Atlantis Cup 2011 - Regata da Autonomia

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Mensagem do Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores por ocasião da Atlantis Cup 2011

Francisco Coelho

Está prestes a iniciar-se a 23ª Regata “Atlantis Cup – Regata da Autonomia”.

Com créditos firmados no cartaz turístico e desportivo, esta Regata muito tem feito também pela promoção turística da Região. Unindo as três cidades históricas dos Açores, e a Ilha de Santa Maria, esta Regata enlaça os Açores e o seu Atlântico, presença idiossincrática dos Açores e matriz da sua identidade. Também da nossa Autonomia que, em boa hora, se ligou ao

nome e identificação desta prova náutica. De novo com a responsabilidade organizativa do dinâmico Clube Naval da Horta, a “Regata da Autonomia”, para além do saudável convívio entre os seus participantes, organizadores, simpatizantes e patrocinadores, arrisca-se, uma vez mais, a ser um sucesso desportivo, social e turístico – nossa previsão e desejo. Estamos pois todos de parabéns. Vamos navegar com a “Autonomia”, com bravura, alegria e esperança. E bons ventos!

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Mensagem do Presidente do Governo dos Açores por ocasião da Atlantis Cup 2011

Carlos César

Esse mar amigo que nos abraça

De Santa Maria ao Faial, com passagens por S. Miguel e Terceira, eis que muitas velas, sopradas por ventos de feição, assim o espero, vão de novo salpicar este mar que nos abraça.

A XXIII edição da “Atlantis Cup - Regata da Autonomia”, assinalando, mais uma vez, a forte ligação que mantemos com o vasto oceano de que fizemos o caminho para as nossas andanças pelo mundo ou o ganha-pão da nossa sobrevivência, é, igualmente, a reafirmação da nossa forma particular de sermos ilhéus.

De facto, se os dicionários nos definem como habitantes de pedaços de terra rodeados de água por todos os lados, já a História nos apresenta como homens e mulheres que se inserem no mar, fazem parte dele, são como cerca de um quarto de milhão de gotas das suas águas salgadas.

É por isso que se explica com facilidade a nossa pesca não depredadora, a nossa apetência pela investigação dos mistérios e maravilhas do mar, as portas que abrimos, em cada vez mais ilhas, ao iatismo internacional, a defesa intransigente que fazemos da Zona Económica Exclusiva açoriana e o cuidado com que zelamos pela nossa orla costeira.

Ao observar um navio que descarrega num porto, ou um pequeno barco de pesca que sai para a faina, ou, ainda, um elegante veleiro que chega de um qualquer cais distante, não posso deixar de pensar em como é bom termos esse mar amigo e em como é grande, por outro lado, a responsabilidade que temos de cuidarmos dele. 4


A “Atlantis Cup”, concitando ainda mais a atenção dos açorianos para o mar, contribui para esse desígnio inalienável de fazermos de um mar limpo, saudável e rico o nosso melhor legado às gerações vindouras.

Por muitos motivos – de competição saudável, de confraternização à escala internacional e tantos outros – mas sobretudo por esse, de convocar os olhares dos açorianos para o mar, está mais uma vez de parabéns o Clube Naval da Horta.

Que lhe corra tudo de feição e que bons ventos levem todos os concorrentes no rumo certo são os meus votos. Carlos Cesar

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Mensagem do Presidente Câmara Municipal da Horta por ocasião da Atlantis Cup 2011

João Castro

A Atlantis Cup – Regata da Autonomia é uma prova que se reveste da maior importância para a cidade da Horta, conhecida que é pela sua forte ligação ao mar. Nesta medida, é com enorme satisfação que a Câmara Municipal da Horta integra a Comissão de Honra deste evento, na expectativa que ele estimule não só o espírito competitivo de todos os participantes na regata, mas sobretudo favoreça a amizade e a camaradagem de todos quantos nesta data nos visitam.

Não poderia deixar também de felicitar o Clube Naval da Horta pela organização da Atlantis Cup, prova oficial de vela de cruzeiro, que, para além de se destacar a nível desportivo, tem permitido um maior estreitamento dos laços afectivos existentes entre as diferentes parcelas desta região Açores. Um evento que evidencia ainda a ligação que a cidade da Horta tem com o mar, quer através do seu porto, local de paragem obrigatória para quem atravessa o Atlântico Norte, quer através da sua intensa actividade náutica. À semelhança de anos anteriores, a Organização dá as boas-vindas a todos os que nos visitam, provenientes não só dos Açores mas também de vários pontos do mundo, e, participando nesta regata, desejar-lhes os maiores sucessos, bem como votos de boa estadia.

O Presidente da Câmara Municipal da Horta João Fernando Brum de Azevedo e Castro

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Mensagem da Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada por ocasião da Atlantis Cup 2011

Berta Cabral

A relação açoriana com o Atlântico é tão antiga quanto os 500 anos de história do Arquipélago.

As nove ilhas dos Açores formaram-se de erupções vulcânicas no imenso oceano e o povo ilhéu construiu uma relação com o mar que foi para além da sua subsistência ao alcançar a sua dimensão arquipelágica e os seus sonhos de descobrir o Mundo.

A relação dos açorianos com o mar tem um assinalável registo nas provas de competição que, cada vez mais, fazem parte do calendário desportivo regional, nacional e internacional. Daí que a Atlantis Cup sublinhe a nossa condição marítima, situação arquipelágica e vocação desportiva.

Na verdade, ser açoriano é ser do mar.

Pela sua tradição e relação com a identidade açoriana a realização da regata Atlantis Cup revela-se, sempre, num momento de celebração dos Açores e do mar.

A Câmara Municipal de Ponta Delgada entende que a regata Atlantis Cup é um marco importante na actividade náutica açoriana. Pois, por um lado, abarca um considerável número de participantes. Por outro, afirma e reforça os laços de união entre as ilhas, no caso, Santa Maria, São Miguel, Terceira e Faial.

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É sempre uma honra para Ponta Delgada associarmo-nos à realização da Atlantis Cup.

Ponta Delgada acolhe todos os participantes da Atlantis Cup com um abraço caloroso de boas-vindas.

Berta Cabral

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Mensagem do Presidente do Clube Naval da Horta por ocasião da Atlantis Cup 2011

Fernando Menezes

Com largada da Ilha de Santa Maria no dia 1 de Agosto e chegada prevista à Ilha do Faial nos dias 6 e 7 do mesmo mês, depois de passar por S. Miguel e pela Terceira, a “Atlantis Cup - Regata da Autonomia” irá cumprir a sua XXIII edição.

Consagrada como a mais importante regata para barcos de cruzeiro que se realiza nos mares dos Açores, esta regata conta com o honroso patrocínio do órgão legislativo regional que em boa hora decidiu que a autonomia também podia ser celebrada simbolicamente no mar que nos envolve e nos caracteriza como ilhéus.

Foi de certa forma assim, navegando à vela, que, no séc. XV os navegadores portugueses foram descobrindo cada uma das ilhas, embora enfrentando o desconhecido e com meios muito mais rudimentares.

O CNH orgulha-se de organizar anualmente esta relevante prova náutica, reconhecendo o imprescindível apoio da Assembleia Legislativa e do Governo da Região Autónoma dos Açores, das Câmaras Municipais de Vila do Porto, de Ponta Delgada e da Horta, das administrações dos portos dos Açores, da marinha portuguesa, do Clube Naval de Santa Maria do Clube Naval de Ponta Delgada, do Angra Iate Clube e de todos aqueles que, de forma gratuita e amiga, integram as comissões de regata e júris e de uma forma geral prestam assistência e apoio logístico a esta prova. 9


No plano institucional, associativo e desportivo, a “Atlantis Cup - Regata da Autonomia”, constitui assim um momento único de grande envolvimento, mobilização e convívio, transformando esta competição numa festa e numa celebração.

Sejam todos bem vindos! Fernando Menezes

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Da “Atlantis –Cup” à “Atlantis Cup - Regata da Autonomia” (Breve notícia)

Como já relatei em escrito anterior publicado nesta revista (V. revista 2007), a “Atlantis Cup” nasceu, como muitas vezes acontece, de algumas conversas de amigos e de decisão tomada pela Direcção do CNH no já longínquo de 1988, quando a sede do clube se situava nas reduzidas dimensões da casa dos remadores da alfândega, paredes meias com o castelo de Stª Cruz.

deveria realizar todos os anos e que ao nome inicial deveria ser acrescentada a designação “Regata da Autonomia”(1)

A associação da “Atlantis –Cup” à autonomia regional viria a acontecer 13 anos mais tarde quando em conferência de líderes e em reunião da mesa se preparavam as comemoraçõ es de 25 anos de autonomia regional.

