Manuel Kanza’s dance company Corpo de Dança and that makes her feel like she’s special because she can ‘represent the “Mwangolé women and all that they are able to do because there is that drive to learn and to teach kuduro’, a style that this dancer considers to be synonymous with ‘Angola, with culture, life, joy and, above all, lots of adrenaline’.

She respects the work of other Bounce colleagues like Dilo Paulo and Bruna, as well as, of course, her mentor Manuel Kanza. Sasha, a contestant on the U.S. programme “So You Think You Can Dance” is another dancing idol. And she dreams of dancing with the Mozambican singer Lizha James because ‘she sings really well and her songs have a great beat. Her music makes me rock!’

Ten years from now, where does she see herself? ‘I see myself realized, having achieved most of my dreams and desires and settled down. I would like to become a role model for other dancers and performers. Oh! And I’d like to be married with two children!’

104 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

DANCE

#SENTEORITMODIVO We’ve invited Manuel Kanza and Heroide Prazeres to join DIVO and Diesel to show off their #rimodivo in the comfort of their jogg jeans — perfect for dancing. Here you can see them at their best. And click over to our DIVO site to check out their moves.

T-Shirt, Diesel Jeans, Diesel Jogg Jeans

Veja o video / see the video

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 105

HOTEL

HOTEL

CHAISE LONGUE SOBRE O ÍNDICO LOUNGE OVER THE OCEAN

HOTEL POLANA

É UM DOS MAIS FAMOSOS EDIFÍCIOS DE MOÇAMBIQUE E A MAIOR VARANDA DE MAPUTO COM VISTA PARA O OCEANO ÍNDICO. 5 ESTRELAS EM TERRA FIRME NO POLANA SERENA HOTEL. N U N O M I L A GRE

IT’S ONE OF THE MOST FAMOUS BUILDINGS IN MOZAMBIQUE WITH THE LARGEST TER RACE IN MAPUTO LOOKING OVER A MAGNIFICENT VIEW OF THE INDIAN OCEAN. FIVE STARS ARE PLANTED ON SOLID GROUND AT THE POLANA SERENA HOTEL.

HOTEL

O projecto do Hotel Polana pretendia dotar a cidade de Lourenço Marques com um grande hotel que pudesse acomodar embaixadores e altas individualidades como num palácio. Inaugurou em 1922 com essa finalidade e, por muito que Maputo tenha crescido desde então, continua como ícone arquitectónico e a grande referência da hotelaria de luxo da capital de Moçambique.

Remodelado em 2010, o Polana Serena Hotel foi requalificado para o século XXI mantendo a pose solene e o charme clássico que garantem desde o início o prestígio de ser um dos melhores hotéis de África.

A largueza de espaços no interior é a continuidade da silhueta exterior majestosa. No piso térreo, o lobby, salão nobre, restaurantes e bar estão unidos por amplas salas e corredores para múltiplos locais de encontro, lazer e negócios.

ENTRE MAR AZUL E TERRA VERMELHA

As esplanadas do restaurante e bar espreitam sobre o jardim e a grande piscina do Polana. O hotel está de braços abertos para o oceano: céu e mar dividem o azul do horizonte na grande varanda sobre o Índico.

A vista para o amanhecer no oceano é um dos luxos que o Hotel Polana oferece todos os dias, tal como o conforto dos quartos, o requinte nos três restaurantes e as carícias no Maisha Spa, onde se chega por um jardim secreto guardado por uma acácia rubra.

Embora esteja virado para o mar e protegido do burburinho da cidade, o Polana está situado numa das suas mais movimentadas avenidas de Maputo, perto do centro urbano, e a dois passos da simpática Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia.

108 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

HOTEL

The idea behind the Polana Hotel, when it was inaugurated in 1922, was to house ambassadors and VIPs as if it were a palace. Although Maputo has grown considerably since then, the building remains an architectural icon and the most famous luxury hotel in the Mozambican capital. A 2010 renovation brought the Polana Serena into the XXI century whilst still maintaining the dignity and classic charm that mark it as one of the most prestigious hotels in Africa.

