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Sinais da presença do Ressuscitado no cotidiano

Revista Cristo Rei - Abril 2023

A Páscoa de Jesus é nossa grande festa, a festa dos cristãos, a festa da Igreja, da vida, a festa da vitória sobre a morte. A emoção de Maria Madalena diante do túmulo de Jesus reflete o lamento da humanidade diante da morte; resume a perplexidade, a dor, a fratura interior que a humanidade sente diante da vitória do sepulcro sobre a vida, da vitória do mal sobre o bem, das trevas sobre a luz, da injustiça sobre a justiça, da falsidade sobre a verdade.

O grito de Maria Madalena é um grito legítimo e doloroso, um grito sem esperança, ela vê o fim da vida de um amigo no sepulcro. Como se fosse a última realidade que se pode olhar, uma realidade fechada, definitiva, que não deixa espaço para a novidade de Deus. Precisamos olhar além do sepulcro para aprender a reconhecer o Ressuscitado que está ao nosso lado.

A resposta cristã à condição humana de caminhar na direção da morte diz que com a ressurreição de Jesus a eternidade já está aqui, uma vida nova e definitiva já entrou em minha vida. A vida nova vem da fé em Jesus morto e ressuscitado, de confiar no Pai como Ele confiou. Assim a eternidade de Jesus que venceu a morte entra em mim e faz parte da minha vida agora. O pensamento sobre a morte física não é afastado, mas sublimado e transfigurado pela certeza de que a eternidade faz parte da minha experiência hoje, que participo na eternidade de Jesus, em sua vida gloriosa e definitiva, que Ele está em mim e eu estou com o Pai que sempre viveu e viverá.

Eu experimento tudo isso cada vez que realizo um ato de fé e amor; cada vez que recebo a Eucaristia ou outro sacramento; toda vez que tomo uma decisão séria, boa e eticamente relevante. Experimento a eternidade graças a Jesus ressuscitado que está em mim.

A experiência da eternidade está implícita, pela graça do Ressuscitado, em cada ato moral verdadeiramente gratuito, em cada ação que realizamos não por motivo de pura conveniência, mas porque é justo, é verdadeiro, mesmo que vá contra o nosso interesse.

Cada vez que praticamos um ato eticamente bom, participamos do dom que Deus nos dá de seu ser eterno, de ser um Deus eternamente verdadeiro, justo e absolutamente bom, de ter-se revelado assim na verdade, fidelidade, amor e justiça de Jesus.

A alegria pascal consiste em nos deixar arrebatar pela força transformadora do Espírito do Ressuscitado, que nos abre os olhos e nos faz reconhecer que o túmulo está vazio, que o mundo se abriu para que vida de Deus habite em nós. Em nossos corações existe um espaço de eternidade que é construído no cotidiano da vida. Todos podem participar da eternidade de Jesus, que resplandece na vida da Igreja e na vida de cada um de nós.

Viveremos como ressuscitados se orientamos nossa vida a partir da lógica do Ressuscitado, se transformamos tudo o que está ao nosso redor em espaço de ressurreição, de vida nova.

Desejo a todos que esta Páscoa seja realmente um tempo de esperança nova para alargar o espaço de nossas vidas na construção de novas relações. Afinal, somos criaturas renascidas pelo amor de Jesus que morreu e ressuscitou por nossa causa e vive para sempre e nos acompanha na vida.

D. João Carlos Seneme, CSS

D. João Carlos Seneme, CSS

Bispo da Diocese de Toledo