(1) Para memória futura registamse os nomes dos Membros da Mesa e dos Presidentes dos Grupos Parlamentares da ALRAA em 2001: Fernando Menezes (Presidente), Fernando Lopes (Vicepresidente), Bento Barcelos (VicePresidente), António Loura (Secretário), Raul Rego (Secretário), Vasco Cordeiro (PS), Berta Cabral (PSD), Alvarino Pinheiro (CDS-PP), José Decq Mota (PCP).

Chegados a 2011 e prestes a celebrar 25 anos, a “Atlantis CupRegata da Autonomia” aí está de novo, traçando rumos pelos mares dos Açores em franca competição e convívio. FM

A proposta foi aprovada por unanimidade por todos os partidos políticos representados na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores tendo sido ainda assumido que esta regata se 11


Comissão Náutica Municipal e de todas as instituições que a integram, recebendo ainda o apoio do Governo Regional dos Açores através da DRT que desde há muito percebeu a importância turística destes eventos.

O apoio do CNH ao iatismo internacional regista já uma história de décadas recheada de momentos importantes em resultado de uma intensa actividade assumida pelo clube e desenvolvida pelas sucessivas direcções.

No princípio de Junho chegou a “Arc Atlantic” proveniente das Caraibas e de Hampton, com 18 embarcações em rali náutico que terminou em Lagos no Algarve.

Este ano, mais uma vez, o CNH esteve envolvido na recepção e apoio a três acontecimentos náuticos internacionais de relevante interesse para os Açores e para a cidade da Horta, contribuindo de forma indelével para a afirmação desta cidade como centro do iatismo internacional no meio do Atlântico.

O CNH prestou o apoio logístico necessário facultando instalações e equipamento informático e de comunicações. Em Julho recebemos a importante regata da Classe 40 que se realiza de dois em dois anos, “Les Sables-

Registe-se que todo este trabalho se enquadra na actividade da

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onde assistiu à largada acompanhando a embarcação “Air Mail” que representava o CNH comandada pelo presidente da A.G., Luís Decq Mota.

Horta-Les Sables” que contou este ano com a participação de 14 embarcações. Todo o apoio foi prestado, no mar e em terra tendo sido organizado um variado programa social durante a estadia dos velejadores e respectiva organização nesta cidade. O presidente do clube deslocou-se à cidade de Sables D’Olone onde manteve contactos e assistiu à largada da prova.

Relativamente a esta prova que se realiza pela primeira vez com destino aos Açores, foi igualmente preparado um amplo programa social para além de todo o apoio logístico necessário.

O CNH continua assim a cumprir um dos seus principais objectivos colaborando de forma activa para a divulgação e promoção dos Açores e da cidade da Horta nos mais importantes meios náuticos internacionais.

Ainda nos finais de Julho começaram a chegar os barcos clássicos da “Atlantic Trophée”, regata que largou da cidade francesa de Douarnenez com14 embarcações em competição e que tem largada prevista para o dia 6 de Agosto. O presidente do clube esteve também em Douarnenez

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A realização, em 2011, da Regata de Veleiros Clássicos Douarnenez-Horta-Douarnenez, intitulada Atlantic Trophee criou a possibilidade objectiva do Air Mail poder realizar uma viagem atlântica, que implicava uma viagem total superior a 2000 milhas, com a ida e a primeira perna da regata.

de regatas regionais e locais. Faltava um cruzeiro internacional e a participação numa regata de longo curso.

O Air Mail, projectado pelo americano Dick Carter e construído na Suécia em 1973, é um veleiro que se enquadra completamente nas características exigidas para participar na regata Atlantic Trophee. O Air Mail tem bandeira portuguesa com matrícula na Horta desde de 1992, com o actual proprietário realizou cruzeiros Lisboa, Madeira e a todas as ilhas dos Açores e participou em dezenas

Finalmente em 23 de Junho de 2011, o Air Mail representando o Clube Naval da Horta, largou da Marina da Horta iniciando a rota para Douarnenez as 15h34, com a seguinte tripulação: Luís Carlos Decq Mota, Graça Decq Mota, António Freitas, João Decq Motta, António Decq Motta e Paulo Decq Motta e no regresso veio também o João Duarte.

Tomada a decisão de participar seguiu-se a preparação do barco, dos equipamentos e da tripulação.

23/6/11 À largada fomos acompanhados por dois semi-rígidos e pela Atlântida até à ponta da Espalamaca e pelo HotStuf até à Praia de Almoxarife. A primeira decisão tomámos após a partida foi formar quartos de 3h com dois elementos por turno. Navegámos neste dia com vento com alheta com velocidade média de 6 nós. Desde o 1º dia por volta das 22 horas estabelecíamos contacto com o Marco Dutra para ele nos dar a previsão meteorológica para os dias seguintes.

24/6/11 Às 2h da manha a tricolor soltou-se ficando a bater no mastro, tivemos que ligar as luzes de navegação do convés. No 1º dia completo de navegação andámos 155,7 milhas.

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25/6/11 O vento continua do quadrante sul entre os 15 e 20 nós e a nossa velocidade entre os 6 e 7 nós. No 2º dia completo de navegação percorremos 152,6 milhas. O Geremias (piloto automático) é o nosso marinheiro em melhor forma pois esta a fazer leme praticamente desde do início da viagem e dá mostras de poder continuar. Recebemos um telefonema via satélite do Sérgio Bairos que tinha saído de Inglaterra nesse dia e que estava a navegar no canal da Mancha.

26/6/11 Pela primeira vez nesta viagem vimos golfinhos pelas 5h30 da manha. O vento rodou para norte e enfraqueceu. Neste dia apanhamos o nosso primeiro peixe, um voador com 5 Kg eram 13h30. Completámos o 3ºdia de navegação com 130,3 milhas percorridas. Durante a tarde o vento e ondulação aumentaram e rizámos a vela grande no 2º riso e enrolámos um pouco a Génoa.

27/6/11 O vento continuou a subir chegando aos 25 nós de Nor/Nordeste. Almoçámos o voador que tínhamos apanhado na véspera. Completamos o 4ºdia de navegação com 147 milhas nas últimas 24 horas e um total 586 milhas, atingindo metade do percurso por voltas das 17h30. Neste dia à noite pela primeira vez o Geremias deu sinal de cansaço tendo-se desgovernado.

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28/6/11 Vento novamente de Norte de 10 a 15 nós, pelas 11h da manha vimos uma baleia, antes do meio-dia tínhamos um voador a bordo pesava 7,5Kg. Nas últimas 24h andámos 151 milhas.

29/6/11 Vento norte de 10 a 15 nós, ate esta altura andamos 20h a motor a fim de carregar as baterias. Nestas últimas 24 horas andámos apenas 136 milhas, estamos a 320 milhas da Douarnenez. Por volta das 19h apanhámos mais atum voador com 6 Kg. O vento rodou para Nordeste obrigou a fazer vários bordos pois estava mesmo enfiado na nossa rota.

30/6/11 O vento continua Nordeste e enfraquecer. Navegamos directos para norte a fim de melhorar a nossa posição porque a previsão dava vento Leste. O dia está bonito com sol, mas frio. Neste dia depois do almoço o Comandante escreveu uma mensagem com a nossa posição, com o nome do barco e a tripulação e o percurso da viagem. Neste dia houve dois corajosos que tomaram duche no convés, o António Manuel e o Paulo. Sétimo dia completo de navegação andando nas últimas 24 horas 139 milhas. O Paulo melhorou as condições de bordo concertando a coluna de som do poço, permitindo-nos ouvir música fora.

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1/7/11 O vento continua de proa e resolvemos fazer a noite toda a motor. Tivemos novamente a companhia de golfinhos durante um bom bocado. Nestas últimas 24h andamos apenas 123 milhas. Neste dia atravessamos os corredores de separação de tráfego cruzando-nos com um considerável número de navios, numa determinada altura tínhamos 7 navios à volta do Air Mail e um deles passou a 100 metros de nós. Estamos a 110 milhas do destino.

2/7/11 O movimento de navios contínua intenso e já tivemos de alterar o nosso rumo por duas vezes, durante esta noite cruzámo-nos com cerca de 20 barcos. Nesta madrugada passou por nós um barco a vela grande com dois mastros. O vento é ES-Nordeste e já estamos novamente à vela, tivemos que substituir a luz de estibordo por uma a pilhas. Durante esta noite avistamos pela 1ª vez o farol de Armen. Antes das 0h conseguimos o primeiro contacto via telemóvel ainda com bastantes cortes.

