Edição 33 do BF MG

cidades | pág. 3

Tarifa Zero

Menos ônibus em BH

entrevista | pág. 9

Na favela tem personalidade

Empresas querem aumento imediato da passagem para R$ 2,85 na capital. Do contrário, cortarão 2 mil horários de ônibus e ameaçam não dar andamento ao Move

Vicentão aprendeu que pátria é onde mora ele, a sua mãe e os seus amigos. Foi quando começou a amar e defender a periferia de Belo Horizonte

Edição

Noronha Rosa

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014| ano 1 | edição 33| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

minas | pág. 7

Jequitinhonha ameaçado

A população do Norte de Minas, que já sofre com a falta de água, pode ter ainda mais problemas. A descoberta de minério na região ameaça a segurança hídrica da população, já que a mineradora quer transportá-lo retirando água do rio Jequitinhonha. Ministério Público vai entrar com ação pela suspensão do licenciamento ambiental

cultura | pág. 14

cidades | pág. 4

Artistas do Vale Ato contra as se reúnem “encoxadas”

minas | pág. 6

Feirão para limpar o nome

brasil | pág. 11

Fim da licença para matar

02 | opinião

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

Isso é um assalto

O dilema de Dilma

Aumento da passagem de ônibus e do preço da luz na mesma semana. Como se não bastassem os baixos salários e a alta carga de tributos - que pesa mais para quem ganha menos - as tarifas de serviços como transporte, luz e água são formas de transferir dinheiro dos pobres para os ricos em nosso estado.

A Cemig pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aumento de quase 30% no preço da luz. E conseguiu aumento médio de 14,24% para os consumidores residenciais. As grandes empresas consumidoras tiveram aumento menor, de 12,41%, e continuam pagando quase 100 vezes mais barato que as famílias mineiras.

No Plebiscito Popular realizado no ano passado por mais de 100 organizações sociais, 603 mil pessoas votaram pela redução das tarifas de luz. Mas o Governo de Minas preferiu garantir a vontade dos acionistas da Cemig e não abaixou a tarifa do imposto estadual, o ICMS, o mais caro Falando Nilson do país. A Andrade Gutierrez, a maior acionista, agradece. Aliás, a Andrade Gutierrez foi a empreiteira que mais repassou dinheiro

O lucro da Cemig em 2013 foi de R$ 3,1 bilhões. Ou seja, a empresa cobra caro dos mineiros para aumentar o lucro da Andrade Gutierrez e financiar campanhas a partidos políticos nas eleições em 2012, sendo R$13,5 milhões somente para o PSDB, o partido do Aécio. O lucro da Cemig em 2013 foi de R$ 3,1 bilhões. Ou seja, a empresa cobra caro dos mineiros para aumentar o lucro da empreiteira e financiar as campanhas dos tucanos.

Por enquanto a passagem de ônibus em BH não subiu graças às manifestações populares e à ação do Ministério Público, que conseguiu uma liminar e adiou o aumento. As empresas alegam problemas financeiros e ameaçam não pagar aumento salarial aos rodoviários, mas não aceitam abrir suas contas. E o prefeito Marcio Lacerda já anunciou que não concorda com a intervenção do Ministério Público. Ou seja, cobra caro e defende empresas que escondem suas taxas de lucro.

Os preços da luz e da passagem de ônibus são faces do mesmo projeto. O Estado nas mãos de poucos empresários aliados aos governantes. Resta à população fortalecer as lutas sociais e exigir mudanças do sistema político brasileiro. Para isso, é urgente uma Constituinte Exclusiva e Soberana, com representantes eleitos sem financiamento privado de campanha, a única alternativa para mudar as regras do jogo e permitir que entrem em cena os interesses reais do povo brasileiro.

A eleição para a Presidência da República aos poucos vai ganhando contornos de uma disputa acirrada. As forças neoliberais jogam as suas fichas na derrota da presidenta Dilma. Por isso, fazem uma forte ofensiva com a CPI da Petrobras.

A vida do povo melhorou nos últimos anos, mas o governo Lula/ Dilma evitou ao máximo o conflito de classes, tendo um caráter ideologicamente conservador. Os governos não politizaram a sociedade nem inseriram as conquistas sociais e econômicas em torno de um projeto político, ligado à organização de uma base social de massas.

Nesse processo, setores da burguesia e o PMDB tiveram hegemonia, com base em um sistema político velho, avesso às reformas estruturais. Por isso, candidaturas oposicionistas disputam agora com relativa facilidade parte do eleitorado beneficiado com as políticas do governo.

Novos personagens apareceram na cena política brasileira, com a recomposição da classe trabalhadora e de uma nova geração de jovens que emergiu nos últimos anos. Dilma deve responder às reivindicações dessas forças so-

As eleições serão mais politizadas e polarizadas, com os fatos novos e o desejo de mais mudanças da sociedade ciais, que apresentam demandas históricas da classe trabalhadora.

Não existe vácuo na política. Se a candidatura Dilma e seu programa de governo não conseguirem abrir um canal de diálogo com essas forças, as candidaturas oposicionistas poderão canalizar eleitoralmente, mesmo que na base da retórica, o desejo de mudanças latente na sociedade.

A tragédia disso tudo é a pobreza de ideias nesse momento que precede as eleições presidenciais. O pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, e seu cabo eleitoral (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) propõem uma agenda neoliberal, com independência do Banco Central e privatizações. Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede) até o momento estão presos na retórica de que é preciso pensar o Brasil, debater programa, mas de concreto não apresentaram nada.

Dilma encontra-se num dilema. O aprofundamento das mudanças requer medidas estruturais, que entram em rota de colisão com interesses conservadores que giram em torno do PMDB. A tendência é que as eleições sejam mais politizadas e polarizadas. Não por causa dos candidatos, mas pela convergência de dois elementos: os novos fatos que ocorrerão até outubro e o desejo de mudanças latente.

Assim, recompor a força da esquerda e canalizar o potencial organizativo da jovem classe trabalhadora e da geração que saiu às ruas em junho são tarefas prioritárias para o próximo período.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309 3304

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/ MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Fotógrafa: Ana Beatriz Noronha Rosa. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

Empresas ameaçam cortar 2 mil horários de ônibus em BH TRANSPORTE O aumento da passagem foi barrado por suspeitas de irregularidades e empresas forçam aprovação Tarifa Zero Rafella Dotta

Nesta quinta-feira (9), a assessoria de comunicação do Sindicato das Empresas de Ônibus de Belo Horizonte (Setra-BH) afirmou que, dentre os 28 mil horários de ônibus da cidades, 2 mil serão cortados. A justificativa é que não há dinheiro para manter os horários.

As empresas de ônibus alegam que estão tendo dificuldades financeiras, originadas da implantação do BRT e do não aumento da passagem em 2013. A assessoria de imprensa da Setra-BH declarou que o aumento não é o centro do problema, mas as viagens ficariam garantidas caso a passagem passe para R$ 2,85.

Além do corte das viagens, as empresas afirmaram que a finalização do Move e o reajuste salarial dos motoristas também serão atingidos. “Sem reajuste não é possível cumprir a segunda etapa do Move. O aumento para os motoristas também vai ser revisto, o acordo está em 12%, mas não tem como arcar com isso”.

Resposta da BHTrans A BHTrans, responsável por avaliar e aprovar horários de ônibus, afirma que, até o momento, não recebeu uma proposta oficial de cortes de viagens. “Para aprovação dos quadros de horários, elas [empresas] devem aten-

Pergunta da semana Na terça-feira (8), a conta de luz passou a ser 14% mais cara. O aumento foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na segunda-feira, depois que a Cemig requisitou 29% de reajuste. As empresas que vendem energia dizem que o aumento é necessário porque a falta de chuvas fez com que comprassem energia térmica, que é mais cara que a energia hidrelétrica. De outro lado, movimentos sociais denunciam que isso é uma estratégia de aumento de lucro da Cemig, que deve ser três vezes maior neste ano.

E você, o que acha do aumento da conta de luz?

Empresas podem pagar multa de R$ 1 milhão por descumprir ordem da Justiça sobre o aumento

der aos requisitos mínimos previstos nos contratos de concessão, em especial, ao tempo de intervalo entre as viagens”, afirma a assessoria, em nota. As propostas de alteração devem ser remetidas à BHTrans 11 dias antes da mudança.

Auditoria cara e ineficaz Na edição de 27 de março, o Brasil de Fato MG publicou matéria que alertava para o aumento irregular da passagem. A Auditoria Cidadã da Dívida, em parceria com o movimento Tarifa Zero, investigou relatório da empresa Ernst & Young, contratada pela Prefeitura para fiscalizar os do-

cumentos das empresas de transporte para aumentar a passagem.

A economista Eulália Alvarenga afirmava que Ernst & Young recebeu R$ 2 milhões para realizar o serviço e o resultado foi insatisfatório, já que a própria empresa admitiu não ter feito investigação de fraudes. Nem mesmo os orçamentos e notas fiscais das empresas, para saber o que elas gastam de fato, foram procurados, de acordo com Eulália.

