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PROGRAMA DE ELABORAÇÃO DE INFORMATIVO TÉCNICO-CIENTÍFICO

Comitê Olímpico de Brasil – Centro de treinamento / Laboratório Olímpico

NATAÇÂO/MARATONA AQUÁTICA

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O Poder De Poder

# Comitê Olímpico do Brasil * San Diego State University

Abstract

Decisively we have at last the vision of the creation of a positive and high-performance environment. It is established with excellent communication and by setting the example of professionalism from the coach to the athlete and to others. Continuous feedback is important to help prepare the development of this successful culture. A proper welcome is fundamental to institute a sense of belonging to a high-performance group. Instead of the welcome reinforcing the negative problem, on the contrary, it is the first step in creating a culture of excellence.

“Between talking and doing, there´s a lot to do”. Let us put these values and concepts into practice!

Objetivo:

O objetivo principal deste trabalho é entender como que se cria uma cultura em equipe mesmo em esporte individual. Para atingir essa meta, investigamos como uma cultura de excelência gera performance, analisamos os fatores intrínsecos de gestão e como o modelo de liderança proposto proporciona esse ambiente fértil.

Método:

Roteiro de entrevista semiestruturada - cinco entrevistadores participaram com um total de 28 perguntas ao treinador Fernando Possenti Contribuir para a capacitação de treinadores, via confederações e federações através do material produzido

O papel do treinador na criação de uma cultura de performance

O conceito de cultura de performance utilizado na realização da entrevista englobou as seguintes características: entrega de resultado esportivo, dedicação, cooperação, responsabilidade e motivação. Quando o treinador entrevistado foi questionado sobre o seu papel na criação desta cultura ele respondeu abordando alguns aspectos essenciais: 1) o treinador tem que dar exemplo de comportamento (por exemplo: só pode cobrar motivação se ele mesmo estiver motivado); 2) a cobrança por desafios ou objetivos altos só pode ser feita se ele mesmo acreditar que é possível alcançá-los; 3) a comunicação com os atletas tem que ser a mais clara possível; e 4) a identificação de comportamentos compatíveis e incompatíveis com a cultura de performance deve ser realizada rapidamente e o feedback dado quanto à adequação ou não aos objetivos do grupo.

Comportamentos compatíveis com a cultura de performance

Alguns comportamentos são essenciais para a concepção e crescimento da cultura de performance. A conduta de uma maneira profissional é o primeiro passo para o engajamento do atleta. As turbulências da vida pessoal não devem afetar de forma alguma o espaço técnico e profissional. O exemplo deve ser dado pelo profissional técnico e de suporte, proporcionando assim um ambiente estável e constante. Dedicação completa é necessária para a criação deste espaço e coincidente com alguns hábitos inalteráveis como a pontualidade e a clareza no treino a ser seguido para que o aspecto mental ande em conjunto com a parte física. O objetivo final é trazer a noção e o sentimento da competição em uma zona de conforto.

Redução de comportamentos inadequados

Nesse aspecto, é crucial também a contenção de certos comportamentos inconciliáveis com o objetivo maior. Isto pode ser feito não só pela palavra expressa, mas similarmente pela linguagem corporal clara para que o grupo não tenha dúvidas se algo está inadequado. Isso se faz de maneira contínua, assim o grupo fará também a manutenção e policiamento dos hábitos e comportamentos a serem abolidos, incentivando o desempenho profissional. Quando necessário, a comunicação verbal, individual, pode ser realizada.

A construção de atletas como modelos de comportamento

O desenvolvimento dos atletas como modelo de comportamento tem várias etapas e deve ser posto dentro do contexto da sociedade em qual se integram. Precisa-se entender quem é esse atleta, de onde ele está vindo, e como poderá agregar para o grupo, como por exemplo, a possibilidade de exercer um papel competitivo, ou um papel de suporte. A sinceridade do treinador em comunicar os fatos deve conduzida de uma maneira sem mágoas. O momento oportuno para elucidação depende do “feeling” e percepção contínua da liderança, fazendo a espera de um momento após a comoção, quando os ânimos estão mais calmos e contidos, incitando a reflexão pelo atleta nas palavras. Novamente, o esclarecimento de uma maneira individual, e não em grupo, torna-se preferível para continuar numa esfera de confiança. Se a situação se aplica ao grupo, a reflexão pode ser feita em conjunto, desde que o grupo não seja muito grande. Essa prática requer uma disponibilidade e energia grande para a liderança chegar com direcionamento e atuar

Valores do grupo: valores comuns – desenvolvidos ou agregados?

Dois percursos funcionam e caminham lado-a-lado para desenvolver valores comuns no grupo de atletas. Primeiro, é importante congregar atletas com valores parecidos e com ambição no sentido do melhoramento das rotinas. Com o grupo formado, o próximo passo será o desenvolvimento e trabalho individual e em conjunto para reforçar os processos e hábitos que tornarão o aproveitamento mais robusto, e conduzirá o atleta a alcançar resultados no futuro. A prática no dia a dia da rotina começando no início da manhã, do cansaço pós-treino, do prazer ao final do dia do dever cumprido, fortalece a conquista e o caminho ao sucesso.

