CONEXÃO MILÃO

O valor do talento humano e do estado da arte no trabalho artesanal fica evidente em La Pelota: cinco ambientes decorados à mão por uma equipe de cenógrafos do Teatro La Scala, em Milão. Grafismos inspirados na nova home collection da Hermès, com várias criações do Studio Mumbai, marcam peças de formatos e materiais inovadores. Exemplo destas premissas, a poltrona Sillage, em madeira com pintura e envernizamento manual, utilizou um revestimento composto de microfibra de celulose para atingir resultados extraordinários.

Design tecnológico, humano, biológico. A Artemide inovou ao apresentar o sistema de iluminação INTEGRALIS®️, combinando eficácia sanitizante e alto desempenho em iluminação. Com projeto de Ernesto Gismondi, o sistema ainda se integra aos diversos ambientes e momentos da vida, interpretando os ritmos e as necessidades humanas.

Criações inspiradas pela vida, memória e ancestralidade estão entre as principais tendências projetadas para 2022 pela feira italiana

POR CAMILA GINO, de Milão

OSupersalone - edição especial do Salone del Mobile.Milano que já entrou para a história - reagiu à pandemia trazendo, à vida e ao design, conceitos e referências à natureza. Em uma imersão em nossas origens primitivas e ancestralidade, a mostra reflete sobre como a humanidade vence e perdura.

Realizado entre 5 e 10 de setembro em Milão e ancorando a Milan Design

Week, que este ano teve eventos Fuorisalone realizados até 19 de setembro, o

Supersalone atraiu mais de 60 mil visitantes de todo o mundo. O megaevento trouxe lançamentos e insights importantes para o futuro do morar, interpretados segundo a visão dos mais de 400 expositores reunidos em quatro pavilhões de Rho Fiera Milano. A busca pela autenticidade é um importante conceito para o morar destacado no Supersalone: um marco, que identifica as importantes transformações para o morar após o advento da pandemia. Outro destaque é a absorção, irreversível, das premissas da sustentabilidade no design e produção do mobiliário e peças de decoração - já intrínseca à concepção de peças dentro dos preceitos da economia circular. Um design afetivo, tecnológico porém biológico, com características fortes da biofilia, dos elementos naturais, do resgate da memória e do savoir-faire artesanal: tudo combinado às mais modernas técnicas e ferramentas de produção.

Mais um insight está na força criativa dos novos polos do design mundial, como o Brasil. Na MDW21, segundo dados oficiais, nosso país teve a maior participação em número de empresas e marcas expositoras. Nesta edição o Brasil se consagrou como fonte de inspiração e referência universal e, por outro lado, evidenciou a importância da troca de conceitos e inovações com o mercado internacional em geral.

Divulgação Trabalho artesanal, com sustentabilidade e inovação formal e material. A característica única da produção artesanal também extrapolou fronteiras, como na poltrona A’Mare, de Jacopo Foggini para Edra. Feita em policarbonato - material reciclável - cada uma das barras é feita, individualmente, de maneira artesanal.

Cenografio @fernandarubatino / Foto: Valter Lombello Divulgação

A naturalidade da madeira, avaliada como um valor do design apreciado globalmente. A marca brasileira Sier estreou como expositora do Salone del Mobile.Milano no Supersalone, mostrando a escultural poltrona Carol e as sofisticadas mesas auxiliares Vinil. O refinado trabalho artesanal em marchetaria do tampo, combinado à estrutura em aço com a precisão do corte a laser, projetadas pelo Studio Sier, teve direção criativa do consagrado designer brasileiro Carlos Reis. O trabalho com a madeira natural e a madeira primitiva, tão em evidência hoje e como tendência para o futuro, está no DNA da Riva 1920. Entre os highlights da MDW21, a marca apresentou o lançamento do banco Diamond, com projeto de Giovanni Tommasini: feito de um único bloco de cedro perfumado, com base hexagonal, a peça se desenvolve em interessante jogo de simetria de facetamento. Com o tema “Live the Transition”, a Natuzzi apresentou sua nova coleção. Com projetos acolhedores e valorizando o bem-estar, nomes como Formafantasma, Massimo Iosa Ghini, Elena Salmistaro e Marcel Wanders studio sugeriram ideias para um novo espaço doméstico, em configuração, “que é líquido e em constante mudança”. Na foto, projetos de Sabine Marcelis: o sofá Block e a mesa de centro Patio.

Divulgação

Leonardo Duggento O ar, a leveza como linguagem. A exploração acurada de geometrias, do jogo entre matéria e não-matéria. Estes importantes inputs criativos foram muito bem explorados na nova coleção da Moroso, em projetos que trazem fortes elementos de inovação e sustentabilidade. Entre os exemplos desta tendência estão os lançamentos “Secret Cubic Shelves”, de Olafur Eliasson, e a poltrona “Ruff”, de Patricia Urquiola, que oferece um provocante ensaio sobre o espaço.

©Alessandro Garofalo

Divulgação Na exposição da Dior, envolta na arquitetura do Palazzo Citterio, a grife mostrou criatividade, ousadia formal e material, irreverência e atualidade. Reinterpretações da histórica Medallion Chair, assinadas por um grupo único de 17 artistas e designers convidados, do Japão à Itália, passando por Coreia, Líbano e França, nomes como Nendo, Tokujin Yoshioka, India Mahdavi, Ma Yansong e Pierre Yovanovitch criaram versões próprias da cadeira. Na foto, em primeiro plano, a versão proposta pela designer holandesa Linde Freya Tangelder, do estúdio Destroyers/Builders, sediado na Bélgica.

O morar como experiência sensorial. Um embarque no universo do design por Molteni & C no Supersalone, com instalação de Ron Gilad. Inovação, criatividade, intercâmbio cultural e experiências digitais são conceitos que se firmam na modalidade presencial do evento, colocando-o como um promotor de imagens, design, encontros e novas oportunidades. A poltrona redonda D.154.5, projetada por Gio Ponti em 1954 e reeditada pela Molteni & C, brilhou na instalação Flight D.154.5. O nome do modelo vem da forma arredondada do assento, com linhas modernas, mesmo "espaciais”. Para refletir sobre este universo e suas novas luzes.