Uma planilha de gastos fraudada abre a possibilidade de que os donos das empresas de ônibus tenham lucros “extraordinários” em cima de uma passagem cara, enquanto não investem na qualidade do transporte.

Entendendo a “novela” da passagem O impasse entre prefeitura, passageiros e empresas de ônibus começou em 2 de abril, quando a BHTrans assinou o aumento da passagem de R$ 2,65 para R$ 2,85. O Ministério Público de Minas Gerais analisou os documentos apresentados e indicou irregularidades técnicas, pedindo a suspensão do aumento.

Em 4 de abril, a Justiça soltou uma liminar que concordava com o Ministério Público e impedia o acréscimo dos R$ 0,20 na passagem. Porém, no último domingo (6), os passageiros pagaram

cidades | 03

R$ 2,85. Por descumprir a ordem da Justiça as empresas podem ter que pagar multa de R$ 1 milhão.

Por ora, a passagem segue a

A gente já custa pra ganhar um trocado e ainda tem que dar pra governo que só fica roubando?

E rouba de nós, porque do rico ele não rouba, não. Falaram em janeiro que não ia ter aumento, que íamos pagar pouquinho, e o que aconteceu? Alguém está roubando e quem roubou que pague!

Mercedes Sanchez, panfleteira

Reprodução

R$ 2,65. O Ministério Público tem 30 dias para dar um parecer e, até lá, a Prefeitura está impedida de autorizar o aumento.

Esse aumento é fora dos limites. A gente já paga muito caro e ainda aumenta? Na minha opinião, não deveria ter aumento, mas isso está acontecendo por causa dessa Copa. Nós vamos pagar por uma coisa que não vamos usar.

Marssinor Roberto, autônomo

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“Encoxada” e parto são temas de manifestação em BH DIREITOS Mulheres protestam contra machismo Da Redação to. Clarice Goulart, da coordenação da Marcha, afirma que separar Nesta sexta-feira (11), mulheres mulheres e homens não é a solufarão manifestações contra a cria- ção. “Nós saímos do metrô e a vida ção de vagão feminino no metrô e continua. Qual a solução da prefeicontra a obrigação de partos cesa- tura para os outros lugares?”, quesriana. Os protestos foram motiva- tiona. Ela acredita que é preciso fados por duas polêmicas recentes e zer campanhas de conscientização as organizadoras pretendem mos- com toda a sociedade. trar o outro lado da moeda.

O protesto desta sexta-feira (11) será em frente à Estação Central, às Encoxada: “o apito vai soar!”

14h30, e às 16h as mulheres preO vereador e presidente da Câ- tendem entrar no metrô e seguir mara, Léo Burguês, apresentou um até a Estação Eldorado. No trajeto, Projeto de Lei que cria um vagão entregarão apitos, orientando que exclusivo para mulheres no metrô as mulheres soprem sempre que de BH. Para defender a ideia, ele virem uma situação de assédio. alegou que recebeu um abaixo-as“A campanha já existiu nos anos sinado com 10 mil assinaturas que 80. Quando soava um apito, todo denunciavam o assédio sexual no mundo sabia que tinha uma mutransporte público. lher sendo violentada, ou que a O movimento Marcha Mundial violência estava prestes a acontedas Mulheres é contra o “vagão cer. A ideia é que as mulheres terosa” desde o primeiro momen- nham um meio de inibir e denun-

Levante Popular/ Reprodução

Ato em SP critica postura dos homens no metrô

ciar a agressão”, diz Larissa.

Contra a obrigação da cesariana Adelir Carmen de Goés ficou conhecida como a mulher que foi obrigada a fazer um parto cesariana. Ela foi retirada de casa, na madrugada de 1º de abril, já com as contrações do parto e levada ao hospital por oficiais da Justiça. A

situação levantou a polêmica da violência obstétrica.

O grupo #SomosTodxsAdelir organiza atos em várias cidades, com o objetivo de defender os direitos humanos e da mulher. Em BH, o ato será das 14h às 17h, em frente ao Ministério Público (av. Álvares Cabral, 1690), e das 17h às 20h, na Praça da Assembleia.

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

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Funcionários da prefeitura indignados com salários e condições de trabalho GREVE Diversas categorias prometem parar atividades se não houver boas propostas Reprodução/Sindibel

Rafaella Dotta Funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte estão ameaçando entrar em greve a partir de 6 de maio. A assembleia para decidir as próximas ações aconteceu na última quarta-feira (9), na Praça da Estação, e contou com profissionais da saúde, da educação, da limpeza pública e da administração, que saíram em marcha pela avenida Afonso Pena. Entre as exigências, estão melhores condições de trabalho e salários.

Os trabalhadores se uniram para realizar a “Campanha Salarial Unificada 2014” e elaboraram um documento com os pedidos de melhorias, apresentado ao secretário municipal de Planejamento, Thiago Greco, e à secretária de Recursos Humanos, Tammy Monteiro, na terça-feira (8). Os sindicatos receberam resposta negativa a quase todas as propostas.

O principal problema é o salário.

Os funcionários pedem 15% de reajuste e a prefeitura ofereceu apenas 5,5%. Helenice de Freitas, professora da Escola Municipal Moysés Calil, em Venda Nova, afirma que a proposta chega a ser “indecente”.

“Nós só vamos começar a receber

Profissionais de diversas áreas da PBH ameaçam entrar em greve se reivindicações não forem aceitas

Para sindicato, não é por falta de verbas que os servidores ainda não tiveram aumento

em setembro a inflação do ano passado”, protesta.

O presidente do Sindicato dos Servidores de Belo Horizonte (Sindibel), Israel Arimar, argumenta que não é por falta de verbas que os servidores ainda não tiveram aumento, mas sim por uma injusta partilha do dinheiro público. “A prefeitura apresentou uma proposta ruim pra gente, de 5,5% para co-

meçar em outubro. Em contrapartida, negociou com os cargos mais altos, como os procuradores e os fiscais de tributos, e deu um reajuste de 32%, retroativo a 1º de janeiro”, exemplifica.

No dia 6 de maio, os servidores

realizam nova assembleia. Eles afirmam que, se a prefeitura não apresentar um bom acordo até lá, os professores, médicos, enfermeiros, agentes comunitários, garis e outros funcionários entrarão em greve por tempo indeterminado.

Você sabe o que faz um agente comunitário?

Arqiuivo pessoal

não tem nem condição”, reclama. A Prefeitura de Belo Horizonte paga R$ 743 por mês para os agentes comunitários de saúde, ou seja, apenas R$ 19 acima do salário mínimo.

Erica Cristiane dos Santos trabalha no Centro de Saúde Vila Maria, no bairro Jardim Vitória, na região Nordeste da capital, como agente comunitária de saúde. Há sete anos, ela passou no concurso público e foi contratada pela Prefeitura. “Eu gosto muito do que eu faço, mas estou decepcionada com o meu serviço”, desabafa. Saber como é a vida de Erica nos faz entender os problemas dos postos de saúde e ajuda a saber com quem - ou de quem - devemos reclamar.

O que faz uma agente comunitária de saúde?

“Nós começamos todo dia às 8 da manhã e trabalhamos até as 5 da tarde, com uma hora de almoço”, conta Erica. Os agentes comunitários são funcionários dos postos de saúde e visitam as casas do bairro, para acompanhar a saúde das famílias e encaminhar os casos de doenças para médicos e enfermeiros.

Como é a realidade do atendimento?

Erica é responsável por 900 pessoas do Jardim Vitória, o que é demais. De acordo com o Ministério da Saúde, cada trabalhador deve

Erica Cristina (centro) trabalha no Centro de Saúde Vila Maria, no Jardim Vitória

ficar responsável, no máximo, por 750 pessoas. “Quando fiz o concurso público, dizia que a equipe de saúde da família precisava de cinco a seis agentes comunitários. A equipe que eu estou tem só dois agentes. E além de fazer o nosso serviço, ainda temos que fazer o trabalho de outra área”, declara. No Posto de Saúde Vila Maria também faltam enfermeiros, remédios e médicos. São apenas três médicos para atender a 13 mil pessoas.

O que falta no posto?

“Falta muita coisa. No Vila Maria nós estamos fazendo vaquinha pra comprar sacos de lixo, porque nem isso a prefeitura está enviando”, diz Erica. Desde que começou a trabalhar, a agente de saúde teve que comprar tudo o que precisava: prancheta, caneta, lápis, borracha, capa de chuva, mochila. Ela ainda diz que está usando uniformes rasgados e remendados. “Pra fazer um serviço legal, você acaba tirando do próprio bolso, uma coisa que você

Tem muitas reclamações?

“Tem, sim. Os usuários assistem muita propaganda da prefeitura, dizendo que é só chegar no Centro de Saúde e vai poder fazer uma consulta com médico. Mas chega no posto e tem que esperar dois meses”, conta. A agente diz que os funcionários são os que mais recebem reclamações, pois os usuários acham que eles têm culpa pelos problemas. “Ontem, só no atendimento de urgência, tinha 85 pessoas pra um médico e um enfermeiro.

