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Festa da Espiga de Salir

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SALIR VIBROU COM MAISUMA FESTA DA ESPIGA
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Diz o calendário litúrgico que, na Quinta-Feira da Ascensão, se comemora a ascensão de Jesus Cristo ao Céu, dando assim término a um ciclo de 40 dias após a Páscoa. Celebrase também, em Portugal, o Dia da Espiga ou Quinta-Feira da Espiga, sendo tradição, no Algarve, as pessoas irem para os campos apanhar a espiga de trigo e outras flores silvestres com os quais fazem ramos simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver. Certas espigas, normalmente as de trigo, simbolizam a abundância, enquanto as papoilas, rosas,
margaridas e malmequeres ilustram a beleza e a oliveira significa a paz. Este ramo é depois pendurado dentro de casa durante um ano, até ser substituído pela «espiga» do ano seguinte.
Festejada em vários pontos da região, é em Salir, freguesia rural do concelho de Loulé, que a Festa da Espiga assume especial preponderância, atraindo todos os anos milhares de turistas. Uma festividade que teve início em 1968, dinamizada pelo então Presidente da Junta de Freguesia José Viegas Gregório. O sucesso foi imediato e
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desde então Salir tem feito do Dia da Espiga um acontecimento de dimensão regional, acolhendo visitantes de todos os pontos do Algarve, e alémfronteiras, para apreciar o artesanato, a gastronomia, o folclore, a etnografia, a poesia e tudo o que de mais genuíno se pode encontrar no interior rural do Algarve. E tão grande foi a importância granjeada pelo evento que a própria Câmara Municipal de Loulé decidiu mudar para este dia o seu feriado municipal.
No centro das atenções está o cortejo etnográfico que desfila ao longo da principal rua da vila e que representa toda a atividade agrícola e artesanal da freguesia, desde as sementeiras, mondas, ceifas, debulhas à fabricação de pão, apanha do medronho e destilação, apicultura e extração de cortiça, ao varejo do figo, amêndoa e alfarroba, ao artesanato de linho, lã, palma, esparto e cestaria de verga. Uma das particularidades da Festa da Espiga é que a população pode deixar as suas mensagens, em forma de poema ou quadra preparada ou apenas de improviso, aos governantes locais e regionais presentes, para pedir


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ou agradecer as obras feitas na terra ou queixarem-se do que demora a tornar-se realidade.
Tudo este frenesim se voltou a vivenciar no dia 10 de maio, com Salir a ser palco, logo a partir das 9h, de um Passeio BTT e de um Passeio Pedestre «Trilhos da Espiga», que permitiram aos participantes um contacto com o património ambiental e as belezas naturais da Serra do Caldeirão. As Tasquinhas com manjares e petiscos serranos começaram a dar nas vistas por volta da hora do almoço e pouco depois abriu a exposição de produtos regionais. A meio da tarde deu-se o momento mais esperado, o desfile etnográfico, no qual
participaram igualmente o Rancho Folclórico «As Mondadeiras das Barrosas» e o Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão (Cortelha). A festa prosseguiu pela noite dentro, com o baile com Rui Soares&Lau e o concerto de Toy, um dos mais importantes nomes da música popular em Portugal.
No dia 11 de maio, sexta-feira, a Festa da Espiga foi dedicada aos seniores com uma tarde plena de animação. A versão noturna do tradicional desfile etnográfico realizou-se a partir das 20h30, seguindose uma Grande Noite de Fado, com Filipa Nobre, o projeto «Amália Sempre», que reúne várias vozes do Fado na região, e Cuca Roseta, um dos maiores nomes da
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nova vanguarda de fadistas. A finalizar os festejos, mais um baile tradicional, desta vez com Gonçalo Tardão. O programa concluiu, a 12 de maio, com vários atividades direcionadas para os mais novos, entre as quais o III Torneio de Futebol «Os Espiguinhas» e a Tarde das Espiguinhas. Depois, à noite, lugar para as sonoridades da música moderna portuguesa, este ano com Bezegol&Rude Bowy Banda, artista que, com um timbre rouco inconfundível, é um dos grandes «poetas urbanos» do panorama musical nacional; mas também com «Throes+The Shine», que levam ao palco a energia eletrizante da fusão singular do kuduro com o rock; e Riot (DJ7) que, sem limite de géneros ou estilos, apresenta nas suas atuações todas as mais recentes sonoridades da Música de Dança atual.
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