Edição 32 do BF MG

minas | pág. 7

Reprodução

cultura | pág. 14

Cemig quer cobrar mais

Diversidade como ela é

Cemig pede aumento de 29,74% nas contas de luz, que deve ser decidido pela Aneel em reunião pública na segunda (7). Governo federal pode compensar reajuste com recursos próprios

Em cartaz em abril, a exposição “Elas, Madalenas” evita estereótipos ao dar visibilidade ao universo das travestis, dragqueens, transformistas e transexuais

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Edição

Lucas Ávila

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014| ano 1 | edição 32| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

cidades | págs. 3 e 4

Prefeitura esconde o jogo A linha política da atual gestão municipal de BH pode ser qualquer coisa, menos transparente. Exigida por movimentos e até mesmo pelo Ministério Público, prestação de contas das empresas que operam os transportes segue fechada a sete chaves. Enquanto isso, o prefeito Marcio Lacerda anuncia o aumento de passagem de ônibus já para domingo (6). Também em segredo, cria junto de seus aliados uma empresa que deve gerir milhões em bens públicos, mas por fora das paredes da Prefeitura. A PBH Ativos S/A é de economia mista, mas a população não pode controlar suas atividades

02 | opinião

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

editorial | Minas Gerais

editorial | Mundo

Adeus, Anastasia

A hipocrisia de Obama

O governador tucano Antonio Anastasia deixou seu posto em Minas Gerais mirando uma cadeira no Senado. Como não pode mais se reeleger para governador, já que ocupou o posto no final do segundo mandato de Aécio neves, Anastasia continua a seguir os caminhos abertos por Aécio, desta vez para o Senado.

Embora o caminho seja o mesmo, o momento do voo ao Senado dos dois tucanos são bastante distintos. O índice de rejeição ao governo Anastasia é cerca de quatro vezes maior que o de Aécio em 2010. Apesar de Anastasia não ter sofrido impactos diretos pelas manifestações de junho, segundo o Ibope, a rejeição ao atual governo dos tucanos é de 24%, seis pontos percentuais acima das insatisfações registradas com o governo de Dilma Rousseff (PT).

Desde o choque de gestão implantado por Aécio Neves, Minas Gerais vem passando por graves problemas na área social. O choque colocou áreas como saúde, segurança pública e educação fora das prioridades governamentais.

Passados dez anos, Anastasia amar-

Desde o choque de gestão implantado por Aécio Neves, Minas Gerais vem passando por graves problemas na área social.

Além de herdar atos inconstitucionais na saúde e educação, Anastasia deixou o governo marcado por sucessivos aumentos dos índices de violência no estado ga heranças deixadas pelo choque que virou a marca de seu governo.

Além de herdar atos inconstitucionais na saúde e educação, Anastasia deixou o governo marcado por sucessivos aumentos dos índices de violência no estado.

Anastasia também governou num cenário econômico pior que o seu antecessor. Diante de uma crise internacional, os índices da economia mineira não vêm animando o setor empresarial. No ano de 2013, Minas Gerais cresceu apenas 0,5%, quase cinco vezes menos que a taxa nacional, que fechou o ano passado com alta de 2,3%.

No lugar de Anastasia, entrará o até então vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP). Embora não seja conhecido, o aliado dos tucanos já foi deputado estadual por quatro mandatos consecutivos, de 1995 a 2011. Líder do Partido Progressista, antigo Arena – partido dos militares durante a Ditadura - Alberto tem perfil conservador e é empresário da área das telecomunicações.

No adeus de Anastasia, os indicadores socioeconômicos vêm demonstrando o desgaste do ciclo de governos do PSDB. Além de mostrar poucos resultados satisfatórios, o governo estadual sofrerá cada vez mais com a falta de uma liderança que consiga passar por essa turbulência que ameaça não deixar sucessor.

“Não temos interesse em ficar rodeando a Rússia. E não temos nenhum interesse na Ucrânia a não ser deixar o povo ucraniano tomar as próprias decisões sobre suas vidas”. Essas palavras do presidente do Estados Unidos da América primam pela mentira e pela hipocrisia.

Mentira atestada por Jack F. Matlock Jr., ex-embaixador dos EUA na antiga União Soviética, de 1987 a 1991, nomeado pelo ultraconservador Ronald Reagan. Em recente artigo publicado em seu blog, Matlock Jr. foi enfático ao afirmar que a entrada da Ucrânia na Otan era um objetivo declarado do governo Bush-Cheney e não foi abandonado pela administração Obama.

No mesmo artigo, o ex-embaixador desmascara a hipocrisia do presidente estadunidense quando afirma que a maioria dos ucranianos não quer a adesão à Otan. Aparentar uma virtude, um sentimento que não se tem, é a essência da hipocrisia. Se há algo que a política externa dos EUA não permite é deixar os povos, como o ucraniano, tomar as próprias decisões sobre suas vidas. É do conhecimento de todos que Viktor Ianukovich, legitima-

Obama e União Europeia não hesitaram em incentivar manifestações comandadas por grupos neonazistas na Ucrânia mente eleito pela maioria dos ucranianos, foi deposto da presidência por se recusar a assinar um acordo de adesão à União Europeia. Para alcançar esse objetivo, o governo de Obama e a União Europeia, contando sempre com a conivência da mídia ocidental, não hesitou em incentivar e financiar meses de manifestações comandadas por grupos neonazistas.

A hipocrisia do presidente Barack Obama, Prêmio Nobel da Paz, se acentua ainda mais ao não reconhecer o resultado do referendo em que 96,77% dos votos decidiram a favor da reunificação com a Rússia.

Há que se fazer uma justiça com Obama: a violência que comete contra os povos de todas as partes do planeta não é nenhuma novidade na política externa dos EUA. O escritor e jornalista Nicolas Davies produziu uma lista de 35 países em que o governo dos EUA promoveu golpes de Estado, derrubou governos legítimos, apoiou ditaduras ou participou de massacres e genocídios. O estudo refere-se apenas às intervenções realizadas depois da 2ª Guerra Mundial até hoje. Certamente é uma lista incompleta.

Os governos e os organismos internacionais, como a ONU, mostram-se relutantes e amedrontados, quando não totalmente submissos, à política do big stick (grande porrete) atualizada para os tempos atuais pelo governo Obama. Resta aos povos reagir e lutar contra o poder do império

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

População protesta contra aumento da passagem de ônibus Thaís Mota Portal Minas Livre

Em portarias publicadas nesta quinta-feira (3) no Diário Oficial do Município (DOM), a prefeitura de Belo Horizonte reajustou as tarifas de todo o transporte público da capital. E o aumento não foi baseado nas recomendações feitas pela auditoria da empresa Ernst Young, cujo relatório final foi entregue no dia 28 de março.

As tarifas dos ônibus convencionais passarão de R$ 2,65 para R$ 2,85, a partir do domingo (6).

No entanto, a auditoria tinha indicado um aumento de 2,97%, ou seja, a passagem ficaria em torno de R$ 2,73. Conforme a portaria 033/2014, o reajuste contemplou não somente o recomentado pela Ernst Young, mas também o reajuste apurado entre dezembro de 2012 e dezembro de 2013, que foi de 5,11%.

Além disso, a prefeitura anunciou reajustes ainda para os veículos suplementares e táxi-lotação.

No caso dos veículos suplementares, a portaria 028 definiu que a passagem que custava R$ 1,90 passa para R$ 2,05; a de R$ 2,15 para R$ 2,35 e de R$ 2,65 para R$ 2,85.

Já a portaria 029 reajustou a tarifa do táxi-lotação, que circula nas

Centenas de pessoas protestarem contra o reajuste na quinta-feira (3)

avenidas Afonso Pena e do Contorno, que passará de R$ 2,90 para R$ 3,15.

O anúncio de aumento da passagem acontece em um momento em que o prefeito Marcio Lacerda (PSB) cogita a possibilidade de deixar a administração da capital para uma possível candidatura ao Governo de Minas. Dessa forma, o impasse criado com os movimentos sociais que denunciam irregularidades no valor das tarifas e da auditoria realizada nos contratos de concessão ficariam a cargo do vice Délio Malheiros. A confirmação sobre a candidatura de Lacerda só deve sair na sexta-feira (4).

Em reposta ao anúncio de reajuste, o movimento Tarifa Zero informou que deve intensificar as mobilizações. Uma manifestação já tinha sido marcada para esta quinta-feira às 17 horas na Praça 7, no Centro de BH, e outras ações devem ser organizadas até o fim da semana. O movimento denuncia que a auditoria realizada pela Ernst Young não tem valor fiscal e contábil e cobra mais transparência na gestão do transporte na capital mineira. Eles também reivindicam a redução da passagem de ônibus e colhem assinaturas para um projeto de lei de tarifa zero em BH.