Não estamos aguentando. Nós também estamos adoecendo”, lamenta.

Para ajudar a melhorar a saúde da cidade, o usuário pode procurar o Conselho Local de Saúde, que é aberto à população e existe em todos os Centros de Saúde, de acordo com a Lei Municipal 5.903. Para reclamações, deve ligar para o número 156, da Ouvidoria da Prefeitura, que recebe queixas referentes a todos os serviços de Belo Horizonte.

(Rafaella Dotta)

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Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

Feirão promete limpar o nome no Serasa OPORTUNIDADE Clientes podem negociar suas dívidas pela internet até 17 de abril Rafaella Dotta O Serasa está realizando o Feirão Limpa Nome Online para pessoas que estão com o nome negativado e querem negociar com a empresa, principalmente bancos e financiadoras. O prazo de negociação via internet vai até 17 de abril, próxima quinta-feira.

O cadastro no Feirão Limpa Nome é simples. Basta acessar portal.serasaconsumidor.com.br e preencher: endereço de e-mail, nome, telefone, data de nascimento e CPF. Logo após, o cliente precisa inserir o nome completo da mãe ou o número do comunicado recebido por carta. Isso dá acesso a um painel com as dívidas relacionadas às 32 empresas participantes do programa e um boleto para quitação do débito pode ser impresso imediatamente.

Cuidado na negociação O Procon de Belo Horizonte orienta que os clientes utilizem o serviço, mas tenham cuidado ao aceitar a negociação. “O consumidor não pode acreditar de primeira que o valor apresentado é correto. Por exemplo, a empresa diz que você deve R$ 9 mil e que vai liquidar por R$ 2.800. Mas será que isso é verdadeiro?” ques-

tiona Maria Lúcia Scarpelli dos Santos, que trabalha há 28 anos na defesa do consumidor e é coordenadora do Procon BH. “Quando o Procon faz o cálculo e mostra para o consumidor, normalmente ele deve muito menos do que está sendo alegado”, ex-

plica. Para Maria Lúcia, a melhor maneira é procurar um contador profissional ou o próprio Procon, que pode auxiliar no cálculo da dívida, e só depois fechar negócio com a empresa. “Como dizia a minha avó: caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém”.

BH na luta antimanicomial Lívia Bacelete As mobilizações para a realização do Dia Nacional da Luta Antimanicomial – 18 de maio, em Belo Horizonte e Região Metropolitana - já começaram. Estão abertos os editais para o concurso do cartaz e do samba enredo do Dezoito de Maio de 2014.

Artistas ou grupos da área de artes visuais, designers e outros interessados que queiram partici-

par do concurso do cartaz, devem entregar uma proposta compatível com o tema no dia 14 de abril de 2014, de 17h às 19h, na sede do Conselho Regional de Psicologia (R. Timbiras, nº 1532 / 6º andar, Lourdes).

Aqueles que queiram participar do concurso do samba enredo devem entregar o material produzido (música e letra), no dia 14 de abril de 2014, entre 14h e 19h, na sede do CRP-MG. A melhoria do serviço de telecomunicação no país passa por aqui.

Trabalhador valorizado já!

“A cidade que queremos: que seja feita a nossa vontade” Desde fevereiro, o Fórum Mineiro de Saúde Mental e a Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (Asussam) se reúnem semanalmente na sede do CRP-MG para definir os rumos da manifestação político-cultural deste ano.

Com o tema “A cidade que queremos: que seja feita a nossa vontade”, pelo 18º ano consecutivo, a intervenção será realizada em Belo Horizonte, mobilizando outras cidades a se manifestarem na capital ou a organizarem suas intervenções locais, com a sensibilidade e ousadia necessárias à superação do manicômio.

Acesse o edital em: antimanicomialbh.blogspot.com.br/

Polícia Federal indicia Pimenta da Veiga O ex-ministro das Comunicações e pré-candidato do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, foi indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro.

De acordo com o inquérito, o tucano é suspeito de receber R$ 300 mil das agências da publicidade de Marco Valério, condenado na Ação Penal 470, conhecida como ‘mensalão’.

O ex-ministro disse ao G1 Minas Gerais que o pagamento foi referente aos serviços de advocacia prestados, em 2003. “Os pagamentos eram feitos através de depósitos em conta corrente. Dois anos depois, houve uma devassa na vida da empresa e eu prestei todos os esclarecimentos, que foram satisfatórios na época. O assunto ficou aparentemente resolvido”, afirmou. Segundo Veiga, o indiciamento é consequência de perseguição política.

Após a conclusão do inquérito, que segue em sigilo, a documentação será encaminhada ao Ministério Público Federal em Minas, que decidirá se abre ou não processo contra o tucano. As investigações contra o ex-ministro começaram em 2007 pela Procuradoria-Geral da República, tendo como base o inquérito do mensalão tucano, segundo o qual houve desvios de recursos públicos para beneficiar, em 1998, o então governador Eduardo Azeredo (PSDB), que tentava se reeleger. Naquele ano, Veiga se elegeu deputado federal.

Ao todo, quinze pessoas foram denunciadas, dentre elas o senador Clésio Andrade (PMDB), também pré-candidato ao governo mineiro, e o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, que teve o processo prescrito em janeiro deste ano, após completar 70 anos.

Segundo as investigações, a empresa SMP&B, de Marcos Valério, obteve empréstimos no Banco Rural e repassou para a campanha de Azeredo. Além disso, três estatais teriam repassado mais de R$ 4,5 milhões a Valério a título de pagamento para patrocínio de eventos esportivos. Mas a PGR afirma que o custo do serviço foi de R$ 98,9 mil. O restante foi usado para a campanha de Azeredo.

O esquema teria tido envolvimento da Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig), da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge).

(Minas 247)

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Mineroduto de 482 km pode provocar falta de água no norte de Minas ÁGUA Região semiárida não comporta receber mineração; MP entrou com ação civil para suspender o licenciamento

Mídia Ninja

Maíra Gomes O Norte de Minas Gerais é palco de disputa para a implantação do que pode ser o maior empreendimento de extração e transporte de minério da história da região.

O projeto de mineração Vale do Rio Pardo, da empresa Sul Americana de Metais S/A (SAM), pretende construir uma mina para extração do minério de ferro no município de Grão Mogol, local onde o minério será também beneficiado, e construir de um mineroduto de 482 Km de extensão, para o transporte para o porto de Ilhéus (BA). O projeto prevê um custo de R$3 bilhões.

Durante audiência pública realizada na última quarta-feira (9) pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Ministério Público Estadual (MP) informou que ingressará com ação civil pública nos próximos 15 dias solicitando a suspensão do pedido de licenciamento ambiental, em trâmite no Ibama desde 2012. Se o pedido for aprovado, a SAM receberá uma licença prévia para iniciar as obras.

O MP alega que, para se ter dimensão total dos impactos, é importante que o projeto seja avaliado como um todo, não de forma fragmentada. O EIA/RIMA apresentado pela empresa contempla apenas o mineroduto e o chamado Bloco 8, que tem possibilidade de exploração por 25 anos. No entanto, o projeto total ainda conta com ou-

tro bloco, o 7, não incluído no estudo de impacto. Após ser questionado, o diretor de Relações Institucionais da SAM, Geraldo Magela, não garantiu que o Bloco 7 também não seria explorado nesses 25 anos.

“Eles pedem um estudo menor pra ter mais chance de aprovar, mas pedem depois aditivos e vão dobrar a produção, o que vai causar um impacto ainda maior. Acho que a chance do MP ganhar é grande”, acredita o deputado estadual Rogério Correia (PT), que fez o pedido da audiência.

“O mineroduto vai enxugar a água. Quando chegar a hora da seca, a empresa não vai diminuir a produção porque está faltando água pra população. E as comunidades é que vão sofrer” Desperdício de água onde já não tem O uso da água é o que mais preocupa a população local e os movimento sociais. Adair Pereira de Almeida, morador de Grão Mogol e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), lembra que a região sofre com a estiagem, já que em nove meses do ano o nível de água dos rios e igarapés baixam significativamente. Ele explica que a mineração já utiliza uma quantidade tão grande de água que Reprodução

Região sofre com a estiagem por nove meses do ano

Em audiência pública, MP questionou qual será a área impactada

não deveria ser permitida a extração em regiões semiáridas, como é o caso do Norte de Minas. Com a implantação do mineroduto, que compreende o transporte do minério por canos através da água, seria ainda mais complicado. “O mineroduto vai enxugar a água. Quando chegar a hora da seca, a empresa não vai diminuir a produção porque está faltando água pra população. E as comunidades é que vão sofrer”, declara.

A empresa SAM já tem a outorga, ou seja, o direito de uso, de 6200 mm³/hora de água da Barragem de Irapé, localizada em Grão Mogol. O valor representa 14% de toda a capacidade de cessão da água da barragem, que está instalada no rio Jequitinhonha, um dos maiores da região, responsável por abaste-

cer milhares de famílias e comunidades, que vivem basicamente da agricultura familiar.

