30 minute read

Nascimento Morais Filho Eu Te Louvo Senhora - Dilercy Adler

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO MORAIS FILHO

Por Dilercy Adler

Advertisement

Uma comemoração merecida durante as comemorações do Bicentenário de aniversário de Maria Frimina dos Reis, que acontecerá em São Luiz do Maranhão do 11 de março ao 11 de novembro de 2022. Centenário de Nascimento Morais Filho será comemorado em paralelo ao Bicentenário de Firmina.

Nascimento Morais Filho foi poeta, pesquisador, folclorista, trovador, ambientalista maranhense, Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito! Maldigo a resignação infame dos covardes! - Eu prego a rebeldia estóica dos heróis: - Meu Evangelho é a Liberdade! (Nascimento Morais Filho)

INTRODUÇÃO Discorrer acerca do intelectual maranhense Nascimento Morais Filho se apresenta como tarefa desafiadora, uma vez que se constitui um árduo trabalho traduzir em textos ou versos um ser humano,

NASCIMENTO MORAIS FILHO - O PÁSSARO SANKOFA MARANHENSE - E MARIA FIRMINA: breve ensaio por dilercy Adler

ainda mais quando este se apresenta com riqueza de traços e nuances sutis, talvez inabarcáveis. Mas, parafraseando o próprio Nascimento Morais Filho, quando disse que “não havia causa perdida”, seguindo esse seu pensamento arrisco dizer que “não existe tarefa impossível” quando o desejo é maior que o desânimo e/ou a insegurança. Assim, ouso atender ao que me foi solicitado: trazer à baila vieses da vida e obra de Nascimento Morais Filho e, indubitavelmente, a desconstrução do silenciamento de Maria Firmina aparecerá de forma privilegiada nessa missão.

Como introdução ao tema, ouso afirmar que em Nascimento Morais Filho predominavam três traços de personalidade: inquietação, que fez dele um estudioso, um pesquisador; um espírito sensível, que lhe permitiu transitar pela literatura e por outras vertentes da arte, com grande facilidade e maestria; e capacidade de indignação, quando se tratava de injustiças e barbáries perpetradas ao longo da construção da nossa dita “civilização”. Daí, nos apresentou uma poética viva e ânimo, aguerrido, sobretudo, no tocante às mazelas sociais. Foi um “ser verdadeiramente humano”, no sentido denotativo, original e literal da palavra. Considerando o exposto, este tema está estruturado em quatro seções, incluindo a Introdução e as Considerações Finais. Após a introdução ao tema, na seção dois abordamos alguns dados mais gerais da vida e obra de Nascimento Morais Filho; na seção três tratamos do resgate de Maria Firmina e, nesse feito, a importância de Nascimento Morais Filho, “seu encontro” com Firmina e sua luta para que ela ocupasse o lugar que sempre lhe foi de direito na historiografia literária e cultural no Maranhão, no Brasil. Enfocamos também, nesse contexto, o papel dos demais intelectuais e pessoas que contribuíram efetivamente para a concretização desse nobre feito. E, por fim, tecemos algumas argumentações, a título de Considerações Finais.

NASCIMENTO MORAIS FILHO E O RESGATE DE MARIA FIRMINA DOS REIS

Se nos perguntarem a nós quais os momentos mais emocionantes de nossa viagem pelo "desconhecido firminiano", não saberemos, pois, cada emoção faz esquecer a emoção anterior ... Todos, no entanto, foram lances sensacionais!... E se-lo-ão ainda, se, por acaso, for encontrada, aqui ou em qualquer lugar, alguma produção de nossa conterrânea. Essas palavras firmam-se como prova contundente do valor afetivo que Nascimento Morais Filho depositava na sua “viagem pelo desconhecido firminiano”. Por essa e outras “viagens” empreendidas pelo intrépido viajor Nascimento Morais Filho, é que entendo, Adler (2017), que ele faz jus ao epíteto de Sankofa, considerando o seu trabalho de salvaguarda dos direitos das minorias e por sua dedicação incansável para dar novo significado à Maria Firmina dos Reis como mulher, professora e escritora, dando a ela o lugar que lhe é devido na literatura maranhense e brasileira. Maria Firmina, por sua vez, viveu de 1822 a 1917, tempos sombrios, principalmente para os escravizados africanos, que se encontravam sob a dominação patológica dos senhores de escravos. Ela não se deixou intimidar, nem se absteve de denunciar a opressão no auge do seu recrudescimento e lutar por libertação, mesmo sendo filha de uma escravizada alforriada, ou talvez até por ser, o que a fez sentir mais de perto essa “aberração naturalizada” no âmbito da vida social de então. Além das atitudes igualitárias que protagonizava, as artes e, em especial, a literatura e a educação foram os grandes instrumentos por ela utilizados nesses embates. Na relação Maria Firmina e Nascimento Morais Filho, apesar de um século que os separa no que diz respeito ao ano de nascimento, 1822 e 1922, respectivamente, vejo perfeita convergência de suas visões de mundo e ideais de justiça social. Assim, arrisco inferir que a identificação de Nascimento Morais Filho com a obra de Firmina foi o leitmotiv para o seu intenso trabalho de resgate do nome e obra de Maria Firmina. Ademais, fazendo o percurso inverso, capto na obra de Firmina sentimentos e expressões com clara correspondência na poética de Nascimento Morais Filho.

Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito! - Eu sou o sofrimento dos sem nome! - Eu sou a voz dos oprimidos!

Nessa poética de Nascimento Morais Filho percebo uma perfeita correspondência com a poética de Firmina quando ambos demonstram empatia com o sofrimento dos “sem nome”. No poema Evocação, de Nascimento Morais Filho, observo ainda a colocação de si próprio como o “sofrimento dos

sem nome” e a “voz dos oprimidos”. Ambos ainda maldizem a resignação infame dos covardes, suas indiferenças e fazem a conclamação para que os ouçam. Maria Firmina expressa claramente essas máximas, no diálogo de Túlio e Tancredo, no Capítulo 1, intitulado, “Duas almas generosas”, do romance Úrsula, [...]As almas generosas são sempre irmãs. (REIS,1988, p. 27).

As duas almas generosas colocadas nesse primeiro capítulo se referem a Túlio, o escravizado negro, e a Tancredo, herói romântico branco. Quando Maria Firmina coloca o título do capítulo “Duas Almas Generosas” e no decorrer do texto que “as almas generosas são sempre irmãs” ela está enfatizando a igualdade entre os dois personagens pertencentes a estratos sociais diferenciados, enquanto Tancredo integra a camada social mais alta, Túlio, como ele próprio se define, “um mísero escravo”. Ainda nesse mesmo capítulo diz Firmina, por meio do personagem de Tancredo,

[...] dia virá em que os homens reconheçam que são todos irmãos. [...]Túlio, meu amigo, eu avalio a grandeza de dores sem lenitivo, que te borbulha na alma, compreendo tua amargura, e amaldiçoo em teu nome ao primeiro homem que escravizou a seu semelhante [...] Sim, - prosseguiu - tens razão; o branco desdenhou a generosidade do negro, e cuspiu sobre a pureza dos seus sentimentos! Sim, acerbo deve ser o seu sofrer, e eles que o não compreendem! (REIS,1988, pp.27-.28). (grifos meus).

Entendo como conclamação a assertiva: “dia virá em que os homens reconheçam que são todos irmãos.” E em continuação a maldição: “amaldiçoo em teu nome o primeiro homem que escravizou a seu semelhante”: Nessa perspectiva é pertinente lembrar o Prefácio da 3ª Edição do romance Úrsula, intitulado “Uma rara visão de liberdade”, por Charles Martin, Professor de Literatura, cineasta, fotógrafo, escritor e pesquisador americano, quando realça a originalidade do romance Úrsula em relação a outros que tratavam da temática da escravidão, e assim a diz: Maria Firmina traz uma contribuição definitiva para a literatura abolicionista: ela representa um ponto de vista de oposição à tendência geral, dotando o negro de um padrão mental próprio dentro do cenário do Novo Mundo. Isto significa uma revolução na representação do outro e na representação da autoridade. Não só o outro passa a ter um “eu”, como também passa a se expressar de modo próprio. [...] Noutras palavras, não só se mostram, como se demonstram (REIS, 1988, p. 13).

A título de ilustração, Charles Martin veio ao Maranhão duas vezes, tendo estado, inclusive, com Nascimento Morais Filho. Ele declara em seu artigo: “O meu encontro com Úrsula aconteceu por uma visita a São Luís do Maranhão” e acrescenta:

Um dia, estava em um café com José Nascimento Morais Filho, escritor maranhense, membro da Academia Maranhense - filho do escritor e acadêmico do mesmo nome - e muito envolvido com tradições e produções do Maranhão. [...] iniciamos uma conversa e Nascimento Morais Filho ficou fascinado por saber que eu era um estudante de pós-graduação e pesquisava a cultura negra. Ele estava especialmente interessado no meu interesse pela literatura e começou a conversar comigo sobre Úrsula e sobre a autora do romance, Maria Firmina dos Reis. Ele insistiu que eu conhecesse o livro, dizendo que sua autora não era apenas negra, mas que ele considerava o livro o primeiro verdadeiramente brasileiro, no sentido de tratar um assunto distintamente brasileiro (MARTIN apud, 2021 p. 88).

Também nesse encontro Charles Martin relata que Nascimento Morais Filho declarou que “Maria Firmina foi a primeira a olhar para uma das instituições fundamentais do Brasil, a escravidão, e descobrir a humanidade daqueles que foram forçados a ocupá-la.”

Nascimento Morais Filho e eu tivemos muitas conversas (algumas sobre a preservação ambiental, uma paixão dele). (MARTIN apud, 2021 p. 89).