3/7/11 Estamos a 28 milhas do destino, vamos a navegar a vela com apoio do motor. Na aproximação a Duoarnenez navegamos pelos meio de dezenas bóias e de alguns faróis. Encostámos ao cais dos visitantes da Marina Treboul às 5h50. Acabamos por estar muito pouco tempo no cais dos visitantes, pois um funcionário da marina disse-nos que Eclusa estava aberta e podíamos ir de imediato para a Marina de Port-Rhu, encostando nesta Marina 6h15 hora dos Açores. Percorremos 1327,4 milhas em 9 dias e 14h. Foi uma viagem muito boa com excelente disposição da tripulação com um único senão que foi o 3 dias de vento Nordeste que era mesmo pela proa e fez-nos perder bastante tempo.

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Estadia em Douarnenez Estadia em Douarnenez de 3/7 a 14/7 que foram aproveitados para pequenas reparações necessárias, como concertar a luz tricolor do mastro, a luz de estibordo da proa, a borracha da escotilha da casa de banho e tentamos resolver a avaria do piloto automático com um técnico de Douarnenez. Nos restantes dias conhecemos algumas zonas da Bretanha. No dia 9 começou o programa da regata. No dia 11 – começou as vistorias de segurança e comunicação. Neste dia o Comandante fez anos e fizemos uma pequena recepção a bordo que se prolongou até a 1h da manhã, tendo passado pelo Air Mail mais de 60 pessoas. 12/7/11 – Chegaram a Douarnenez o Director da Marina da Horta Armando Castro, o Presidente do Clube Naval Fernando Menezes e uma equipa da RTP Açores. 13/7/11 – Fizemos os últimos abastecimentos e no final da tarde houve a apresentação das equipas no palco do pavilhão da regata.

Douarnenez-Horta

14/7/11 Desencostamos da Marina de Port-Rhu pelas 13h30 hora dos Açores tendo parado na Eclusa por volta das 14h. Ao pararmos em frente à Marina fizemos uma saudação a muita população que estava a assistir à saída dos Iates a que fomos correspondidos com uma grande salva de palmas. A largada deu-se às 15h10 tendo sido o Air Mail o primeiro iate a cruzar a linha de largada fomos ultrapassados pelo Amazone ( iate de 22 metros ) à chegada à bóia de desmarque. Passámos a ponta do Ràz por volta das 19h30. Escolhemos as duplas para os turnos e estabelecemos novamente 3h de duração cada turno.

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15/7/11 O vento Noroeste de 16 nós e estamos a andar entre os 7 e 8 nós. Durante esta tarde vimos uma orca e vários golfinhos e cruzámo-nos com vários navios. O vento ao fim da tarde começou a aumentar chegando aos 25 nós e rodou para Sudueste. Risámos a vela grande no 1º riso e enrolámos um pouco a genoa . No 1º dia completo de navegação andamos 128 milhas. Recebemos um SMS da organização com a previsão do tempo e outro com a posição dos barcos, nesta altura seguíamos em 3º lugar. O piloto automático que tínhamos ligado após a passagem do Ràz deixou de funcionar ao princípio da tarde. As condições de vento e mar têm se vindo a agravar.

16/7/11 O vento subiu até aos 35 nós com a ondulação entre os 4 e os 7 metros, já tínhamos risado no 2º durante a noite e ao fim da manhã risámos no 3º riso e recolhemos um pouco mais a genoa. Durante a tarde tivemos a informação que dois iates tinham desistido, o Dione arribou e a Espanha e o Melusine voltou para Douarnenez. Ao fim do dia decidimos recolher completamente a vela grande ficando só com uma ponta de genoa mesmo assim continuamos a 6/7 nós. Recebemos um SMS da organização com a previsão do tempo onde era referido haver uma probabilidade de apanharmos rajadas de 45 nós de vento durante a noite. Esta tarde foi de facto uma tarde muito dura de navegação, nesta altura temos todos os beliches incluindo o camarote molhados. Nas últimas 24h andamos 141 milhas.

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17/7/11 Confirmámos ter uma avaria grave no brandal da ré de estibordo pelo que decidimos usar a vela grande só no 3º riso. As condições a bordo são duras pois só temos 2 beliches para 5 pessoas. Como não temos piloto automático tem sido muito duro para quem faz leme. Durante esta tarde recebemos um SMS da organização alertando para a possibilidade de cruzarmos a rota dos 40 pés que tinham saído da Horta a 13/7, na realidade por volta das 19h30 cruzamo-nos com um deles. Andámos nas últimas 24h 134,7 milhas.

18/7/11 Contrariamente ao previsto o vento não diminuiu mantendo-se constantemente acima dos 25 nós Noroeste e o mar está novamente a aumentar com ondulação acima dos 4 metros. Neste dia andámos 139 milhas. O mau tempo continua e resolvemos encurtar os turnos 2 horas e continuámos a navegar só com uma ponta de genóa, o vento ao fim da tarde chegou novamente aos 35 nós e a ondulação chegou aos 6 metros. Tivemos a informação que finalmente o vento ia baixar para os 10 a 20 nós rodando para norte e em seguida para nordeste com tendência para enfraquecer. Nesta altura só navegamos em função da nossa segurança e da do barco sem pensar na regata.

19/7/11 Hoje o dia amanheceu ensolarado, o mar acalmou bastante e o vento enfraqueceu estando entre os 17 e os 23 nós de norte, conseguimos voltar a ligar o Geremias o que nos facilitou bastante. Ao 5º dia completo de navegação atingimos metade do percurso e andámos nas últimas 24h 136 milhas.

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20/7/11 Amanheceu com boa cara, céu azul e um pouco de sol. Hoje de manhã removemos o interior do barco (estibordo) para avaliar os estragos causados tendo confirmado que a caverna de apoio do brandal da ré de estibordo estava rachada. Decidimos comunicar o sucedido ao Armando Castro e ao José Decq Mota. Neste dia e apesar das condicionantes andámos 169 milhas.

21/7/11 As condições do tempo encontram-se como o dia anterior, vendo Noroeste de 10 a 15 nós. Hoje pela 1ª vez na viagem de regresso pusemos o corrico ao mar com uma cana nova. Antes do almoço apanhámos duas serras de 1,5Kg e 1Kg, respectivamente. Pela 1ª vez na história portuguesa do Air Mail utilizamos queijo numa refeição a bordo. Ao 7º dia completo de navegação já andámos 1006 milhas tendo percorrido nas últimas 24h 158 milhas.

22/7/11 Durante a noite o vento caiu bastante e rodou para Nordeste tornando a navegação desconfortável não ajudando nada a solidez do aparelho. A meio da manhã avistamos uma baleia que observamos durante bastante tempo. Ainda durante a manhã quatro dos tripulantes tomaram banho de mar. Às 11h25 resolvemos desistir da regata pois a falta de vento e a ondulação não nos permitia ter qualquer controlo sobre os estragos com que nos debatíamos, a previsão que recebemos manteria as mesmas condições para os dias seguintes. Estávamos a 182 milhas da Horta na altura que desistimos, comunicámos de imediato a nossa decisão à organização da regata. Durante a regata e atendendo que estava um dia lindo pusemos a secar colchões, sacos de cama, almofadas e fatos de água.

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Completamos o 8º dia de viagem andando 122 milhas nas últimas 24h.

23/7/11 Continuamos a motor tendo passado por um iate que era da regata. A partir das 7h da manhã tivemos rede de telemóvel e foi um nunca mais parar de chamadas, feitas e recebidas. Durante a manhã recolhemos uma bóia branca grande que estava à deriva. Às 15h o Rift chegou ao pé de nós e começaram a chegar outras embarcações. O Piloto João Lucas com a comunicação social, a Walquiria com o Presidente da Câmara, o Presidente da Apto, membros da comissão organizadora da regata e o Presidente do Clube Naval da Horta, o Armando Castro e muitos membros da família num semi-rígido, o Charque com muita gente a bordo, o Hotstuff, No Stress, a lancha Maria Manuela, o semi-rígido do Doutor Quintino, o semi-rígido do Doutor Luís Tomás e mais algumas lanchas. À entrada da doca fomos saudados ruidosamente pelo navio francês de investigação científica, Porquoi pás. O Air Mail atracou no pontão C da marina tendo sido recebido muitas pessoas, familiares, amigos e os tripulantes dos barcos que já tinham chegado. Foi uma calorosa recepção que nos encheu de alegria e alguma emoção.

