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ESTUDO DO MEIO: APRENDIZAGEM POR MEIO DO LAZER E DO LÚDICO.
O estudo do meio é uma metodologia de ensino interdisciplinar pautada em desvendar a complexidade de uma área determinada que possui uma dinâmica e está em constante transformação e cuja totalidade dificilmente uma disciplina isolada pode abordar (PONTUSCHKA et. al. 2007). Esta prática coloca os estudantes em contato com realidades distintas da sala de aula, uma vez que no contato com o meio há a oportunidade de interação com a população local e o meio físico onde se desenvolve o estudo, promovendo a abordagem histórica de um lugar e o desenvolvimento de uma postura crítica do cidadão diante de sua realidade (PONTUSCHKA et. al. 2007).
Considerando a importância destes aspectos, os alunos da primeira série do ensino médio vivenciaram um estudo do meio no PETAR, Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, uma área de conservação da Mata Atlântica com grande biodiversidade e relevo cárstico. Esta vivência ocorreu entre os dias 14
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A primeira atividade foi a visita ao Quilombo Ivaporunduva. Os estudantes participaram de rodas de conversa e da vivência quilombola com a realização de oficinas sobre agricultura orgânica, culinária, artesanato, pesca e caça. A noite do primeiro dia foi marcada por uma atividade em que, por meio da metodologia de rotação por estações, os alunos retomaram e conectaram saberes das áreas de biologia e geografia importantes para exploração daquele ecossistema.
Na estação de Geografia o intuito era retomar todo o conteúdo visto em sala de aula no primeiro semestre: estruturas geológicas, tipos de rocha, formação de relevo cárstico, características botânicas da vegetação e clima. Os alunos, juntamente com o professor, retomaram os principais conceitos para que, no dia seguinte, pudessem estabelecer as conexões com a prática através das trilhas, visita às cavernas e banho na cachoeira.
Uma das estações de Biologia contemplou reflexões acerca da biodiversidade local, bem como as adaptações existentes nesses seres vivos. Um dos temas abordados foram os tipos de espécies que frequentam os ambientes de caverna. Foram trabalhadas leituras e interpretações acerca das espécies troglóxenas, troglófilos e troglóbias. Ainda nessa abordagem, os alunos refletiram sobre a importância dos quirópteros (morcegos) para esses ambientes de caverna. E por fim, os alunos conheceram espécies bioluminescentes, como fungos e larvas de insetos, existentes na região do Vale do Ribeira.
A outra estação de Biologia focou no comportamento adequado em trilhas e cavernas. Nesta, uma dupla de cada grupo recebeu uma ficha secreta contendo a missão de elaborar e realizar uma encenação rápida sobre turistas com comportamentos inadequados em sua visita ao PETAR, esta estratégia de encenação pedagógica é denominada Role-Play. O restante do grupo ao assistir precisou identificar quais desses comportamentos é necessário evitar e por fim juntos os estudantes elencaram os comportamentos mais adequados para manter a segurança e a saúde dos visitantes enquanto conservam o local visitado. Ideias como: manter o corpo protegido por roupas adequadas, não levar pesos desnecessários, manter-se hidratado e "nada de tocar nos espeleotemas" foram discutidas.

Nos outros dois dias o estudo foi realizado com monitoria especializada e intervenção dos professores a visitação às cavernas Santana, Morro Preto, Couto e Alambari de Baixo. Além disso, os alunos puderam visitar a cachoeira do Couto e a piscina natural. No último dia, para fechar o estudo do meio, os alunos fizeram a prática do acqua-ride no rio Betari e conheceram o histórico desta prática que nasceu na região e hoje é reconhecida mundialmente.

O trabalho realizado no Petar foi interdisciplinar, ou seja, o objetivo não era unificar disciplinas, mas estabelecer conexões entre as mesmas, na construção de novos referenciais conceituais, promovendo a troca entre conhecimentos disciplinares e os saberes especializados. Para sistematizar essa experiência, os estudantes criaram artefatos a partir dos dados coletados nas vivências e os relacionam aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, foram desenvolvidos desde textos científicos até composições artísticas.

Vivenciar, experienciar e visitar locais através do estudo do meio leva a um saber que supera os conceitos das disciplinas regulares, além disso acaba potencializando uma visão mais global do conhecimento. Durante esse estudo há uma abordagem integradora, possibilitando múltiplos olhares em relação aos locais visitados (Batista et al., 2012). Entre tantos ganhos pedagógicos é importante citar também os ganhos socioemocionais de uma experiência como esta em que os estudantes ampliam sua conexão com os colegas, com os professores e consigo mesmos ao vivenciar um cenário que demanda deles o exercício da autonomia e do trabalho colaborativo.

Sinta a emoção - Vídeo sobre momentos do Estudo do Meio 2022


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
PONTUSCHKA, Nídia Nacib e PAGANELLI, Tomoko Iyda e CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender geografia. São Paulo: Cortez. .
BATISTA, L. M. L.; BATISTA, N. L.; OLIVEIRA, D. F.; AUZANI, G. M. & ORTIZ, A. C. M. Estudo Do Meio como Proposta Pedagógica na Dimensão Interdisciplinar, 2012.