Demanda por doadores de sangue exige solidariedade da população

cidades | 03

Pergunta da semana Uma pesquisa feita pelo IPEA, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ouviu 3.800 pessoas de todo o país sobre a violência contra a mulher e chegou a uma conclusão: 65,1% dos entrevistados concordaram com a frase: “as mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Os resultados surpreenderam muita gente, principalmente porque não reflete o que a população pensa sobre o assunto.

Especialistas questionam o método da pesquisa e seus resultados.

E você, o que acha da pesquisa que diz que 65% acha que mulher que usa roupa curta merece ser atacada?

Uma loucura, uma insanidade, uma falta de civilidade completa. A mulher pode estar nua, o homem pode estar nu, que ninguém tem o direito de violentar, de agredir ninguém. O machismo é o culpado pelo estupro.

Regina Mendes, 54, psicóloga

Marcela Viana O trabalhador Adelson Jesus da Silva sempre que

O sangue, elemento fundamen- pode comparece ao Hemocentro de BH para doar sangue tal no tratamento de doenças crônicas e na recuperação de pessoas que sofrem graves acidentes, é um remédio que não pode ser produzido. Na semana em que é lembrado o Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, o Brasil de Fato se propõe a esclarecer os mitos que envolvem a doação de sangue e mostrar que, por trás de um ato tão simples, o cidadão conportante é ter boa vontade, como ria crônica, que tiveram hepatites B tribui para salvar muitas vidas.

Em Minas Gerais, o principal co- explica a assessora da Gerência de ou C ou grávidas e mulheres no pós letor e distribuidor de sangue e he- Cadastro e Captação, Viviane Guer- -parto. Segundo Viviane, a demanda moderivados é a Fundação Hemo- ra. “Nosso interesse é ter cada vez por sangue é alta o ano inteiro, o que minas, responsável pela cobertu- mais pessoas doando. Priorizamos faz com que a captação de novos dora de alguns hospitais particulares e o atendimento de qualidade ao pa- adores seja um trabalho constante. por suprir 90% da demanda do Sis- ciente, mas também queremos pre- Em BH, há postos de coleta no Centema Único de Saúde (SUS). A insti- servar a saúde do doador, por isso há tro, Barreiro e no Shopping Estação, tuição conta com três hemocentros critérios que avaliam se o candidato em Venda Nova. Confira qual o hena capital e outras 21 unidades de está ou não apto a doar”, explica. mocentro mais próximo de sua reSó não podem doar pessoas que gião e veja outras condições para coleta no estado.

Para ser um doador, o mais im- tenham alguma doença inflamató- doação: www.hemominas.mg.gov.

Não tem fundamento. A roupa é opção da pessoa. Roupa curta não vai influenciar o estupro, o problema tá na cabeça do sujeito. Creio que seja uma doença, porque não tem o que justifique.

Luiz Francisco de Mello Petroquio Junior, 30, gerente de TI

04 | cidades

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

Uma prefeitura que não foi eleita PBH ATIVOS Empresa de economia mista é dona de patrimônio público milionário e não tem controle social Maíra Gomes A atual gestão da Prefeitura de Belo Horizonte tem sido questionada por diversos setores da sociedade. Anuncia reajuste da passagem de ônibus maior do que o previsto por auditoria e tenta passar goela abaixo dos vereadores e moradores um projeto que vai mudar radicalmente a cidade nos próximos 20 anos, o Nova BH, questionado pelo Ministério Público.

Além disso, criou uma empresa mista, denominada PBH Ativos S/A, que pode vir a operar diversas atividades de interesse público, apesar de não ser gerida por controle social.

Desde a sanção da lei que autoriza a criação da empresa, em novembro de 2010, pouco se ouviu falar sobre suas atividades. Apesar de a legislação prever a prestação de contas anual, isso ainda não aconteceu.

O patrimônio total da empresa, atualmente, está acima de R$250 milhões. O fundo de capital vem de doações da própria Prefeitura, que repassou, ainda em 2010, R$ 100 mil e um imóvel na Pampulha, avaliado em R$ 1,5 milhões.

No início deste ano, outros 53 terrenos foram repassados para a PBH Ativos, no valor de R$ 155 milhões.

Conforme informado pela diretoria da empresa em audiência pública, esses imóveis serão utilizados como garantia nos contratos, ou seja,

podem ser entregues às empresas contratadas caso haja algum problema no pagamento dos serviços.

Movimentos denunciam que a doação terrenos não passou por nenhum tipo de consulta à população. “Terreno público tem que ter função social. Construir escolas, hospitais, posto de saúde e área de lazer. Não há garantia de que isso vá acontecer. A empresa recebeu um cheque em branco, não teremos nenhum controle ou participação popular nos debates sobre os terrenos”, reclama Fernando Santana, coordenador do Movimento das Associações de Moradores de BH.

O patrimônio total da PBH Ativos S/A, atualmente, está acima de R$ 250 milhões, de doações da Prefeitura A PBH Ativos S/A será responsável pelos contratos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) do município. “É absolutamente desnecessária a criação dessa empresa. Esses contratos e serviços devem ser geridos pelas secretarias de Desenvolvimento ou de Obras, por exemplo.

A administração de bens públicos dentro de uma empresa mista causa, no mínimo, estranheza”, questiona Wilson Campos, advogado e presidente da Comissão de defesa da cidadania e dos interesses coletivos da sociedade da OAB-MG.

Ausência de participação social Único documento regulador da empresa, o Estatuto discrimina doze objetivos para suas ações.

No entanto, os objetivos são colocados de forma vaga, o que pode ocasionar interpretações diferentes sobre a função da PBH Ativos na administração do município.

O quarto item do artigo 2°, por exemplo, coloca entre os objetivos da empresa “auxiliar o Município na realização de investimentos em infraestrutura e nos serviços públicos municipais em geral”. O assessor político Thiago Moraes afirma que esse é um dos artigos que demonstram o tamanho do poder concedido à empresa. “Olha como isso é amplo. Pode significar inclusive contratação de pessoal, de médicos e professores”, destaca.

Foto de satélite

Durante a audiência pública, grupos propuseram que se crie um Conselho Popular para acompanhar e fiscalizar os trabalhos da companhia, com a criação de uma lei específica. “Eles ficaram de estudar a possibilidade, mas não acredito que vão ceder. Se a empresa não tem nada a esconder, por que não colocar a população no conselho da administração?”, questiona Wilson.

Caso a proposta não passe, a única forma de controle social será através de órgãos públicos. O Ministério Público e o Tribunal de Contas têm a obrigação de fiscalizar a empresa e exercer o controle externo. Além disso, a Câmara dos Vereadores pode convocar audiências sempre que julgar necessário.

Um dos 53 terrenos doados pela Prefeitura para a PBH Ativos S/A se localiza no bairro São Bento. Nelson Timponi, presidente da Associação de Moradores do São Bento (AMBENTO) conta que há dois anos moradores debatiam junto ao poder público a possibilidade de transformar o local em um bosque. No entanto, quando a proposta seria colocada prática, descobriu-se que o terreno já havia sido doado. “Entramos com uma ação no Ministério Público, que acabou virando uma ação de invetigação da empresa PBH Ativos S/A. Nem o MP sabia dessa doação do terreno”, conta Nelson.

Controle A PBH Ativos S/A é uma empresa de economia mista, ou seja, tem em seu capital parte de recursos públicos e parte privados. A Prefeitura é sócia majoritária, com controle de 99% das ações. O restante se divide entre a Prodabel e a BHTrans, também da Prefeitura, e outras cinco pessoas físicas que representam o capital privado, todos integrantes da administração pública municipal.

No entanto, as ações controladas pela PBH podem ir parar no mercado ações. Gilson Reis explica que, caso a diretoria da empresa decida ampliar o seu leque de negócios, poderá colocar ações à ven-

da, incorporando o setor privado.

“Isso aconteceu com a Cemig, que nasceu com quase a totalidade das ações públicas e hoje entregou ao capital privado 49% das suas ações”, exemplifica o vereador Gilson Reis (PCdoB).

Ele acredita que a empresa pode operar uma nova administração do município, com menos restrições.

“A PBH Ativos S/A é uma segunda prefeitura, mas ganha mais liberdade para contratação de obras e acordos. Sendo um empresa mista, ela não é obrigada a cumprir a Lei 8666, que regula contratos públicos, e fica então sem as restrições impostas pela burocracia comuns e o controle social”, preocupa-se.

Quem controla O presidente da PBH Ativos S/A, Edson Ronaldo Nascimento, é conferencista do Instituto Milenium, organização composta por líderes de grandes corporações como Odebrecht, Gerdau, Globo, Abril, Banco Pactual, Banco BBM, entre outras.