Quanto à sua impressão acerca do romance Úrsula, Charles Martin assim se manifesta:

[...] eu li uma cópia da edição fac-símile de Úrsula com que ele era tão envolvido, feito em 1975. Ao ler rapidamente, vi que o Nascimento Morais Filho estava absolutamente correto sobre a humanidade que o livro via em seus personagens negros, e que poderia ser importante para meus estudos de pós-graduação - não apenas sobre literatura no Brasil, mas sobre os usos de personagens negros na

No meu entendimento, Charles Martin, Nascimento Morais Filho e Maria Firmina apresentavam um fio condutor comum em suas motivações.

É notório que Maria Firmina, ao publicar o romance Úrsula, materializou um ato extremo de coragem e ousadia por efetivá-lo vinte e nove (29) anos antes da libertação dos escravos (1859 – 1888), ou seja, a Lei Áurea, oficialmente Lei Imperial n.º 3.353, foi sancionada em 13 de maio de 1888 e se firmou como o diploma legal que extinguiu a escravidão no Brasil.

No entanto, concomitantemente à sua ousadia, expõe outros sentimentos que podem dar margem a diferentes e profusas inferências e, que por isso mesmo, apresentam-se como inúmeras possibilidades de análise para os leitores e estudiosos da sua obra, quando no Prólogo do romance Úrsula, expressa:

[...] mesquinho e humilde livro é este que vos apresento, leitor. Sei que passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofador de outros, e ainda assim o dou a lume. Não é a vaidade de adquirir nome que me cega, nem o amor próprio de autor. Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que discutem e que corrigem, com uma instrução misérrima, apenas conhecendo a língua de seus pais, e pouco lida, o seu cabedal intelectual é quase nulo (REIS, 2004 p 13 apud MOLINA) (grifo meu).

O romance Úrsula é considerado uma das suas obras mais marcantes, e diversos pesquisadores atribuem à autora, não apenas o título de primeira romancista brasileira, mas também, o de escritora que publicou o primeiro romance da literatura afro-brasileira.

Contudo, não era só por meio da educação, literatura, e das artes em geral, que Maria Firmina se expressava e demonstrava sua visão de mundo igualitária e íntegra, igualmente na sua prática cotidiana vivia esses preceitos. Como exemplo, compartilho um episódio que me enternece profundamente e diz respeito ao dia em que Maria Firmina foi receber o título de nomeação para exercer o cargo de Professora de Primeiras Letras do Sexo Feminino da Vila de Guimarães. Pela importância do acontecimento os seus familiares queriam que ela fosse de palanquim (espécie de liteira em que as pessoas mais ricas se faziam transportar, conduzidas por escravizados), ao que ela se recusou veementemente, argumentando: “Negro não é animal para se andar montado nele”. Interpreto esse fato e a atitude correspondente de Maria Firmina como demonstração de sensibilidade e de consciência política. Similarmente, de forma inteligente e verdadeiramente cristã, afirmava que “a escravidão

contradizia os princípios do cristianismo, que ensinava o homem a amar a Deus sobre todas as

coisas e amar ao próximo como a si mesmo.”

Essa e outras posturas me fazem lembrar Gandhi, que falou certa vez para alguns ingleses: “Eu admiro o Cristo de vocês, mas não compreendo o cristianismo de vocês” (no sentido do espírito cristão do amor, da solidariedade, pois a Inglaterra dominava cruelmente a Índia).

Outro dado digno de realce é que, dos 95 anos que Maria Firmina viveu neste plano físico, conviveu 66 anos com a escravidão.

No tocante ao resgate de Maria Firmina, vale reafirmar o que já foi dito, que se trata de um trabalho hercúleo de Nascimento Morais Filho, contudo outros intelectuais apresentam importantes contribuições para a concreção desse feito.

A Edição fac-similada do romance Úrsula, lançada por ocasião do sesquicentenário de nascimento de Maria Firmina dos Reis, traz um Prólogo de Horácio de Almeida (1975), no qual ele narra sucintamente o transcurso do apagamento, assim como do renascimento da obra de Firmina. A seguir, algumas passagens.

Antes, porém, convém colocar como inicia a sua mensagem: “O livro de que se tira esta edição fac-similada é talvez a maior raridade bibliográfica do Maranhão”. Coloca, então, como a maior “raridade bibliográfica do Maranhão”. Em continuação, Horácio de Almeida diz: “Trata-se de um romance escrito por mulher e passa por ser o primeiro no Brasil de autoria feminina”.

Demonstra admiração por Maria Firmina dos Reis ter permanecido mais de um século sepultada no

esquecimento, considerando que o Maranhão, exatamente na época de Firmina, era [...] um viveiro de homens ilustres, muitos dos quais com repercussão além das fronteiras do Brasil. Eram tantos os que se acotovelavam na literatura maranhense, entre jornalistas, poetas, escritores, ensaísta, historiadores, que São Luís, a gloriosa capital do Maranhão, granjeou fama de Atenas brasileira.

E apesar de todas essas condições e características, nenhum, com raríssimas exceções, tomou conhecimento da autora. Afirma Horácio de Almeida, “[...] certamente porque era mulher numa época em que o homem fazia alarde da proclamada superioridade do sexo. Os poucos que lhe declinaram o nome limitaram-se a dar-lhe uma relativa importância como devota do Parnaso.”

