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DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 55

FPCEUC Uma instituição de excelência na promoção da saúde e bem-estar

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No âmbito da saúde, e especificamente da saúde mental, a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCE-UC) dispõe de uma oferta formativa diversificada área clínica e da saúde

Nos últimos anos, a afirmação da OMS de que não há saúde sem saúde mental tem sido endossada por várias organizações mundiais. Estas organizações têm sido unânimes em considerar a saúde mental como essencial ao capital humano, social e económico das sociedades, e como tal deve ser considerada como uma parte integral e indispensável de diferentes esferas das políticas públicas tais como as relativas aos direitos humanos, educação e emprego. No âmbito da saúde, e especificamente da saúde mental, a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCE-UC), sendo uma instituição de referência em Portugal no ensino e investigação nas áreas da Psicologia, Ciências da Educação e Serviço Social, que dispõe de uma oferta formativa diversificada na área clínica e da saúde, encontra-se numa posição privilegiada para responder aos desafios globais contemporâneos na área da saúde. A oferta formativa da FPCE-UC, que privilegia abordagens distintas de intervenção (cognitivo-comportamental, sistémica, forense, neuropsicologia clínica), bem como a solidez pedagógica e científica do seu corpo docente tornam-na altamente diferenciadora no panorama nacional. Nesta resposta aos desafios da saúde, não é alheia a investigação produzida por docentes e investigadores da Unidade de I&D da FPCE-UC (CINEICC, Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental), avaliada com Excelente no último exercício de avaliação da FCT, e de outras unidades de investigação da UC, que através da investigação e produção de conhecimento científico inovador e de valor acrescentado, cumprem exemplarmente o objetivo comum de promover a saúde e o bem-estar da população através de intervenções bem fundamentadas do ponto de vista teórico e devidamente validadas empiricamente.

Não sendo possível particularizar toda a investigação e produção científica na área clínica e da saúde da FPCE-UC, destacamos a grande diversidade de programas de intervenção – dirigidos ao tratamento, à prevenção de doença e à promoção de saúde - com aplicações em diferentes contextos (clínico, forense, académico e comunitário), fases desenvolvimentais (crianças, adolescentes, adultos e idosos) e formatos (individuais, familiares, grupais, presenciais e com recurso às tecnologias da informação e comunicação). E destacamos o notável trabalho de aproximação da investigação que se faz na FPCE-UC à sociedade civil e de transferência de conhecimento, através de atividades tão diversas como a prestação de serviços especializados à comunidade, bem como através da implementação de programas de promoção da saúde mental na comunidade, via capacitação de profissionais de áreas diversas de formação.

Estes aspetos cumprem de forma inequívoca o que a FPCE-UC define nos seus estatutos, ensino, investigação e transferência de conhecimento, e tornam a FPCE-UC a escola certa para a aprendizagem nas suas três áreas do saber que, globalmente, convergem na promoção da saúde e bem-estar.

Marco Pereira, subdiretor para a Investigação e Divulgação Científica ensino

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inovação MIA-Portugal estuda processos biológicos do envelhecimento

Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento - que no futuro ficará instalado no edifício UC Biomed, no Polo III da Universidade de Coimbra, quer constituir-se como o centro de referência no sul da Europa na investigação dos processos biológicos do envelhecimento. O objetivo é promover e sustentar o envelhecimento saudável e ativo

Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo a apresenta uma das maiores incidências de doenças crónicas associadas ao envelhecimento, como cancro, diabetes ou doenças cardiovasculares, responsáveis pela deterioração da qualidade de vida do idoso. O projeto MIA-Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento tem como objetivo construir o primeiro centro de referência no sul da Europa, focado no estudo dos processos biológicos do envelhecimento para promover e sustentar o envelhecimento saudável e ativo.

Neste momento já estão em curso projetos de investigação do MIA-Portugal, financiados com fundos europeus.

Lançado pela Universidade de Coimbra (UC), em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e o Instituto Pedro Nunes (IPN), o novo MIA- Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento será um projeto pioneiro a nível nacional na área da investigação do envelhecimento. O projeto tem como coordenador Rodrigo Cunha.

O MIA-Portugal é financiado pela União Europeia com comparticipação da Universidade de Coimbra e da CCDRC, num montante total de 49 milhões de euros, dos quais 15 milhões são investimento direto do programa Teaming da EU.

Reconhecimento da excelência

A aprovação pela União Europeia do MIA-Portugal, em Coimbra, decorre do reconhecimento do serviço de excelência na área biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), uma referência no ensino em Portugal, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o maior do país, do Centro de Neurociências e Biologia Celular, bem como do Instituto Pedro Nunes e do Biocant, que, entre outras importantes vertentes, foram incubadoras de start-ups premiadas.