The wide-open interiors mirror the majestic scale of the exterior. On the ground oor, the lobby, the grand room, restaurants and bars are joined by spacious rooms and corridors leading to a wealth of spots for cosy get-togethers, leisure and business.

BETWEEN THE BLUE SEA AND THE RED EARTH The outdoor restaurants and bars peek out over the garden and the spectacular Polana swimming pool. The hotel spreads it arms out to the ocean. The sky and the ocean meet at the blue line of the horizon well beyond the splendid patio over the Indian Ocean.

The view of the sunrise is one of the luxuries that the Hotel Polana oers every day, in addition to the comfort of the rooms, the elegance of three restaurants and the warm caress of the Maisha Spa, which you can reach by way of a secret garden hidden away behind a Royal Poinciana acacia.

Although it faces the ocean and is protected from the bustle of the city, the Polana is located on one of the busiest avenues in Maputo, near the city centre and two steps away from the inviting FEIMA Market.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 109

ENTREVISTA

NASCEU EM 1988, EM SUITLAND, MARYLAND, EUA, E É UMA DAS GRANDES ESTRELAS DO BASQUETEBOL AMERICANO. CORRIA O ANO DE 2007 QUANDO INGRESSOU NA NBA, PELOS SEATTLE SUPERSONICS E, EM 2012, FOI UM DOS RESPONSÁVEIS PELA MEDALHA DE OURO QUE A SELECÇÃO AMERICANA ARRECADOU NOS JOGOS OLÍMPICOS, EM LONDRES. NESTE OUTONO, KEVIN DURANT É UM DOS ATLETAS QUE DÃO A CARA PELA CAMPANHA DA NIKE TECH FLEECE, A LINHA PENSADA PARA TODOS OS ATLETAS FORA DE SERVIÇO. MESMO OS NÃO PROFISSIONAIS.

KEVIN DURANT ONE OF THE BIGGEST STARS IN AMERICAN BASKETBALL, KEVIN DURANT WAS BORN IN 1988 IN SUITLAND, MARYLAND. HE JOINED THE NBA IN 2007 TO PLAY FOR THE SEATTLE SUPERSONICS AND IN 2012 HE WAS PART OF THE AMERICAN TEAM THAT BROUGHT HOME THE OLYMPIC GOLD FROM LONDON. THIS AUTUMN, KEVIN IS ONE OF THE FACES REPRESENTING NIKE TECH FLEECE, A CLOTHING COLLECTION DESIGNED FOR OFF COURT ATHLETES, PROS AND AMATEURS ALIKE.

110 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

INTERVIEW

ENTREVISTA

Se tivesses de descrever Kevin Durant sem mencionar basquetebol, o que dirias? 9 Sou simples, tenho bom feitio e sou espontâneo. São as três coisas que eu diria.

Fora do campo, qual é a tua maior paixão?9A minha maior paixão é ajudar os jovens. Gosto de dar um bom exemplo às crianças , mostrar-lhes o valor do trabalho, tanto por aquilo que digo, como através do meu próprio exemplo. Tanto quanto posso, tento falar com eles para que conheçam as lutas que travei e as lutas que terão que travar quando seguirem este caminho. Tento ajudar no que posso.

O que te motiva para continuares a praticar depois dos treinos? Porque é que ficas no ginásio mais tempo do que precisas?9Só quero ser consistente em tudo o que faço. Quero ser, consistentemente, o melhor jogador em campo todas as noites. Podes sê-lo uma ou duas vezes durante uma temporada, mas eu quero sê-lo todas as noites. Por isso quero continuar a trabalhar e ser o melhor jogador que posso ser. Quando era pequeno foi-me incutida uma ética de trabalho que eu nunca esqueço.

Qual é o teu maior medo?9O meu maior medo é tomar tudo como garantido.

Ser capaz de fazer algo que adoro todos os dias é uma bênção. Nós jogamos tantos jogos, e temos tantos treinos...passa a correr. No fim de contas, preocupo-me que possa não ter realmente aproveitado todos os dias como jogador profissional.