Entre os que guardaram silêncio acerca do nome de Maria Firmina, Horácio cita: António Henriques Leal, em seu Pantheon Maranhense, relacionou o que havia de melhor entre os filhos da terra, de cambulhada com figuras menos expressivas. Sobre Maria Firmina dos Reis silenciou. Para dizer que não a ignorava de todo, fez referência ao seu nome, uma vez, em notas bibliográficas, porque era preciso trazer à citação de uma nênia por ela publicada, em Cantos à Beira-mar, à memória de Gonçalves Dias. O que importava no caso era juntar um louvor a mais ao poeta da Canção do Exílio, a quem consagrou um volume inteiro do Panteon (1975, p. II).

Segundo ainda Horácio (1975), Francisco Sotero dos Reis em seu curso de Literatura Portuguesa e Brasileira, cinco volumes, Maranhão, 1866/1873, também não se refere à Firmina, provavelmente por ater-se aos modelos da vernaculidade, ele inclui apenas aqueles que fizeram do idioma pátrio um instrumento frio e rígido de expressão. No que diz respeito aos comprovincianos, tratou somente de Odorico Mendes, Gonçalves Dias e João Francisco Lisboa, porque estes também se deram ao culto do casticismo.

Igualmente, José Ribeiro do Amaral, no prelúdio que escreveu para História Literária do Maranhão, publicado no Dicionário Geográfico e Etnográfico do Brasil, Rio, 1922, fala no nome de Maria Feminina, mas de forma sucinta, apenas para dizer que morrera pouco antes, já nonagenária. Não faz nenhuma referência à sua obra, nem à sua poética, apesar de ter participado do Parnaso Maranhense. Ainda Mário Martins Meireles, no panorama da Literatura Maranhense, passa em revista os autores do Maranhão, dos maiores aos menores, e para ele a autora também continua excluída.

No entanto, lembra Horácio de Almeida, que graças ao bibliográfico Sacramento Blake, Maria Firmina salvou-se do total esquecimento, pois no seu Dicionário Bibliográfico v. 6 p. 232. assim registrou: Nascida em São Luíz, Maranhão, a 11 de outubro de 1825, dedicou-se ao ensino das primeiras letras em Guimarães, cidade do interior da Província, onde ficou morando para o resto da vida. Depois de aposentada, continuou na mesma cidade a ensinar meninos, a título gratuito, tal o amor devotado ao ensino e às crianças. Cultivou as letras e escreveu os seguintes livros: Cantos à Beira-Mar, poesia, Úrsula, romance, A escrava, romance.

Sacramento Black estava bem informado quando incluiu o romance Úrsula entre as obras publicadas por Firmina. No entanto, parece ter feito o verbete à base de informação. Ele próprio declara no v. 7 do Dicionário que expedira mil circulares aos literatos de todo o país, pedindo dados para a obra que tinha em elaboração e bem poucas foram as respostas recebidas.

Horácio de Almeida ainda reitera: Além dos livros acima mencionados, teria escrito mais um, denominado “Gupeva”, conforme pesquisa quase arqueológica que Nascimento Morais Filho vem fazendo no sentido de restabelecer a memória de Maria Firmina dos Reis. A ele deve o Maranhão o interesse despertado pela obra e pela vida da primeira romancista brasileira. Com os fragmentos reunidos, através dos jornais e dos arquivos, atribui a Maria Firmina quatro livros, acrescentando o romance Gupeva aos três citados por Sacramento Blake (1975, pp. III-IV). . Essa afirmativa de Horácio de Almeida: “A ele (Nascimento Morais Filho), deve o Maranhão o interesse despertado pela obra e pela vida da primeira romancista brasileira” está comprovada nos depoimentos também de Charles Martin.

“O acaso, às vezes, ajuda a desanuviar o passado”, diz ainda Horácio de Almeida. Foi o que aconteceu quando me pôs às mãos o romance Úrsula, que é, ao que parece, o único exemplar conhecido. Há

aproximadamente oito anos (com base na época que escreveu o prefácio, aproximadamente 1967), quando comprou um lote de livros, entre os quais, uma pequena brochura que chamou sua atenção e por causa dela adquiriu os livros. O livro não trazia o nome do autor, apenas um pseudônimo: “Uma Maranhense”. A princípio não conseguiu a identificação do autor, mesmo após várias pesquisas em dicionários de pseudônimos. Por fim, encontrou Maria Firmina dos Reis no Índice do Dicionário levantado por estados da Federação, de Otávio Torres, Salvador/Bahia, que no rol dos escritores maranhenses Sacramento Blake a apresenta como autora do romance Úrsula.

Mesmo após a identificação da autora, o livro continuou sem leitura até a realização de um trabalho sobre o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, para os Anais do Cenáculo. Na ocasião as pesquisas o levaram ao romance Úrsula (1859), de autoria de Maria Firmina.