Custódio Antônio de Mattos, um dos cinco acionistas privados, está responsável pela Operação Urbana Consorciada Nova BH. Também presidente do Conselho Municipal de Políticas Urbanas (Compur), Custódio deu o voto de minerva que aprovou o Estudo de Impacto de Vizinhança do Nova BH no conselho, mesmo após recomendação do Ministério Público de que eram necessárias mais informações sobre o projeto antes da aprovação.

Foi contratado como diretor da companhia o ex-Secretário de Planejamento Urbano de BH, Marcello Faulhaber, retirado do cargo após ter se envolvido em casos de desrespeito com a população. No Rio de Janeiro, Marcello tinha ligações com a construtora Odebrecht, para quem já teria inclusive avisado de terrenos vagos em Belo Horizonte antes mesmo da criação da PBH Ativos S/A. “Um jeito de saber como funciona uma empresa é saber quem manda. E esse quadro sinaliza qual é o alinhamento programático dessa empresa. Essas pessoas trabalham para os empresários, não para o povo”, denuncia Thiago Moraes.

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

Crianças em risco em salas de aula da capital DESCASO Alunos da E.E. Pandiá Calógeras estão “jogados” em prédio sem segurança e estrutura, enquanto reforma está parada Fotos: Noronha Rosa

Maíra Gomes Em salas fechadas, sem ventilação, montadas através de divisórias provisórias e sem telas de proteção nas janelas estudam crianças de 5 a 15 anos. O prédio é pequeno, sem espaço para circulação dos 1.400 alunos, que se revezam na hora do intervalo para caber no pátio da cantina, para onde descem em escadas sem corrimão. Nas horas de entrada e saída da escola, os meninos se amontoam embaixo da única cobertura contra sol e chuva, sem nem mesmo a segurança de um espaço onde carros e van possam buscá-los.

Essa é a situação em que se encontram os alunos da tradicional Escola Estadual Pandiá Calógeras há quase um ano, quando se iniciaram obras de reforma no prédio original e a comunidade escolar foi transferida para o prédio onde funcionava a UniBH. A diretora Marta Eliana Campos conta que pelo menos 100 alunos saíram da escola pelo problema da estrutura. “Esta escola é bem menor que a nossa, mas a Secretaria afirma que na região não teve outro lugar que coubesse o Pandiá”, declara.

O aluno Eduardo Veron e sua mãe: “o patinho aqui é pequeninho para todos”

Os 1.400 alunos precisam se amontoar na única cobertura contra sol e chuva

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fatos em foco Sindicato dos Enfermeiros é processado Aconteceu na quarta-feira (2), a eleição para o Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais. Sob denúncias de fraudes, a chapa vencedora obteve 115 votos, de um universo de 40 mil enfermeiros no estado. A chapa “Enfermeir@s em luta”, que tentou se inscrever para a eleição, mas teve sua candidatura revogada, está processando judicialmente a diretoria no Ministério do Trabalho desde 2011. Para os próximos meses, o “Enfermeir@s em luta” espera que a Justiça investigue a fundo a eleição.

Governo é condenado por terceirização ilícita

Reforma parada O imóvel original da Escola foi tombado pelo Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. A primeira fase da reforma, de reestruturação da fundação, foi finalizada em novembro de 2013 e as obras estão paradas desde então. “O Pandiá, que é uma escola tombada e está abandonada.

O lixo e folhas estão tomando conta e já teve até roubo de fiação”, conta Cláudia Fernandes Botelho, mãe de alunos e presidente da Associação de Pais e Mestres. Ela afirma que a comunidade escolar deseja melhorias no local provisório e o fim das obras o mais rápido possível.

“Mais grave que o descaso com a obra é o descaso do governo estadual com o prédio atual. Tem uma única porta de saída e entrada pra todos esses alunos. O risco é alto, apelidamos isso de ‘Boate Kiss’”, denuncia a professora Heloisa Amaral, que tem dois filhos estudando no Pandiá. Ela acredita que a qualidade do aprendizado está sendo prejudicada com as péssimas condições. A falta de ventilação nas salas de aula tem causado recorrente proble-

Estadual Central também em obras A Secretaria de Educação de Minas Gerais é responsável por obras e reformas em outras escolas estaduais na capital. Uma das escolas mais tradicionais de Belo Horizonte, a Escola Estadual Barão do Rio Branco passa por uma revitalização. Desde 2011, os 1.300 alunos estão ocupando o segundo pavimento do prédio onde funcionava a Uemg. Assim como o Colégio Pandiá, as condições do local são inadequadas. O conhecido Colégio Estadual Central também está em obras, desde junho de 2013.

Não há previsão para término.

mas respiratórios para Heloísa, que também relata ouvir frequentemente os alunos reclamarem de dores de cabeça.

Sem educação física Os estudantes estão sem aulas de Educação Física, por falta de uma quadra ou espaço que comporte a atividade. Assim, aulas dentro de salas como atividades de xadrez ou educação artística estão sendo ministradas pelos educadores físicos.

“Na escola antiga estava legal, tinha mais espaço e uma quadra pra gente jogar. No intervalo eram todos os anos juntos e o patinho aqui é pequenininho pra todo mundo. Mas a gente vai acostumando”, conta o aluno Eduardo Veron, de 9 anos.

Mas os meninos não deviam precisar se acostumar com a má qualidade do local de estudo. A funcionária Patricia Vitareli se preocupa. “A estrutura é péssima. No setor administrativo não tem janela. Eu não colocaria meu filho numa escola dessa não”, diz a servidora.

Em resposta ao Brasil de Fato MG, a Secretaria de Educação de Minas Gerais afirma que “o imóvel oferece a infraestrutura necessária”. A licitação para a segunda etapa da reforma está marcada para o dia 25 de abril. Não há previsão para o término das obras. A equipe técnica da Superintendência Regional de Ensino Metropolitana se comprometeu a fazer uma avaliação das falhas. A obra completa está orçada em R$5,8 milhões e o recurso é do governo estadual.

Foram anuladas diversas contratações feitas pelo Gestores Prisionais Associados S/A (GPA), consórcio responsável pela unidade prisional privada de Ribeirão das Neves. Entre os postos de trabalho terceirizados estão atividades relacionadas com custódia, guarda, assistência material, jurídica e à saúde, que ferem a Lei 11.078/04 que classifica como indelegável o poder de polícia. A sentença dá prazo de um ano para que o governo promova concurso público e substitua os empregados irregulares por servidores. O Estado também está impedido de assinar novos contratos com pessoas físicas ou jurídicas para atuar na administração das unidades prisionais, sob pena de multa de R$ 500 mil por contrato.

Verdemar é denunciado por trabalho escravo O Ministério Público Federal em Minas Gerais denunciou quatro pessoas, entre elas Hallisson Ferreira Moreira, sócio da Organização Verdemar Ltda, pelos crimes de redução de trabalhadores a condições análogas às de escravos e aliciamento de trabalhadores de um lugar a outro do território nacional. Os outros acusados são Elmar José Coutinho, administrador da Construtora Línea, empresa responsável por todas as obras civis do Verdemar e seu funcionário Benedito dos Santos Andrade. O gerente de recursos humanos do Verdemar, Leandro Souza de Pinho, também foi denunciado. Os alojamentos fiscalizados pelo MPF em março do ano passado estavam em péssimas condições de conservação, higiene e limpeza.

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Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

Minas Gerais contra a ditadura RESISTÊNCIA Histórias de Belo Horizonte e cidades do interior que sofreram a violência da repressão Rafaella Dotta O início do golpe militar, em 1º de abril de 1964, aconteceu em Minas Gerais, mas daqui também saíram grandes lutadores da democracia no país. Como parte da série “Ditadura nunca mais”, esta matéria traz parte da história mineira contra a ditadura.

Mineiro natural de Belo Horizonte e autor dezenas de livros sobre a realidade brasileira e mundial, Frei Betto foi um dos muitos militantes que atuaram para defender a democracia no país e denunciar as atrocidades cometidas pelos militares. Ele destaca outros mineiros que tiveram importante papel na luta contra a ditadura, como Dazinho, Darcy Ribeiro, Betinho, Fernando Gabeira, Dilma Rousseff, José Carlos da Mata Machado, Vinicius Caldeira Brant, Henfil, João Batista Drummond, Marco Antônio Meyer, Luiz Felipe Ratton Mascarenhas, Magno Villela Hélio Pellegrino, Hélio Silva. “Alguns, como Dilma, atuaram de armas nas mãos.

Outros, como Dazinho, através da organização e mobilização popular”, conta.