Quando te reformares da NBA, que legado queres deixar?9Quero entrar no Hall of Fame, conquistar vários campeonatos, e acima de tudo, deixar a minha marca na cidade. Quero inspirar os jovens da cidade em que jogo e ser lembrado como uma daquelas pessoas que causou um impacto na vida das outros, dentro e fora de campo.

O que queres que seja o teu legado fora do basquetebol?9Fora do basquetebol, é simples. Quero inspirar, quero levar pessoas na direção certa e quero mostrar às pessoas o que é o amor.

O que gostas mais nos Tech Fleece?9Primeiro de tudo, a maneira como se ajustam. Cabem-me na perfeição. O ajuste estreito é algo que estou a adorar hoje em dia. E misturam vários padrões diferentes. Andei a usar o camuflado. Fizeram um óptimo trabalho, principalmente nos pequenos detalhes, no que toca aos capuzes e modelos dos fechos. É definitivamente uma das minhas peças favoritas.

As equipas da NBA têm de viajar mais do que quaisquer outras. Qual é a chave para te manteres saudável quando passas tanto tempo na estrada? 9Basta estar ao pé dos meus colegas de equipa, rindo e brincando. É uma temporada longa. Às vezes. é uma montanha-russa emocional, e seres próximo dos teus colegas, dares-te com eles fora do campo, é o mais importante de tudo.

Os aparelhos eletrónicos também ajudam. Mas a camaradagem com os colegas no avião, no autocarro, no hotel, nos jantares – isso ajuda ainda mais.

Como descreverias o teu estilo, e porque é importante para ti seres ousado naquilo que veste? 9Só gosto de usar boas roupas, é tão simples quanto isso. Tento não fazer demais. Se não gosto, não uso, não importa o tipo de design ou quem o criou. Sou bastante simples com isso. Se fica bem, eu uso, mesmo que custe apenas cinco dólares. Tento não complicar, gosto de vestir roupas bonitas, é simples.

Quem é que achas que tem o melhor estilo na NBA, para além de ti? 9Russell Westbrook. Ele é muito bom. Mistura muito bem diferentes estilos. É muito clássico, mas também muito moderno e elegante. O Dwyane Wade também é bastante bom. Há uma série deles, mas se tivesse de nomear um, diria Russell Westbrook.

Em relação a estilo, existe alguma competição entre ti e outros jogadores da NBA? 9Não quero dizer que seja uma competição, mas todos nós queremos sempre ter uma boa aparência. Não estamos sempre a comparar, mas acho que todos queremos conquistar o nosso lugar, por isso tento fazer a minha própria cena, e não me preocupo com o que os outros jogadores da NBA estão a vestir. A coisa mais importante para mim é gostar de me sentir bem com o que visto. E ultimamente isso tem acontecido.

112 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

If you were to describe Kevin Durant and not refer to basketball at all, what would you say?9 I’m simple. I’m low-maintenance. And I’m spontaneous. Those are the three words that I would use.

What are you most passionate about off the court?9 I’m most passionate about helping the youth. I’m big on setting a good example for kids coming behind me, letting them know the value of work by leading by example and being vocal. As much as I can, I try to talk to the other guys and let them know the struggles that I went through and the struggles that they’re going to go through when they come up this path. I’m just trying to help.

What motivates you to put up shots a er practices? Why do you stay in the gym longer than you have to?9 I just want to be consistent with everything I do. I want to consistently be the best player on the floor every night. You can do it once or twice throughout a season, but I want to do it every single night. So I want to continue to keep working at it, and I just want to be the best player I can be. My work ethic was instilled in me as a kid, so I never forget it.

What is your biggest fear?9 My biggest fear is that I might be taking it all for granted. Being able to do something I love every single day is a blessing. We play so many games, we have so many practices—it flies by. By the time it’s all said and done, I worry that I might not have really enjoyed every single day as a pro.

When you retire from the NBA, what do you want your legacy to be?9 I want to be a Hall of Famer, have multiple championships, and most of all, I just want to leave my mark on the city. I want to inspire the youth in the city I play in and be remembered as one of those guys that impacted lives, on and off the court.

