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A necessária retomada da integração latinoamericana

Pedro Carrano, Escritor, jornalista do Brasil de Fato Paraná, militante da União de Moradores e Trabalhadores (UMT) e da Consulta Popular

Areunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com governos de onze países da América do Sul representa uma retomada da articulação continental, profundamente abalada, sobretudo com a orientação do governo Bolsonaro, sem protagonismo e submissa aos Estados Unidos.

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Durante toda a década de 2000, a presença de governos de esquerda, na Venezuela, Bolívia, Equador, e governos preocupados com o desenvolvimento no Brasil, Argentina, Paraguai, permitiu a criação de espaços fortalecendo a chamada integração regional.

Se o imaginário da “Pátria Grande”, sonhado de Simón Bolívar a Che Guevara, um povo unificado, devido à sua história de exploração comum, ainda está longe de ser alcançado, é fato que espaços como a Comunidade dos Estados Latino-americanos e caribenhos (Selac), União de Nações Sulamericanas (Unasul), a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), permitiram a contraposição ao domínio dos EUA.

Fato é que o governo dos EUA reagiu contra as mudanças em curso, promovendo intervenções e golpes na América Latina, norte da

África e Oriente Médio. Em nosso continente as derrubadas de governos progressistas, a crise econômica, o forte impacto da pandemia de Covid-19, prejudicaram a prioridade para essas articulações. A péssima presença do governo Bolsonaro foi decisiva nesse sentido.

Agora, o momento é oportuno. A novidade é a disposição no continente de importantes governos, caso de Colômbia e México, que passaram quatro décadas de neoliberalismo e agora estão preocupados com um programa de desenvolvimento. A reunião apontou projetos no marco da proteção climática, infraestrutura, energia, entre outros pontos.

Além da iniciativa, o governo Lula ainda firmou posição em torno da presença da Venezuela, país sempre protagonista nesses fóruns, e sobre o qual realmente pesa a “narrativa” a qual Lula se referiu.

Desde 2015, com o decreto do governo Obama classificando a Venezuela como país inimigo, passando pelo bloqueio econômico completo do governo Trump, em 2019, chegando até barricadas e violência conduzidas pela oposição venezuelana são fatos desconsiderados pela mídia empresarial e explicam a crise que o país atravessa. Não há motivos em o Brasil não se articular com o país vizinho.

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná . Esta é a edição 303 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.