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Atlantis Cup 2011

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Ano 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988

Classe

Classe

Classe

Classe

ORC 2 Wind I Carlos Laranjo ORC 2 Xcape Luís Quintino ORC 1 Xekmat

ORC 3 Exxoced Felipe ORC 3 Fun-Tastic José Correia ORC 2 Aphrodite Rui Mendonça ORC 3 Boreas Luís P. Morais ORC 3 Wally Carlos Araújo ORC 3 Wally Carlos Araújo ORC 2 Aphrodite Rui Mendonça ORC 3 Ofélia Carlos Garcia Rating CNH – B Ofélia Carlos Garcia Monocasco B Além Mar Duarte Silveira Monocasco B Boa Viagem Duarte Silveira Turismo A Cosmopolite Armindo Furtado Monocasco B Ofélia Carlos Garcia Monocasco B Amazing G. José Urbano Monocasco B E. dos Açores Armando Castro Monocasco B Asami Paulo Gonçalves Turismo Valsheda S. T. Strauss

ORC 4 Funtastic José Correia OPEN Soraya Frederico Rodrigues ORC 3 Boreas Luís P. Morais ORC 4 Fénix Eduardo Reis ORC 4 Ganhoa Luís P. Morais ORC 4 Ganhoa Luís P. Morais ORC 3 Air Mail Luís Decq Mota ORC 4 Celtic Dream João Miguel Reis

Cruzeiro Allegro Vivace Duarte Barcelos

Turismo A Cosmopolite Armindo Furtado

Turismo B Celtic Dream Rui Mendonça

Turismo Cisne Esp. Hildeberto Rodrigues Monocasco B Pasha Hermano Ferreira Monocasco B Porto Pim Carlos Garcia Multicascos Olympus Diocleciano Silva

Multicascos Olympus Diocleciano Silva Multicascos Olympus Diocleciano Silva

ORC 2 Xcape Luís Quintino ORC 2 Açor João Leal ORC 2 Nicea/Alpen José C. Henrique Rating CNH Ace Girl Armando Castro Rating CNH Aphrodite Rui Mendonça Rating CNH – A Air Mail Luis Decq Mota Monocasco A Morfeu Pedro Carreiro Monocasco A Oásis Manuel Mota Monocasco A Wings José Medeiros Monocasco A X-Treem Luís Quintino Monocasco A Mopat Manuel Mota Monocasco A Wings Carlos Araújo Monocasco A Gatsby Hermano Ferreira Monocasco A Asami Paulo Gonçalves Monocasco A Josephine Werner Gram Monocasco A Pasha Hermano Ferreira Monocasco A Peso Birger Jansen Monocasco A Ténaréze Basson Van Der Monocasco A Josephine Werner Gram

Turismo A Dijoca C. Gonçalves Turismo A Genoa C. Penington Turismo Fuga Rui Rodrigues Turismo Seannine C. O´Leary

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OPEN Mike Davis Delmar Conde OPEN Quero-Quero Rui São Marcos OPEN Crosswind José Marcelino OPEN Ligia II José Rui Sá ORC 4 Minerva António Silveira

Classe

Convívio Oasis Manuel Mota


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No decorrer da segunda parte da Expedição M@rbis 2011, entre os dias 15 e 18 de Julho, e integrado nos trabalhos de monitorização dos Ilhéus das Formigas e Recife Dollabarat realizados em conjunto entre a Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar (EMAM), Governo dos Açores e o Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores foi possível recolher informações que pretendemos que auxiliem na monitorização, no controlo e na fiscalização desta área. Neste sentido, além de todo o trabalho de recolha de informação georreferenciada e de alta qualidade sobre a presença de espécies e habitats nestas águas açorianas, também dedicámos esforço na recolha de informação pertinente para a actividade da Inspecção Regional das Pescas (IRP).

Actualmente, o complexo que integra os Ilhéus das Formigas e o Recife Dollabarat é uma Reserva Natural integrada no Parque Natural de Santa Maria. Por essa razão, todas as actividades de extracção estão interditas, à excepção da captura de tunídeos por salto e vara, tendo esta que ser especialmente licenciada. Tratando-se de um local isolado, a cerca de 23 milhas a NE de Santa Maria e a 35 milhas a SE de São Miguel, a fiscalização desta área é um desafio para as diferentes entidades com competência na fiscalização e no controlo da mesma. Resultado da monitorização efectuada desde há quase três dezenas de anos pelos departamentos de investigação científica marinha da Universidade dos Açores, para além da identificação, quantificação e caracterização das espécies, comunidades e habitats existentes, têm sido recolhidos indícios de que, mesmo sendo protegido e havendo um esforço de fiscalização dirigido a esta área, a mesma não tem sido completamente respeitada. Esta conclusão é obtida por diferentes indícios, já que, além de algumas comunidades de recursos pesqueiros terem diminuído as suas

Um cardume de Patruças (Kyphosus sp.) espécie pelágica comum mas que nos ilhéus das Formigas aglomera-se em grandes cardumes (João Encarnação)

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NTM Creoula (navio de treino de mar) da Marinha Portuguesa, um dos navios que permitiu a realização desta missão M@rbis (Mónica Albuquerque)

abundâncias, foram igualmente recolhidas artes de pesca perdidas. Acrescem a estes factos, claro, as infracções que as diferentes autoridades têm detectado e os alertas feitos por diferentes utilizadores da área (empresas marítimos-turísticas, velejadores de recreio e outros).

de fiscalização efectuam missões regulares a esta área, também com o objectivo de controlar as actividades aí realizadas. Apesar de haver melhorias na qualidade ambiental do Complexo, este ainda não é suficiente.

Ao longo do tempo, foram introduzidas diferentes ferramentas para conseguir contornar as dificuldades de fiscalização e de controlo das Formigas. É uma actividade realizada diariamente pela IRP, efectuado o controlo da actividade das embarcações de pesca que possuem o sistema MONICAP instalado. A caixa Azul, como o MONICAP é vulgarmente conhecido, permite vigiar a actividade das embarcações de pesca em qualquer local onde se encontram já que a informação de posição, depois de recolhida é emitida via satélite. Esta informação permite vigiar e controlar a actividade das embarcações de pesca profissional de maior porte, sendo possível identificar diferentes comportamentos de pesca e, caso se encontrem nesta área ou noutra com restrições à actividade de pesca, instaurar processos de contra-ordenação que penalizem os infractores. A Marinha, Força Aérea e a Polícia Marítima, no âmbito das suas actividades

Aproveitando o esforço dedicado a esta Missão M@rbis, que incluiu a presença do NTM “Creoula” e o NI “Arquipélago”, a IRP integrou estes trabalhos com o objectivo de recolher dados e informações que permitam encontrar formas alternativas de vigilância e controlo à distância desta área remota. No decorrer desta missão, e apesar de as condições do tempo terem reduzido a quantidade inicial de trabalho planeada, foi possível perceber que apesar de as comunidades de recursos pesqueiros parecerem estar estabilizadas ou mesmo em recuperação, não se encontram nas quantidades espectáveis para um espaço protegido há dezenas de anos. Por outro lado, tirando um velho anzol na boca de um congro, nenhuma das 6 equipas de 5 mergulhadores em actividade encontrou artes de pesca perdidas, o que parece indiciar que há uma redução na exploração desta área, apesar de

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ainda serem relatadas às situações de actividade ilegal.

autoridades

implementadas, auxiliada por uma fiscalização cada vez mais eficaz, irá ajudar a melhorar a condição ambiental. O objectivo final é pôr em pleno funcionamento esta Reserva e garantir que os seus benefícios chegam às áreas adjacentes, nomeadamente o banco de pesca Mar da Prata e as costas de Santa Maria e São Miguel. Assim, as Formigas contribuirão para esses locais, melhorando os habitats e as comunidades existentes, permitindo desta forma incrementos económicos, não só para a pesca, mas para todas as actividades lúdicas dirigidas à observação de organismos no seu habitat natural.

Com os dados obtidos ficou claro que, apesar de tecnologicamente difícil e representar um investimento financeiro importante, dentro em breve será possível implementar um sistema de vigilância à distância que permita melhorar a fiscalização da área, não só dirigida à pesca profissional, já actualmente coberta pelo sistema MONICAP, mas também às actividades lúdicas, que estejam relacionadas com a exploração de recursos ou não devidamente autorizadas. O incremento do respeito pelas regras

Para saber mais sobre as Missões M@rbis consulte: www.campanhasmarbis.org. Rogério R. Ferraz Inspector Regional das Pescas

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Espécies pelágicas de grande porte como as bicudas (Sphyraena viridensis) são bastante comuns observar nesta área (José Tourais)


Observatório científico do banco Condor uma abordagem pioneira

Localização do monte submarino Condor com indicação da área interdita à pesca demersal.

Os bancos e montes submarinos suportam uma elevada diversidade biológica e são áreas de pesca importantes nomeadamente em regiões insulares como os Açores. As pescas em montes submarinos (MS) reflectem em geral a maior produtividade destas áreas, mas o conhecimento dos processos pela qual, esta produtividade é gerada, de que modo é mantida, e quão “resistentes” são as suas comunidades biológicas à perturbação e exploração humana, permanecem ainda pouco conhecidos. À escala global, o conhecimento da biodiversidade dos montes submarinos é ainda diminuto já que, foram relativamente poucos os montes submarinos estudados (menos de 300 em 100.000 grandes MS estimados). Os montes submarinos são estruturas geológicas comuns na ZEE dos Açores, estimando-se a existência de 63 grandes MS e 398 pequenos montes ou elevações menores. Na região, mais de 60% das pescas demersais e de profundidade são efectuadas em montes submarinos, sendo por isso ecossistemas importantes em termos económicos, que interessa gerir de forma sustentável.