Na audiência pública, o diretor da empresa informou que a SAM pretende ainda construir outra barragem no local, no rio Vacaria. Dali deverá retirar a água necessária para cobrir as necessidades do projeto, além de ceder 4 mil mm³/hora para o governo investir em abastecimento humano e irrigação. No entanto, Adair afirma que a água dificilmente terá utilidade real, pois estará contaminada. “A água é contaminada na cava [local de extração do minério], quando alcança os lençóis freáticos, e também na barragem de dejetos. Apesar das proteções obrigatórias, sempre há problemas e falhas, o que causa a contaminação

Decreto pode retirar famílias Em janeiro deste ano, o governo estadual publicou o Decreto com Numeração Especial 30, de utilidade pública, para “desapropriação de pleno domínio ou constituição de servidão” de terrenos nos nove municípios afetados pelo empreendimento: Águas Vermelhas, Berizal, Curral de Dentro, Fruta de Leite, Grão Mogol, Novorizonte, Padre Carvalho, Salinas e Taiobeiras. O decreto abre brecha para a desapropriação dos terrenos atingidos a qualquer momento. O deputado Rogério Correia afirmou que vai entrar com um projeto de lei na ALMG pedindo revogação do decreto.

Exploração: projeto de governo O militante do MAB Pablo Andrade Dias afirma que o projeto Vale do Rio Pardo evidencia o projeto neoliberal em curso em Minas Gerais. “O papel do Estado tem sido facilitar e operar os interesses do capital internacional em Minas. E a mineração entra nesse bojo, de exploração e exportação do minério bruto. Isso não favorece o desenvolvimento industrial do país, apenas retira as riquezas do povo”, aponta.

Na próxima edição, conheça a vida dos Geraizeiros, comunidade tradicional do Norte e Minas, e veja como eles têm sido afetados por empreendimentos de exploração de riquezas naturais na região.

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Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar?

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Acervo UFMG

Acompanhando

Na edição 32 ...

Cemig quer 30% de aumento na conta de luz ...E AGORA

Símbolo da resistência durante o período da ditadura militar em Belo Horizonte, o antigo prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), na rua Carangola, bairro Santo Antônio, foi tombado em reunião extraordinária do Conselho do Patrimônio Cultural de BH, no dia 31 de março, quando o golpe militar completou 50 anos. No local, vai funcionar o Memorial Nacional da Anistia.

Emir Sader

Renato Godoy

O dilema da mídia

A sociedade em defesa da criança

Ninguém quer calar a imprensa. Essa é a versão que ela busca dar para as propostas de democratização dos meios de comunicação. Estas, ao contrário, não querem que ninguém deixe de falar, mas que muito mais gente, oxalá todos, possam se expressar.

O dilema na democracia não é entre uma imprensa calada ou essa que temos.

A imprensa está monopolizada por algumas famílias que definem o que diz, como, quando, que pretendem ser o partido de oposição, que distorce a verdade. A imprensa é financiada pelas agências de publicidade e, através dessas, pelas grandes empresas, que condicionam o funcionamento da imprensa.

A imprensa cria um clima de incerteza e de insegurança, apesar do crescimento da economia, do aumento do nível de emprego e dos salários.

Essa é a imprensa que temos hoje, que condiciona as chamadas “agências de risco”, que pressiona sistematicamente o governo pelo aumento da taxa de juros, que representa não a população, mas o capital financeiro. A mídia criou um clima de “terrorismo econômico”. E o governo assiste impassível a essas manobras que anulam as tentativas do governo de canalizar recursos para os investimentos produtivos. O governo reage defensivamente, aumentando sucessivamente a taxa de juros diante do fantasma artificialmente construído do risco inflacionário.

Os boatos, ao não receberem respostas políticas, se tornam forças materiais e as autoprofecias se cumprem. Sem democratização dos meios de comunicação, nem sequer a retomada do crescimento econômico será possível e sustentável. O dilema da mídia na democracia não é entre mídia monopolista ou silêncio, mas entre terrorismo econômico da ditadura midiática ou democratização dos meios de comunicação.

A resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), publicada no Diário Oficial no dia 4 de abril considera como abusiva toda a comunicação mercadológica voltada à criança.

O texto diz que “a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” é abusiva e, portanto, ilegal, segundo o Código de Defesa do Consumidor.

A aprovação do texto é uma vitória da sociedade civil e um avanço significativo para a proteção integral da infância. O direcionamento de publicidade à infância reforça a noção da criança como consumidora e promotora de vendas. Segundo pesquisa do Interscience (2003), as crianças participam do processo decisório de 80% das compras da casa.

No entanto, a ideia da criança como consumidora e promotora de vendas tende a confrontar importante conquista da sociedade brasileira: a noção da criança como um sujeito de direitos, previstos na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. O direcionamento de comunicação mercadológica à criança é uma forma de tirar proveito de um indivíduo em desenvolvimento físico, social e psíquico que, portanto, ainda não atingiu a plenitude de seu senso crítico para compreender o caráter persuasivo da mensagem publicitária.

O mercado publicitário, editorial e radiodifusor ignorou a resolução do órgão e continua incorrendo nesse direcionamento ilegal às crianças. Em uma nota assinada pelas nove maiores entidades do setor, deslegitimam a atuação do Conselho Nacional.

Cabe, agora, à sociedade fiscalizar. No site prioridadeabsoluta.org.br, do Instituto Alana, há modelos para denunciar a publicidade infantil.

Emir Sader é cientista político e editor de blog em cartamaior.com.br

Renato Godoy é jornalista, sociólogo e pesquisador do Instituto Alana

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou o aumento de 14,24% na conta de luz dos consumidores residenciais de Minas Gerais. A medida começou a valer na última terça-feira (8), e também foi autorizado aumento de 12,42% na conta dos clientes de alta tensão, valor que será repassado às grandes indústrias, e 15,78% dos de baixa tensão. O reajuste foi aceito pela Cemig, que pleiteava 30%, justificados como forma de cobrir redução de receita com o novo modelo de concessão do governo federal. Em 2013, a empresa lucrou cerca de R$ 3,1 bilhões.

Na edição 16...

Farinhaços e CPI pra não terminar em pizza .. E AGORA A apreensão de 450 quilos de cocaína em helicóptero ligado à família dos Perrella, aliados de Aécio Neves, foi tema do Brasil de Fato MG na edição 16. Em discurso feito na segunda-feira (7), Aécio Neves foi questionado pelo estudante Marcelo Ximenes sobre a “cocaína do helicóptero”. O candidato à presidência não respondeu e saiu do palco, enquanto dois seguranças levaram o estudante para fora do auditório. Na terça-feira (8) foi divulgada a notícia de que os quatro envolvidos com o tráfico da cocaína foram soltos e responderão em liberdade. O senador Zezé Perrella e seu filho, o deputado Gustavo Perrella, ambos de Minas Gerais, continuam com seus bens bloqueados por conta de outro problema, uma fraude administrativa denunciada em janeiro pelo Ministério Público.

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

entrevista | 09

Vicentão, defensor das favelas HISTÓRIA DE BH Desde menino, enfrentava a polícia com bodoque e lutava contra o preconceito Rafaella Dotta “A cozinheira que trabalhava em Lourdes morava na Pedreira Prado Lopes. O pedreiro morava num barracão arrebentado. O jardineiro também... todo mundo que fazia tudo em Belo Horizonte morava na favela”, Vicente Gonçalves lembra como começou a perceber as injustiças da vida.

Vicentão, hoje com 82 anos, é um lutador desde que aprendeu técnicas de guerra, aos 16. Organizou um exército de meninos para defender as casas da favela onde morava, em 1944, e conseguiu que o prefeito JK não mexesse com a Barroca. Ajudou na proteção de outras comunidades e foi um dos fundadores da União de Defesa Coletiva (UDC) das favelas de BH, nos anos 1960. A sua história passou pela ditadura militar, quando foi perseguido e preso, e vem até os dias de hoje. Advogado, Vicentão atualmente ocupa a presidência da Associação dos Perseguidos Políticos do Brasil.

Brasil de Fato - Quem é você?

Vicente Gonçalves - Eu sou Vicente Gonçalves, nasci numa cidade chamada Ouro Fino. Minha mãe ficou órfã e a tia dela começou a espancar. O juiz da cidade, filho do Barão de Paranapiacaba, pegou a minha mãe, ainda menina, e levou pra casa dele. O filho do juiz viu a criola e meteu esse mulato dentro dela. Quando eu nasci, o juiz mandou me matar. Aí foi aquela briga, aquela confusão. Minha mãe me pegou e veio pra Belo Horizonte morar em uma favela chamada Barroca. E ali

“Quando a cidade ficou semipronta e teve a inauguração, o pessoal continuou nas favelas. A origem das favelas de Belo Horizonte foi a construção da cidade” onde está a Assembleia Legislativa ela construiu uma casa, em que me criou. Antes de interar os quatro anos eu sabia ler e escrever, mas não por inteligência, por causa do tamanco da minha mãe (risos).