Faz-se pertinente explicitar ainda três registros interessantes que Horácio de Almeida faz nesse Prefácio: o primeiro acerca da realização da edição fac-similada do Úrsula que foi patrocinada pelo Governador do Estado, o Dr. Osvaldo da Costa Nunes Freire, que o único exemplar do romance Úrsula seria presenteado ao Maranhão, na pessoa do Governador do Estado, que lhe daria o destino adequado e, por fim, afirma: “Quem muito vem trabalhando para perpetuar a sua memória na terra natal é o acadêmico Nascimento Morais Filho, que não descansa na tarefa de reunir fragmentos para um volume da obra da autora, em edição atualizada”. Isso traduz o reconhecimento a Nascimento Morais Filho, pelo seu trabalho em favor de Maria Firmina dos Reis.

No entanto, o resgate de Firmina e o próprio trabalho de Nascimento Morais Filho ainda hoje é objeto de querelas entre aqueles que analisam o valor ou desvalor da obra de Maria Firmina.

Ainda na perspectiva de exclusão de Maria Firmina, Jomar Moraes (1997), em seu livro “Apontamentos de Literatura Maranhense (uma abordagem contextual que leva em conta os fatores políticos, sociais e econômicos)” no verbete sobre a autora coloca: Guimarães-MA, 11/11/1917. Professora de primeiras letras e senhora dotada de virtudes que muito a recomendam a nossa admiração. Poetisa medíocre e ficcionista desimportante, MFR não tem, mesmo nos limites da literatura maranhense, a significação que recentemente pretenderam atribuir-lhe. Autora, entre outros trabalhos, dos romances Úrsula e Gupeva e do livro de poesias Cantos à beira-mar (MORAES, 1997, p. 133).

Arlete Nogueira da Cruz (2006) reconhece o mérito de Nascimento Morais Filho e de Horácio de Almeida, e declara a sua discordância à zombaria de que ambos foram alvo, quando diz:

[...]. Não fosse José Nascimento Morais Filho, o nosso Zé Morais, este contumaz andarilho de trilhas nunca antes percorridas, Maria Firmina dos Reis não teria vindo à luz. E quando ele a trouxe (no momento em que também a trazia o escritor paraibano Horácio Almeida), lembro bem, foram alvo de zombarias em São Luís: Zé Morais, Maria Firmina e o seu livro Úrsula; muitos considerando que era de pouca serventia aquele achado e exagerada a relevância que Zé Morais dava à sua descoberta. Pelos daqui, Maria Firmina dos Reis deveria permanecer onde se achava: no limbo. E a sua obra sob o tapete (CRUZ, 2006, p.265).

“No limbo” .... “Sob o tapete” ... e ainda a depreciação contundente de Jomar Moraes ao qualificar Firmina como “Poetisa medíocre e ficcionista desimportante”, materializam expressões e adjetivos que retratam menosprezo desmedido.

Mas, contrariamente, Arlete Nogueira reafirma a importância do pesquisador e do seu trabalho, realizado com Horácio de Almeida: “Não fosse José Nascimento Morais Filho, o nosso Zé Morais, este contumaz andarilho de trilhas nunca antes percorridas, Maria Firmina dos Reis não teria vindo à luz. E quando ele a trouxe (no momento em que também a trazia o escritor paraibano Horácio Almeida)”.

Josué Montello também valoriza o trabalho de resgate de Firmina, ao intitular um artigo de sua autoria de “A primeira Romancista Brasileira” e enaltece a persistência e luta de Nascimento Morais Filho. O referido artigo foi escrito por ocasião do sesquicentenário de nascimento de Maria Firmina dos Reis e publicado no Jornal do Brasil, Rio de Ja-

neiro, em 11 de novembro de 1975, e na Revista de Cultura Brasileña, Madrid, Embajada de Brasil, 1976, jun., n. 41, p. 111-114. Nesse texto Josué Montello nomeia outro maranhense, Antônio de Oliveira, e também Nascimento de Morais Filho, como responsáveis pela ressurreição de Maria Firmina, e, desse modo, a eles se refere: [...] o primeiro falando em voz baixa como é do seu gosto e feitio e o segundo, falando alto ruidosamente, com uma garganta privilegiada, graças à qual, sem esforço, pode fazer-se ouvir no Largo do Carmo, em São Luís, à hora em que se cruzam os automóveis, misturando a estridência das suas buzinas e de seus canos de descarga ao sussurro do vento nas árvores da praça.

Desta vez, ao que parece, Nascimento Morais Filho ergueu tão alto a voz retumbante que o país inteiro o escutou, na sua pregação em favor de Maria Firmina dos Reis. Há quase dois anos, ao encontrar-me com ele na calçada do velho prédio da Faculdade de Direito, na Capital maranhense, vi-o às voltas com originais da escritora. Andava a recompor-lhe o destino recatado, revolvendo manuscritos, consultando jornais antigos, esmiuçando almanaques e catálogos como a querer imitar Ulisses, que reanimava as sombras com uma gota de sangue. E a verdade é que, no dia de hoje Maria Firmina dos Reis de pretexto a estudos e discursos, e conquista, seu pequeno espaço na história do romance brasileiro – com um nome, uma obra, e a glória de ter sido pioneira (MONTELLO apud ADLER, 2017, pp..67-68).