Resistência na capital Betinho Duarte, integrante da Comissão estadual da Verdade, relatou 56 pontos de resistência à ditadura em Belo Horizonte. Bares e lanchonetes reuniam espontaneamente pessoas insatisfeitas com o regime. É o caso da Cantina do Lucas no Edifício Maletta, que era o “bar da esquerda”. Seu defeito era ser vizinho de uma delegacia, o que ocasionava muitas prisões no final da noite, por “impropérios etílicos contra os milicos”, segundo o relatório elaborado por Betinho.

Reprodução

Já o bar Veia Poética sofria repressão direta, a tiros. Situado na Avenida do Contorno perto do Colégio Estadual, recebia principalmente secundaristas e realizava shows com músicas de protestos.

Um coronel, que morava ao lado, “dava uns tiros por cima do muro” de vez em quando, mas o bar seguia firme.

Outros locais eram pontos para reuniões das organizações contra o regime, como a Igreja São Francisco das Chagas, os Diretórios Estudantis e jornais. O Sindicato dos Bancários tinha muitas parcerias com movimentos sociais, principalmente no empréstimo de salas, e sofreu repressões logo após o golpe. Antônio de Faria Lopes, que era presidente do sindicato, teve que fugir para não ser preso em 1º de abril.

Resistência no interior “Num primeiro momento a gente ficou muito apreensivo”, relata Sálvio Humberto Penna, que em 1964 era metalúrgico e morava em Sabará. Ele afirma que o Partido Comunista Brasileiro (PCB) tinha muita influência na categoria.

“Lembro que no sindicato de Sabará e de Nova Lima lideranças eram perseguidas e vigiadas”, diz.

A violência vinha dos militares, mas também das empresas. A siderúrgica Arcelormittal, em João Monlevade, ajudava na vigilância e prisão das lideranças do sindicato. “Ela tinha esquemas internos de vigilância. Era normal uma pessoa ser um boêmio e ser demitido por comportamento externo”, afirma Sálvio. Para ele, as empresas estimulavam e, muitas vezes, pediam que os militares usassem de violência contra seus funcionários.

Operários protestam contra Usiminas e são duramente reprimidos pela PM

Ditadura

nunca mais

Depoimento “Eu lembro de uma manifestação na Igreja São José, em 79, com umas 400 pessoas. A manifestação foi cercada pela PM, que chegou jogando bomba. A polícia cercou e uns defendiam sair em passeata e outros não. A gente ali na escadaria, era muita responsabilidade. Ficou naquela discussão, se saísse em marcha, íamos apanhar, se não, podíamos sair ilesos. Pra tentar convencer o pessoal de não entrar em confronto, eu peguei o microfone e falei: ‘Acho que não é o momento da gente sair... a PM está armada e a gente não. A hora que estivermos armados, nós vamos.’ Eu nem imaginava o resultado! Quando terminei, começaram a jogar muitas bombas e nós tivemos que esconder dentro da igreja. Ia ser um confronto contra uns 2 mil homens da PM”, lembra Sálvio Humberto Penna.

Massacre de Ipatinga Ipatinga, noite de 6 de outubro de 1963, acaba o último turno na fábrica Usiminas. Os seguranças e encarregados avisam que os trabalhadores não podem ir embora: uma peça foi roubada e todas as mochilas e marmitas seriam revistadas. “Todo mundo ficou indignado. A peça era uma ventaneira de cinco metros de largura e não tem como ninguém levar pra casa”, conta Hilton Lobato, que trabalhava na Usiminas na época.

Revoltados, os trabalhadores forçaram para sair da fábrica e fo-

ram agredidos pela Polícia Militar. A administração da Usiminas requisitou ainda que a PM fosse até o alojamento Santa Mônica, onde vários funcionários ainda se mantinham agitados. “A Polícia arrebentou a porta, meteu o cacete e levou todo mundo preso”, lembra Hilton. Naquela noite, 170 pessoas foram levadas para a delegacia.

Hilton conseguiu se esconder no banheiro e ficou a noite esperando os colegas. Ao chegarem, diz que todos estavam machuca-

dos. “Alguns ainda falavam assim: ‘quem falar que não apanhou, está mentindo’”. Já era madrugada, hora do primeiro turno do dia, e os operários, ainda revoltados, resolveram fazer piquete na porta da fábrica.

Em meio ao protesto, chegou novamente a PM, dessa vez com metralhadoras. Em um misto de irritações, os policiais receberam ordem para atirar contra os manifestantes. Segundo dados oficiais, foram oito mortos, incluindo um bebê. Jornais da época, como o

Em Tempo, noticiaram que testemunhas contavam 80 mortos.

Os policiais que assassinaram os manifestantes foram afastados logo após o ocorrido, dada enorme revolta da população da cidade. “Mudaram o Coronel e ele disse que ia prender todos os policiais que fizeram isso. Mas logo depois veio o golpe militar”, diz Hilton. De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, até hoje nenhum policial foi condenado pela Justiça.

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Cemig quer 30% de aumento na conta de luz CONTA DOMÉSTICA Reajuste será decidido na próxima semana e valerá por um ano Rafaella Dotta Na próxima segunda-feira (7), será decidido o aumento na conta de luz, em reunião pública da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A Cemig solicita um reajuste de 29,74% para começar a valer a partir de abril, mas especialistas acreditam que o governo federal não irá ceder.

Em nota divulgada à imprensa, a Cemig afirma que está tendo grandes gastos com a compra de energia térmica. “Esse custo da energia gerada pelas térmicas, além do preço da energia no mercado livre, são componentes que as Concessionárias não têm como gerenciar, e se enquadram na chamada Parcela A, que representa 69% no peso final do

reajuste”, diz a nota.

A empresa está solicitando um aumento de 29,74%, que será repassado aos consumidores residenciais. A Aneel, responsável pelos reajustes na conta de luz, se reunirá no dia 7 de abril para decidir o preço da energia que valerá de abril de 2014 a abril de 2015. Está confirmado o reajuste de pelo menos 0,6%, devido a custos do ano passado já analisados pela agência reguladora.

Governo federal pode compensar O economista Carlos Machado, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), acredita que o governo federal não irá conceder o reajuste requisitado. “O Ministério de Minas e Energia já sinalizou que esse

População quer abaixar a conta de luz Movimentos e especialistas de Minas Gerais estudam durante anos uma forma de abaixar o preço da conta de luz, para desafogar uma das principais despesas da família brasileira. Isso se mostra possível com duas medidas: reduzir o preço do kilowatt/hora e abaixar o ICMS. Em outubro de 2013, foi realizado o Plebiscito Popular da Energia, uma consulta à população em relação ao preço da luz. Dos 600 mil votos que o Plebiscito recebeu, 99% responderam que querem abaixar o imposto e a conta de luz.

Moradores de Congonhas questionam serviços da Copasa

Thiago Alves

Thiago Alves De Congonhas A Companhia de Saneamento de Minas Gerais assinou contrato com a prefeitura de Congonhas, a 80 km de Belo Horizonte, em julho de 2002, assumindo os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário que deveriam ser efetuados em toda a extensão territorial do município.

Passados quase 12 anos, a estatal acumula críticas, denúncias e revolta da população.

Embora a promessa fosse que até o final de 2006 toda a cidade teria água tratada, já em 2005 a empresa era acusada de jogar entulho e esgoto em área de preservação ambiental. Em 2008, o Procon de Congonhas recebia cerca de 350 reclamações mensais dos usuários da empresa, o que motivou a realização de uma Audiência Pública na ALMG. Passados seis anos, a população se reuniu novamente para

Moradores mostram água suja que chega em suas casas via Copasa

discutir o assunto em nova Audiência Pública realizada na quarta-feira (2), na Câmara Municipal. Entre os presentes estava Warley Ubiratan, jovem morador da comunidade rural de Santa Qui-

Reprodução

Decisão sobre o reajuste será na próxima segunda (7)

aumento de custo deverá ser compensado em boa parte com recursos do governo. Assim, o aumento para os consumidores deve ser feito a partir de 2015”, acredita.

“Estou achando um absurdo esse valor pedido”, afirma Jairo Nogueira Filho, coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários. Para ele, a Cemig está se aproveitando do momento para aumentar seus lucros,

com irresponsabilidade.“ Uma família vai ter que pagar 30% a mais, e não só na luz. Existe uma cadeia que vai aumentando todos os produtos e a inflação vai lá em cima”, explica.

Jairo afirma que o lucro da Cemig será “extraordinário”. “No primeiro trimestre deste ano, a Cemig lucrou R$ 3 bilhões”, afirma. Para ter uma comparação, o lucro de todo o ano de 2013 foi de R$ 3,2 bilhões.