Como era a vida na favela?

Naquela época, em 1940, o povo vinha muito do interior, mas não tinha dinheiro pra comprar uma casa aqui. Então a gente, os meninos, ajudava a fazer adobe, carregava balde. Nessa época o pessoal vinha

Noronha Rosa

ta básica e até o prefeito Juscelino [Kubitschek] foi lá. Subiu no caminhão e falou: “Enquanto eu for prefeito de Belo Horizonte ninguém mexe com essa favela. Aqui, desde menino até idosos lutam pelos seus direitos. Isso é a democracia que nós esperamos um dia nesse país.” E foi verdade, ninguém mais

“Quando acabamos a briga, eu juntei os meninos e comecei a falar: nós nascemos nessa cidade e nós vamos ficar é aqui” mexeu com a Barroca. Mas ainda tinha muita violência nas outras favelas e o pessoal chamava a gente.

Aí foi quando a gente fez a União de Defesa Coletiva das favelas de Belo Horizonte.

Vicente Gonçalves, na associação dos perseguidos políticos

“Não pode isso não. Isso aqui não é nossa pátria? Nós não moramos aqui?, eu pensava. Isso era a ideia de um menino favelado, né?” muito, porque tinha o sorteio para escolher os homens que iam para o Exército, que treinava os soldados na Barroca. E eu também participava. A primeira vez que eu tomei café com leite e comi pão foi com eles. E nisso eu aprendi muitas coisas. Os tenentes Marcelo e o sargento Bezerra diziam: “você tem que amar a sua pátria”. Eu perguntei “o que é a pátria?” e eles falaram “é onde mora seu pai, sua mãe, sua família, seus amigos. Ali é sua pátria”.

E aquilo ficou na minha cabeça.

Como você notou a injustiça com as favelas?

Quando BH foi construída, a tecnologia era argila, madeira, prego, cal, areia e pedra e vinha tudo da Pedreira Prado Lopes. Então, o povo ia construindo suas casas onde trabalhavam mesmo. Era uma efervescência de operários. Quando a cidade ficou semipronta e teve a inauguração, o pessoal continuou nas favelas. A origem das favelas de Belo Horizonte foi a construção da cidade. Naquele período eu comecei a questionar. A cozinheira que trabalhava em Lourdes morava na Pedreira Prado Lopes. O pedreiro morava num barracão arrebentado.

O jardineiro também... todo mundo que fazia tudo em Belo Horizonte morava na favela. E não tínhamos água, não tínhamos luz, não tinha esgoto, não tinha nada.

Por que vocês criaram o grupo de defesa das favelas?

Nós estávamos ajudando a fazer um barracão na Barroca. Tinha que fazer de 9 às 18 horas, senão o caminhão da prefeitura chegava e derrubava. E derrubaram essa casa que fizemos, bem na hora em que o pessoal estava mudando. A gente ficou muito horrorizado. “Não pode isso não. Isso aqui não é nossa pátria?

Nós não moramos aqui?”, eu pensava. Isso era a ideia de um menino favelado, né? Reuni os meninos, escolhemos um comandante e fomos fazer o nosso exército. No duro mesmo. Até hoje eu acho engraçado como eu me imbuí desse troço... Estavam construindo uma casa e chegou o caminhão da prefeitura, com o pessoal falando: “não é pra fazer casa aí, nós vamos derrubar e vamos meter a borracha!”. Eu disse: “hoje vocês não vão derrubar barracão aqui, não”. O moço da prefeitura: “mete a porrada nesse menino”. Mas nosso exército já estava preparado. E pá! Pá no bodoque [estilingue]! Os moços da prefeitura ficaram arrebentados de pedra.

No outro dia eles vieram, mas já tinham adultos com a gente. As mulheres com aquelas formas de fazer adobe, os homens com a enxada. Foi uma guerra e eles foram embora de novo. No outro dia não voltaram, só ficaram rondando pra lá e pra cá, mas, depois, vieram três caminhões. Trouxeram remédio, ces-

Vocês atuavam só na favela?

Ali na Praça Sete, negro podia passar, mas não podia parar, senão apanhava. Um dia eu parei lá e me bateram, chutaram minhas coisas e aquela coisa toda. Chamei o exército do bodoque, chegamos lá e cobrimos o pau. Chegava os estudantes junto com a gente também. Um cara do nosso exército reclamou, dizia: “o que esses pó de arroz estão fazendo aqui?” Eu dizia: “é aliado!”. Quando acabamos a briga, eu juntei os meninos e comecei a falar: nós nascemos nessa cidade e nós vamos ficar é aqui.

Como a ditadura militar te atingiu?

Em 1964 veio o golpe militar. A primeira ordem era matar o Vicente Gonçalves, o Dimas da Anunciação Perrin, do PCB, e o Chicão, das Ligas Camponesas de Governador Valadares. À noite chegou o secretário de segurança dizendo: “Vicente, dá no pé porque o exército deu o golpe. A ordem é matar vocês”. O que eles mataram de estudante... foi uma tristeza. Eu era um lutador em solidariedade.

E como está a organização hoje nas favelas em BH? Hoje não tem organização nas favelas igual teve. Estou vendo uma turma de jovens que estão questionando, mas a organização é muito incipiente, e lidam com três coisas que atrapalham muito: a droga, o ensino primário e fundamental, que hoje não ensinam nada, e o funk. Mas tem uma turma que está chegando e está dando sequência na luta.

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Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

Ato das centrais sindicais reuniu aproximadamente 40 mil pessoas MARCHA Trabalhadores reivindicam redução da jornada e valorização do mínimo Cerca de 40 mil pessoas participaram nesta quarta-feira (9) da 8ª Marcha Unificada da Classe Trabalhadora em São Paulo, segundo estimativa da organização. O ato das centrais sindicais teve início na Praça da Sé, na região central, e terminou por volta das 13 horas no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista.

A expectativa do movimento é que o governo federal abra um canal de negociação com as entidades sindicais e anuncie alguma medida no dia 1° de maio, quando se comemora o Dia do Trabalho. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que a marcha vai pressionar o Executivo e o Congresso Nacional (Câmara e Senado) a retomar negociações da pauta dos trabalhadores. “O Congresso tem de aprovar a nossa pauta. Esse é o momento. Em ano eleitoral, eles vêm atrás de voto e para ter voto de trabalhador (a) tem de atender a pauta da

CUT/Reprodução

classe trabalhadora”, disse o dirigente.

A atividade foi encerrada com a Marcha reuniu seis centrais sindicais nas ruas de SP aprovação por aclamação da assembleia geral da pauta unificada das centrais. Entre as reivindicações estão a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem diminuição de salário, manutenção da política de valorização do salário mínimo, fim do fator previdenciário, redução da taxa básica de juros, correção e progressividade da tabela do Imposto de Renda e contra o Projeto de Lei 4.330, que trata das terceirizações.

“Este foi um ato para demonstrar a unidade das centrais. E atividades coAlém da UGT, participaram do ato mo esta sempre têm como resultado vimentos está um pouco distante. políticas de valorização dos trabalha- Acreditamos que a voz das ruas vai a Central dos Trabalhadores do Brasil dores”, declarou Ricardo Patah, presi- ser importante para sensibilizá-lo”, (CTB), Central Geral dos Trabalhadodente da União Geral dos Trabalha- avaliou. Patah acredita que o 1° de res do Brasil (CGTB), Central Única dores (UGT). Ele avaliou que este é maio é uma data significativa para es- dos Trabalhadores (CUT), Força Sinum momento importante para fazer ta demonstração, como o estabeleci- dical e Nova Central. andar a pauta trabalhista, pois é ano mento do compromisso de manutenção da política de valorização do salá(Agência Brasil, com agências) de eleição.

“A relação do governo com os mo- rio mínimo.

Lançamento do programa Outras Palavras

No próximo dia 13 de abril, domingo (de 7h às 7h30), o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) colocará no ar, pela TV Band, o programa Outras Palavras.

O objetivo do Sind-UTE/MG é promover, por meio desse canal, uma ampla discussão sobre a educação pública em Minas Gerais, na visão dos educadores.

Outras Palavras

Além do Educação em Debate, teremos os quadros: Agenda, Momento CUT Minas e o Humor na Educação.

Fique ligado no programa Outras Palavras todos os domingos, de 7h às 7h30.

Abril/2014

Filiado à

www.sindutemg.org.br

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brasil | 11

CPI para esquentar as eleições PETROBRAS Pesquisador aponta que oposição quer apenas desgastar o governo Pedro Rafael Vilela de Brasília (DF)

O Senado Federal deixou para a próxima semana a decisão sobre a CPI da Petrobras. Parlamentares da base do governo e da oposição brigam para definir se a CPI investigará apenas a empresa brasileira de petróleo ou se também vai apurar denúncias de formação de cartel nas licitações do metrô de São Paulo e irregularidades na construção do Porto de Suape e da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Para o professor de ciência política da FGV/SP e PUC/SP, Francisco Fonseca, a disputa em torno da CPI tem motivação eleitoral. “A oposição está muito enfraquecida para a disputa das eleições e precisa de algo a mais para desgastar o governo”, explica. Fonseca acredi-

ta que tudo o que envolve dinheiro público “precisa ser investigado”, mas não crê que esse seja o objetivo nem do governo, nem da oposição.