Ao longo dos anos o Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) tem realizado um importante esforço de investigação dos montes submarinos, sendo actualmente uma instituição reconhecida internacionalmente no estudo destes ecossistemas. Com vista a aprofundar o conhecimento acumulado foi implementado o projecto: multidisciplinar CONDOR (Observatório para o estudo de longo-prazo e monitorização dos ecossistemas de montes submarinos nos Açores), o qual se iniciou em meados de 2008. Este projecto liderado pelo DOP, é co-financiado por fundos do programa EEA-Grants (suportado pela Islândia, Liechtenstein e Noruega), e tem como parceiros o Instituto Nacional de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR) e o Institute of Marine Research da Noruega (IMR). A escolha do banco Condor para a realização deste estudo deveu-se a vários factores: à sua proximidade ao Faial (possibilitando visitas regulares e rápidas ao local), ao seu tamanho (aos 400 m de profundidade a área é sensivelmente igual à área da Ilha do Corvo – 20 km2) e à amplitude de profundidades existentes (180 – 1000 metros) cobrindo várias gradientes biológicos importantes.

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Infografia do projecto Condor: equipamentos, plataformas e metodologias de amostragem.

O projecto CONDOR pretendeu estabelecer uma estação científica de observação de longo prazo no banco Condor, com observações e recolha de dados em permanência e recolha e inventariação do maior número possível de organismos que ali ocorressem. O projecto tem vindo a utilizar metodologias de amostragem muito diversas, e tem vindo a realizar um levantamento exaustivo da biodiversidade do local, desde os vírus e bactérias dos fundos marinhos do banco, até às espécies de cetáceos e grandes pelágicos que o visitam para se alimentar, passando pelos, peixes demersais, pelo fitoplâncton, zooplâncton, ou corais de profundidade, encontra-se agora numa fase mais intensa de análises laboratoriais e de análise de dados. No decorrer do projecto foram já fundeados no banco vários equipamentos, os quais, a par das várias campanhas de investigação têm permitido recolher dados de grande interesse científico. O observatório tem permitido, estudar as condições hidrológicas, a dinâmica oceanográfica; a biodiversidade do local, a variabilidade espacial e temporal nas abundâncias de alguns organismos que ali ocorrem; bem como obter mapas topográficos de elevada resolução que permitem caracterizar os diferentes habitats existentes com grande detalhe. Para além dos navios de investigação Arquipélago, Noruega, Gago

Coutinho e a lancha de investigação Águas Vivas, foram, também utilizados os ROV Luso e o pequeno ROV Sp do DOP (ROV - Veículo Operado Remotamente), para a recolha de imagens de organismos e paisagens submarinas a profundidades ainda mal conhecidas, e foi desenvolvido uma nova estrutura para recolha de imagens, equipada com câmeras capazes de atingir os 3000 m de profundidade. O projecto tem vindo também a fornecer dados importantes sobre o actual estado de exploração das espécies de peixes de fundo do banco Condor, e devrá permitir perceber quais as alterações nas abundâncias que deverão ocorrer depois de um determinado período experimental de total interdição à pesca. Para além da pesca comercial, está igualmente a ser realizado um levantamento dos vários usos do banco (e.g. pesca desportiva, pesca lúdica, observação de cetáceos, etc) com o objectivo de se obter de forma mais abrangente, o real valor económico desta área e dos montes submarinos da região em geral. Para já, foi possível estimar que entre 1998 a 2008, foram capturadas mais 1000 toneladas de algumas espécies de peixes demersais (goraz, abrótea, boca negra, alfonsim, cherne, imperador, congro, bagre), que renderam, em valores de primeira venda em lota, mais de 6 milhões de euros. Conhecer o historial de pesca neste

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banco é importante para melhor percebermos quais os níveis de exploração mais adequados e sustentáveis. Até ao momento, marcaram-se mais de 500 peixes demersais com interesse comercial, e implantaram-se até agora mais de .

30 marcas electrónicas em gorazes, que nos permitirão perceber os movimentos e migrações dos animais, ou o tempo de residência no local.

Colocação e recolha de alguns dos equipamentos utilizados.

O carácter inovador deste projecto, reflecte-se não só no potencial de descoberta científica que lhe está associado mas também, na abordagem experimental de longo prazo que é proposta e no seu carácter multidiscipplinar, envolvendo mais de 40 pessoas, entre investigadores, estudantes e técnicos. Os Açores, dadas as suas características naturais, é provavelmente um dos poucos locais do mundo onde seria possível realizar uma investigação deste tipo e com esta abrangência. A importância económica dos montes submarinos para a região justifica que se faça este esforço de investigação já que, os benefícios internos

indirectos que são esperados, serão certamente reflectidos numa melhor gestão e numa melhor valorização dos nossos recursos com ganhos económicos que serão visíveis a médio prazo. Não seria possível no entanto cumprir com os objectivos deste projecto se o banco Condor não fosse fechado a actividades de pesca. Por isso desde Junho de 2010 que as actividades de pesca não são permitidas no banco Condor. A necessidade de implementar estas restrições, prenderam-se com duas razões principais da qual dependia o êxito científico desta investigação. Por um lado, evitar que os equipamentos fundeados no

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banco fossem danificados pelas artes de pesca, o que acarretaria elevados prejuízos e riscos para o projecto. Por outro lado, a correcta interpretação dos resultados só poderia ser conseguida se não houvesse factores humanos

que podessem influenciar significativamente os processos naturais em estudo, comprometendo também irremediavelmente o projecto.

Algumas imagens obtidas dos fundos do monte submarino Condor.

Conscientes de que o projecto iria colidir com os interesses imediatos de alguns dos utilizadores do banco Condor, o assunto foi discutido com todos os utilizadores (“stakeholders”) e com o Governo Regional, existindo um consenso alargado para que o projecto prosseguisse. Saliente-se aqui aliás, a compreensão dos pescadores e armadores, principalmente do Faial, que desde o início apoiaram o projecto e reconheceram a sua importância e interesse, disponibilizando-se desde logo para com ele colaborarem. Com a publicação da portaria que proíbe as actividades de pesca no local até Maio de

2012, e com a continuação dos trabalhos de investigação em curso no banco através de vários projectos complementares entretanto aprovados e que estão a utilizar a área, podemos dizer que este é certamente um dos projectos mais abrangentes, e mobilizadores que o DOP implementou até agora. Pelo seu carácter único em termos mundiais, este projecto é um exemplo da relevância e da universalidade da ciência que por cá se vai fazendo, utilizando as diversas competências técnicas do DOP, e contribuindo mais uma vez para o desenvolvimento e projecção dos Açores no contexto das ciências do mar.

Gui Menezes e Eva Giacomello

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Em 2002, um grupo de 23 entusiastas, ligados às Ciências do Mar e à conservação do meio marinho, fundou o Observatório do Mar dos Açores, uma associação técnica, científica e cultural, sem fins lucrativos.

Em 2010, o observatório foi considerado uma associação Equiparada a Organização Não-Governamental de Ambiente (ONGA), reconhecida pela Agência Portuguesa do Ambiente, o que enquadra a sua acção “… na defesa e valorização do ambiente ou do património natural e construído, bem como a conservação da Natureza".

A associação surgiu em simultâneo com outros observatórios na região que se dedicam à divulgação e promoção das ciências geológicas (OVGA; Observatório Vulcanológico e Geológico dos Açores) e do ambiente (OAA: Observatório do Ambiente dos Açores). A fundação destas associações foi incentivada pela Administração Regional, com o intuito de se constituir uma rede de centros de ciências que promovesse a cultura científica e tecnológica na sociedade Açoriana. Hoje, esta Rede Regional de Centros de Ciência, promovida pela Secretaria Regional da Ciência e Tecnologia Equipamentos (SRCTE), está em progresso e conta com seis instituições parceiras.

No mesmo ano, o Governo dos Açores conferiu à associação o estatuto de Instituição de Utilidade Pública. Estatutariamente, o OMA tem como objectivos gerais a divulgação da cultura científica e tecnológica, a promoção de actividades de observação, interpretação, sensibilização e educação ambiental, no âmbito das Ciências do Mar, e a conservação do Mar do Açores pela promoção de práticas sustentáveis, que preservem os recursos, a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas marinhos.

Em 2004, o OMA fixou a sua sede na Fábrica da Baleia de Porto Pim, na Horta, por protocolo estabelecido com a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM), proprietária do complexo.