Assembleia debate democratização da comunicação Democratizar os meios de comunicação. Esta é a questão central do Ciclo de Debates “Comunicação, Regulação e Democracia”, promovido pela Assembleia Legislativa (ALMG) nos dias 10 e 11 de abril. O evento marca a primeira Semana Estadual pela Liberdade de Expressão, instituída pela Lei 20.818, de 2013.

Na programação dos dois dias de evento estão quatro painéis. Na sequência da abertura oficial, às 9 horas da quinta-feira (10), acontece o primeiro painel: “Liberdade de expressão e sistemas de regulação”. À tarde, a partir das 14 horas, será a vez do painel “Democra-

tização dos meios de comunicação e participação da sociedade”. No dia seguinte, às 9 horas, a discussão envolverá o tema “Marco Civil da Internet”, e, às 14 horas, “Comunicação pública: atualidade e perspectivas”.

A proposição dos debates foi feita pelo Comitê Mineiro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC-MG) durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, em 25 de novembro de 2013.

Mais informações pelo telefone (31) 2108-7800 ou no Portal da Assembleia Legislativa.

téria, que denunciou que, somente neste ano, os moradores ficaram 30 dias sem água. “Eu tenho vergonha de levar um companheiro de trabalho em minha casa por causa da qualidade da água, da cor, do mau cheiro”, desabafou. Warley também denunciou que ele e outros familiares

contraíram Hepatite A por causa da qualidade do abastecimento.

O representante da empresa, Maurício Pereira, respondeu às perguntas, aceitou que as ações da estatal estão atrasadas em Congonhas e anunciou novos planos de investimentos para a região.

08 | opinião

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar?

Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Mídia Ninja

Acompanhando

Na edição 31 ...

58% da população acredita que estupro é culpa da mulher ...E AGORA

Nesse 1º de abril, em Belo horizonte, os jovens do Levante Popular da Juventude realizaram o “escracho” de Pedro Ivo dos Santos Vasconcelos, torturador na ditadura militar. Pedro Ivo cometeu crimes como espancamento, choques elétricos e queimaduras com pontas de cigarro. O movimento pede que todos os torturadores sejam punidos pelos crimes que cometeram.

Milton Micalho

Débora Melo Mansur

Mídia e subjetividade

O Judiciário e a Reforma Política

Em linguagem coloquial, quando alguém quer se referir a sentimentos, afetos, percepções, tudo aquilo que é parte das emoções, usa-se o termo ‘psicológico’. O campo psicológico, que trata do subjetivo, tem sido, habitualmente, entendido como pessoal, individual, íntimo e moldado predominantemente por fatores privados, como a família.

No entanto, a subjetividade é produzida por fatores coletivos e sociais, ou seja, nossos modos de viver, de relacionar, agir, perceber e amar são fabricados e modelados no registro do social. A subjetividade não é um produto acabado, está em permanente mutação. Cada um participa, afetando e sendo afetado. Felix Guattari diz: “a subjetividade é essencialmente fabricada e modelada no registro do social”.

A posição que o sujeito ocupa na relação, se igualitária, dirigente ou dirigido - se fala ou se ouve determina o quanto ele influencia e é influenciado. E é mais que influência, trata-se da produção ativa, da fabricação de modos de ser, perceber, de forma inconsciente e reprodutiva.

Os meios de comunicação têm aí um papel muito significativo, em particular a televisão, essa “companheira”, que em muitos lares ocupa um lugar central. Apesar de ser uma concessão pública, no Brasil, equivale a uma autorização para as emissoras fazerem quase o que quiser, não há controle.

Esses meios midiáticos têm um grande espaço e certamente grande participação na vida das pessoas. A intervenção no âmbito subjetivo tem uma amplitude que vai dos modos de pensar e agir, aos hábitos mais elementares. Afeta o comportamento, forma os preceitos e preconceitos e atua na formação de posições políticas. Uma influência assim tão intensa compromete, em diversos sentidos, a formação da sociedade e de nós mesmos.

A lei 9.504/97 estabelece que as empresas podem contribuir com até 2% do seu lucro bruto para a campanha de políticos. E as pessoas físicas também. Já o poder público, não.

Essas regras do jogo político fazem com que os candidatos e partidos recebam milhões de reais para fazerem suas campanhas. Nas eleições de 2010, o TSE identificou quase 4 mil empresas que doaram, juntas, aproximadamente R$ 142 milhões acima do limite permitido. Detectou também irregularidades nas contribuições de pessoas físicas: doaram cerca de R$ 72 milhões além do teto permitido (10% dos rendimentos brutos de cada cidadão no ano anterior às eleições).

E aí eu pergunto: se você receber esse dinheiro para sua campanha, seja de uma empresa, seja de uma pessoa física, se ganhar e esses “apoiadores” vierem pedir sua colaboração, o que você responderia para eles?

Então, pessoal, temos que colocar o financiamento de campanhas em nosso país nas mãos do poder público, pois o candidato, caso ganhe, deverá obrigação ao povo e não a pessoas: e isso só será possível com a reforma política. E essa só ocorrerá se houver participação popular, pois os responsáveis no Congresso Nacional, na sua grande maioria, estão lá devido às regras de financiamento privado hoje vigentes e certamente não lutarão contra seus financiadores. Um plebiscito popular por uma Constituinte exclusiva e soberana do sistema político já está nas ruas.

A Justiça Eleitoral, que tem o papel de legitimar ou não as candidaturas e financiamentos de campanhas, está cada vez mais sucateada e sofrendo reduções de funcionários, o que acaba comprometendo o cumprimento eficaz de seu papel. Esse é um problema que diz respeito a todos nós: informe-se! Participe!

Milton Bicalho é psicólogo clínico e membro docente da Fundação Gregorio Baremblitt

Débora Melo Mansur é psicóloga e psicanalista, coordenadora de relações de trabalho e saúde do Sitraemg

Pesquisa aponta que maioria da população concorda com a frase “as mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Segundo a Polícia Civil, BH registra em 2014 média de 22 estupros por mês. O resultado da pesquisa gerou indignação nas mulheres, que organizaram atos para denunciar que a culpa da violência não é da mulher. No dia 11, grupos de mulheres vão organizar um ato público no metrô, com a proposta de alertar as usuárias para a importância da solidariedade entre elas. “Com um apito, por exemplo, elas podem chamar a atenção quando verem uma mulher em perigo, sofrendo abuso”, explica a feminista Larissa Costa.

Na edição 31...

Lei sancionada por Aécio prejudica 70 mil ...E AGORA Em coletiva de imprensa convocada pelo Sindicato dos Educadores de Minas Gerais, SindUTE -MG, a coordenadora do sindicato, Beatriz Cerqueira, apresentou um balanço dos anos de governo Anastasia e os prejuízos na educação. Ato realizado na Assembleia Legislativa reuniu cerca de 1.000 educadores de todo o estado. Eles afirmam que vão ficar em vigília no local até que o governador agende uma reunião para tratar dos atingidos pela revogação da Lei 100. O sindicato vai entrar com uma ação no Ministério Público Federal responsabilizando Aécio Neves e Anastasia pelos prejuízos causados pelo revogamento da lei.

Erramos Na edição 31 , publicamos a foto errada do indiano Ravi Shankar.

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entrevista | 09

“Exploração sexual deve aumentar com a Copa do Mundo” VIOLÊNCIA Especialista relaciona cultura do país com violação de direitos de crianças e adolescentes Joana Tavares

Noronha Rosa

Os dados são chocantes: o Brasil é o 10º país no fornecimento de pessoas para o tráfico humano. 90% de quem responde por abuso sexual são conhecidos das vítimas. Em primeiro lugar na lista dos abusadores, está o pai. Também é a família quem mais incentiva o trabalho infantil, pois pode ter um retorno financeiro com a exploração ilegal. Apesar da boa notícia da redução das taxas de trabalho infantil no Brasil, a integrante da coordenação colegiada do Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil no Território Brasileiro (PAIR), no qual atua desde o começo, Beth Campos chama a atenção para a necessidade de a sociedade conhecer o tema e enfrentá -lo.

Brasil de Fato - Como é o contexto hoje do trabalho infantil no país e como ele é enfrentado?

Beth Campos - O trabalho infantil é proibido no Brasil. É permitido para os maiores de 16 anos e para os maiores de 14 apenas como trabalho protegido, mas poucas empresas estão capacitadas para isso. A prostituição, apesar de não ser proibida no Brasil, não é permitida para menores de 18 anos, porque se considera que o jovem não tem capacidade de escolher essa profissão. A

“ Quando a sociedade remunera o trabalho infantil, está sendo cúmplice de um crime, de uma violação do direito da criança” boa notícia é que o trabalho infantil vem sendo erradicado no Brasil. O país é signatário do Pacto 182, que se compromete a erradicar todas as piores formas de trabalho infantil, que são os insalubres, noturnos e perigosos, entre os quais está a exploração sexual. Na América do Sul, foi o país que mais diminuiu a incidência desse tipo de exploração.