Luiza Lobo, Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisadora dos maranhenses Joaquim de Sousa Andrade (Sousândrade) e Maria Firmina dos Reis, o que lhe valeu o título de “Cidadã Maranhense” da Câmara de Deputados de São Luís do Maranhão, refere-se a Nascimento Morais Filho no seu livro Crítica sem Juízo (2007), quando no capítulo dedicado à Maria Firmina, intitulado “Auto-retrato de uma Pioneira Abolicionista”, declara: “A biografia da autora é aos poucos arrancada da obscuridade pelos pesquisadores José Nascimento Morais Filho e Horácio de Almeida” (LOBO, 2007, p.343).

As querelas continuam, mas também, concomitantemente, as pesquisas no formato de teses, dissertações, monografias, artigos, textos e livros, tanto sobre a vida e obra de Maria Firmina como do seu principal estudioso, Nascimento Morais Filho. Outro dado que me chama a atenção diz respeito à maneira “casual ou acidental” dos “encontros” com a obra de Maria Firmina, declarados por Nascimento Morais Filho e Horácio de Almeida. Ou seja, assim como ocorreu com Horácio de Almeida, Nascimento Morais Filho declara em seu livro “Maria Firmina: fragmentos de uma vida” (1975) que a descobriu casualmente. Em suas palavras: [...] Descobrimo-la, casualmente, em 1973, ao procurarmos nos bolorentos jornais do século XIX, na Biblioteca “Benedito Leite”, textos natalinos de autores maranhenses para nossa obra “Esperando a Missa do Galo”.

Embora participasse da vida intelectual maranhense publicando livros ou colaborando quer em jornais e revistas literárias quer em antologias.-“Parnaso Maranhense”- cujos nomes foram relacionados, em nota, sem exceção, por Sílvio Romero, na sua “História da Literatura Brasileira”, registrada no “cartório intelectual” de Sacramento Blake - o “Dicionário Bibliográfico Brasileiro” - com surpreendentes informações, quase todas ratificadas por nossa pesquisa, Maria Firmina dos Reis, lida e aplaudida no seu tempo, foi como que por amnésia coletiva totalmente esquecida o nome e a obra!...( MORAIS FILHO, 1975, p. 09).

Ainda, segundo Morais Filho (1975), a entrada oficial de Maria Firmina dos Reis na literatura maranhense teve boa receptividade na imprensa maranhense, sendo atribuídas a ela palavras de entusiasmo e estímulo. Argumenta, nessa perspectiva que, [...] rompendo a cadeia dos preconceitos sociais que segregavam a mulher da vida intelectual, vinha contribuir com suas forças, seus sonhos e ideais para a criação da Literatura maranhense, para a presença maranhense na formação da Literatura Brasileira - ainda em nossos dias o embrião de uma vida em laboriosa gestação (MORAIS FILHO, apud ADLER, 2014, p.12).

Não obstante, esse início positivo, posteriormente Maria Firmina foi vítima de uma “amnésia coletiva”, que resultou no esquecimento do seu nome e da sua obra, seguido também do ressurgimento, nas palavras de Nascimento Morais Filho, Maria Firmina, “como a Fênix ressurgiu também das cinzas”. Nesse contexto, seu reviver foi possível, graças, principalmente, às muitas publicações da

autora nos arquivos da Biblioteca Pública Benedito Leite, que por sua vez possibilitou o “encontro” de Nascimento Morais Filho com Firmina. A esse respeito, ele declara: “Descobrimo-la, casualmente, em 1973, ao procurarmos nos bolorentos jornais do século XIX, na Biblioteca Benedito Leite”. Esse episódio deixou evidente a relevância da obra de Firmina.

O conjunto da obra de Maria Firmina denota bastante importância e, por isso, merecedora de notável reconhecimento, por sua quantidade e variedade de gêneros literários e vertentes das artes: romances, crônicas, contos, poesias, composições registrados (letra e música), enigmas, epígrafes, folclores entre outras: Obras: Úrsula (romance, 1859); Gupeva (romance de temática indianista,1861); Cantos à beira-mar (poesia, 1871); A escrava (conto antiescravista,1887). Antologia Poética Parnaso Maranhense: coleção de poesias, editada por Flávio Reimar y Antonio Marques Rodrigues (1861). Publicações em jornais literários: Federalista, Pacotilha, Diário do Maranhão, A Revista Maranhense, O País, O Domingo, Porto Livre, O Jardim dos Maranhenses, Semanário Maranhense, Eco da Juventude, Almanaque de Lembranças Brasileiras, A Verdadeira Marmota, Publicador Maranhense e A Imprensa. Composições Musicais: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra de Gonçalves Dias) e música de Maria Firmina dos Reis ou (letra e música de Maria Firmina); Hino à Mocidade. (letra e música); Hino à liberdade dos escravos. (letra e música); Rosinha, valsa (letra e música); Pastor Estrela do Oriente. (letra e música); Canto de recordação à Praia de Cumã (letra e música).