Além da contribuição para a génese de conhecimento, a atividade do MIA-Portugal estará direcionada para a exploração clínica e empresarial, com vista a desenvolver novas estratégias profiláticas e terapêuticas para atenuar a incidência e desenvolvimento de doenças crónicas associadas ao envelhecimento, assim como desenvolver novas

MIA-Portugal estuda processos biológicos

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 57

Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento - que no futuro ficará instalado no edifício UC Biomed, no Polo III da Universidade de Coimbra, quer constituir-se como o centro de referência no sul da Europa na investigação dos processos biológicos do envelhecimento. O objetivo é promover e sustentar o envelhecimento

metodologias de promoção de qualidade de vida do idoso.

Por outro lado, os grupos de investigação do MIA-Portugal irão desenvolver a sua atividade científica de investigação clínica em colaboração com grupos dos parceiros internacionais –University of Newcastle Upon Tyne e University Medical Center Groningen – com o objetivo de identificar os mecanismos biológicos responsáveis pelo processo de envelhecimento, de longe o maior fator de risco para o aparecimento das várias doenças crónicas associadas ao envelhecimento.

MIA-Portugal instalado no UC Biomed

O MIA-Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA) vai ficar instalado no edifício UC Biomed, cuja construção já está em curso, no Polo III da Universidade de Coimbra.

Com uma área bruta total de mais de 12 mil m2, o edifício UC Biomed vai contar ainda com laboratórios de investigação, plataformas tecnológicas de apoio à investigação e o biotério da Universidade de Coimbra.

15 milhões apoiam contratação de recursos

O projeto UC Biomed envolve um investimento de 50 milhões de euros, dos quais cerca de 20 milhões se destinam à construção do edifício. A Comissão Europeia destina os restantes 15 milhões para o apoio à contratação de recursos humanos.

Por seu lado, o edifício terá capacidade para receber 240 a 250. Decisivo será que o conhecimento obtido na investigação chegue à área do empreendedorismo, tal como às novas práticas clínicas e novos medicamentos, e por isso o Instituto Pedro Nunes e o Biocant estão entre os parceiros, tal como o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) .

| Dora Loureiro

inovação

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Biocant quer manter investimentos e potenciar partilha do conhecimento

A diretora executiva do Biocant, Joana Banco, explica alguns dos atuais investimentos do parque na área das Ciências da Vida. O futuro, diz, passa por continuar a investir em infraestruturas e equipamentos especializados, recursos humanos altamente qualificados, dinamização das redes, potenciar o networking e a partilha do conhecimento

Joana Branco, diretora executiva do Biocant

inovação

Relativamente à inovação, quais os principais projetos atualmente em curso no Biocant Park?

Para além do apoio às empresas, através de um leque de serviços que vai desde a cedência de espaços de laboratório, acesso a plataformas tecnológicas, angariação de investimento e apoio administrativo, o parque tem em curso projetos que tem em vista a dinamização do ecossistema. Neste momento estão em execução dois projetos de âmbito regional: um visa a promoção do bioempreendedorismo, em parceria com a Universidade de Coimbra (UC), e o segundo projeto visa a transferência de conhecimento científico e tecnológico – InovC+. Este último é dinamizado por um conjunto de 19 parceiros da região centro, inclui diversos stakeholders, tais como universidades, institutos politécnicos, centros tecnológicos e parques de ciência entre outros.

Que valores monetários estão envolvidos e quais as parcerias?

Estamos perante projetos de cariz imaterial que financiam diversas atividades, cujo objetivo central encontra suporte no reforço do ecossistema de inovação regional, projetando a região enquanto referência nacional na criação de novos produtos e serviços resultantes de atividades de I&D, e deste modo contribuindo para a sustentabilidade económica e social da região. O projeto InovC+, por exemplo, é liderado pela UC e é promovido por um extenso consórcio que envolve 19 parceiros regionais em diferentes quadrantes de atuação (parques tecnológicos, incubadoras e universidades), que envolve um investimento global de 3,4 milhões de euros. O projeto InovC+, atualmente em execução, emerge de dois projetos que o antecedem, o InovC e InovC 2020 que permitiram um investimento significativo na região em termos de infraestruturas de apoio à inovação e no apoio à transferência de tecnologia e capacitação de ideias inovadoras. O projeto BiotechSTARS por outro lado, liderado pelo Centro de Neurociência e Biologia Celular da UC em parceria com o Biocant e o Instituto do Ambiente, Tecnologia e Vida, pretende promover uma cultu-

