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Solidariedade é “marca genética” das comunidades lusas na América
CORREIO / LUSA
O historiador Daniel Bastos, que terminou esta semana uma digressão de apresentação do seu livro “Comunidades, Emigração e Lusofonia” na Califórnia, identificou a solidariedade como “marca genética” das comunidades portuguesas na América do Norte.
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“Algo que é uma matriz comum na América do Norte é o espírito filantropo e benemérito muito forte”, disse à Lusa o escritor e historiador.
“Costumo dizer que a solidariedade será uma marca genética das comunidades portuguesas”, continuou. “Essa marca genética, o espírito solidário da benemerência e filantropia, está muito vincado na comunidade portuguesa na América”.
Daniel Bastos esteve em várias cidades da Califórnia, o estado com maior diáspora nos EUA, para apresentar a segunda edição (revista e aumentada) do seu livro de crónicas sobre a emigração portuguesa.
O convite para este périplo partiu de três figuras destacadas da comunidade luso-californiana: Manuel Bettencourt, dirigente associativo e médico dentista, Manuel Eduardo Vieira, conhecido como rei da batata-doce, e o co- mendador Batista Vieira, além do Museu Histórico de São José.
“O que me apaixona nas temáticas que estão na base do livro é a profunda admiração pelo papel e percurso de vida dos nossos compatriotas no estrangeiro”, afirmou, referindo que o fenómeno da emigração “é algo estruturante na história portuguesa”.
Um dos objetivos do livro, que também será apresentado em Toronto em junho, é preservar histórias de emigração. “É uma espécie de dever de memória, de registar, perpetuar, resgatar do esquecimento os protagonistas anónimos que dão um contributo fundamental ao desenvolvimento do país de origem e aos vários países que os acolhem, como é o caso dos Estados Unidos”, afirmou Daniel Bastos.
“Muitos dos nossos emigrantes são protagonistas anónimos da nossa história mais recente. Trago-os para a ribalta, dou-lhes visibilidade”, indicou. “E sobretudo que sirvam de exemplos inspiradores, das boas práticas nas comunidades portuguesas. Podem servir de modelo para outras comunidades”.
O historiador, que dá aulas em Braga e é consultor do Museu das Migrações e das Comunidades em Fafe, fez apresentações no Portu- guese Athletic Club (PAC) em São José, na Casa dos Açores de Hilmar e no Consulado Geral de Portugal em São Francisco.
Um dos temas explorados pelo autor é o futuro do movimento associativo, numa altura em que a transição para as novas gerações está em causa. Isso reflete-se, por exemplo, no facto de o PAC estar atualmente sem direção eleita.
“Um dos grandes desafios que se colocam ao movimento associativo português nos quatro cantos do mundo é o rejuvenescimento dos quadros e dos elencos diretivos”, disse, referindo que este não é um problema específico da Califórnia ou dos EUA.
Daniel Bastos considera que será necessária uma transformação para que haja continuidade. “É preciso que os dirigentes das gerações mais antigas tenham abertura para a entrada de associados e direções mais jovens”, afirmou.
O historiador previu que haverá fusões de várias associações de forma a otimizar custos, recursos humanos e financeiros, sublinhando o “património material riquíssimo” do meio associativo português na Califórnia. Isso implicará a dissolução de “possíveis resistências” e “regionalismos” que ainda estão presentes nas comunidades luso-americanas.