Depois de intenso trabalho de Nascimento Morais Filho, visando à aprovação do nome de Maria Firmina pelos intelectuais da Ilha e para além dela, com o seu empenho muitas homenagens foram prestadas à escritora e professora em 1975, ano do sesquicentenário de seu nascimento, por isso, intitulado por mim, de “Ano Rosa-de-Jericó de Maria Firmina dos Reis”, ano do seu verdejar.

Entre outros feitos encontram-se o busto da escritora, na Praça do Pantheon, em São Luís, obra de Flory Gama; publicação da edição fac-similar do romance Úrsula, prefaciada por Horácio de Almeida; publicação do livro Maria Firmina: fragmentos de uma vida, de Nascimento Morais Filho; criação de um carimbo em homenagem a MFR, uma marca filatélica produzida pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; criação da Medalha de Honra ao Mérito, pela Prefeitura Municipal de São Luís; foi instituído o dia 11 de outubro, dia do aniversário de nascimento da escritora, como o Dia da Mulher Maranhense, por meio do Projeto de Lei da Assembleia Legislativa do Estado, elaborado pelo Deputado Celso Coutinho, também vimarense (a pedido de Nascimento Morais Filho), constituindo a Lei nº 3.754, de 27, de maio de 1976, sancionada pelo Governador Osvaldo da Costa Nunes Freire. Posteriormente essa lei foi substituída por necessidade de ajuste da data de nascimento da escritora, resultado de pesquisa feita por mim, com indicação da Profa. Mundinha Araújo, o que por sua vez, implicou a necessidade de alteração do art. 1º (que trata da data do nascimento). Desse modo, à época, como Presidente da Academia Ludovicense de Letras, Casa de Maria Firmina dos Reis, solicitei a referida alteração à Assembleia Legislativa do Estado, por meio do Gabinete do então Deputado Estadual, hoje Prefeito da Capital Maranhense, Eduardo Salim Braide, o que resultou na Lei de nº 10.763, de 29 de dezembro de 2017, sancionada pelo Governador do Maranhão, Flávio Dino de Castro e Costa.

Em Guimarães, também o ano de 1975 foi o marco do início de maiores homenagens a ela dedicada, para além da Mestra Régia. Nesse ano, além do desfile em sua homenagem, o Centro de Ensino Nossa Senhora da Assunção, desde o ano de 2007 passou a promover a Semana Literária Maria Firmina dos Reis. Também o dia do aniversário de Maria Firmina foi instituído feriado Municipal e comemorado o “Dia da Mulher Vimarense”, entre outras homenagens.

A exemplo do ano de 1975, inspirada em Nascimento Morais Filho, estamos finalizando o Projeto Bicentenário de Nascimento de Maria Firmina dos Reis: a Rosa-de-Jericó (1822- 2022). Nesse Projeto serão homenageados Maria Firmina e Nascimento Morais Filho. Ela, pelo seu bicentenário e ele, pelo seu centenário de nascimento.

E no tocante à forte motivação de Nascimento Morais Filho para trazer à lume Maria Firmina dos Reis, tomo emprestado as palavras de Leonardo Boff:

A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências têm, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz compreender sua interpretação.

E Nascimento Morais Filho assim o fez: pesquisou diligentemente Maria Firmina e sua história e buscou ainda difundir as suas descobertas. Vejo ainda claramente o valor da pesquisa e da identificação de Nascimento de Morais Filho com Maria Firmina como seu objeto de pesquisa, quando afirma: “Quando, conscientemente, elogiamos uma obra, o que, inconscientemente, estamos exaltando, é o nosso gosto - o nosso gosto de ver e sentir projetados na obra por nós aclamada e da qual psicologicamente, somos, por conseguinte, coautores” (MORAIS FILHO, 1975. p. 12). E, diz ainda: “Mas a pesquisa não só conscientiza, também recupera emoções perdidas... O povo é um indivíduo coletivo... E recordar é viver ... Que sensações de outros tempos.... de emoções idas e vividas ... ao manusearmos as folhas de jornais de ontem!...” (MORAIS, 1975. p. 12). Isso posto, lanço mão da segunda estrofe do poema “Evocação”, de Nascimento Morais Filho, para demonstrar alguns outros vieses dessa magnânima personalidade traduzida em versos:

As láureas, meus irmãos, olímpicas não busco com que cingis de glórias os vossos sonhos! - Cravaram-me a coroa dos crucificados! Minha Castália-são as lágrimas do Povo; Meu Parnaso – a Dor da minha Gente!

E reafirmo: pesquisas, estudos/análises, divulgação... Esses ofícios são indispensáveis a todo e qualquer escritor, para que encontros com a verdade e consequente restabelecimento dos que ficaram, injustamente, à margem da história verdadeira aconteçam e possam então ocupar o lugar que lhes cabe por direito. Nessa missão, as “láureas” ou outras glórias devem ser dispensadas pelo autor do estudo. levar essa assertiva em conta e, no caso de Nascimento Morais Filho, não há como desvincular da história do Maranhão o nome do poeta, pesquisador, folclorista, trovador e ambientalista, pois sua vida e obra traduzem o homem que doou seu tempo e recursos pessoais à pesquisa e ao resgate de importantes nomes das nossas Letras, a exemplo, de Maria Firmina dos Reis e Estevão Rafael de Carvalho e, ao mesmo tempo, às causas em defesa da saudável relação do homem com seu meio ambiente, incluindo, nesse campo, o bom uso dos recursos naturais e desenvolvimento de maneiras de reduzir os impactos ambientais produzidos pelas atividades das empresas no meio ambiente.