What do you want your legacy to be outside of basketball?9 Outside of basketball, it’s simple. I want to inspire, I want to lead people in the right direction and I want to show people what love is.

What do you like about Tech Fleece?9 First of all, the fit.

It just fits me perfect. Tight fit is what I’m going for now. And they mixed it up with different prints. I had the camo on before. They’ve done a great job with it, especially with the small details, as far as the hoods and the zipper pattern. It’s definitely one of my favorite pieces.

NBA teams have to travel more than just about every other sport. What is the key to staying sane when you’re on the road so much?9 Just staying close to your teammates, laughing and joking. It’s a long season. It’s an emotional rollercoaster sometimes, and staying close to your teammates and just enjoying them outside of basketball is what’s most important. It helps having electronics, as well.

But just having that camaraderie with your teammates on the plane, on the bus, in the hotel, going out to dinner—that helps.

How would you describe your style, and why is it important for you to be bold with your fashion?9 I just like wearing good clothes, as simple as it may sound. I try not to do too much. If I don’t like it, I won’t wear it, no matter what design it is, or who made it. I’m real simple with it. If it’s a nice fit, I’ll wear it, even if it’s five bucks. I try not to do too much, but I like wearing nice clothes, as simple as it may sound.

Who do you think in the NBA has the best style, besides yourself?9 Russell Westbrook. He’s really good. He mixes up his style a lot. He’s very classic, but he’s also very fashionable and stylish. Dwyane Wade is pretty good, too. There’s a bunch of guys, but if I had to say one guy, I’d say Russell Westbrook.

Style-wise, is there any competition between you and other NBA players?9 I don’t want to say it’s a competition, but we always want to look good. Guys aren’t comparing all the time, but I think everybody wants their own lane to stay in, so I just try to do my own thing, and not worry about what other NBA players have on. The main thing for me is, I just want to enjoy what I have on and feel good in it. And I’ve been doing that lately.

INTERVIEW

MODAIN TRANSLATION LIFE

CHRISTABELLE PETERS

COMO QUALQUER VIAJANTE EXPERIENTE PODE CONFIRMAR, POR VEZES, A VIAGEM MAIS DIRECTA É FREQUENTEMENTE A MAIS ABORRECIDA. BASTA IMAGINAR A DIFERENÇA ENTRE VIAJAR NUMA AUTOESTRADA EFICIENTE E RÁPIDA OU CHEGARMOS AO DESTINO ATRAVÉS DE PAISAGENS MAGNÍFICAS, NUNCA ANTES DESCOBERTAS PELO OLHAR PROPORCIONADAS PELAS ESTRADAS SECUNDÁRIAS. Pois bem, há um novo cenário no heterogéneo panorama artístico de Lisboa – e que reflecte bem a beleza inesperada das estradas menos conhecidas. Chama-se (e muito bem) Hangar. Ainda há poucas semanas foi o porto de abrigo onde desembarcou a exposição itinerante “Ilha de São Jorge”, com curadoria dos arquitectos Paula Nascimento (Angola) e Stefano Rabolli Pansera (Itália). A colecção de curtas-metragens, originalmente comissariada para a Bienal de Arquitectura de Veneza de 2014, lida com o tema da modernidade nas cinco nações africanas que este ano celebram 40 anos de libertação da colonização portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Paula Nascimento explicou que o projecto “pretende responder à questão de como a modernidade foi sonhada, imaginada, pensada e absorvida nestes países da África subsariana, unidos por uma herança e língua comuns”. O objectivo é criar uma plataforma de cooperação fora das habituais discussões centro-periferia, de forma a perceber melhor como interagem uns com os outros.

Um dos mais evidentes pontos em comum é a forma como os artistas Suleimane Biai e Filipa César, Filipe Branquinho, Tiago Correia-Paulo e Rui Tenreiro, Mónica de Miranda, Irineu Destourelles, Kiluanji Kia Hendam e Kwame Sousa e René Tavares criaram obras que se situam na fronteira entre o passado e o presente. E, desse modo, provocando uma certa inquietação, até mesmo preocupação, sobre aquilo que o futuro nos reserva, tendo em conta que o presente está ainda tão preso ao passado.