Como a sociedade pode atuar?

Não remunerando o trabalho infantil. Quando a sociedade remunera a prática, está sendo cúmplice de um crime, de uma violação

mas também de sexo. Portanto, nós vamos ter dois desejos que vão se encontrar: uma população jovem, carente, pobre, disposta a tudo pa-

“A Copa do Mundo vai trazer cerca de 600 mil turistas estrangeiros, dos quais 83% são homens, 60% solteiros, com alta renda, que vêm em busca do futebol, mas também de sexo” ra mudar de vida e ascender socialmente, e uma população masculina mais rica, sendo uma parte ligada ao tráfico humano.

Beth Campos, do PAIR

do direito da criança. Muitas vezes são os pais que mandam os filhos trabalharem e os proíbem de voltar pra casa antes de terem uma certa quantia, normalmente R$ 50.

Os programas de enfrentamento repassam cerca de R$ 40 por mês para uma família que tenha alguém em situação de trabalho infantil. Então é uma competição muito desigual. Muitos pais pensam: ‘pra que ganhar R$ 40 por mês se dá pra tirar R$ 50 por dia?’ Essa é uma visão histórica e um problema transgeracional: o pai, o avô, o bisavô, todos trabalharam, todos foram para a rua, mendigaram. É uma questão histórica, cultural.

co humano, principalmente de mulheres, entre 15 e 25 anos. Esse tipo de tráfico é o terceiro negócio ilícito mais lucrativo do mundo. Por isso é muito importante a Campanha da Fraternidade de 2014, que tem como tema o tráfico humano, para jogar luz a essas questões.

Como a história do país interfere nessa realidade?

O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão. As crianças filhas dos escravos serviam aos patrões, eram consideradas objetos.

Serviam até para sua lascívia, seus desejos sexuais. A exploração sexual também é uma questão transgeracional, começa normalmente com um abuso dentro da família. Isso vem da nossa história, desde a colonização. É histórica a subjugação da mulher negra, da mulher índia e dos povos que serviam aos brancos em todos os sentidos, inclusive na cama. Essa exploração é histórica, cultural, étnica, racial. Todas essas características colocam o Brasil como 10º país no fornecimento de pessoas para o tráfi-

Qual o perfil das vítimas desse tipo de exploração? É quase o mesmo perfil no Brasil todo: jovens e carentes. Hoje, 30, 31% da população brasileira tem menos de 18 anos. Dessa população - cerca de 60 milhões de pessoas - 55,7% estão na linha de pobreza, ou seja, têm uma renda per capita familiar de meio salário mínimo. Essa é a grande vulnerabilidade, porque essa população, quase 30 milhões de brasileiros, tem um sonho de projeção social, que pode se dar através de casamento com uma pessoa de outra classe. Agora, estamos recebendo a Copa do Mundo, que vai trazer cerca de 600 mil turistas estrangeiros, 83% homens, 60% solteiros, com alta renda, que vêm em busca do futebol,

“É histórica a subjugação da mulher negra, da mulher índia e dos povos que serviam aos brancos em todos os sentidos, inclusive na cama”

No caso dos abusos sexuais, quem é o agressor?

Cerca de 90% de quem responde por crime de abuso sexual é alguém conhecido da criança. Há uma cumplicidade dentro de casa. Em primeiro lugar na lista dos agressores está o pai, em segundo o padrasto, e em terceiro, a mãe.

Justamente aqueles que têm o dever de proteção. Mas 90% é alguém conhecido: um parente, um vizinho, um amigo da família. A partir daí, sua autoestima é destroçada. E muitas vezes a pessoa abusada parte para a exploração sexual e acha que está ganhando com isso.

Como ela saiu de uma violação interna, opressora, ela acha que agora pode escolher e que está recebendo algo por aquilo, sendo paga.

Ela não consegue se ver como uma pessoa explorada. Nem a pessoa que está sendo traficada acha que está sendo explorada. Porque o que lhe é ofertado pode parecer melhor do que ela tinha em casa. Por isso é preciso conscientizar as pessoas de que isso existe. Estamos com um megaevento nas nossas portas e esse tipo de crime pode e provavelmente vai aumentar. Então tem que aumentar nosso alerta, nossa ação para que as crianças e adolescentes sejam protagonistas de suas histórias e não se deixem iludir por propostas violentas como essas.

DENUNCIE: Se você vir algum tipo de exploração do trabalho infantil ou de abuso sexual, disque 100 ou 0800 0311119

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Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

PEC das Domésticas completa um ano sem regulamentação TRABALHO Apesar de várias conquistas, ainda há problemas com o FGTS, seguro-desemprego e adicional noturno.

Doméstica – O Filme/Divulgação

Feita para assegurar direitos iguais para as domésticas em relação aos demais trabalhadores, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que ficou conhecida como PEC das Domésticas, completa um ano de sua promulgação. Com ela, os direitos trabalhistas previstos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) alcançam também os empregados domésticos, que incluem faxineiras, jardineiros e babás, por exemplo.

A PEC já garante que o salário de profissionais que trabalham em residências não pode ser inferior ao mínimo e devem ter carteira assinada.

Também estabelece jornada de trabalho de até oito horas diárias e 44 horas semanais, hora de almoço, pagamento de hora extra e descanso semanal. No entanto, muitos direitos seguem sem regulamentação e, portanto, não têm validade.

Um dos principais problemas está com o FGTS (Fundo de Garantia

por Tempo de Serviço). O projeto de lei (PLS 224/2013), quando aprovado, ficou com modificações em relação ao texto original no ponto do FGTS. De acordo com o projeto, o pagamento deve ser feito por empregadores e empregados, de forma conjunta, na proporção de 8% de FGTS, 8% de INSS, 0,8% de seguro contra acidente e 3,2% relativo à rescisão contratual. Outros pontos que ainda precisam de regulamentação são o segurodesemprego, o salário-família, o adicional noturno e o seguro acidente de trabalho.

Desde julho do ano passado, o projeto está parado na Câmara dos Deputados. Na quarta-feira (2), representantes dos trabalhadores domésticos estiveram no Congresso para cobrar que o projeto seja discutido em plenário. A presidenta da Associação Brasiliense das Empregadas Domésticas, Samara da Silva, criticou a paralisação da tramitação: “Nós vive-

Dos quase 7 milhões de trabalhadores domésticos no Brasil, 92% são mulheres, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 2011

mos em uma sociedade que não tem igualdade de direitos, por sermos negras e pobres, acham que nós não temos direito a ter um emprego digno, mas nós queremos ser valorizadas”.

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que trabalhou como empregada doméstica por mais de 15 anos, espera que o Projeto de Lei Complementar 302/2013, que dispõe

sobre o contrato de trabalho doméstico, seja votado ainda este mês. Ela também criticou a mudança no FGTS e defendeu a revisão do texto aprovado pelo Senado: “A flexibilização que veio do projeto para a proteção do empregador é prejudicial para a trabalhadora doméstica, ela vai ter problemas”. (Da Redação, com informações da Agência Brasil)

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Maioria do STF vota contra doação Definidas ações de segurança para a Copa de empresas em campanhas • O Exército e os órgãos de ma, o Exército atuará na segurança do Distrito Fede- prevenção a eventuais ataA maioria dos ministros

•

Carlos Humberto/SCO/STF

do Supremo Tribunal Federal (STF) votou nesta quarta-feira (2) a favor da proibição de doações de empresas privadas para campanhas políticas. Por 6 votos a 1, os ministros entenderam que as doações provocam desequilíbrio no processo eleitoral. Apesar da maioria formada, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Não há prazo para o julgamento ser retomado.

O Supremo julgou a ação direta de inconstitucionalidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra doações de empresas privadas a candidatos e a partidos políticos. A OAB contesta os artigos da Lei dos Partidos Políticos e da Lei das Eleições que autorizam as doações para campanhas políticas.

Mesmo com o pedido de vista, dois ministros pediram para adiantar seus votos. Marco Aurélio, que também é presidente do Tri-

ques terroristas e na proteção de aeroporto, estádio, hotéis, estações de energia e no deslocamento de seleções. Contenção de eventuais manifestações, proteção a torcedores e trânsito, por exemplo, carão a cargo José Cruz/Agência Brasil das forças de segurança locais. Em torno de 3.000 soldados carão de prontidão para situações de emergência, caso haja solicitação do governo local.