Já disseram e reafirmo: Ele “ combateu o bom combate”, com a sabedoria de quem sabia para onde estava indo, com a ousadia daqueles despojados de medos no enfrentamento de perigos.

Isso posto, quero declarar que este texto é, sobretudo, uma homenagem ao intelectual e ser humano, Nascimento Morais Filho. E o meu desejo é que não estejamos nas fileiras dos que materializam a “resignação infame dos covardes”, mas, antagonisticamente, que estejamos entre aqueles que absorvam o “clamor da hora presente”, nas suas vidas, nas suas horas presentes e que ouçam aquela voz retumbante de Nascimento Morais Filho, ressoando sempre em suas memórias e em seus corações!!!

São Luís, 1º de janeiro de 2022. Dilercy Aragão Adler REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão (org). ENFOQUES TEÓRICOS EM SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: estudos de sala de aula. Caderno de Educação. São Luís: Gráfica Belas Artes, 1998. ADLER, Dilercy Aragão. MARIA FIRMINA DOS REIS: uma missão de amor. São Luís: Academia ludovicense de Letras, 2017;CRUZ, Arlete Nogueira da. Sal e Sol. Rio de Janeiro: Imago, 2006. GARRIDO, Natércia Moraes. A POÉTICA MODERNISTA: em “Azulejos” de Nascimento Morais Filho. Goiânia: Editora Espaço Acadêmico, 2019;LOBO, Luiza Leite Bruno. CRÍTICA sem JUÍZO. Rio de Janeiro: Garamond, 2007; MARTIN Charles “Chuck. Maranhenses. Revista Firminas- pensamento, estética e escrita. São Paulo, v. 1, n. 1, jan/jul. 2021. https://mariafirmina.org.br; MONTELLO, Josué. A primeira Romancista Brasileira. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro:RJ 11 de maio de 1975, p. 5. MONTELLO, Josué. A primeira Romancista Brasileira. Revista de Cultura Brasileña- Madrid: Embajada de Brasil, 11 de maio de 1975, p. 5. MORAIS FILHO, José Nascimento. CLAMOR DA HORA PRESENTE. 2ª edição, São Luiz: Edições Guarnice, 1955. MORAIS FILHO, José Nascimento. CLAMOR DA HORA PRESENTE. 4ª edição, São Luiz: UNIGRAF, 2021. MORAIS FILHO, José Nascimento. MARIA FIRMINA FRAGMENTOS DE UMA VIDA. São Luiz: COCSN, 1975. REIS, Maria Firmina dos ÚRSULA. 2ª edição Fac-similada, com Prefácio de Horácio de Almeida, Rio de Janeiro, 1975. Romance Original (Uma Maranhense), San’Luiz :Typographia do Progresso, 1859. REIS, Maria Firmina dos. ÚRSULA. Organização e notas de Lobo; Introdução de Charles Martin. - 3ª ed. -Rio de Janeiro: Presença Edições: Brasília INL, Coleção Resgate/INL, 1988. MORAES, Jomar. Apontamentos de Literatura Maranhense (uma abordagem contextual que leva em conta os fatores políticos, sociais e econômicos). 2ª Edição aumentada. São Luís-Maranhão: Edições SIOGE, 1997.

“O pesquisador é - e deve ser - um insatisfeito, porque ele é um criador de novos mundos e um recriador de humanidades” (MORAIS FILHO, 1975. p. 14). Portanto, entendemos que cada autor deve

POEMAS DE DILERCY ADLER

EU TE LOUVO SENHORA

À Maria Firmina dos Reis Eu te louvo senhora pela agonia sentida que te tirou o prazer do gozo do corpo impondo agonia profunda doída mas que te fez renascer em palavras e versos de puro querer!

Eu te louvo senhora pelos crus dissabores nesta vida sofridos …

Eu te louvo senhora por tua teimosia por tua leveza de corpo e de alma... por suave alegria parcamente sentida apesar da tirania da dor revelada em toda tua vida…

Eu te louvo senhora pelo amor do qual abdicaste -quimera humana!de uma vida a outra vida ... para entregar-te a outro amor também profundo aquele amor aos desvalidos abandonados pela sorte jogados aos destinos inumanos neste mundo!…

Eu te louvo senhora pelo teu imensurável amor à humanidade por tua luta incansável pela igualdade por tua excepcional dedicação materna aos filhos abandonados nesta terra pela vida pela história pela verdadeira e única humanidade!

renasce agora - nesta hora o gozo do corpo e da alma neste louvor que hoje a ti dedico e não há gozo maior que este gozo devolvido em palavras e versos desejos...fantasias... eternos perenes romanescamente femininos!

Eu te louvo senhora agora nesta hora hoje e para sempre te louvarei também amém!

Do livro CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS

This article is from: