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negócios
Lado a lado com startups
Seguindo tendência de grandes companhias no mundo, a Abranet abre frente para trabalhar com empresas inovadoras de tecnologia da informação, internet e telecomunicações.
A BuSCA PELA inovação e pela agilidade, enquanto o core business segue rodando, tem levado diversas empresas a se associarem a startups. Mais velocidade na hora de testar e implementar soluções é um dos objetivos dessas associações, seja por meio de parceria para coinovação, seja por meio de aquisição parcial ou total. A Abranet, seguindo essa tendência, está abrindo uma frente para trabalhar com startups de tecnologia da informação, internet e telecomunicações.
Telmo Teramoto, startup hunter na Liga Ventures, ingressou na entidade justamente com o desafio de levar aos associados a visão de inovação aberta e de como as startups podem ajudar nesse processo. “Por conta das transformações, que estão muito mais rápidas, muitas instituições têm procurado se relacionar com startups”, diz Teramoto, que assumiu como diretor de Inovação e Startups na Abranet.
As startups, segundo o executivo, podem agregar velocidade na implantação de tecnologias porque têm expertise específica e também estrutura mais ágil. “Outro benefício é a startup enxergar modelos de negócios que a empresa tem dificuldade de enxergar ou de implantar. O caso mais conhecido é o da Kodak, que tinha desenvolvido uma câmera digital, mas isso significava canibalizar a venda de filmes. Existe essa dificuldade ou receio de implantar, porque pode matar uma parte do negócio”, acrescentaTeramoto.
cOMO EscOlhEr a startup?
A parceria ideal vai atender aos anseios da empresa. Por isso, é fundamental que ela saiba o que realmente quer ao se aliar a uma startup, o que vai desde escolher uma inovação mais disruptiva ou outra que aumente a eficiência. Saber qual dor se quer resolver é o primeiro passo.
Depois, existem caminhos a serem percorridos para encontrar a parceria ideal. “Algumas empresas criam áreas de inovação aberta que ficam responsáveis por buscar as startups; outras usam organizações como a Liga Ventures, que tem o conhecimento específico e relacionamento com um grande número de startups”, relata Teramoto.
Também não há um modelo fixo de como a parceria vai se dar. Pode ser por meio de uma contratação tradicional, tendo a startup como fornecedor. Outras vezes, corporação e startup se unem para cocriar uma solução – e isso se dá, principalmente, quando a startup tem algo que vai na linha do que a corporação quer, mas sentam juntas para desenvolver algo específico. Uma terceira opção é investir, fazendo um aporte financeiro na startup ou até adquirindo-a.
Para o diretor de Inovação e Startups, as associadas podem se beneficiar da aproximação da Abranet

com as startups, uma vez que “a entidade está abrindo caminhos para que as empresas de internet conheçam novas tendências e se relacionem com startups de modo a endereçarem dores que estejam passando”, diz. A ponte que a Abranet está fazendo encurta o caminho e mostra saídas, com variadas frentes de inovação.
É importante, conforme ressalta Telmo Teramoto, observar alguns aspectos com relação à startup, como seu modelo de negócios e a expertise do time, o tamanho de mercado que está mirando para entender se ela vai conseguir ir em frente e qual seu estágio, para checar se ela está madura ou muito iniciante para construir algo em conjunto.
A seguir, algumas das startups abertas a trabalhar com os associados à Abranet. “A Abranet está abrindo caminhos para que as empresas de internet conheçam novas tendências e se relacionem com startups de modo a endereçarem dores que estejam passando.”
tElMo tEraMoto Diretor de Inovação e Startups da Abranet
BEEgOl: para melhorar a conexão
A PLAtAFORMA de inteligência artificial e machine learning para monitoramento e gerenciamento de redes de internet existe há cerca de quatro anos. Um de seus objetivos é ajudar as empresas a ter visão fim a fim dos problemas de suas redes, conforme explica Daniel Garcia, diretor de Marketing e Vendas da Beegol. A startup de software para melhorar conexões de internet recebeu em janeiro deste ano um aporte de R$ 11 milhões, em uma rodada liderada pela Indicator Capital, gestora brasileira de capital de risco, e a expectativa é que esse valor seja complementado em até 18 meses com mais R$ 11 milhões, chegando a um total de R$ 22 milhões.
A pandemia da Covid-19, quando muita gente passou a trabalhar de suas casas, somada ao avanço de streaming, sinalizou com muita ênfase a necessidade de alto desempenho do serviço de internet. “Algumas coisas que passavam batidas ficaram evidentes”, aponta Garcia. “As operadoras, por sua vez, têm alcance limitado para saber o que está acontecendo no acesso do cliente, na rede dentro da casa; não conseguem enxergar tudo integrado”, completa.
A startup enxergou nessa brecha uma oportunidade de negócio e criou uma plataforma baseada em aprendizado de máquina para monitorar e melhorar a qualidade da banda larga e do wi-fi do cliente. “Temos um agente em-
“As startups têm tanto a barcado no modem e monitoramos configuração quanto o o que está acontecendo no modem mindset e a agilidade para do cliente. Assim, quando algo acontece, a operadora já vê isso de poder trazer as soluções forma integrada”, explica o diretor. que conseguem acelerar
A Beegol tem parceria com a a inovação, porque elas maior parte dos fabricantes de produtos de redes. Dessa forma, quantêm liberdade para isso.” do a operadora ou o provedor a conDaniEl GarCia trata, ela aciona os fabricantes para Diretor de Marketing e Vendas da Beegol incorporar o sistema no dispositivo, que já sai com o software embarcado. “O software manda informações para os servidores de machine learning e com IA fazemos as análises. Tanto as áreas técnicas podem receber alarmes com o que está acontecendo, como os clientes podem receber alarmes preditivos. Isso também pode ser posterior”, detalha. O software faz varredura no dispositivo para entender o problema e o comportamento.
A Beegol tem trabalhado com Claro, Tim e Algar, no Brasil, e há projetos no exterior, por exemplo, com a Deutsche Telekom e deployment nos Emirados Árabes. Com os associados da Abranet, a ideia é oferecer este mesmo serviço de monitoramento. “As startups têm tanto a configuração quanto o mindset e a agilidade para poder trazer as soluções que conseguem acelerar a inovação, porque elas têm liberdade para isso”, aponta.
Olhando para o futuro, a startup está começando a endereçar dispositivos de Internet das Coisas, vislumbrando um enorme mercado que se abre a partir da implantação de redes 5G. • OctágOra: assistência visual remota DE uMA CONVERSA entre amigos de longa data nasceu a ideia de criar uma solução de assistência visual remota, que combina recursos audiovisuais, inteligência artificial e sistema de gestão de atendimento. A tecnologia que a Octágora desenvolveu é usada pelos atendentes de call centers, possibilitando um atendimento interativo e visual por vídeo, evitando desperdício de recursos, viagens desnecessárias e visitas técnicas improdutivas. “Todas as vezes que os clientes entram em contato com o pessoal do 0800, o atendente do call center não está vendo o que o cliente está vendo. Nosso software possibilita ao atendente, através da câmera do celular do cliente, enxergar isso”, conta Marcelo Izumi, diretor de Negócios da Octágora. Funciona da seguinte forma: o software dispara um link para o cliente por SMS ou WhatsApp, o cliente clica e habilita o sistema, autorizando o funcionamento da câmera. Quando isso é feito, o atendente consegue enxergar o que o cliente está vendo e o atendimento segue usando realidade aumentada.
Assim, o atendente pode instruir o procedimento, fazendo, por exemplo, marcações na tela, como uma seta, ou circulando algum cabo para mostrar o que tem de ser feito. Tais marcações aparecem na tela do celular do cliente. “O atendente vai instruindo, guiando o que pode ser feito, adicionando uma camada visual e interativa. Com isso, pode resolver o problema na primeira chamada, sem precisar abrir uma chamada técnica que gera custo e transtorno”, aponta Izumi.
Segundo ele, a Claro foi o primeiro case e, hoje, a startup tem a telco como cliente. “Eles validaram a solução colocando no atendimento do Net Virtua”, conta Izuma, um dos três sócios-fundadores. Os outros dois – Daniel Cussi e Celso Rosa – trabalharam juntos por cerca de dez anos e viviam diariamente as dores de uma central de atendimento. Foi quando decidiram pensar em novas formas para melhorar a experiência e a satisfação dos clientes e chamaram Marcelo Izumi, executivo experiente na área comercial e apaixonado por inovação e tecnologia.
O projeto começou entre 2017 e 2018, e a ferramenta foi lançada no mercado no começo de 2020. “Pouco tempo depois, semanas, explodiu a pandemia. E o confinamento, sem querer, impulsionou o crescimento da startup. Entramos para o portfólio de alguns fundos que nos apoiaram para escalar, pensando em um mercado
fiEld cOntrOl: gestão da equipe em campo FRutO DA insatisfação de clientes com atrasos em agendamentos e da falta de controle de algumas empresas na organização de suas equipes de campo, a Field Control foi criada pelos sócios Eduardo Santos e Luiz Freneda. Eles idealizaram a startup em 2017, pensando em uma ferramenta por meio da qual empresas com prestadores de serviços externos tivessem o total controle de seu time e aumentassem sua produtividade, eliminando gastos exagerados com papel.
“Muitas vezes, a experiência não é muito agradável. Nossa startup foi criada para melhorar a gestão das equipes em campo, “Temos interesse em muito promissor”, relata Izumi. estar perto da Abranet e
Sobre o relacionamento com dos provedores para eles a Abranet, o diretor da Octágora aponta que todos os provedores, usufruírem, aproveitarem sem exceção, têm algo em comum, a tecnologia que está que é a necessidade de melhorar chegando e muitos não o indicador de taxa de resolução de problema no primeiro contato. conhecem ainda.” “First call resolution é o principal MarCElo izuMi indicador e impacta em custo”, Diretor de Negócios da Octágora diz Izumi, fazendo referência ao fato de que, se o problema é prontamente resolvido, não acompanhando os técnicos e criando rotas mais otimizaé necessário arcar com os custos de se enviar (e pagar) das; e isso facilita quem tem equipe trabalhando na rua”, técnico para se deslocar até o cliente, sem levar em conta conta Eduardo Santos, cofundador da Field Control, que o impacto para a experiência do usuário. “Temos interesse já atende vários provedores de internet. em estar perto da Abranet e dos provedores para eles usu- A Field Control fez parte de programa de aceleração fruírem, aproveitarem a tecnologia que está chegando e muitos não conhecem ainda”, finaliza Izumi. • dentro do polo de tecnologia da USP de Ribeirão Preto e também participou de programa junto com o Sebrae. “De lá para cá, crescemos bastante”, ressalta Santos. Hoje, são atendidas cerca de 2 mil empresas e a Field Control soma 80 colaboradores. “Somos a principal plataforma digital para serviços em campo e comercializamos como serviço. Você pode, por exemplo, acompanhar no mapa o horário previsto de chegada do técnico”, explica. Santos avalia que se trata de um segmento promissor, uma vez que os consumidores estão cada vez mais exigentes com a experiência que terão. “Eles estão habituados a ter boa experiência do usuário em aplicativos de comida, de transporte. O consumidor está mais exigente e isso não vai ser diferente para o setor de internet”, pontua. Para ele, o benefício das empresas de internet ao adotarem a solução é ter mais competitividade e apresentarem um diferencial de mercado. E como as startups podem ajudar as corporações? “Muitas vezes, as empresas, principalmente, as mais consolidadas estão presas ao seu modo e à “Quando fazem sua cultura; isso envolve processos bem definidos. Quando fazem coconexões com startups, nexões com startups, ganham flexi[as empresas] ganham bilidade, o que permite uma cultura flexibilidade, o que permite de inovação na organização. Para nós, é uma oportunidade de fazer uma cultura de inovação.” mais negócios, desenvolvimento e EDuarDo santos Cofundador da Field Control levar soluções em que acreditamos como sociedade”, assinala. •
