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7.1 Introdução
Capítulo 7
PRINCIPAIS DOENÇAS BACTERIANAS EM CÃES: QUANDO DEVO LEVAR AO VETERINÁRIO
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M.V. André Luiz de Souza.
7.1. INTRODUÇÃO
Os cães de trabalho e de guerra são expostos a condições extremas como em locais de desastres naturais, desmoronamentos, florestas fechadas, atravessando rios e lagos no auxilio para localização e resgate de pessoas ou corpos. Durante todo o tempo de atuação à campo estão propensos à lesões de todas espécies e contágio de diferentes patógenos. Nessa pequena explanação serão comentados sobre alguns agentes bacterianos envolvidos com o serviço à campo e também aquelas que podem acontecer dentro
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do canil com a intenção de alertar aos responsáveis por estes cães os principais sinais que indicam a necessidade de procurar ajuda veterinária.
Bactérias são microorganismos como fungos e vírus, encontradas na natureza e que podem ser patogênicas ou não, isto é, podem provocar doenças ou não.
Há inúmeros tipos de bactérias, sendo descobertas novas espécies a cada dia na Ciência, e todas são classificadas conforme suas características e recebem uma nomenclatura. Multiplicam-se conforme condições apropriadas, como temperatura, umidade, nutrientes (enxofre, fosfatos, vitaminas, nitrogênio), etc. Alguns fatores como o oxigênio podem favorecer o crescimento bacteriano (bactérias aeróbicas). Porém, algumas espécies preferem a ausência desse fator (bactérias anaeróbicas), comum nas feridas fechadas como ocorre, por exemplo, no tétano.
No cão, assim como nos humanos, existem colônias de diferentes espécies bacterianas presentes na mucosa oral e nasal, no conduto auditivo, no prepúcio, na vulva e vagina, na pele e nos intestinos. Alguns fungos também podem estar presentes nesses sítios. Esses microorganismos estão organizados de forma equilibrada em quantidade e espécie, de forma que coexistem, protegem e
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interagem beneficamente com corpo do animal, conhecidos como comensais, cuja presença é simbiótica e saudável para o cão. Estes microorganismos colaboram com a digestão dos alimentos que chegam no trato gastrointestinal, competem com outros microorganismos (patogênicos) que tentam se instalar no local e fazem uma barreira pela sua presença e pela produção de seus metabólitos.
Há também órgãos no animal que devem ser desprovidas de qualquer bactéria, ou seja, devem ser estéreis para que o cão esteja saudável, como é o caso dos olhos, do útero, da porção subcutânea (debaixo da pele), da bexiga, dos nervos, do sangue, da cavidade abdominal, etc.
Entretanto, bactérias e fungos cooperativos podem se desequilibrar em número e espécie, assim como pode haver introdução de novas colônias em órgãos estéreis. É o que ocorre quando o animal sofre de alguma desordem hormonal (diabetes melito, fêmea em alguns períodos do ciclo sexual), imunológica ou infecciosa (parvovirose, cinomose, carrapatos, sarnas, cáries, aborto), ou passa por algum trauma (cortes, fraturas, escoriações), etc. Haverá crescimento bacteriano patogênico pelo simples desbalanço comensal ou haverá introdução de colônias bacterianas
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para diferentes órgãos no animal. Em quaisquer hipóteses, a infecção bacteriana está instalada e provocará doenças conhecidas por cistites, botulismo, tétano, úlceras de córnea, leptospirose, piometra, borreliose, erliquiose, etc.
Quando há colonização bacteriana patogênica ao cão, este deverá ser tratado com o medicamento conhecido por antibiótico, que somente pode ser receitado por um médico veterinário.
Os antibióticos(antimicrobianos) são metabólitos de fungos e bactérias filamentosas que no ambiente garantem o seu crescimento. Esses metabólitos são isolados e testados em
bactérias a procura daqueles que podem destrui-las ou interferir na sua multiplicação, causando o menor dano possível ao animal pela sua característica de toxicidade seletiva aos microorganismos. Contudo, o uso dessas drogas gerou patógenos que resistem a várias drogas e em vários momentos, principalmento no ambiente hospitalar, a todo arsenal farmacológico, são as bactéria multirresitentes. Com a finalidade escolher uma terapêutica correta, o uso dessas drogas ser guiada pelo diagnóstico da donça, isolamento da bactéria e o teste de sensibilidade aos antibióticos in
vitro. Mesmo utilizando o antibiótico indicado existe a possibilidade da sensibilidade ser diferente in vivo devido a diferentes distribuição
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