Qualifique-SE…

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robótica

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Américo Costa CENFIM – Departamento de Formação

vozes de mercado

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INTRODUÇÃO Frequentemente ouvimos falar que vivemos numa era de vigorosa e exponencial revolução tecnológica. Quase diariamente nos chegam ecos de novos impulsos provocados pelas novas tecnologias ou de revolucionários processos de fabrico. Toda esta cadência obriga-nos a um constante e exaustivo acompanhamento. Sem esse acompanhamento efetivo, perdemos o pé, deixamos de ter clarividência e capacidade de prever o futuro e colocamo-nos nas mãos do destino. É claro que a vida não é só trabalho, mas alguém que se queira afirmar de forma decisiva numa determinada área técnica tem que, forçosamente, durante um período de 2 a 3 anos, fazer um enorme esforço para se dotar das ferramentas necessárias para atingir um patamar de excelência. Após esse período, o esforço vai-se reduzir drasticamente, sendo somente exigido que se acompanhe a evolução de forma cuidada. Definitivamente não chega saber um pouco de qualquer coisa, temos que procurar ser os melhores em algo, e todos nós, mesmo todos, podemos almejar esse desiderato. Não chega dizer que somos bons a fazer qualquer coisa, temos que saber ler os sinais que nos indicam se realmente somos ou não muito competentes nas tarefas que desempenhamos. Normalmente, pecamos por achar que somos sempre muito eficientes no desempenho das nossas tarefas, somos muito generosos na análise à qualidade do nosso trabalho e quando encontramos algum defeito arranjamos logo uma desculpa para esse menor desempenho.

DESENVOLVIMENTO As competências técnicas exigidas em qualquer área da metalomecânica são muito elevadas, com ligeiras exceções ligadas a tarefas automáticas e muito repetitivas. Independentemente da área somos, muitas vezes, chamados a desempenhar tarefas que muitas vezes superam as nossas valências e competências técnicas para as realizar. Na ausência de uma formação superior ajustada ao mercado de trabalho, nomeadamente os cursos de engenharia, são os técnicos oriundos da formação profissional que têm muitas vezes que desempenhar a dupla tarefa técnica e científica associada a qualquer uma das atividades. Nos conhecimentos e aptidões de muitos técnicos encontramos normalmente lacunas no cálculo matemático, disciplina madrasta de muitos portugueses, conhecimentos sobre materiais, processos

de fabrico, programação, e de forma mais camuflada, uma ausência de um raciocínio lógico suficientemente desenvolvido e, sobretudo, uma falta de gosto por uma procura incessante por novos conhecimentos. O nosso problema atual resume-se principalmente a uma questão, baixa produtividade, não podemos continuar a ter tarefas de 5 minutos a demorarem 3 dias a serem executadas. Num espaço de 3 dias cabem 288 períodos de 5 minutos, esse valor multiplicado pelo vencimento individual dá algo gigantesco. Precisamos, como País, de vencer este flagelo que nos atormenta há muito tempo. A baixa produtividade tem causas, que normalmente se conjugam com a baixa qualificação dos profissionais. O reduzido investimento que se faz em novos conhecimentos é normalmente a raiz desse problema. Vivemos normalmente muito acomodados, não gostamos da competição, de correr riscos. Perder é uma palavra maldita para a maioria das pessoas, mas não, perder significa que tentamos e esse esforço inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo, vai ser compensado. Saber mais implica também algum sacrifício, que devemos ir um pouco além do nosso expediente normal de trabalho. Procurar, de forma incessante, o conhecimento que deve fazer parte do nosso quotidiano, manter-se atualizado, estabelecer ligações e redes de contacto com profissionais da mesma área. Não chega dizer como dizemos muitas vezes, “Adoro aquilo que faço”, temos que ir mais além e ser melhores naquilo que executamos. E claro que haverá sempre alguém melhor do que nós, mas se nos esforçarmos o suficiente chegamos lá.

FORMAÇÃO PROFISSIONAL Os métodos de ensino aplicados na formação profissional também podem ter um papel mais ativo neste incremento de competências. A formação e ensino, em geral, baseiam os seus métodos numa perspetiva muito homogénea e pouco individualizada. Não denotam particular atenção às dificuldades ou necessidades específicas de cada formando ou ao incremento de um desenvolvimento mais célere daqueles que evidenciam uma maior autonomia. A dinâmica da nossa formação está muito orientada para uma vertente expositiva e centrada no formador. O quadro, um projetor de vídeo e um computador fazem parte do ambiente da maioria das formações, estando reservada ao formador a definição do ritmo de desenvolvimento da sessão de formação. Os formandos, esses, passam grande parte do tempo numa atitude mais ou menos passiva, ouvindo, colocando algumas questões, mas usualmente dentro de um registo de esforço muito reduzido. Em contraste com estes métodos tradicionais de ensino, temos um setor da metalomecânica que tem sido fustigado com constantes revoluções tecnológicas. Nos últimos 20 a 30 anos, a eletrónica e a informática transformaram completamente um setor que vivia num ritmo lento. Qualquer profissional qualificado deste setor sabe seguramente mais de que o mesmo profissional há duas décadas. Então, como resolver este problema de dotar os nossos formandos com mais conhecimento, em menos tempo? Recorrendo ao próprio formando, incutindo-lhe o gos-


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