A novela continua na próxima terça-feira (15). O plenário do Senado vai decidir se acolhe o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que é favorável a uma investigação ampla, que inclua Petrobras, metrô de SP e porto em Pernambuco. Frente à derrota no Congresso, os partidos de oposição recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) com um mandado de segurança para que prevaleça a CPI exclusiva da Petrobras.

O PT reagiu e também foi ao Supremo, alegando que a CPI deve investigar esse e outros temas.

Marco civil da internet pode virar lei dia 22 Pedro Rafael Vilela, de Brasília Diversas entidades cobraram do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), rapidez na votação do projeto de lei do marco civil da internet. O pedido foi entregue em carta assinada por mais de 30 organizações da sociedade civil, durante audiência realizada na noite desta quarta-feira (9), em Brasília. O objetivo é que o texto seja votado em plenário no próximo dia 22 . “Vou reunir com os líderes para definir este calendário”, anunciou Calheiros. O marco civil tramita simultaneamente em três comissões. Uma audiência foi realizada na manhã de quinta (10) e outras duas estão agendadas para os dias 15 e 22.

Apesar de estar em discussão no Congresso desde 2011, os senadores envolvidos com a tramitação do projeto reagiram à pressão da sociedade.

“Acho profundamente injusto ser im-

putado ao Senado um prazo para que nós não exerçamos na nossa plenitude, não o nosso direito, mas o nosso dever”, afirmou Vital do Rêgo (PMDB -PB), durante audiência.

“Sabemos que tem muitos interesses empresariais em jogo contra o marco civil, que põem em risco a neutralidade da rede”, avaliou Bia Barbosa, do coletivo Intervozes. O jurista e ciberativista Paulo Santarém lembrou que a formatação do projeto começou em 2007. “Não é o melhor dos mundos, mas será a melhor lei do mundo quando aprovada”, destacou.

Se aprovado no dia 22, caberá à presidente sancionar o projeto, para que se transforme em lei. A meta do governo é exibir o novo marco durante a Reunião Multissetorial Global Sobre Governança da Internet (#netmundial), programada para os dias 23 e 24 de abril de 2014, em São Paulo. (Com informações da Agência Senado)

Fim da licença para matar Pedro Rafael Vilela, de Brasília Está pronto para ser votado na Câmara dos Deputados o projeto de lei 4.471/12, que acaba com os chamados autos de resistência ou “resistência seguida de morte”. Esse mecanismo foi criado durante a ditadura militar e permite que as mortes ou lesões corporais cometidas pela Polícia nem sequer sejam investigadas.

De acordo com autor do projeto, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o projeto está na pauta do plenário e pode ir à votação na próxima semana. Os setores que representam os interesses policiais querem modificar o texto. “Vamos amadurecer um entendimento para votar nos próximos dias”, revelou Teixeira.

Justiça Com a mudança, a cena do cri-

me envolvendo policiais deverá ser preservada e periciada. Fica proibido o transporte de pessoas feridas no carro de autoridades de segurança até o hospital, como ocorreu com a faxineira Cláudia Silva Ferreira, no mês passado, que acabou sendo arrastada por mais de 250 metros no camburão da PM, no bairro de Madureira, no Rio. O caso gerou revolta e forte comoção nacional. Nos casos de morte, os policiais também ficam proibidos de acompanhar o exame de autópsia.

Mortes Em 2011, segundo estatísticas oficiais, mais de 42% das mortes foram registradas com auto de resistência nos estados de SP e RJ. Além disso, a maior parte das vítimas são jovens entre 15 e 29 anos, homens e negros.

Deputado renuncia Da Redação O deputado André Vargas (PT-PR) anunciou nesta quarta-feira (9) a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados. A decisão ocorre depois que o Conselho de Ética abriu processo de cassação por suposta quebra de decoro parlamentar, por causa da revelação das relações entre o parlamentar e o doleiro Alberto Youssef. Vargas já havia pedido licença não remunerada da Câmara na última segunda-feira (7), para, segundo ele, se concentrar na sua defesa.

Projeto de lei que acaba com os autos de resistência está pronto para ser votado

12 | mundo

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

Poluição obriga cidade a limitar venda de carro CHINA Apenas 80 mil carros poderão ser vendidos por ano Mais uma cidade chinesa, Hangzhou, decidiu limitar a compra de carros a seus moradores.

Antes um luxo inacessível, nos últimos três anos, o automóvel se tornou grande objeto de consumo no país asiático.

A partir de agora, para tentar melhorar a qualidade do ar e aliviar o trânsito, o governo municipal de Hangzhou restringiu para 80 mil o número de automóveis que podem ser vendidos anualmente na cidade. 80% dos novos pedidos serão sorteados e os restantes vão a leilão, com uma base de licitação de 10 mil yuan (cerca de 1.200 euros).

Capital da próspera província de Zhejiang, na costa leste da China e sede de um município com cerca de 8 milhões de habitantes, Hangzhou é a sexta cidade chinesa a limitar a venda de automóveis, depois de Pequim, Xangai, Can-

Reprodução

Hangzhou é a sexta cidade chinesa a limitar a venda de automóveis

tão, Guiyang e Tianjin.

Há pouco mais de duas décadas, a bicicleta era o único meio de transporte privado a que a maioria das famílias chinesas podia aspirar. Em 2009, a China tornou-se o maior mercado de automóvel do A presidenta da Argentina, Crismundo, ultrapassando os Estados tina Kirchner, foi madrinha de Unidos. (Agência Brasil) Umma Azul, filha do primeiro casamento entre mulheres da história do país. Umma foi batizada no sábado (5), na cidade de Córdoba, a 700 quilômetros da capital Buenos Aires. Karina Villarroel e Soledad Ortíz, casal responsável pela menina batizada, agradeceram à presidenta e sua equipe de trabalho por aprovar a lei que permitiu o casamento entre pessoas do mesmo gênero em 2010. (Telesur)

Cristina será madrinha da filha de primeiro casamento gay Reprodução

Sem valorizar

os professores,

Governo de Cristina Kirchner aprovou casamento gay em 2010

em foco

a educação para

Papa Francisco canoniza beato do Brasil O papa Francisco assinou o decreto de canonização do beato José de Anchieta. O “apóstolo do Brasil” foi beatificado em 1980 e tornou-se santo mesmo sem ter milagres comprovados. O processo de canonização foi aberto há mais de 400 anos.

Campanha Salarial 2014

Assembleia de professores 15 de abril - terça-feira - 18h30 Local: Rua Jaime Gomes, 198 - Floresta

SINDICATO DOS PROFESSORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS FILIADO À FITEE, CONTEE E CTB - WWW.SINPROMINAS.ORG.BR

Salário das latinas é inferior nos EUA Nos Estados Unidos, o salário médio das mulheres é inferior aos dos homens em quase todas as profissões. Entre as mulheres latinas, essa diferença é ainda maior, aponta um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa de Políticas para a Mulher.

Desaparecimento de avião completa um mês Na terça-feira (8), as buscas pelo Boeing 777 da Malaysia Airlines completam um mês. A aeronave desapareceu dos radares depois da decolagem, com 239 ocupantes. Não foram achados destroços ou corpos, apesar de o governo malaio afirmar que o avião caiu no Oceano Índico.

variedades | 13

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014 Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

AMIGA DA saúde

Estou tentando engravidar já faz 8 meses e nada... Ando muito estressada por conta do trabalho e tenho medo que isso possa estar interferindo, pois já fomos ao médico e parece que não tem nenhum problema comigo nem com meu marido. O que você acha?

Querida amiga da saúde, minha irmã está com 10 anos e menstruou mês passado. Fiquei preocupada, pois a minha só veio aos 15. Será que ela está com desenvolvimento precoce?

Sueli Angélica, 30 anos, telemarketing

Não, Maria Júlia, pode ficar tranquila. Não tem problema a menstruação chegar aos 10 anos. A partir dos 9 anos, geralmente, a menina já começa a apresentar alterações hormonais e muitas mudanças acontecem no corpo. Uma delas é a menarca (primeira menstruação). Outras alterações são o crescimento das mamas, afinamento da cintura e aparecimento de pelos na região pubiana.

Não há uma regra única quanto à idade correta da menar-

Cara Sueli, um nível de estresse elevado pode sim interferir na sua fertilidade. Isso é pouco conhecido e ainda não há estudos muito conclusivos. Um estudo publicado na revista Human Reproduction acompanhou 400 casais e utilizou uma enzima que aparece na saliva quando estamos estressados para avaliar o impacto na gravidez. A conclusão foi que mulheres com níveis de estres-

Maria Júlia, 19 anos, estudante

se aumentados tiveram 29% menos chances de engravidar. Procure descansar e fazer coisas que lhe agredem. Também fique atenta ao seu período fértil, quando vocês devem investir mais nas relações sexuais. Engravidar não é tão fácil, principalmente quando se quer muito. No SUS você pode fazer tratamento em laboratórios de fertilização, caso seja necessário.

ca, tanto 10 quanto 15 são normais. Converse com sua irmã sobre isso. É bom que ela esteja preparada, pois a adolescência é uma fase de muitas mudanças e isso pode gerar ansiedade para ela.

