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Para alunos da rede pública, novo ensino médio amplia desigualdades

Reprodução

Onovo ensino médio, que começou a ser implantado no país no ano passado, tem levado a debates e um forte movimento por sua revogação. Alunos da rede pública, que já estão vivendo na prática o novo currículo, afirmam que a proposta amplia as desigualdades na formação e no acesso à universidade. O Brasil de Fato Paraná conversou com estudantes do primeiro e segundo anos do ensino médio de escolas públicas do Paraná e todos afirmaram que a proposta, na prática, tem trazido muita insegurança.

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Ana Carolina Caldas se mostrado um lugar confuso, com professores obrigados a ministrar disciplinas para as quais não estão aptos e alunos perdidos em seus “itinerários”.

Na teoria, o novo ensino médio incorpora à grade curricular novas disciplinas e teria o objetivo de permitir o aprofundamento em itinerários formativos escolhidos pelos alunos. Na prática, as escolas públicas da rede estadual do Paraná têm

Rafael Jubanski, 16 anos, diz que a proposta traz reducionismo na formação. “Tive de escolher ao final do primeiro ano entre o itinerário de Humanas e o de Exatas. Optando por Exatas, não tenho mais acesso às aulas de Filosofia. A justificativa deles é quer querem que a gente se aprofunde na área escolhida. Mas o que está acontecendo é que vamos ter uma visão simplista do mundo, em que as áreas não interagem entre si”, comenta.

Já para Livia Lobato, de 15 anos, a proposta na teoria não condiz com a realidade. “Foi dito que poderíamos escolher as matérias a cursar, mas na realidade não foi bem assim. Foi bastante confuso e, na realidade, tem di-

Uso De Aplicativos Sem Internet

Em fevereiro de 2023, a Secretaria de Educação do Paraná (Seed-PR) inseriu, entre as tarefas do estudante, o uso de uma plataforma na internet para estudos. O investimento foi de R$ 6,3 milhões para dois anos. Porém, na prática, os estudantes dizem não estar funcionando. “Seria mais fácil se eles zessem um aplicativo com várias abas, porém cada matéria tem um aplicativo. E a internet lá na escola não funciona. Como querem que façamos exercícios nos aplicativos sem internet e com muitos alunos que também não têm internet em casa?”, pergunta Alice.

minuído nossa qualidade de ensino. Tivemos de escolher dois itinerários, e isso aconteceu depois de terem implantado essa proposta sem consulta aos estudantes nem aos professores que vivem essa realidade todos os dias”, diz.

Disciplinas sem sentido Já a estudante Alice Alves, 16 anos, relata incoerências nas escolhas que foi obrigada a fazer. “Hoje a professora de História comentou que não iremos ter aulas dela no ano que vem. Eu estou na parte de Humanas. Como vou estudar humanas sem História?”, questiona. Também cita que não vê sentido em algumas matérias do novo currículo. “Por exemplo, uma matéria chamada Projeto de Vida, que não me vejo usando futuramente. A impressão que tenho é de que estamos em uma aula de ‘coach’ motivacional. E, por outro lado, não temos aula de Física, algo muito necessário”, questiona. Os estudantes vêm sentindo insegurança também com professores tendo que ministrar disciplinas totalmente diferentes de suas formações. “Não foram preparados para dar essas aulas do novo ensino médio”, diz Alice.

Seminário sobre jornalismo progressista marca os 20 anos do Brasil de Fato

Na noite da segunda (24), iniciou o seminário “20 anos do Brasil de Fato e a comunicação dos trabalhadores”. Ao longo da semana, são discutidos temas relacionados à comunicação popular e ao jornalismo progressista. O evento acontece no centro cultural e esportivo do Sindicato dos Bancários de Curitiba e é promovido pelo Brasil de Fato Paraná e Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC).

Na abertura do evento, Pedro Carrano lembrou da criação do BdF, em 2003, e apontou a importância da manutenção de veículos de comunicação que ampliem as vozes dos trabalhadores.

“Aprendemos com os sindicatos que a luta dos trabalhadores é absolutamente invisível na mídia empresarial.

Lia Binachini uma alternativa: investir na comunicação com todos os meios que estão ao nosso alcance. Não temos outra alternativa, senão fazer da nossa comunicação aquela que converse e que tenha participação da classe trabalhadora”, afirmou.

Precisamos de veículos que sejam a voz do campo democrático popular. Isso está na concepção do Brasil de Fato”, disse o coordenador político do BdF Paraná.

Claudia Santiago, do NPC, falou sobre a necessidade de pautar a comunicação popular em um momento de polarização política.

“Entendemos que só temos

Também na mesa de abertura, Ana Busato, do Sindicato dos Bancários e Financiários, pontuou que a comunicação é ponto fundamental nos debates sindicais. “A comunicação é primordial para a organização da classe trabalhadora. Esse movimento fortalece toda a classe trabalhadora”, disse.