Mónica de Miranda, ao mesmo tempo artista e directora artística do Hangar, trabalha este dualismo ‘antes-e-agora’/’cá e lá’ na consciência pós-colonial, através do conceito de absorção. A ideia é visível na sua exposição ‘Hotel Globo’, que descreve como “a metáfora para todas as histórias e narrativas da herança da arquitectura portuguesa enquanto império – o modernismo dos anos 50 e 60” e como se transmutaram e reflectiram nas diferentes identidades da diáspora. Mas também é possível ver o Hangar como um lugar de transmutação, um porto de passagem onde artistas e intelectuais de cinco continentes se encontram, interagem e fazem uma alquimia com todas as novas configurações da experiência humana.

Nestes tempo de perplexidade, em que somos cada vez mais instados a ser ‘artistas’ das nossas próprias vidas, fazer alguma coisa a partir de quase nada, descobrir e exprimir a nossa individualidade, promover a nossa imagem para atrair trabalho ou amor, talvez seja possível aprender com os grandes exploradores em que, por vezes, no ‘desvio’ acabam por descobrir o ‘destino’ imprevisto.

114 DIVO SETEMBRO / OUTUBRO 2015

EXPOSIÇÃO DE ARTE AFRICANA FAZ ESCALA EM LISBOA

LISBON LAYOVER

AFRICAN ART SHOW TOUCHES DOWN FOR A BRIEF VISIT

LIFE IN TRANSLATION

AS ANY SEASONED TRAVELLER WILL TELL YOU, THE DIRECT ROUTE IS FREQUENTLY ALSO THE DULLEST. CONSIDER THE VASTLY DIFFERENT EXPERIENCES OF DRIVING ON A FAST AND EFFICIENT HIGHWAY TO REACH YOUR DESTINATION OR GETTING THERE BY WAY OF A MEANDERING SCENIC ROUTE THROUGH PASTURES NEW. Well, there’s a new addition to the varied and variegated landscape of Lisbon’s art scene that reflects perfectly the beauty and serendipity of taking the road-less-travelled. It’s called (appropriately enough) Hangar. And just last week it provided a much-needed port-of-call for the travelling artshow “Ilha de São Jorge,” co-curated by architects, Paula Nascimento (Angola) and Stefano Rabolli Pansera (Italy). The collection of short films, originally commissioned for the 2014 Venice Architectural Biennale, addresses the theme of modernity in the five African nations that this year celebrate forty years of liberation from Portuguese rule – Angola, Cape Verde, Guinea-Bissau, Mozambique, and Sao Tome and Principe. Nascimento explained that the project was “to answer the question of how modernity was being dreamed, imagined, thought about and absorbed in these sub-Saharan African countries linked by a common language and heritage.” The aim being to create a platform to put them in relation to one another outside of the usual centre-periphery discussions, so as to understand more about how they interact among themselves.

One obvious point in common is how each of the artists – Suleimane Biai and Filipa César, Filipe Branquinho, Tiago Correia-Paulo and Rui Tenreiro, Mónica de Miranda, Irineu Destourelles, Kiluanji Kia Henda, and Kwame Sousa and René Tavares – have created works that dance on the knife-edge between times past and present. And, in so doing, cause us to wonder, perhaps even worry, about what the future may hold when today is still in thrall to yesterday.

De Miranda, who wears two hats as both an artist and the artistic director for Hangar, addresses this ‘then-and-now’/’here-and-there’ dualism in post-colonial consciousness through the idea of absorption. On the one hand, this comes through in her exhibition ‘Hotel Globo,’ which she describes as “a metaphor for all of the histories and narratives around the heritage of Portuguese architecture in terms of empire – the modernism of the 50’s and 60’s,” and how they are transmuted into, and reflected in, the different diaspora identities. But it’s equally possible to see Hangar as a place of transmutation—a transit point where artists and intellectuals from across the five continents meet, interact, and alchemize new configurations of the human experience.