Relação entre objetivos/ metas e a construção da cultura do grupo (valores, hábitos e atitudes)

Metas claras são necessárias para o encaminhamento do grupo ao objetivo final. Não se pode exigir algo se não há uma meta bem definida a ser atingida. No início do ano, uma reunião individual deve ser realizada com cada atleta delineando de uma maneira nítida e precisa, o percurso e os objetivos a serem atingidos ao longo do ano.

Importância do alinhamento entre objetivos e valores

Alinham-se os valores e os objetivos para se atingir os resultados. Nisso temos a importância do trabalho em geral, juntando tanto o aspecto físico e mental. O ato do trabalho dos exercícios e o treino rotineiro toma conta da parte física. O confronto dos obstáculos a superar com suporte mental utilizando técnicas para vencer se torna essencial.

Sobre as emoções do treinador

O perfil emocional do treinador é determinante no encaminhamento do atleta e dá propósito à missão. O sentimento de orgulho em propiciar um ambiente favorável ao melhoramento técnico do esporte e da pessoa como atleta está dentro do objetivo maior que é o alcance de novas metas, recordes pessoais, nacionais e mundiais. O esforço do treino e a participação em competições de alto nível mostra não só uma mudança de atitudes nos comportamentos como também a dedicação numa cultura de conquista tanto dentro como fora do esporte.

O papel da comunicação no desenvolvimento da dedicação e cooperação

A dedicação e cooperação será desenvolvida com uma comunicação clara e objetiva, acolhendo ao mesmo tempo dúvidas que surgem do atleta. O amparo do atleta se faz necessário desde o início, porém isso não quer dizer que atitudes deletérias serão reforçadas; muito pelo contrário, o amparo tem como princípio guiar o atleta para o caminho mais adequado, mostrando-lhe saídas para situações difíceis.

A individualidade do atleta

Torne-se necessário uma abordagem as vezes individualizada pois se tem consciência de que cada atleta trabalha de um jeito. O técnico necessitará ter discernimento entre diferentes abordagens, formando um vínculo com o atleta, mostrando-lhe que aceita sua individualidade e que trabalhará dentro desta para alcançar um rendimento ideal.

Linguagem, comunicação efetiva e vínculo

O vínculo formado tem como intuito levar o atleta a reflexão e ao questionamento dos modelos e objetivos a serem seguidos para que continuem no caminho certo. O técnico deve provocar a análise que forçará que o atleta contemple até chegar na resposta. O feedback, por exemplo, ao fim do treino, suscitando o sentimento do atleta, é um exemplo que pode ser aplicado de rotina.

Compartilhamento de responsabilidade, dedicação e autoconfiança

À medida que o atleta se desenvolve, ele vai assumindo um papel central na responsabilidade de atingir seus objetivos e metas. Quando algo não está satisfatório, ele terá a obrigação e numa etapa mais avançada, a autonomia, de corrigir o curso tomado. Isso somente acontece se o atleta desenvolve, com o suporte do treinador, um sentimento de autoconfiança. A comunicação expressa do sentimento comum de estar ao lado do atleta ajuda nesse sentido

Efeitos da vitória de um atleta sobre os demais do grupo

As derrotas são uteis para um ímpeto e para o aprimoramento. Questionar o que pode ser feito de diferente e comparar isto com o que de fato foi realizado é o primeiro passo para ver o que pode ser trabalhado para a próxima vez. Os resultados positivos de um membro sobre outro da mesma equipe, deve suscitar o sentimento de também poder, e de estar no lugar certo. Mais do que comparar, é poder ter referencias técnicas importantes.

Características do time que aumentam o nível de confiança individual

O ato de observar, e a reação da pessoa observada, tem que ser positivo para poder gerar um aumento do nível de confiança do atleta. Gera-se um sentimento de importância quando se faz parte de um grupo de alto rendimento para que possa ser identificado individualmente pelo treinador. Ocasiona também um ambiente mais aberto, tanto para o atleta, como para o treinador, propiciando um ambiente de franqueza entre todos ali presentes.

Desafios na gestão de pessoas para alcançar resultados positivos

A gestão de pessoas é algo desafiador que necessita tomar em conta diferentes aspectos. Um deles é a separação da influência de fatores externos no momento presente. A abstração da influência externa para focar no ato presente, traz a este um sentimento de felicidade e realização à tarefa. Pode abordar a influência negativa casualmente, respeitando a individualidade de cada um, e direcionando a atenção.