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quer manter investimentos e potenciar partilha do conhecimento

A diretora executiva do Biocant, Joana Banco, explica alguns dos atuais investimentos do parque na área das Ciências da Vida. O futuro, diz, passa por continuar a investir em infraestruturas e equipamentos especializados, recursos humanos altamente qualificados, dinamização das redes, potenciar o networking e a partilha do conhecimento

ra bioempreendedora, através dum conjunto concertado de iniciativas de deteção, estímulo e capacitação direcionadas a intervenientes em biotecnologia. Pretende-se deste modo impulsionar a criação de novas iniciativas empresariais na área das ciências da vida na região Centro. Este projeto representa um investimento global de 475 mil euros.

Como está de momento estruturado o Biocant Park?

O ecossistema está estruturado em torno das suas associações de origem: a Associação Beira Atlântico Parque (ABAP) e a Biocant-Associação de Transferência de Tecnologia, assim como de uma terceira entidade, esta de cariz empresarial, o Biocant Park SA. Esta última é responsável por toda a gestão do parque e interação com as empresas, enquanto que as associações, que dispõem de unidades de I&D e prestação de serviços, desempenham um papel de dinamização do ecossistema e participação em redes nacionais e internacionais. As três entidades partilham a missão comum de promover o parque, as suas empresas e, por inerência, o município de Cantanhede e a região.

Quantas empresas estão instaladas?

Atualmente, o parque conta com cerca de 40 empresas, de diferentes dimensões e em diferentes fases de desenvolvimento, operando em diferentes quadrantes do setor da biotecnologia. O parque integra, de igual forma, um polo de capacitação em biotecnologia do Centro de Neurociências da UC. Esta infraestrutura tem permitido a aproximação da universidade ao meio empresarial, fomentando a geração de conhecimento e transferência de tecnologia, com vista à sua valorização económica. Fruto de uma constante interação entre laboratórios de I&D e empresas, e do foco na criação de valor com base no conhecimento científico, já emergiram deste centro várias empresas com base em tecnologias e conhecimento gerados nos grupos de investigação do próprio Biocant e da UC-Biotech.

No total, trabalham diariamente no parque cerca de 400 trabalhadores (infraestruturas partilhadas e núcleo das bioindústrias), na sua grande maioria, altamente qualificados, o que corresponde a um forte investimento em capital humano.

Quais as principais dificuldades enfrentadas por essas empresas?

Cada empresa terá os seus próprios desafios, fruto do seu contexto próprio, o que inclui a sua dimensão e área de atuação. De um modo geral as principais dificuldades centram-se na obtenção de financiamento, exigências regulamentares, dificuldade de atração de altos quadros internacionais ou necessidade de angariação de parceiros internacionais de grande dimensão. Enquanto parque, um dos grandes desafios reside na própria sustentabilidade, de modo a que se consiga garantir um apoio eficaz e de qualidade que possa alavancar o sucesso das empresas instaladas

Num futuro próximo como será desenvolvida a atividade do Biocant?

Dada a especialização do parque em biotecnologia, o Biocant Park posiciona-se como uma entidade dotada de infraestruturas e serviços altamente especializados, que permite o desenvolvimento de I&D avançado em contexto académico e empresarial. O modelo geral de funcionamento do parque não será, por isso, significativamente alterado. Ou seja, importa continuar a criar condições para que possamos apoiar as empresas instaladas (existentes ou novas empresas/projetos), tanto no nosso núcleo de I&D partilhado como no núcleo de bioindústrias. Para isso é necessário continuar a investir em infraestruturas e equipamentos especializados, recursos humanos altamente qualificados, dinamização das redes, potenciar o networking e a partilha do conhecimento. É também crucial que se mantenha uma aposta na promoção do parque a nível internacional, assim como das suas empresas, representando, de um modo geral, o setor da biotecnologia a nível nacional. Iremos, naturalmente, continuar atentos às novas tendências do mercado, como seja no acompanhamento, testagem e experimentação de soluções tecnológicas inovadoras nas diversas áreas das ciências da vida.

Alguma área específica concentrará a atividade?