Fiz um exame há pouco tempo e deu que estou com uma pedrinha bem pequena no rim. A moça disse que não é nada preocupante mas que devo tomar muita água. Como posso saber se o tanto que estou tomando é suficiente?

Josué, 35 anos, pedreiro Josué, a água é fundamental para a vida e precisamos tomar bastante mesmo. Geralmente, orienta-se beber cerca de 2 litros por dia, mas cada pessoa tem uma necessidade, de acordo com o tamanho e funcionamento do corpo. Você saberá se está ingerindo quantidade suficiente olhando a cor da sua urina. Ela é um ótimo marcador. A urina deve sempre estar amarelo bem clarinho ou transparente.

Se estiver escura é sinal de que você precisa beber mais água. Fique atento!

A novela Como ela é Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9.

Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

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Darlene, Felipe, nós e o álcool Na novela Em Família, das 21h, um tema já batido em folhetins e séries brasileiras está chamando minha atenção: o alcoolismo de Felipe. Claro que a atuação dos atores mais envolvidos na trama (Thiago Mendonça e Bruna Marquezine) ajuda - e muito - a dar uma tônica diferente para o caso.

O moço, médico competente, desde a segunda fase da novela dava sinais de que gosta da birita. Vinte anos se passaram e o caso se tornou clínico. Felipe é dependente de álcool. O prazer que ele sente ao tomar a dose de alguma bebida evidencia a dificuldade dos viciados em qualquer substância: lidar com o desejo de satisfazer a vontade ao mesmo tempo em que o corpo vai demonstrando sinais de saturação.

A novela parece tratar da questão quando mostra o desafio diário do médico para reconhecer a dependência, pedir ajuda, enfrentar a pressão da família e se tratar. Luiza, a sobrinha e amiga, vem o ajudando.

Levou-o ao Alcoólicos Anônimos (AA) e não passa a mão na cabeça do tio diante de suas recaídas.

Mas o processo é tão difícil que o moço ainda não deu conta de dividir o problema no grupo de apoio, nem de segurar a vontade. Até beber escondido (de quem?) ele bebe. O olhar para si mesmo e o olhar dos outros parecem ser os obstáculos adicionais a se enfrentar.

Outra personagem alcoólatra atualmente na TV é Darlene (Marília Pera) da série Pé na Cova. A ex-mulher de Russo (Miguel Falabela) iniciou a nova temporada, estreada esta semana, internada. A consequência dos anos em que passa o dia a dia com um copo de gim nas mãos é um problema no fígado. O seu caso mescla o humor e a tristeza de alguém que vive sempre com as sensações físicas e emocionais alteradas pela bebida. Felipe ainda não chegou a passar por problemas físicos, mas a dependência já impactou o desempenho no trabalho.

Longe de uma defesa moralista anti-álcool, o que me chama atenção nestes casos é trazer para o sofá os desafios do alcoolismo, que pode afetar qualquer pessoa. Compreender a questão como um processo e acolher quem passa por ele me parecem um bom caminho.

Pelo menos um primeiro passo.

Até a próxima semana!

Joaquim Vela (quimvela@brasildefato.com.br)

14 | cultura

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

Onhas do Jequi MÚSICA 30 anos depois, músicos se reúnem de novo em show Raíssa Lopes Neste fim de semana, Belo Horizonte recebe dois shows que celebram a riqueza cultural do Vale do Jequitinhonha. O primeiro é a reedição do histórico “As Onhas do Jequi”, 30 anos depois da apresentação que marcou a ascendência de uma geração de músicos e poetas da região. No sábado, se encontrarão novamente Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira, Rubinho do Vale, Frei Chico, Lira Marques, Coral Vozes das Veredas, Tadeu Franco, Gonzaga Medeiros e Tadeu Martins para mostrar à capital, mais uma vez, um pouco das raízes e som do Nordeste Mineiro.

O segundo show, no domingo, “Incelente Maravilha”, fica por conta do cantor e violeiro Pereira da Viola, que comemora 20 anos de carreira. O músico apresentará, além de composições próprias, parcerias com os convidados Titane, Wilson Dias, Josino Medina e Célio Sene.

Para o diretor executivo do Valemais, uma das entidades que organiza o encontro, Guilardo Veloso, natural de Pedra Azul, Belo Horizonte é a quarta região perdida do Jequitinhonha. “Existem 400 mil imigrantes de lá vivendo aqui. E eu

Vilmar Oliveira

que faço parte desses habitantes, sei que quem é do Vale continua a ser de lá independente do lugar onde está. É uma cultura muito forte, rica, e a sensação de pertencimento que a região dá é muito característica”, comenta. Além de difundir a tradição, as ações culturais permitem que os moradores do Vale se reconheçam, e matem também a saudade da terra.

DVD As duas apresentações serão gravadas em DVD. Ao todo, 150 pessoas estão envolvidas no projeto, que deverá ser lançado no segundo semestre. A partir daí, Pereira da Viola rodará o país em turnê destinada à apresentação do trabalho.

Esse será o primeiro DVD solo de Pereira. O músico conta que está muito feliz em fazer parte do projeto, que lança “um novo olhar sobre a cultura do Jequitinhonha”. “Após o lançamento do DVD, gostaria muito de levar o show para os eventos dos movimentos de luta social, assentamentos e companheiros. Porque quando se fala em produção orgânica, faço uma associação muito grande com o meu trabalho, que também é orgânico. Além disso, é saudável, alimenta”, comenta.

No domigo, Pereira da Viola se apresenta no Minascentro

SERVIÇO “As Onhas do Jequi - 30 Anos”: sábado, 12 de abril “Incelente Maravilha - 20 Anos”: domingo, 13 de abril. Às 20h, no Minascentro (Av. Augusto de Lima, 768, Centro).

Ingresso antecipado a R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada); na hora, R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada). A venda antecipada acontece no Mercado das Flores e online, pelo site www.sympla.com.br/valemais.

Solidariedade para construção do Luiz Estrela Mídia Ninja

Está chegando ao fim a campanha de arrecadação de verba para o Espaço Comum Luiz Estrela. Centenas de pessoas colaboraram com a causa, que pretende pagar o custo das reformas emergenciais já realizadas no casarão, além de garantir os demais reparos iniciais. As doações podem ser feitas até dia 18 de abril, pela plataforma de financiamento online Catarse.

A primeira etapa para a restauração é realizar o escoramento do prédio, que está com a estrutura seriamente comprometida e corre risco de desabamento. Após a medida, será implementado o Laboratório Comum de Pesquisa, Formação, Restauro e Zeladoria que prevê, ao longo de dois anos, a recuperação estrutural completa do imóvel e desenvolvimento de pesquisas históricas, arqueológicas, psicossociais e antropológicas. Uma oficina de restauração já foi iniciada pela cola-

casarão estava abandonado O Espaço Comum Luiz Estrela é um centro cultural que nasceu em 26 de outubro de 2013, resultado da ocupação de um casarão localizado no bairro Santa Efigênia, na região Leste de Belo Horizonte. Artistas, militantes, produtores culturais e moradores decidiram dar nova destinação ao imóvel, abandonado há mais de 20 anos, e torná-lo lugar de convivência para toda a comunidade. O nome é uma homenagem a um artista que morava na rua e foi morto pela PM.

boradora Priscila Musa. De acordo com a representante do Luiz Estrela Paula Kimo, a ideia é que, com as aulas, os colaboradores possam participar da reforma também de maneira prática e atuante.

Iniciada em fevereiro, a campanha “Apoie o Casarão Luiz Estrela” foi orçada em R$ 45 mil. Até quintafeira (10), contabilizando oito dias para o encerramento, o valor arrecadado já chegava a R$ 38 mil. “Foram apenas dois meses, e a contribuição foi muito grande. A gente agradece muito os apoiadores, artistas, personalidades, todo mundo que ajudou de alguma forma, mínima forma”, afirma Paula.

O Espaço Comum Luiz Estrela conquistou artistas como Gregorio Duvivier e Tulipa Ruiz, que compartilharam posts de apoio em suas redes sociais. Para compor o mutirão, acesse: http://catarse.me/pt/ espacocomumluizestrela. (da Redação)

Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014

AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA

INFANTIL

A série de Concertos no Parque apresenta o regente titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Sílvio Viegas, para a abertura da temporada 2014. A apresentação acontece no domingo (13), às 10h, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti.

O grupo Maria Cutia exibe o espetáculo “Concerto em Ré”, que conta a história da banda de rock Maracutaia, formada por palhaços. Domingo (13), às 11h30, Museu Histórico Abílio Barreto (Av. Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim).

é tudo de graça!