Mensuração do impacto da cultura nos treinos e resultados

“Quando um treinador pega o histórico de treinamento de um atleta e conversa com ele, o atleta nem sempre repetiu aquela serie, mas já fez séries parecidas e nunca performou bem. E por que ele nunca fez tão bem? Porque nunca tiveram do lado outro atleta que tivesse o mesmo nível, ou até melhor do que o deles, puxando-os ou motivando eles a isso.”

Comportamentos a observar na cultura de excelência

Na hora de compartilhar uma postura de excelência, faz-se uso da comunicação verbal e não verbal. A parte verbal é ligada a educação, e traz à tona o meio socioeconômico-ambiental do indivíduo. A expressão corporal está ligada a aparência e a atitude comportamental. O profissionalismo em todos os momentos é primordial para promover uma cultura de excelência.

Requisitos essenciais para escolha de treinadores

O treinador necessita ter uma atitude profissional, uma boa comunicação e conhecimento das áreas envolvidas no alto rendimento.

Aplicação do feedback como ferramenta no desenvolvimento de pessoas

O feedback diário, ou as vezes 2 vezes ao dia, irá proporcionar e reforçar o comportamento desejado. Quando o treino não for bom, o técnico deve acolher e redirecionar as atitudes questionando o porquê do desempenho inadequado, para chegar na raiz do problema. Pode ser que tenha sido um problema na técnica como um todo, ou na finalização desta, ou pode ser uma atitude ou bloqueio mental do atleta para a realização de um certo exercício ou tempo a ser atingido. Na desconstrução do problema, é possível chegar em uma solução, e subsequentemente, numa mudança para atingir o comportamento desejado.

Competências para o desenvolvimento de um treinador

Os treinadores têm que entender que o mundo não é a caixinha onde ele mora. Ele tem que entender como funciona a dinâmica lá fora. Ele tem que entender para onde está caminhando a sua modalidade Ele tem que entender em que sentido as coisas estão sendo direcionadas internacionalmente e entender um pouco de cada área interdisciplinar. Obviamente o treinador tem que entender como gerir pessoas.

Sobre a renovação de treinadores na equipe

Os gestores têm que entender que o atleta não se faz sozinho tem que também, investir nos treinadores que queiram realmente estudar, ir a fundo na excelência, e por último deixar este treinador trabalhar.

Sobre ter um atleta de confiança na equipe

Todos os atletas do grupo têm que ser exemplos para o outro. Isso é fundamental pois todos são responsáveis em oferecer uma forma de exemplo, pois todos os atletas têm altos e baixos e nem sempre estão em sua melhor condição. O atleta de confiança já tem a função de entregar sua excelência. Dessa maneira, não se sobrecarrega um único atleta da equipe. O técnico pode optar em receber este peso, pois está em uma situação avantajada para poder mostrar por exemplo como atuar em situações complicadas.

Sobre o desenvolvimento de lideranças, naturais ou determinadas

No perfil dos atletas adultos, vemos um perfil de liderança já desenvolvido ou ativamente em desenvolvimento. Em atletas júnior, isto deve ser trabalhado de uma maneira gradual e contínua, dando-lhes pouco a pouco maior autonomia. A conduta exposta lhes mostra como interagir e se portar em situações distintas.

Sobre liderança em provas de revezamento

Em provas de revezamento, todos os participantes são extremamente importantes e fundamentais. O sentido capitão ou líder do grupo de revezamento em países como os Estados Unidos é relacionado ao atleta mais experiente e laureado, como por exemplo, que já tenha conquistado medalhas olímpicas. A função dele é de passar tranquilidade, e ser um suporte aos outros integrantes. No Brasil, não temos esse mesmo perfil, por falta de quantidade de resultados expressivos, de treinamento de liderança prévio, e média de idade altíssima, o que dificulta o “surgimento” desse perfil

Sobre estabelecimento de objetivos múltiplos em competição, e manutenção da motivação

O estabelecimento de objetivos múltiplos se faz tanto no treino quanto na competição. No treino é importante porque dá ao atleta mais oportunidades de se focar e trabalhar essa habilidade. Cada treino se faz de uma maneira diferente, com estratégias diversas, dando ao atleta um leque de abordagens possíveis durante a competição. As competições são importantes pois são marcos na vida profissional do atleta. O trabalho durante os treinos vai se somando para que, quando a competição chegar, o atleta esteja confiante em sua habilidade, consiga cumprir o objetivo maior, e se sentir preparado a superar qualquer dificuldade que apareça.

Sobre

instruções e orientações pré-treino

A discussão do treino e dos exercícios a serem realizados é importante para o desenvolver o aspecto técnico, físico, e a consciência do objetivo O treino não deve ser decorado pelo atleta, mas sim ponderado tomando em conta a melhor maneira de realizá-lo. O feedback entre o atleta e o técnico torna-se fundamental nesse processo, tendo discussões variadas que incluem tempos a serem alcançados ou maneiras de abordar os exercícios propostos, por exemplo. A

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