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Capítulo II - Responsabilidade Social Empresarial: Uma nota introdutória

Conhecido o histórico de 89 anos de contributos para o desenvolvimento local do território, e de forma a conhecermos o alcance e impacto da responsabilidade social da Cooperativa Eléctrica do Vale D’Este, importa antes de mais entendermos do que se trata quando falamos de responsabilidade social empresarial (RSE).

Todas as empresas e organizações organizam a sua cadeia de valor e modelo de negócio orientadas por um conjunto de práticas internas e externas respeitantes ao seu capital social, financeiro e patrimonial. Deste modo, cada empresa lida não só com os aspetos económicos e financeiros da sua organização, como com o seu impacto na sociedade em geral.

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Designa-se de Responsabilidade Social Empresarial à forma como cada empresa lida com o impacto naturalmente decorrente das suas atividades, práticas e áreas de atuação que se conjugam para um bem comum para a empresa e sociedade onde se insere, a nível económico, societal e/ou ambiental.

Interessa também reforçar que a responsabilidade social empresarial não se encerra em questões éticas ou morais e que por isso ultrapassa as meras atividades empresariais que são obrigatórias por lei ou convenção nacional europeia e internacional, como a certificação, monitorização e avaliação de comportamentos e práticas da empresa.

Por responsabilidade social entende-se também um compromisso voluntário que uma empresa faz ao adotar e implementar boas práticas quer externa quer internamente, dando determinados contributos, de forma mais ou menos estratégica, dependendo sempre de cada empresa e respetiva política de responsabilidade social.

Em 2005 Kotler e Lee, dois dos maiores e mais reputados estudiosos de gestão de empresas e organizações do século XXI defenderam a ideia de que a responsabilidade social não se trata apenas de uma questão de caridade, mas antes de uma filosofia de gestão, pelo que as diversas iniciativas de RSE dentro da política de cada empresa poderiam ser assim resumidas em “six options for doing good” (6 formas de Fazer o Bem): - Promoção de Causas, enquanto atividade de apoio à divulgação e incentivo à participação numa determinada causa social, cívica, etc.; - Desenvolvimento de Marketing Relacional, consistindo este na atribuição de uma parte do lucro dos serviços e/ou vendas de um ou mais produtos a determinado projeto (de salientar, neste caso, que é óbvio o interesse do retorno financeiro do aumento das vendas);

Promoção de causas Marketing relacional Marketing social

Responsabilidade social empresarial: 6 formas de “fazer o bem”

Voluntariado

Incorporação nas práticas empresariais Filantropia

Colaboradores Clientes

Comunidade em geral - Desenvolvimento de iniciativas de Marketing Cooperadores a entrega direta de apoios e/ou donativos a terceiros ou Parceiros Social, com o objetivo de, com a venda dos serviços/pro- facilitação de serviços pro-bono em prol de uma causa dutos, promover simultaneamente a alteração de hábitos ou projeto; e comportamentos nos clientes; - Incorporação da responsabilidade social nas - Promoção do Voluntariado envolvimento dos dife- práticas empresariais e decisões de gestão. rentes stakeholders da empresa (clientes, colaboradores, Hoje, e tendo em conta as diversas exigências na fornecedores, parceiros, cooperadores e comunidade em adaptação do mundo empresarial aos novos desafios geral) em determinada causa, dando para isso algum do do século XXI, é com alguma naturalidade que a seu tempo; Responsabilidade Social Empresarial seja altamente - Desenvolvimento de Filantropia descrita como considerada por diversas organizações internacionais.

A Comissão Europeia por exemplo define esta prática empresarial como absolutamente imperativa em todo o ecossistema de uma empresa nos dias que correm: “A Responsabilidade Social define-se pela responsabilidade vinculativa das empresas tendo em conta os seus impactos na sociedade e inclui as práticas de emprego (direitos humanos, trabalho e formação, diversidade, igualdade de género, saúde e bem-estar dos trabalhadores), questões ambientais (biodiversidade, alterações climáticas, eficiência dos recursos e prevenção da poluição), e o combate à corrupção. São também parte da agenda da RSE, o envolvimento e o desenvolvimento comunitário, a integração de pessoas em situação de desvantagem e os interesses dos consumidores.”

Deste modo, temos que a RSE esteja atualmente cada vez mais evidenciada na atuação empresarial embora com diferenças na forma de se expressar dentro e fora da empresa e com alterações na sua estrutura e modelo de funcionamento.

No que diz respeito às práticas mais comuns de responsabilidade social pode-se observar um conjunto de diversas ações e múltiplas atividades integradas: - Promoção de atividades com os colaboradores e iniciativas de saúde e segurança, qualificação, direitos dos colaboradores e incentivo à formação; - Promoção de atividades de cariz lúdico ou de interesse cultural com os colaboradores e/ou cooperadores; - Divulgação de iniciativas ambientais em matéria de proteção do meio ambiente, redução da poluição, gestão de resíduos, consumo de recursos e eficiência energética; - Participação em atividades comunitárias, com o investimento comunitário e voluntariado dos colaboradores; - Declaração sobre a visão e os valores da empresa, como a declaração da missão, e políticas e procedimentos de RSE da empresa; - Criação de Linhas de Apoio/ Mecenato/ Patrocínio vocacionadas para agentes de eixos estratégicos na comunidade envolvente: cultura, saúde, educação, social, empreendedorismo, desporto.

No entanto, hoje em dia grande parte das empresas estrutura a sua responsabilidade social empresarial de forma estratégica, alinhando grande parte das suas iniciativas de forma única e singular não só pela missão, core business e cultura da empresa, como pelo impacto previsto da sua ação pré-determinada no mercado, na sociedade e na comunidade.

Seguindo esta ideia, e assumindo um compromisso diferenciado das práticas comuns de filantropia ou de voluntariado, as empresas com responsabilidade social estratégica conseguem criar uma cadeia de valor equilibrada, justa e impactante para si, para os seus colaboradores e para a comunidade envolvente.

Entre as diversas organizações empresariais que hoje em dia procuram alinhar-se por políticas de responsabilidade social estratégica, encontramos portanto a Cooperativa Eléctrica de Vale d’Este, que a par da sua afirmação histórica no território como agente de desenvolvimento local, tem procurado estruturar uma determinada política de responsabilidade social, repensando ações que atendem exclusivamente a necessidades ou prioridades pontuais, e a considerar aplicá-las de forma, estratégica continuada e sustentável para o bem comum.