A atividade do parque não se concentra numa área em concreto, mas antes num apoio transversal às diferentes empresas no parque, nas suas diversas áreas temáticas. Se, num primeiro momento, as empresas e projetos no parque estavam maioritariamente vocacionados para a biotecnologia vermelha, área da Saúde, lentamente esta realidade começou a ser alterada, algo que não é de estranhar face ao reconhecido potencial nacional, por exemplo na área agroalimentar e industrial.

| José Armando Torres

inovação

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IPN Como criar produtos de sucesso na área da saúde

O diretor executivo do Laboratório de Automática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes (IPN), António Cunha, fala sobre a transformação de ideias em produtos ou empresas de saúde de sucesso. Na base desse trabalho estão as necessidades do mercado e a estreita ligação ao Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e do Instituto de Sistemas e Robótica da UC

António Cunha, diretor executivo do Laboratório de Automática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes (IPN)

inovação

O Instituto Pedro Nunes tem apoiado a criação de empresas e de produtos de sucesso na área da saúde? Como é este processo?

Procuramos trabalhar sempre necessidades que sejam trazidas pelos hospitais ou pelas empresas, porque à partida têm uma probabilidade de sucesso mais alta do que se forem impostas por nós ou numa lógica académica. Depois há um conjunto de passos e de parceiros que permitem desenvolver essa ideia que nos é apresentada.

Pode concretizar?

Estou a lembrar-me do caso de uma clínica que faz reabilitação facial e que identificou um conjunto de limitações no processo atual, e percebeu que a tecnologia poderia ajudar a modernizar o tratamento e até aumentar a velocidade da recuperação. E contactou-nos para desenvolvermos essas tecnologias. Ajudamos no financiamento, porque conhecemos os instrumentos financeiros. E estamos em redes internacionais, como por exemplo a EIT Health, que é a maior rede de saúde do mundo, da qual somos fundadores, e que permite atrair investimento para empresas, para financiar essas ideias, e até hospitais internacionais que possam validar e até adotar essas tecnologias. Depois, nada pode ir para um hospital sem estar certificado, e damos apoio nessa área.

São questões complexas?

São complexas, caras e demoradas. De há três anos para cá temos uma equipa que apoia as empresas nas questões regulamentares.

Isto é, há várias etapas e apoios?

Sim. A ideia surge e tem que ser validada, porque a empresa ou hospital podem estar convictos que é uma boa ideia, mas não é. E é preciso validar com outras pessoas, com outros hospitais. Depois é preciso arranjar financiamento e – esta parte é connosco –, ter a capacidade tecnológica para desenvolver e implementar a ideia. Segue-se a certificação e uma área relativamente nova, que são os testes. Ou seja, a primeira função dos hospitais é aquela que todos queremos, que cuidem de nós. Mas também é preciso fazer mudanças de forma melhorar esse serviço. Para isso é fundamental a criação de estruturas dentro dos hospitais, que são zonas de testes, que consigam estar, por um lado, descoladas da prestação de serviço, mas ao mesmo tempo ligadas, para que esses serviços possam ser melhorados.

Essas estruturas estão a aparecer ?

Sim. Tivemos agora a aprovação de uma iniciativa que permite fazer isso, a Digital Innovation Hub, e candidatamos uma outra iniciativa maior, que se chama Testing and Experimentation Facilities. Basicamente, são zonas de teste e experimentação dentro dos hospitais que permitem, por exemplo, que uma start up possa testar um protótipo. Nós estamos a desenvolver essas estruturas em Portugal e envolvemos dois hospitais, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e o Hospital de São João, no Porto.

Essas ideias que desenvolvem vão depois para a incubadora de empresas?

Sim, enquanto é uma start up pequena, que está a nascer, está na incubadora, com um conjunto de serviços dedicados, como por exemplo a atração

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Como criar produtos de sucesso na área da saúde

O diretor executivo do Laboratório de Automática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes (IPN), António Cunha, fala sobre a transformação de ideias em produtos ou empresas de saúde de sucesso. Na base desse trabalho estão as necessidades do mercado e a estreita ligação ao Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e do Instituto de Sistemas e Robótica da UC

de investimento. Quando a empresa cresce, expande-se e internacionalizase, pode ir para uma segunda fase, que é a aceleradora de empresas.

Pode indicar alguns projetos em curso?

São vários. Neste momento estamos a liderar um projeto europeu, de um novo método para a teleformação, que permite fazer a formação em ecografia e formar médicos na área da ecografia à distância, usando mais do que um computador. Na parte prática da formação em ecografia o professor tem que estar junto do aluno, porque tem que ensinar-lhe como é que se pega na sonda, quais são os ângulos, qual é a força que se deve fazer para ver o órgão. Mas há zonas do país e muitas zonas do mundo que não têm acesso a este treino. Então, o que estamos a fazer é permitir fazer treino à distância. Como? Nós temos dois braços robóticos que basicamente reproduzem o movimento. Vamos imaginar que o aluno está a segurar na sonda ecográfica que está agarrada a um dos braços robóticos, e o outro braço robótico está junto do professor, que pode estar no outro lado do mundo. Mas estes dois braços funcionam exatamente como se o professor e o aluno estivessem de mãos dadas. Ou seja, todos os movimentos que o aluno faz no braço são reproduzidos no lado do professor e vice-versa. E é esse novo módulo de treino que estamos a experimentar, com a Faculdade de Medicina de Coimbra e com os Hospitais da Universidade de Coimbra.