Para cumprir estes objectivos a associação organiza oficinas didácticas de divulgação

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científica e ambiental, actividades de mar, debates públicos, exposições e projecção de filmes temáticos, edição de folhetos informativos, livros, cartazes, etc.

plataformas de discussão sobre política ambiental e científica, nomeadamente os Conselhos Regionais do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CRADS) e da Ciência e Tecnologia (CRCT).

As escolas primárias e secundárias, o público mais jovem e a sociedade sensível às questões do mar e da ciência são, naturalmente, os públicos-alvo da nossa associação.

Por outro lado, e inerente ao facto de ter sede na Fábrica da Baleia de Porto Pim, o OMA criou, em 2008, o núcleo de história baleeira, cuja sua acção tem vindo a afirmar-se no

Paulo Henrique Silva (http://siaram.azores.gov.pt)

panorama cultural regional. Os objectivos, não estatutários, deste grupo incluem a dinamização pública e a museografia da exposição permanente desta infra-estrutura industrial desactivada e a salvaguarda, estudo e divulgação do património e da história da baleação nos Açores, em particular no Faial.

O OMA centra também a sua acção na produção e disponibilização de informação técnico-científica relevante sobre o Mar dos Açores, na elaboração de pareceres e consultadoria técnica específica sobre questões relacionadas com o mar e com o ambiente e no desenvolvimento de estudos que tenham como objectivo observar o estado actual da qualidade do Mar dos Açores, a sua percepção, potencialidades e usos.

Para cumprir estes desígnios o OMA conta com o apoio de entidades públicas e privadas, nomeadamente, da Direcção Regional da Cultura e da empresa Reis e Martins Lda., antiga proprietária da Fábrica da Baleia e detentora de dois armazéns da baleia, na Rua Nova, além de um arquivo histórico

Enquanto Equiparada a ONGA e sendo um Centro de Ciência, o OMA participa em

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fundamental para a compreensão do ciclo da baleação no Faial.

O Observatório do Mar dos Açores está vocacionado para estabelecer parcerias com entidades públicas e congéneres, ou com outras que tenham como objectivos a divulgação das Ciências do Mar e da Terra, o desenvolvimento ambiental sustentável, o progresso da sociedade alicerçado no conhecimento, e as actividades ligadas ao mar.

Neste âmbito ainda, a associação integrar a Comissão Consultiva do Património Baleeiro (CCPB). Para o desenvolvimento das diversas áreas de actuação, o OMA conta com dois funcionários, com os elementos da direcção e sócios e com vários colaboradores ao abrigo de programas específicos de promoção de emprego (estágios profissionalizantes) e de ocupação de tempos livres, entre outros. O voluntariado tem sido uma aposta recente que tem permitido aumentar o número de cooperantes. Em breve o protocolo estabelecido com a SRCTE possibilitará o aumento do número de técnicos na equipa. Actualmente, o OMA conta com cerca de 110 sócios, mas pretende angariar novos sócios aderentes e propor a nomeação de personalidades e instituições de reconhecido mérito para sócios honorários.

O OMA mantém protocolos com o Governo dos Açores, nomeadamente com a SRAM, relativos à cedência da Fábrica da Baleia e com a SRCTE no âmbito da referida rede regional de ciência e a tecnologia. Mais especificamente, a Direcção Regional dos Assuntos do Mar (DRAM) e a SubSecretária Regional das Pescas são parceiros privilegiados na acção desta instituição. A Direcção Regional da Cultura tem permitido o trabalho do núcleo de história baleeira.

Naturalmente, o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores (DOP/UAç) e o Instituto do Mar Centro dos Açores (IMAR) são os parceiros científicos por excelência para as mais diversas valências do observatório.

A fim de financiar a sua actividade esta associação, sem fins lucrativos, concorre a programas de financiamento públicos e a apoios privados, com projectos específicos que permitam dar continuidade aos trabalhos em desenvolvimento e iniciar outros considerados relevantes. Além disso, a venda das edições OMA e de merchandizing temático, produzido em parceria com a empresa de design gráfico FishPics, e com o Instituto do Mar e Universidade dos Açores (IMAR; DOPUAç), constitui uma fonte de financiamento complementar não negligenciável.

Nos últimos anos a Câmara Municipal da Horta, tem colaborado com o OMA em diversas acções de interesse público nos mais diversos temas. A Câmara do Comércio e Indústria da Horta, a Administração dos Portos do Triângulo e Grupo Ocidental, as associações e empresas como o Clube Naval da Horta, Geoparques Açores, Azorina, Hortaludus, entre outras, também tem tido um papel

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visam estudar e divulgar aspectos ligados à história marítima do Faial e da Região.

fulcral no apoio dispensado às várias actividades desenvolvidas e em curso. A empresa Reis e Martins, Lda., os Museus do Faial e do Pico, o Whaling Museum of New Bedford, a Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta e a unidade de investigação interuniversitária Centro de História de Além Mar tem dado um contributo fundamental nos projectos que

Para divulgar as suas actividades, o OMA dinamiza uma página Internet (www.oma.pt). Para aprofundar a sua acção o OMA está aberto à colaboração de todos os apaixonados pelas temáticas do mar. O mar é a nossa maior riqueza natural e a sua valorização sustentável o nosso maior desafio.

Fonte das imagens: http://siaram.azores.gov.pt/

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tecnologia avançada. O seu estado de conservação actual deve-se muito ao trabalho diligente do Patrão Manuel Correia e do Sr. Manuel Amaral que durante anos e por amor ao espólio, tudo fizeram para que ele não se degradasse.

A Fábrica da Baleia de Porto Pim é um complexo que se situa na parte sudoeste da Baía Porto Pim, na encosta do Monte da Guia. Este empreendimento industrial começou a laborar em fase experimental em 1942 e durante 32 anos, a empresa proprietária SIMAL (Sociedade Industrial Marítima Açoreana, Lda.) processou 1940 cachalotes que produziram 44 mil bidões de óleo, entre outros sucedâneos! Felizmente, em 1974, e acompanhando o declínio mundial da indústria baleeira, a fábrica fechou as suas portas.

A exposição permanente, que inclui praticamente toda a maquinaria original da fábrica, ilustra o percurso do processamento integral do cachalote de outrora, para obtenção dos subprodutos comerciais (óleo e farinhas). A fábrica integra ainda um vasto espólio resultante da intensa actividade baleeira que se praticou no Faial no século XX, gentilmente cedido pela empresa Reis e Martins, Lda.

Em 1980, o Governo Regional dos Açores adquiriu todo o complexo fabril, que uns anos mais tarde foi classificado como Imóvel de Interesse Público.

O núcleo museológico está aberto à visitação pública e o visitante poderá solicitar visitas guiadas. Em média, este espaço tem sido apreciado por cerca de 7000 visitantes por ano. O roteiro da fábrica inclui as salas das caldeiras de vapor, das autoclaves e das farinhas e a plataforma de desmancho e rampa de varagem, onde se destaca a chaminé.

Após recuperação, o Centro do Mar – Fábrica da Baleia foi inaugurado em 2000, com o intuito de se tornar num núcleo museológico de divulgação cultural e científica. Quatro anos mais tarde, o Observatório do Mar dos Açores (OMA) instala aí a sua sede e desde então tem sido a entidade gestora do espaço e responsável pela sua dinamização. Em 2010, o complexo Fábrica da Baleia de Porto Pim integrou o Parque Natural da Ilha do Faial.

A sala dos óleos, com 8 tanques subterrâneos e a sala Patrão Manuel, são actualmente salas polivalentes.

O núcleo museológico da fábrica mantém-se como um dos melhores exemplares da extinta indústria baleeira açoriana, essencial para a compreensão histórica, económica e social dessa actividade. Os equipamentos usados no processamento eram em grande parte automatizados e funcionavam em contínuo, constituindo à época uma

A Loja da Fábrica, onde se pode adquirir artigos temáticos, localiza-se no edifício independente do complexo principal, que era usado como armazém de farinhas e óleos para exportação. Neste mesmo espaço está instalado o Centro Virtual de Interpretação Marinha, ou base do submarino CIMV 3000, um

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cursos de pequena e média duração, festas e actividades culturais diversas, tanto organizadas pelo OMA, como pelos seus parceiros e sociedade local.

equipamento tecnológico, desenvolvido pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, que transporta os viajantes aos ambientes exóticos e profundos do Mar dos Açores.

Vale a pena visitar a Fábrica: usufrua de um espaço atraente, com estética, história e conteúdo, e depois relaxe na praia ou no bar, enquadrados na espectacular Baía de Porto Pim.