If, in these perplexing times, we are increasingly called upon to be the ‘artists’ of our own lives – making something out of not very much, discovering and expressing our individuality, marketing ourselves to attract both work and love – then from the world’s greatest explorers, we can also learn that sometimes the ‘detour’ turns out to be the unanticipated ‘destination.’

SEPTEMBER / OCTOBER 2015 DIVO 115

MUSEU

116 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

MUSEUM

ARTE SUBMERSA

MUSA THE SUBAQUATIC MUSEUM OF ART JOAN A TEIXEIR A

NAS ÁGUAS CRISTALINAS CARIBENHAS, SOB OS PARAÍSOS TROPICAIS DE CANCUN, ISLA DE MUJERES E PUNTA NIZUC, ESTÃO MERGULHADAS OBRAS DE ARTE DE SUSTER A RESPIRAÇÃO. QUEM DISSE QUE A ARTE SÓ RESPIRA À SUPERFÍCIE? UNDER THE TROPICAL PARADISE AT CANCUN, ISLA DE MUJERES AND PUNTA NIZUC, THERE ARE BREATHTAKING WORKS OF ART SUBMERGED UNDER THE CRYSTALLINE CARIBBEAN WATERS. WHO SAID THAT ART ONLY BREATHES AT THE SURFACE?

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 117

MUSEU

MUSA (Museo Subacuatico de Arte) tem como cartão de visita a sua morada exótica no mar das Caraíbas, em Cancun, no México. São três galerias submersas que constroem uma montra subaquática de 500 esculpturas da autoria do inglês Jason DeCaires Taylor e de outros cinco artistas mexicanos.

As peças são criadas em concreto marinho de pH neutro, para sobreviverem debaixo de água, e são acompanhadas de corais, plantados em seu redor de forma a criar um recife que, em simbiose natural com a arte, constrói aquele que é o primeiro museu subaquático do mundo. Mais de 100 mil mergulhadores e turistas em barcos com chão de vidro visitam estas instalações marinhas todos os anos. O projecto foi idealizado por Roberto Díaz e Jaime González Cano, que procuravam uma forma de compensar o efeito dos furacões, das tempestades tropicais e da mão humana nos recifes de coral das águas de Cancun, e encontraram na submersão de estátuas de tamanho real uma resposta artística e pro-ambiental, criando um 118 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

MUSEUM

MUSA (The Subaquatic Museum of Art) has a highly exotic address on its calling card: the Caribbean Ocean in Cancun, Mexico. Three submerged galleries showcase 500 sculptures by the Englishman Jason DeCaires Taylor as well as five Mexican artists.

The pieces were created out of pH neutral cement that is capable of surviving underwater and coral has been planted around them to form a reef. Plants together with art produce the world’s first subaquatic museum. More than 100,00 divers and tourists in glass bottomed boats visit these facilities annually. The concept behind the project was the vision of Roberto Díaz and Jaime González Cano who were seeking a way to compensate for the negative impact on the Cancun area coral reefs of tropical storms and human destruction. Their artistic, pro-environmental response was to submerge real life statues in order to create an artificial reef where coral could reNOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 119

MUSEU

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

LOVE STYLE

recife artificial onde os corais podem desenvolver-se lado a lado com a vida marinha – e assim veio à superfície o MUSA. A maioria das estátuas foi inspirada em membros locais, residentes na Isla de Mujeres, mas existem também outro tipo de esculpturas curiosas, como a de um Volkswagen Beetle, cuja forma envolve no seu interior espaços criados para atrair especificamente lagostas e crustáceos. O MUSA faz um convite intemporal aos amantes do oceano, sendo que cada mergulho neste paraíso aquático artificial reserva uma exposição diferente, com a constante mutação de plantas marinhas e corais que adornam as esculpturas, em constante metamorfose artística, ganhando protagonismo entre os cardumes exóticos. O MUSA é um museu com um travo a idílico, onde a arte está à distância de um mergulho, sendo esta um reflexo da Natureza, onde “nada morre, tudo se transforma”. A DIVO convida-o a suster a respiração.

120 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

LOVE ANGOLA

LOVE AFRICA

LOVE LIFE

LOVE STYLE

MUSEUM

produce side by side with marine life – and that is where the MUSA idea arose.