É um enorme avanço, pois há zonas do mundo sem acesso a essa tecnologia?

Nós escolhemos a ecografia porque os médicos nos dizem que a sonda ecográfica é o estetoscópio do futuro, ou seja, que vai haver uma utilização, por exemplo, pelos médicos de família. Quando começará essa teleformação?

O projeto começou em janeiro e neste estamos a criar os conteúdos de um curso, que poderemos iniciar em outubro. Teremos três países - uma turma da Suécia, uma turma de Espanha e uma turma portuguesa – e três hospitais envolvidos: os Hospitais da Universidade de Coimbra, o Hospital Sant Joan de Deu, de Barcelona, e Karolinska University Hospital, em Estocolmo. Nós já estamos a usar esta tecnologia para fazer a ecografia à distância. Esta tecnologia já foi licenciada a uma empresa da incubadora, a Sensing Future, que vai começar a sua comercialização.

Este exemplo ilustra a cadeia de inovação proporcionada pelo IPN?

Sim. Esta tecnologia surgiu no Departamento de Engenharia Eletrotécnica da UC, numa fase menos madura. Convidámos uma empresa a trabalhar connosco, fomos buscar financiamento e envolvemos o Hospital da Luz para desenvolver esta tecnologia. Agora é possível um médico especialista estar com esse sistema a fazer uma ecografia remotamente, por exemplo em Cabo Verde. Porque o que precisamos de ter nessa zona remota é uma infraestrutura muito simples: precisamos de alguém que posicione a pessoa e aplique o gel e tudo o resto é feito remotamente, estando um braço cá e outro lá. O Brasil e o Canadá têm mostrado muito interesse neste projeto.

Há outros exemplos?

Outro exemplo é na área da reabilitação facial. Uma clínica, o grupo Somos Saúde, do Norte, com muita experiência na reabilitação facial, por exemplo pós-AVC, identificou que o processo atual é muito rudimentar. Basicamente é um espelho, com um terapeuta por trás, que ensina quais são os movimentos que a pessoa tem que fazer para retomar os movimentos faciais. A pessoa olha para o espelho e tenta depois reproduzir os exercícios. Neste projeto, o AAL FaceRehab, o que nós fizemos foi a digitalização desse espelho, e a pessoa vê, num tablet, um boneco que a ensina a fazer os exercícios faciais. Ou seja, a pessoa pode aprender a fazer isto na clínica e depois, pelo menos numa fase posterior, menos aguda, levar para casa, sem necessidade de ter o terapeuta junto de si, nesta longa reabilitação.

Esta necessidade foi-nos trazida por uma clínica. Nós temos a engenharia e envolvemos uma empresa de Aveiro, a ThinkDigital, que é o multiplicador, ou seja, vende o produto. Tentamos ter sempre este triângulo. São projetos europeus, competitivos, mas tentamos sempre ter como principal beneficiário as empresas portuguesas.

Portanto, são projetos que respondem a necessidades do mercado?

Sim, temos outro projeto, o Cogni Vitra, também na área de reabilitação pós-AVC, mas para reabilitação física e cognitiva. É um jogo que permite que a pessoa faça movimentos e também desenvolva a componente cognitiva. A empresa NeuroInova, do Porto, já tinha estes testes em papel e desafiounos para atualizar o produto, torná-lo digital, mais competitivo. Criámos uma caixa, que se põe por baixo da televisão e que permite à pessoa fazer esses exercícios. Neste caso, envolvemos hospitais do Luxemburgo e de Barcelona, para testar e para validar a tecnologia. Mas o tal multiplicador, a empresa, é portuguesa. Não podendo trabalhar em todas as áreas, temos seguido um pouco este espetro de desenvolver tecnologias que permitam tornar a pessoa também um agente da sua própria saúde.

Há empresas de sucesso na saúde, que saíram do IPN. Como a Take the Wind?

Sim, é o caso da Take the Wind, que lançou a marca Body Interact, que simula cenários reais com pacientes virtuais. E a Perceive3D, que basicamente, utiliza a realidade aumentada para ajudar na cirurgia do joelho, e não só.

| Dora Loureiro

inovação

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