Além do núcleo museológico permanente, a Fábrica da Baleia de Porto Pim é um espaço multiusos, aberto a exposições temporárias, reuniões, conferências, palestras, workshops,

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Troféu Atlantis Cup

Foi para nós uma grande honra e um privilégio, sermos convidados pelo Clube Naval da Horta, para criar e executar com o nosso artesanato, os troféus para a Regata Atlantis Cup 2011. As peças foram executadas em madeira de mogno /sapéli, pinho americano, faia portuguesa, madeira de balsa para as ilhas e contraplacado marítimo para o verso. Fazemos artesanato em madeira desde o Verão de 2003, e estamos inscritos como artesãos, no CRAA – Centro Regional de Apoio ao Artesanato desde início de 2004. Este tipo de arte é um hobby nosso pelo que nem sempre conseguimos ter muitas peças disponíveis para venda ou exposição, apesar de já termos estado presentes em algumas das feiras de artesanato da Semana do Mar, como aconteceu no ano passado. A técnica de intarsia, deriva da marchetaria e consiste em utilizar diferentes tipos de madeiras, de cores e espessuras diferentes, que depois de cortadas, lixadas e coladas compõem a peça final. Como acabamento final da peça, aplicamos verniz incolor de preferência sem brilho ou de aspeto acetinado, para realçar ao máximo os tons da madeira. Ao CNH os nossos agradecimentos por esta oportunidade, e bons ventos a todos os participantes da regata! Marta e Sérgio Scarlati

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RENÉE FRANÇOISE AMARAL

A Atlantis Cup à imagem dos anos anteriores, está de regresso ao mar dos Açores, organizado pelo Clube Naval da Horta, e integrada na Festa da Semana do Mar.

Esta regata como o próprio nome indica Regata da Autonomia tem o apoio da Assembleia Legislativa da RAA, com a perspectiva de proximidade entre as ilhas do arquipélago.

Desde 2009 a largada desta Regata dá-se a partir de Santa Maria, ligando assim 4 ilhas: Santa Maria, São Miguel, Terceira e Faial.

Este ano como participantes da ilha anfitriã temos as seguintes embarcações: Soraya, Mariazinha, Rift, Xcape, Ilha da Ventura.

Como todos sabemos esta Regata é uma das mais importantes regatas costeiras do panorama náutico nacional.

- Há quantos participa nesta Regata? -É o primeiro ano. - Que sentimento há em participar numa regata, que têm o espírito de união das ilhas deste arquipélago?

-Nesta Regata o objectivo é cruzar a linha de chegada, evidenciando o espírito competitivo, ou é manifestamente de mera participação?

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-É um pouco de ambas. Participamos porque gostamos de velejar, mas com o espírito de darmos o nosso máximo para atingir o melhor resultado. -Nesta regata há necessidade de equipar a embarcação com “palamenta” especifica tratandose de uma viagem de 220 milhas? -No nosso caso já está equipado de base para viagens dessa natureza.

-A vossa tripulação é de quantas pessoas? -6 tripulantes. -Que emoção se tem ao chegar ao porto da Horta? -Tivemos na Horta à poucos dias uma regata da classe 40 (classe de barcos com 40 pés de comprimento), seria um desejo vosso um dia poder participar numa regata desta envergadura, sendo reconhecida como “fórmula 1” na modalidade náutica. -Sim, claro!

Entrevista feita por: Renée Françoise Amaral (directora CNH)

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- Há quantos participa nesta Regata? -Já fiz 9 participações - Que sentimento há em participar numa regata, que têm o espírito de união das ilhas deste arquipélago? -É importante a união entre as diversas ilhas e os vários Clubes Navais, deveria haver mais participação entre as tripulações, mais gente envolvida fazendo desta regata uma festa maior, esta regata devia estar directamente relacionada com a Associação de Vela dos Açores, eu já participei nesta regata com 60 embarcações que foi fantástico. -Nesta Regata o objectivo é cruzar a linha de chegada, evidenciando o espírito competitivo, ou é manifestamente de mera participação? -Participamos sempre para fazer o nosso melhor, e o melhor é ganhar, mas quando isso não acontece ficamos também contentes.

-Nesta regata há necessidade de equipar a embarcação com “palamenta” especifica tratando-se de uma viagem de 220 milhas? -Tanto o barco como a tripulação estão preparados para fazer viagens desta natureza, a embarcação está inscrita na classe oceânica, e a tripulação têm cartas de alto mar. -a vossa tripulação é de quantas pessoas? -9 px -Que emoção se tem ao chegar ao porto da Horta? -É tão bom chegar a casa … -Tivemos na Horta à poucos dias uma regata da classe 40 (classe de barcos com 40 pés de comprimento), seria um desejo vosso um dia poder participar numa regata desta envergadura, sendo reconhecida como “fórmula 1” na modalidade náutica. -Acima de tudo gostaria mais de experimentar um barco desta classe, do que fazer essa competição.

Entrevista feita por: Renée Françoise Amaral (directora CNH)

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- Há quantos participa nesta Regata -Participo nesta regata a 9 anos. - Que sentimento há em participar numa regata, que têm o espírito de união das ilhas deste arquipélago? -O sentimento é agradável pois é uma forma acessível de realizar uma confraternização entre ilhas. -Nesta Regata o objectivo é cruzar a linha de chegada, evidenciando o espírito competitivo, ou é manifestamente de mera participação? -Nesta regata esta sempre presente o espirito competitivo mas sempre bem apreciado o convívio em terra com as diversas competições. Digamos que promove um pouco dos dois mundos. -Nesta regata há necessidade de equipar a embarcação com “palamenta” especifica tratando-se de uma viagem de 220 milhas? -Como a nossa embarcação está registada numa classe onde apenas podemos circular no grupo central, pelo que para a Atlantis cup pede-se uma autorização especial a capitania que é cedida desde que o barco apresente a palamenta necessária para uma travessia destas. -a vossa tripulação é de quantas pessoas? -Este ano a tripulação do Mariazinha são 7 tripulantes. -Que emoção se tem ao chegar ao porto da Horta? -É sempre uma boa sensação pois quer dizer que fizemos uma boa viagem e que tudo correu bem. -A classificação está sempre presente mas chegar ao destino é terminar e o grande objectivo. -Tivemos na Horta à poucos dias uma regata da classe 40 (classe de barcos com 40 pés de comprimento), seria um desejo vosso um dia poder participar numa regata desta envergadura, sendo reconhecida como “fórmula 1” na modalidade náutica. -Julgo que o sonho de qualquer velejador e realizar uma regata como a les sables - horta - les sables. -Obviamente que e uma prova que não esta ao alcance de todos, requer uma preparação grande é um grande investimento, e infelizmente nem sempre e fácil arranjar apoios nesse sentido. Entrevista feita por: Renée Françoise Amaral (directora CNH)

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A escola de vela do Clube Naval da Horta impressiona de várias formas e logo à primeira vista. Impressiona pelo facto de todos e cada um dos jovens e crianças cumprimentarem todos os demais sempre que chegam para um treino. Impressiona por todos os atletas, dos 6 aos 18, se ajudarem mutuamente. Impressiona quando se vêm 10, 15, 20 atletas parados, na rampa, sem entrar na água, à espera que o treinador apareça e lhes dê indicação para seguir para o mar. Porque é que isto impressiona ? Porque já não se vê… Na verdade é já muito raro ver crianças que chegam a um sítio público, incluindo a sua sala de aula, e cumprimentam todos os demais. Na escola de vela do CNH isso é regra. Também já é raríssimo ver adolescentes a ajudar crianças pequenas e vice-versa, na execução das mais variadas tarefas. Na escola de vela isso é regra. Porque nenhum atleta, pequeno ou grande, consegue virar o seu barco sozinho, porque qualquer atleta pode vir a precisar de ajuda no mar, onde todos os barcos têm o mesmo tamanho e servem para salvar num momento de aflição… Porque os mais velhos sabem que os mais pequenos não conseguem carregar os barcos - que são mais pesados que eles próprios – ou as velas – gigantes para quem tem pouco mais que um metro… Mas também porque os mais novos aprendem que a sua ajuda, tão pequena como o seu tamanho, pode ser tudo o que falta… Impressiona, também, porque é excepcional o nível de cumprimento das regras. Consegue imaginar 10 crianças/jovens, calmamente, à beira da água, à espera de um aceno para entrar? À espera durante alguns minutos? Sem a supervisão directa do treinador? Foram estes aspectos que me impressionaram de imediato e que me fizeram inscrever o meu filho na escola de Vela do Clube Naval da Horta. Desde então fiquei muito mais impressionada. Fiquei impressionada com a motivação destas crianças e jovens. Uma motivação que, no Verão, os faz prescindir das tardes de praia com a família e amigos em troca de horas a preparar pequenos optimist, elegantes laser ou velozes 420 e horas de treinos no mar, finalizadas pela lavagem e arrumação de todo o equipamento. Uma motivação que, no Inverno, os faz sair do conforto das suas casas, resistir ao chamamento das TVs e PSPs, para apanhar frio, vento e chuva no meio da baía. Uma motivação que os faz mergulhar num 45