Reunião estipulou detalhes do cronograma (ABr)

ral se reuniram nesta quarta-feira (2) para de nir os últimos detalhes do planejamento das ações de segurança que serão adotadas no período da Copa do Mundo, de 12 de junho a 13 de julho. Pelo cronogra-

Para ministros, doações provocam desequilíbrio no processo eleitoral

bunal Superior Eleitoral (TSE), manifestou-se a favor da proibição das doações de empresas privadas. Segundo o ministro, o processo eleitoral deve ser justo e igualitário. “Não vivemos uma democracia autêntica, mas um sistema politico, no qual o poder exercido pelo grupo mais rico implica a exclusão dos menos favorecidos”, afirmou.

Marco Aurélio citou da-

dos do TSE que demonstram os gastos das campanhas eleitorais em eleições passadas. De acordo com o ministro, em 2010, o custo de uma campanha para deputado federal chegou a R$ 1,1 milhão. Para senadores, o gasto médio ficou em torno de R$ 4,5 milhões. Na disputa para a Presidência da República, os candidatos gastaram mais de R$ 300 milhões. (ABr) Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Em frente ao Congresso Nacional, na segunda-feira (31), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o Movimento de Mulheres Camponesas e o Movimento dos Pequenos Agricultores lembraram os camponeses perseguidos e torturados durante o regime militar.

Carandiru: Justiça condena PMs a 48 anos de prisão Sete jurados decidiram •nesta quarta-feira (2) condenar os 15 policiais militares (PMs) pela ação policial que culminou com a morte de quatro detentos na Casa de Detenção do Carandiru. Os policiais foram condenados a 48 anos

Anuncie publicidademg@brasildefato.com.br

(31) 3309-3304

de prisão, cada um, por homicídio qualificado. O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo também determinou a perda do cargo público para os policiais que continuam na ativa.

Os réus poderão responder em liberdade. (ABr)

Todas as semanas nas ruas de

BH

12 | mundo

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

Pela 1ª vez, Paris terá uma prefeita mulher EUROPA A socialista Anne Hidalgo vence o segundo turno da capital francesa A candidata do Partido Socialista à Prefeitura de Paris, Anne Hidalgo, venceu o segundo turno das eleições na França, realizadas no domingo (30). Filha de imigrantes espanhóis, feminista e uma política discreta, ela é a primeira mulher a ocupar o posto de prefeita da capital francesa. Anne obteve 54,5% dos votos, contra 45,5% da candidata de direita Nathalie Kosciusko-Morizet, do partido UMP. Durante a disputa, a candidata socialista foi alvo de preconceito dos simpatizantes de partidos de direita, devido à sua origem espanhola. Hidalgo era alvo de brincadeiras preconceituosas, sendo chamada de “zeladora”, que faz referência aos espanhóis que ocupavam, em meados do século 20, os cargos de zelador dos prédios de Paris.

A nova prefeita dará continuidade aos trabalhos iniciados pelo seu antecessor, o também socialista e atual prefeito parisiense Ber-

trand Delanoë. Entre as medidas que Hidalgo pretende tomar, está a criação de 10 mil novas moradias, 5 mil vagas a mais nas creches e acesso mais fácil aos serviços de saúde. Outras promessas são o não aumento dos impostos e a melhoria da política de segurança.

Hidalgo, que esteve à frente da pasta de urbanização no mandato de Delanoë, relembra o sucesso do programa de livre acesso a bicicletas, chamado de “Vélib” e que foi copiado por outras capitais pelo mundo.

Apesar da vitória socialista em Paris, o partido não obteve o mesmo desempenho em outras cidades. Segundo estimativa do instituto BVA divulgada pelo jornal ‘Le Parisien’, em todo o país a centrodireita obteve 49% dos votos, a esquerda 42% e a extrema direita 9% nas localidades de mais de 3.500 habitantes. (da Redação, com agências de notícias)

Venezuela: proprietários têm de vender imóveis alugados há mais de 20 anos As autoridades que regulam o aluguel de casas na Venezuela determinaram na terça-feira (1º) que os proprietários com imóveis alugados há mais de 20 anos devem proporcionar aos inquilinos a compra da habitação em um prazo de 60 dias A norma, publicada na Gazeta Oficial, estabelece ainda que o proprietário que não cumprir a decisão “será multado com 2.000 unidades tributárias (29.428 euros) por

cada habitação que não coloque à venda. A multa deverá ser paga em um prazo de cinco dias úteis, uma vez constatado o descumprimento”, sob pena de “embargo” em caso de reincidência.

O “preço justo” de venda do imóvel será determinado pela Superintendência Nacional de Aluguéis de Habitações, por solicitação escrita do proprietário ou inquilino, depois de cumpridos os vários requisitos. (Agência Brasil)

FRASE DA SEMANA “Quando o mundo inteiro pede aos EUA para arquivarem sua política de bloqueio econômico de Cuba, surgem vozes desse governo ameaçando a Venezuela com sanções. Será que essa atitude serviu para resolver alguma coisa, que não seja impor dificuldades aos mais fracos em diferentes sociedades?”, disse o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, cobrando que os Estados Unidos tenham respeito pela Venezuela e por toda a América Latina.

Reprodução

Anne Hidalgo sofreu preconceito por parte dos partidários da direita devido à sua origem espanhola

GM é investigada por esconder falha em chave de ignição SUSPEITA Quase 7.000 carros foram recolhidos; 13 mortes foram associadas ao defeito A montadora norte-americana General Motors está sendo investigada por supostamente ter escondido falhas de ignição em alguns de seus veículos ao longo da última década. O recall de 6,3 milhões de carros ao redor do mundo só começou nos últimos dois meses, apesar de a empresa já ter associado 13 mortes às falhas.

A nova CEO da empresa, Mary Barra, depôs nesta terça-feira (1º) no Congresso dos EUA, mas afirmou ainda não ter uma razão para o atraso do recall. Os modelos que sofrem recall não são vendidos no

Brasil.

A GM declarou que alguns de seus engenheiros sabiam há quase uma década que os interruptores de ignição de alguns de seus carros poderiam se desligar de repente quando as chaves fossem agitadas, potencialmente prejudicando o funcionamento dos airbags.

Agora, a montadora enfrenta inúmeras investigações, incluindo uma criminal federal, que visa determinar por que a companhia não agiu mais cedo para consertar as chaves de ignição com defeito.

Wikimedia Commons

ION é um dos modelos que está listado no recall promovido pela GM

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014 Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

AMIGA DA saúde

Cara Amiga, sou bonita, atraente e sexo para mim nunca foi uma dificuldade. Porém, de algum tempo para cá, em toda transa que acontece, o cara sempre brocha da primeira vez comigo. Aconteceu umas quatro vezes, com homens diferentes. Sempre me cuido quanto a cheiros e afins. O que pode estar acontecendo?

Amiga da saúde, minhas unhas estão descamando há uns dois meses. Isso é sinal de problemas de saúde? O que posso fazer para resolver isso?

Ana Vitória, 18 anos, estudante

Cara Ana, a descamação das unhas pode estar relacionada a vários problemas de saúde. Anemia, alterações da tireoide, má circulação do sangue e micoses são alguns exemplos. Falta de vitamina D é outro fator, que pode ser corrigido com exposição segura ao sol ou suplementação da vitamina. Nesses casos, é necessária avaliação médica. O excesso do uso de esmaltes, sem dar tempo para uma hidratação das unhas, também resseca. Nesse caso, recomenda-se ficar alguns dias da semana sem o esmal-

J. 33 anos.

Querida J., é difícil saber exatamente o que está acontecendo. A excitação está muito ligada ao fator psicológico. Todos nós, independente do sexo, podemos brochar em algumas ocasiões. Mas se existe desejo entre os dois não é comum que isso se repita com frequência. Possivelmente, deve ter algo que faz com que os seus parceiros percam a concentração no ato sexual. Mas

são tantas possibilidades, que o jeito mais fácil de descobrir é conversando sobre isso com eles. Caso volte a acontecer, pergunte o que foi que deixou o seu parceiro desconfortável ou que lhe tirou a concentração. Isso poderá te ajudar a resolver esse problema.

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Atividade agrícola do Sul da Bahia Observações críticas sobre uma obra

© Revistas COQUETEL

Stanislaw (?) Preta, jornalista brasileiro Forma de pagamento de empréstimos Professor Massa molecular (abrev.)

Informação obrigatória na bula

Locução adverbial de tempo e de modo

Dificuldade de ex-detentos Sintoma comum no início da gravidez

Instrumento do juiz de futebol

Nosso Senhor (abrev.)

te e usar hidratante, principalmente antes de dormir. Alguns alimentos fazem bem para as unhas, como as carnes vermelhas, castanhas do pará, feijão, couve, camarão, leite, gema de ovo, banana, ameixa e, principalmente, a água.

variedades | 13

Querida amiga, tentei terminar meu namoro na última semana, mas fui surpreendida com uma ameaça. Ele disse que me mata se eu ficar com outro homem. Já vinha achando ele com um jeito meio agressivo, mas nunca me bateu.

