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“O povo é o supremo senhor da democracia e há sempre caminhos”

CORREIO / LUSA

O Presidente da República afirmou hoje que o povo é “o supremo senhor do 25 de Abril” e “efetivo garante da estabilidade” e que em democracia há “sempre a possibilidade de se criar caminhos diversos”.

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Na sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa realçou as diferentes visões que existiram logo na altura da Revolução dos Cravos e falou das frustrações dos que não viram as suas expectativas realizadas ao longo destas décadas de democracia.

“Mas este é um tempo de esperança, porque a liberdade e a democracia, mesmo quando nos trazem muitas desilusões – a sensação de tempo perdido, de adiamento – nos dão sempre a esperança que a ditadura não tolera, que é a esperança na mudança”, considerou.

“Em ditadura, ou se está pela di- tadura ou se combate e se derruba a ditadura. Em democracia, há sempre a possibilidade de se criar caminhos diversos, sempre. Pode demorar tempo a surgir, podem ser insuficientes, podem ser imperfeitos, mas existem sempre, existiram sempre ao longo destes 50 anos”, acrescentou.

O chefe de Estado dirigiu-se, logo no início da sua intervenção, àqueles que “teriam preferido que não tivesse acontecido o 25 de Abril”, declarando: “A esses, cuja saudade e nostalgia se respeita, há que dizer que o tempo não volta para trás. E aquilo que veem como tendo sido o 24 de Abril em muitos dos seus traços globais verdadeiramente não existiu, é um refazer da História”.

Mais no fim do discurso, referindo-se em geral às manifestações por motivos internos e de política externa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que, independentemente do “número real ou sonhado” de pessoas que juntem, “esse pluralismo é essencial, faz parte da es- sência da democracia”, realçando que “em ditadura nunca haveria”.

“E essa é a razão da nossa esperança, é o sabermos que verdadeiramente o supremo senhor do 25 de Abril, da democracia e da liberdade, e por isso efetivo garante da estabilidade, se chama há 50 anos povo. E o povo vai escolhendo, com sentido de Estado, com bom senso, com moderação e com boa educação, ao longo do tempo, o 25 de Abril que quer. E mudando quando entende que deve mudar, ou mantendo se entende que deve manter – nem que seja para se arrepender, por quanto inovou ou manteve algum tempo volvido”, afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa já tinha feito uma anterior menção à estabilidade, ao mencionar que desde o 25 de Abril de 1974 “houve presidentes de direita com governos de direita e com governos de esquerda, presidentes de esquerda com governos de esquerda e governos de direita, e houve ganhadores e perdedores”.

Lula da Silva evoca 25 de abril e diz-se “em casa” em Portugal

CORREIO / LUSA

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse sentir-se em casa em Portugal e considerou o 25 de Abril um “salto para o futuro” do país com destino ao “desenvolvimento económico com justiça social”. No seu discurso na Assembleia da República, uma cerimónia de boas-vindas que antecede a sessão solene Lula da Silva afirmou que o 25 de Abril permitiu que “Portugal desse um verdadeiro para o futuro”, ao recuperar “as liberdades civis, a participação política dos cidadãos, a democratização política, os direitos trabalhistas e a livre organização sindical, criando as bases para o desenvolvimento económico com justiça social”.

“Nos últimos dias tive aqui em Portugal a inconfundível sensação de estar em casa, sentimento que acredito que é compartilhado por todos os brasileiros que vivem em Portugal e todos os portugueses no Brasil”, começou por dizer Lula da Silva na sua intervenção, suscitando aplausos da maioria dos deputados, enquanto os deputados do Chega batiam nas mesas e empunhavam cartazes com as bandeiras da Ucrânia e onde se podia ler frases como “Chega de Corrupção”.

Perante isto, o presidente da Assembleia da República chamou a atenção dos deputados portugueses do partido de extrema-direita: “Os senhores deputados que se querem permanecer na sessão plenária devem comportar-se com urbanidade, cortesia e a educação que é exigida a qualquer representante do povo de português, chega de degradarem as instituições, chega de porem vergonha no nome de Portugal”.

Antes da sua intervenção, o Presidente brasileiro assinou o livro de honra da Assembleia da República e, à chegada ao Parlamento, Lula da Silva foi saudado por apoiantes que se concentraram na zona por onde entrou.