mundo totalmente novo, cheio de bolinas, popas e largos, retrancas e patilhões, alhetas e vertedouros, orças, filaças e spis, estais e punhos da boca……… em que não há esquerda e direita, cordas ou conduções…. Impressionou-me que estes atletas nunca briguem uns com os outros. Excepcionalmente pode haver um «arrufo», uma troca de palavras, mas nada mais. As crianças e jovens da escola de vela convivem sadiamente, sem ‘cortarem relações’ com o colega do lado, sem ‘cacetadas’, protegendo-se mutuamente contra qualquer atitude desagradável de terceiros… Impressiona a evidente felicidade, o êxtase, em que ficam ao saber que vão chegar velas novas, novos barcos, novos mastros, etc. Ou a idêntica felicidade que revelam quando descobrem que vão passar a usar uma vela ou barco que, ainda que antigos, são de melhor qualidade que os seus actuais. Impressiona a forma como, um dia de cada vez, uma onda ou refrega de cada vez, estas crianças e jovens vão superando os seus medos e as suas «falhas», lutando para ser melhores, para aguentar mais nós de vento, mar mais «fresco», para fazer viragens mais rápidas, para rondar as bóias num ápice… Impressiona ver crianças e jovens passarem umas quantas horas do seu fim de semana a reparar, a lixar e/ou polir o barco que lhes está atribuído, arrastando os pais para o Clube, para «darem uma ajuda» … Alguém acredita?! Impressiona a alegria, energia e vontade que têm quando entram em competição… o orgulho que têm em levar mais longe o nome do Clube. Um Clube que também fez por merecer os atletas que tem, apostando nestes pequenos jovens, substituindo, com grande esforço financeiro, parte dos equipamentos «velhotes» que existiam, etc.

Impressiona. Porque já não se vê….

Ass: uma mãe

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De 1 a 7 de Agosto acompanhe o diário da Atlantis Cup/Regata da Autonomia 2011, na RTP-Açores. O programa com duração de cinco minutos, produzido pela Marimagens e apresentado por Joana Rosa, tem transmissão a partir das 22h30. O programa tem o patrocínio do Clube Naval da Horta, Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e Governo dos Açores. Já começaram a chegar a Santa Maria os veleiros participantes da XXIII edição da Atlantis Cup/Regata da Autonomia 2011. Até ao momento são treze os inscritos: dois de Lisboa, dois de São Miguel, dois da Terceira, cinco do Faial e dois estrangeiros. Para o dia de hoje, estão agendadas as verificações e medições técnicas, estando a largada prevista para o dia um de Agosto por volta das 11h00.

A Atlantis Cup é uma organização do Clube Naval da Horta, com o alto patrocínio da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e Governo dos Açores. Este evento conta com o apoio do Clube Naval de Santa Maria, Clube Naval de Ponta Delgada, Angra Iate Clube, Câmara Municipal de Vila do Porto, Câmara Municipal de Ponta Delgada e Câmara Municipal da Horta.

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Em mais um dia de preparação para a largada da Atlantis Cup continuam as verificações e medições das embarcações. Para hoje, está ainda agendado um briefing com os skippers seguindo-se um convívio entre toda a tripulação, patrocinado pela Câmara Municipal de Vila do Porto, a partir das 18h00 no Clube Naval de Santa Maria. Até ao final do dia esperasse que estejam todas as embarcações preparadas para mais uma edição

da Atlantis Cup com largada prevista para as 11h00. Os concorrentes vão contar com ventos de noroeste com força de 15 nós.

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Já chegaram a Ponta Delgada os veleiros da Atlantis Cup, depois de terem partido ontem (1/08/2011) pelas 13h00 de Santa Maria. O Xcape de Luís Quintino foi o primeiro a cortar a linha de chegada, demorando cerca de dez horas a percorrer as 60 milhas náuticas, vencendo assim na classe ORC2. Ainda na mesma classe seguiu-se a embarcação de Carlos Moniz, Rift, e o Avé Maria, de Jorge Silva, demorando onze e catorze horas, respectivamente.

Nesta primeira perna registou-se a primeira desistência da prova, a embarcação Harfang Two, a competir em ORC2, não conseguiu completar a etapa. Na classe ORC 3 a vitória da primeira perna foi para o Desafinado que completou a prova em treze horas, seguindo-se o Mariazinha quarenta e cinco minutos depois, o São Gabriel, que levou catorze horas, e o Celtic Dream com mais uma hora que o anterior.

Na classe cruzeiro, o Soraya de Frederico Rodrigues também saiu vencedor, com um tempo de doze horas. Logo atrás, o Ilha da Ventura, com um total de catorze horas, o Reflections que levou dezassete horas de viagem e o 5 Estrelas completou a etapa em dezoito horas. Até à hora de fecho da linha de chegada, às 13h00, o Blue Chip ainda não tinha chegado, sendo assim desclassificado. Para o dia de hoje (02/08/2011) está agendado para as 18h00 um encontro com os skippers seguindo-se um convívio entre todos os participantes da Atlantis Cup. Amanhã (03/08/2011) a largada da segunda etapa está prevista para as 11h00.

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Ao terceiro dia da Atlantis Cup (03/08/2011) os veleiros partiram para o mar pelas 11h00, ligando as cidades de Ponta Delgada a Angra do Heroísmo, num total de 90 milhas náuticas, que cumprem assim a segunda etapa da prova. Na hora da largada, em Ponta Delgada, o vento soprava a uma velocidade de 8 nós. Com menos um veleiro na frota, prevê-se que os doze participantes iniciem a chegar à Terceira ainda esta madrugada.

Largada de São Miguel da Cup/Regata da Autonomia 2011

Atlantis

A segunda etapa da Atlantis Cup já navega rumo à Terceira. Com menos um veleiro na frota, os participantes largaram de Ponta Delgada pelas 11h00. Com o vento a rondar uma velocidade de 8 nós, aguardasse que os primeiros comecem a chegar a Angra do Heroísmo durante esta madrugada. Até ao momento os três primeiros em cada classe são: em ORC2 o Xcape, Rift e Avé Maria, na ORC3 Desafinado, Mariazinha e São Gabriel, e em vela de cruzeiro o Soraya, Ilha da Ventura e Reflections.

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4º dia Atlantis Cup/Regata da Autonomia 2011 A Atlantis Cup/Regata da Autonomia já está em Angra do Heroísmo. Durante a madrugada foram chegando as embarcações, depois de terem saído de Ponta Delgada às 11h00. Nesta segunda etapa, o Xcape de Luís Quintino foi novamente o primeiro a chegar, com um tempo na linha de chegada de 10:50:39. Ainda na classe ORC2 segue-se o Rift, de Carlos Moniz, com um tempo na linha de chegada de 12:48:46, bem como o Harfang Two com um tempo de 12:23:26.

Nesta classe o Avé Maria não conseguiu completar a etapa. Na classe ORC 3 o Desafinado repetiu o feito da primeira perna, ao chegar a Angra do Heroísmo com um tempo na linha de chegada de 14:28:41. O Mariazinha, muito próximo do Desafinado, principalmente na linha de chegada, conseguiu um tempo de 14:28:12. O São Gabriel e o Celtic Dream foram os que se seguiram nesta classe, obtendo um tempo na linha de chegada de 14:49:16 e 15:28:03, respectivamente. Quanto à classe de cruzeiro, o Ilha da Ventura conseguiu um tempo na linha de chegada de 13:57:25, seguindo-se o Soraya com um tempo de 13:25:43 e o Reflections que na linha de chegada tinha m tempo de 15:32:35. Nesta classe, e nesta segunda etapa, a embarcação 5 Estrelas não conseguiu terminar.

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No quinta dia de regata fomos conhecer a logística da Atlantis Cup. A organização explicou todas as etapas do processo bem como o apoio de todos os clubes das várias ilhas por onde passa a regata. A Comissão de Regata, que certifica o comprimento das regras da prova, também explica qual a sua acção.

A última etapa da Atlantis Cup/Regata da Autonomia já navega em direcção à Horta, depois de ter largado hoje (07/08/2011), pelas 10h00, de Angra do Heroísmo. As embarcações terão de percorrer uma distância de 75 milhas náuticas, naquela que é considerada a etapa mais complicada da prova, devido às opções de percurso que serão tomadas, pelo norte de São Jorge, entre o canal de São Jorge e Pico ou pelo sul do Pico. Esta etapa será ainda determinante para definir o vencedor da classe de cruzeiro, enquanto que na ORC2 e 3 os vencedores estão praticamente encontrados.

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