Many of the statues were inspired by local images from the Isla de Mujeres. But there are other types of sculptures as well, such as a Volkswagen Beetle, sporting lobsters and crustaceans in its interior. MUSA invites all ocean lovers.

Each dive into artificial aquatic paradise heads to a different exhibit. Each exhibit is undergoing continual mutation that can be seen in the marine plants and coral adorning sculptures. This equals a constant state of artistic metamorphosis and that stands out amidst myriad schools of exotic fish. MUSA is a museum but one with an idyllic touch, where art is just a single dive away, a reflection of Nature where ‘nothing quite dies, everything transforms’. DIVO invites you to a state of breathlessness.

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 121

VIAGEM # AMESTERDÃO

A CIDADE ABRE SE COMO UM LEQUE CRUZADO POR RUAS, PONTES E CANAIS. MUITOS CAMINHOS PARA CHEGAR A TODAS AS FACETAS DE UMA CIDADE ANTIGA, CONSERVADA POR FORA, MODERNA POR DENTRO.

TODOS OS CANAIS VÃO DAR A

AMESTERDÃO

ALL CANALS LEAD TO AMESTERDAM

THE CITY FANS OUT, CRISS CROSSED BY STREETS, BRIDGES AND CANALS. THERE ARE MANY WAYS TO DISCOVER ALL THE FACETS OF THIS ANCIENT CITY THAT IS WELL PRE SERVED ON THE OUTSIDE AND THOROUGHLY MODERN ON THE INSIDE. N U N O M I L AG R E

TRAVEL # AMSTERDAM

VIAGEM # AMESTERDÃO

AMESTERDÃO AMESTERDÃO EXIBE A ÉPOCA DOURADA DE 1600 COM O LOOK ANTIGO DO TI JOLO DOS PRÉDIOS NO AMBIENTE SILENCIOSO E ESCURO DOS QUADROS DE REMBRANDT. DO OUTRO LADO DA RUA DÁ RESPOSTA AO MAIS REQUINTADO DELÍRIO PSICADÉLICO VAN GOGH STYLE.

DE A A Z

Paradiso é o nome da mítica sala de espectáculos na cidade. O edifício era uma igreja, mas nos últimos 40 anos virou local de culto da música ao vivo.

Amesterdão acolheu e fez o remix de todas as formas de estar na vida. Os opostos não se excluem, aliam-se. O centro da cidade mantém os prédios baixos e modestos de sempre, o pátio Begijnhof, perto do mercado de livros, é uma cápsula parada no tempo dos seus prédios com 400 anos mas, conforme nos afastamos do centro, vemos prédios vidrados modernos numa cidade que está sempre à frente nas novas soluções de urbanismo e mobilidade.

As 1500 pontes que atravessam os canais da cidade podem ser símbolo da aliança de tempos históricos diferentes e da ligação de pessoas de todas as proveniências.

Na capital da Holanda vive gente de 180 nacionalidades, e olhando os néons dos restaurantes percebe-se que é possível jantar o que se quiser, nenhum petisco mundial está fora do menu em Amesterdão. Há de tudo na cidade, todas as comidas, todos os cortes de cabelo, a extrema diversidade produz grande descontracção urbana.

Deslizar em bicicleta a atravessar o Vondelpark é sinal exterior de descontracção. O parque é uma referência na cidade e via rápida para bicicletas no acesso ao centro: Leidseplein, a praça das esplanadas, e Museumplein, onde se concentram os museus Van Gogh, Rijksmuseum e Stedelijk; e as pessoas: milhares e milhares entram todos os dias para olhar nos olhos das personagens de Vermeer, Van Gogh e Rembrandt.

MERCADO A CÉU ABERTO

O antigo museu colonial reestruturou o espólio e apresenta uma perspectiva crítica da história da expansão europeia e passou a chamar-se Museu dos Trópicos. Está situado em Plantage, um bairro central bastante calmo, refúgio para desligar da agitação no centro histórico.

Espalhados pelo leque da cidade, em Amesterdão persiste a cultura dos mercados ao ar livre. São muitos, normalmente especializados em artigos como flores, livros, segunda mão ou agricultura biológica. São lugares de encontro, de passeio e compras em jeito quase informal, a céu aberto, numa cidade onde nunca chegou a febre do centro comercial.

Outro local de encontro distintivo de Amesterdão são os “brown cafés”. Cafés com interiores de madeira e luz quente, espaços muito acolhedores, o ambiente oposto da restauração franchising e aborrecida que normaliza as cidades. É animador ver a quantidade de cafés e bares, espaços únicos que têm as portas abertas para nos receber, muitas vezes com decoração e equipamentos magníficos, locais onde o espaço está desenhado para nos sentirmos em casa. Bouncespace em Overtoom e o restaurante Plantage na rua com o mesmo nome são lugares assim, onde se está bem. Pontos de encontro onde se conjuga o verbo estar, e não só comer, beber e sair.

124 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

TRAVEL # AMSTERDAM

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 125

VIAGEM # AMESTERDÃO

AMSTERDAM AMSTERDAM SHOWS OFF ITS GOLDEN AGE OF 1,600 WITH THE ANTIQUE APPEA RANCE OF THE BRICK BUILDINGS OF A DARK AND QUIET REMBRANDT PAINTING. ON THE OTHER SIDE OF THE STREET IT ANSWERS BACK WITH THE SOMETHING LIKE THE PSYCHEDELIC DELIRIUM OF VAN GOGH.

FROM A TO Z

Paradiso is the name of the city’s legendary concert venue. Forty years ago this former church became the beacon for the performance of live music.

Amsterdam has welcomed and remixed countless diverse ways of life. Opposites do not repel; they create alliances. The city centre retains the same modest low buildings as ever. Begijnhof inner court, near the book market, is a time capsule architecturally frozen at the same era of its buildings 400 years ago. But as we get farther and farther from the centre, we see glassy modern buildings in a city that is always at the forefront of new solutions for urbanism and mobility.

The 1,500-odd bridges that criss-cross the city’s canals can been seen as symbolic of the alliance between different historical periods and the links between people from all walks of life. The capital of the Netherlands houses peoples of more than 180 different nationalities. Neon restaurant signs announce that you can have dinner anywhere you like. No titbit from anyplace in the world is le off of the Amsterdam menu. You can find simply everything there, any kind of food, any kind of haircut. The extreme diversity brings urban easy-goingness.

Gliding along on a bicycle and crossing the Vondelpark is an external symbol of this carefree lifestyle. The park is a principal attraction in the city and an express lane for bicycles heading towards the centre: Leidseplein, the square with the pavement cafés and Museumplein, where the Van Gogh, Rijksmuseum and Stedelijk museums are all clustered. And the people, thousands and thousands enter every day to gaze into the eyes of characters created by Vermeer, Van Gogh and Rembrandt.

OPENAIR MARKET

The former colonial museum has reorganised its collection and now offers a critical interpretation of the European expansion. It is now called the Museum of the Tropics. It’s located in Plantage, a central neighbourhood that is fairly calm, offering a respite from the buzz of the historical centre.

The culture of the open-air market is still alive and is spread out over the city. There are many of them, especially those specialising in flowers, used books, or organic food.

They serve as meeting places, as spots for taking walks and for informal shopping, in the open air in a city where the shopping centre fever never quite managed to take hold.

You’ll want to check out as well the “brown cafés” with their wood panelling and warm lights. These cosy spots sport an ambiance that is totally distinctive from the franchised restaurants and the boring standardisation o en found in cities. It’s enjoyable to see the number of privately owned cafés and bars whose doors are open wide with welcome, o entimes with magnificent decoration and oddities. These places have been designed to make us feel at home. Bouncespace in Overtoom and the Plantage restaurant on its namesake street are just such places, where you will always feel at ease. They are meeting points where you can enjoy just being, instead of just eating, drinking and leaving.

126 DIVO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

TRAVEL # AMSTERDAM

NOVEMBER / DECEMBER 2015 DIVO 127

GUIA DE COMPRAS

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Fendi

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Area

Calzedonia

Davidoff

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