VINIL

Feira do Vinil e CDs Independentes. O acervo reúne obras clássicas da música brasileira, como Milton Nascimento e contemporâneas, como dos artistas Curumin e Bnegão. Sábado (12), das 10h às 17h, na Galeria Inconfidentes (Rua Pernambuco, 1.000, Savassi)

FESTA Aniversário de cinco anos da Comunidade Dandara. Entre as atrações, apresentação do Bloco Chama o Síndico e Trio Gandaeira. Sábado (12), das 10h às 21h30, na Ocupação Dandara (Rua Petropólis, 315, Céu Azul-Nova Pampulha).

cultura | 15

Segunda a quinta-feira MÚSICA

CHORINHO

LITERATURA

Show com a cantora Érika Machado. Quinta (17), às 14h, no Centro Cultural São Bernardo (Rua Edna Quintel, 320.

São Bernardo).

O Café com Música apresenta o grupo de choro Sarau Brasileiro. Quarta (16), às 19h30, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro).

Roda de leitura de textos e trechos de livros do escritor Monteiro Lobato. Quarta (16), às 14h, no Centro Cultural Lindéia Regina (Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445, Lindéia).

ARQUEOLOGIA Palestra sobre a Arqueologia como patrimônio e desafios da diversidade cultural, seguida de apresentação do Ensemble de Violoncelos, grupo formado por alunos da Casa de Música de Ouro Branco. Quinta (17), às 19h30, no Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade, s/nº, Funcionários).

esporte |

na geral Suspensa greve no Parque Olímpico do Rio

Os operários voltaram às obras do Parque Olímpico, um dos palcos das Olimpíadas de 2016. Entre outras reivindicações, os trabalhadores exigem o pagamento de 100% de hora-extra e que o plano de saúde seja extensivo à família. A expectativa é de que o acordo entre o sindicato e o consórcio responsável pelas obras ocorra em breve.

Decisão do STJ confirma Sport Copa do Nordeste como único campeão de 1987 Depois de muitas idas e vindas na Justiça, enfim parece que se chegou a uma decisão definitiva quanto à Copa União, competição que substituiu o Campeonato Brasileiro de 1987. O Supremo Tribunal de Justiça decidiu, por 4 votos a 1, que o Sport Clube Recife é o único campeão desse ano. Assim, a CBF fica proibida de considerar que a competição teve dois campeões, o Sport e o Flamengo.

Na época, a equipe carioca se negou a fazer a final com o time pernambucano. Ainda cabe recurso da decisão no STF, mas o Supremo normalmente não analisa processos dessa natureza. Entretanto, como se trata de Flamengo, é bom não duvidar que céus e terras se movam. A decisão do STJ também cria repercussão na polêmica da Taça das Bolinhas, troféu que a Caixa Econômica Federal ofereceu à primeira equipe nacional a ganhar o Campeonato Brasileiro cinco vezes. Com o veredito do STJ, o primeiro pentacampeão é o São Paulo, que alcançou a marca em 2007.

Chegou ao final a principal competição da região Nordeste do primeiro semestre. A final foi disputada entre Sport e Ceará. Vitorioso no primeiro jogo - 2x1 na Ilha do Retiro - o Sport precisava apenas de um empate no estádio Castelão. Aos seis minutos do segundo tempo, Neto Baiano fez o gol que garantiu ao Leão o título da Copa Nordeste. A final disputada entre dois dos maiores clubes da região foi o resumo da excelente competição que foi a Copa Nordeste. A garantia de calendário para times pequenos e a alta média de público nos estádios - apesar dos preços abusivos de ingressos em alguns - foram alguns dos fatores do sucesso da competição. Mais uma vez, o povo nordestino, tantas vezes alvo de preconceitos, demonstra sua força e organiza uma das melhores competições nacionais de futebol. E o melhor, o povo também sai beneficiado.

Final do Voleibol Masculino No domingo (13), o Sada Cruzeiro e o Sesi-SP jogarão a final da Superliga 2013/2014 no Mineirinho, às 10h.

O jogo reeditará a decisão da Superliga 2010/2011, quando os paulistas derrotaram os mineiros. De lá para cá, o Sada Cruzeiro se tornou a principal equipe de voleibol masculino do Brasil.

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Você Sabia

O Estádio Jornalista Felipe Drummond, conhecido como Mineirinho, tem o maior ginásio poliesportivo do Brasil, com capacidade para 25 mil pessoas.

No mês de maio, o Mineirinho receberá todas as partidas do Mundial de Clubes do voleibol masculino.

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Belo Horizonte, de 11 a 16 de abril de 2014 imagem de arquivo

OPINIÃO América Cadeiras vazias Bráulio Siffert Assim como o americano, os demais torcedores do futebol brasileiro estão se acostumando a ver mais cadeiras vazias do que cheias em dias de jogos em seus estádios. Vários fatores podem influenciar nessa triste constatação, como o alto preço dos ingressos, as más condições de transporte, a violência e a baixa qualidade técnica dos times.

No América, cuja média de público nos últimos anos tem sido de cerca de 2.500 pagantes, a culpa pode ser atribuída à qualidade do time e ao tamanho da torcida. Aliás, considerando-se proporcionalmente, o América está melhor que

Cruzeiro e Atlético: segundo uma pesquisa de 2012 da CP2, em Belo Horizonte 35% torcem para o Atlético, 33% para o Cruzeiro e 1% para o América.

Mas, nos estádios, a média do Cruzeiro e Atlético é apenas cinco vezes maior que a do América, e não trinta.

OPINIÃO Atlético

OPINIÃO Cruzeiro

“Sabe de nada, inocente!”

GualterNaves/LightPress

O futuro dirá Bruno Cantini

Wallace Oliveira

Rogério Hilário Atlético, Grêmio e Cruzeiro são os únicos times brasileiros classificados para as oitavas-de-final da Copa Libertadores de 2014. Na minha opinião, sem dúvida, são as equipes credenciadas ao título, apesar de algumas surpresas na fase de grupos.

Não dava para se confiar mesmo em Flamengo, Botafogo e Atlético Paranaense. Embora, entre os três, existam dois campeões continentais e um mundial, nenhum deles mostrou competência. Mas, aos cariocas, sobrou empáfia, que agora limitou ainda mais as esperanças no próximo Campeonato Brasileiro.

O Atlético, atual campeão, desponta, a meu ver, como favorito, embora neste ano não tenha, por enquanto, a vantagem da melhor campanha geral na primeira fase, muito menos tenha apresentado um fu-

tebol empolgante. No entanto, ainda faz tremer os adversários no Independência, e conta com um elenco acima da média, no qual brilha Ronaldinho Gaúcho, com reforços como a experiência internacional de Anelka, a garra de Otamendi, a velocidade de Fernandinho, os talentos de Jô e Diego Tardelli e a segurança de Victor.

Sobre Anelka, embora respeite o seu passado, saliento dois aspectos: o atual estágio no futebol, que denota o ocaso na carreira, e o polêmico gesto antissemita ao comemorar um gol. Me parece mais uma jogada de marketing a contratação. Pelo menos continua a disposição em solucionar a deficiência na lateral-esquerda, com a chegada de Emerson Conceição. Afinal, chega de sofrer por aquele lado do campo. Quanto ao bi da Libertadores, apesar da confiança, acautelemo-nos: só o futuro dirá.

Quando o Cruzeiro empatou com o Defensor e foi dado como morto na Libertadores, finalmente o meu vizinho atleticano soltou o foguetório guardado para a decisão do último Mundial. Após as vitórias sobre La U e o Real Garcilaso, eu tive que retribuir com o dobro.

Se meu vizinho fosse muito esperto, escolheria outro clube. Porém, bastaria uma pequena dose de esperteza para ele me vender a caixa de foguetes e pagar a quarta prestação da viagem a Marrocos. O pensador Washington Luiz dos Santos explicou a situação: “Sabe de nada, inocente!”

Aos secadores de plantão, eis a dura realidade: La Bestia Negra de las Americas levantou da sepultura com “sangue nos zói”, para resumir o drama no bom “mineirês”. Corram, pois vai começar o pesadelo.

A competição virou bagunça quando os gigantes do continente cochilaram e deram brechas para o Co-

rinthians e o Alvinegro de Vespasiano. Chegou a hora de pôr ordem na casa.

O Mineirão é nosso?

Nas últimas eleições, as empresas do Consórcio Minas Arena fizeram grandes investimentos no PSDB de Antonio Anastasia, Aécio Neves e Pimenta da Veiga e no PSB de Marcio Lacerda, pai de Tiago Lacerda, da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo.

Em troca, a Minas Arena recebeu o privilégio de reformar o Mineirão com financiamento do BNDES e administrar esse estádio público vendendo ingressos caríssimos.

Além disso, em 2013, o governo Anastasia repassou R$44,4 milhões ao consórcio, dinheiro dos impostos pagos pelo povo, aí incluídas as pessoas que pagam os ingressos do Mineirão.

Ouvi dizer que um “gigante acordou”, mas vejo que ele ainda dorme com um barulho desses.