O que faço agora? Estou com medo, quero terminar. Posso denunciar mesmo sem ele ter me batido?

M.U. 32 anos, consultora de vendas Não só pode como deve, M.U. A ameaça já constitui um crime e ele pode inclusive ser preso preventivamente por estar te ameaçando de morte. A lei Maria da Penha existe como um avanço no combate à violência contra mulheres. Nela está previsto o crime de violência psicológica, em que se enquadra a ameaça. Procure denunciar o quanto antes, compareça a uma delegacia da mulher. Se estiver em Belo Horizonte, a delegacia é na Rua Aimorés, nº 3005, bairro Bar-

ro Preto. Procure ir acompanhada de alguém da sua confiança. Peça ajuda, mais pessoas sabendo pode ajudar a coibir uma possível violência por parte dele. Se estiver fora de BH, ligue 180. Por esse telefone lhe será informado sobre outras referências que você poderá buscar.

A novela Como ela é

"(?) É Carioca", de Tom e Vinícius Formação na terra feita pelo arado "É preciso separar o (?) do trigo" (dito)

Ana (?), pioneira da Enfermagem (BR) Em, em inglês Embarcação (poét.)

(?) linfática, técnica de massagem terapêutica Filme brasileiro com Lázaro Ramos Animalsímbolo de Portugal

A ditadura também censurou novelas

Ulisses Costa, locutor esportivo

Significado do branco na bandeira do Canadá De (?): substitui o sobrenome esquecido

Sentimento da pessoa traída Conjunto dos números reais (Mat.) Nome da letra muda LIxeiro (?) zero: privação total de alimentos

Maranhão (sigla) Naquele lugar

Corrida "off road" Adorno de cabelo Moeda, em inglês Usa (o mouse) Conjunção aditiva

Perfil do trabalho ligado às ONGs

Erva muito usada em quibes

2/at. 4/coin — neve. 7/cafundó. 11/comentários.

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Solução P R C O D S U Ç Ã J O D E C G A A C A H U

P D O C M E N A T O S E A L CO N E V T AL I O A R E N AG M A A F U N L O T I L C H O R M A NI T

D I E T A D E R E P E N T E

R N T E I O S N S I T O U C E R I A A M L A G R I O Z A R A A Ç E L Ã R I O

BANCO

Ernest Rutherford, físico neozelandês

Neste mês, recordamos os 50 anos do golpe que instaurou a ditadura no Brasil. Em janeiro de 1973 estreou a primeira novela em cores da televisão brasileira, “O Bem Amado”. Escrito por Dias Gomes, o folhetim tratava do comportamento coronelista dos políticos, figurado no personagem Odorico Paraguaçu, prefeito populista e corrupto. Gestor da cidade de Sucupira, o grande feito de seu mandato seria a inauguração de um cemitério. O prefeito planejava a morte de algum morador, para poder, enfim, inaugurar sua obra. Como ironia do destino, um pistoleiro mata Odorico. Como pano de fundo da trama, o autoritarismo da ditadura era criticado pelo autor, considerado comunista.

O regime militar, na época da novela, estava no auge da repressão, sob o comando do General Médici (1969-1974). Muitas produções foram severamente censuradas e artistas presos e torturados. Não por acaso, a novela de Dias Gomes – um dos maiores dramaturgos do país – foi censurada pela Divisão de Censura e Diversão Públicas. Segundo Jaime Cimino, 37 capítulos do folhetim foram reprovados.

Outra novela de Dias Gomes censurada foi “Roque Santeiro”. No dia programado para a estreia, em agosto de 1975, o DOPS enviou um ofício à emissora proibindo a apresentação. Somente dez anos depois a trama de Sinhozinho Malta pôde chegar à casa dos brasileiros.

Não só Dias Gomes, mas sua esposa Janete Clair e diversos outros foram espionados durante o regime militar. As sinopses dos folhetins eram analisadas e deveriam ser aprovadas antes de irem ao ar. Nas palavras de Guilherme Amado, “para a ditadura, novela era assunto de segurança nacional”.

Na ditadura não havia brecha para ninguém. Era calar-se ou calarse. Que bom que vários brasileiros resistiram bravamente à censura e hoje estão sendo investigados os desmandos de torturadores e políticos autoritários, que tolhiam o bem maior de todo ser humano: a liberdade! E que nunca mais, nenhuma novela deixe de ser exibida pelo autoritarismo. E que a censura seja apenas uma triste parte de nossa história!

Até a próxima semana!

Joaquim Vela (quimvela@brasildefato.com.br)

14 | cultura

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

As muitas faces das transgêneras EXPOSIÇÃO “Elas, Madalenas”, do fotógrafo Lucas Ávila, retrata universo das trans Por Raíssa Lopes Travestis, transexuais, drag queens, transformistas... Todos estamos acostumados a vê-los à noite. Mas, por quê? O questionamento e a curiosidade sobre o tema levaram o fotógrafo e jornalista Lucas Ávila à criação da exposição “Elas, Madalenas”, que fica em cartaz de 9 a 29 de abril no Memorial Minas. A mostra reúne imagens que retratam o dia a dia das pessoas trans de Belo Horizonte e pretende desmistificar a ideia de que elas estão sempre ligadas ao sexo e à prostituição.

As fotografias são resultado de três anos de pesquisa e convivência do artista com transgêneras de diversas idades, profissões e classes sociais. “No início, meu projeto daria visibilidade somente às travestis, então fui falar com Nero, trans lendária na cidade que possui um salão na Galeria do Ouvidor. Segundo o dicionário, Nero se enquadraria totalmente nessa definição de ‘tra-

Exposição retrata transgêneras em situações comuns

Valesca Popozuda A funkeira aderiu à campanha contra a violência sexual a mulheres. Em seu perfil do Facebook, ela postou uma foto sua com a frase: “De saia longa ou pelada, #NãoMereçoSerEstuprada. A cantora ainda lembrou: “Estupro é crime hediondo e as penas estão previstas na Lei 12.015 de 2009”.

vesti’, mas quando cheguei lá, ouvi ‘eu não sou travesti’. Perguntei qual definição deveria usar e a resposta foi ‘não sou ele nem ela, eu sou Nero’”. Lucas conta que esse momento foi extremamente importante para que entendesse melhor questões relacionadas à identidade de gêne-

“Achava que o morador de rua era o que mais sofria com preconceito, mas não, é a travesti. Vivemos em um sistema capitalista e para elas nem boa condição econômica é sinal de valorização. As travestis ricas sofrem a mesma discriminação das que moram na rua” ro e classificação. “Deu aquele ‘click’. Pensei ‘quem sou eu para falar que Nero é travesti se nem ele se reconhece assim?’”, declara.

A realização de “Elas, Madalenas” foi possível a partir de financiamento coletivo online. Orçada em R$6.500, três dias depois de lançada já havia alcançado o valor necessário. Após 25 dias, recebeu R$10.830. Mesmo com todo apoio dos internautas, Lucas encontrou resistência dos museus da capital.

“Fiquei um ano tentando arrumar lugares para expor. Tentei em todos possíveis, e era sempre a mesma resposta. Os espaços culturais de BH são engraçados: ou são muito caretas ou dependem de lei de incentivo. Recusavam meu trabalho porque sabiam que daqui a dois meses chegaria um projeto custeado pela lei e que pagaria muito mais

Dado Dolabella O Superior Tribunal de Justiça manteve a condenação do ator no caso de agressão à atriz Luana Piovani. A decisão é importante porque a defesa de Dolabella afirmava que a lei Maria da Penha não se aplicava ao caso. O STJ decidiu que lei vale para qualquer mulher.

Lucas Ávila

a eles do que eu poderia pagar”, afirma. Somente depois de entrar em contato com o Núcleo de Diversidade de Gênero da Secretaria Municipal de Educação, que promove parcerias com alguns centros culturais da cidade, o jornalista conseguiu locação para a mostra.

“Nunca quis expor esse trabalho apenas para pessoas e lugares abertos ao tema. Queria dialogar com o público conversador, sabe? Ver a minha avó lá. E acho que nada mais conservador que a Praça da Liberdade”, explica Lucas.

Militância O jovem menciona que depois de se aproximar do universo das transgêneras percebeu o quanto o grupo era marginalizado. “Eu achava que o morador de rua era o que mais sofria com preconceito, mas não, é a travesti. Vivemos em um sistema capitalista e para elas nem boa condição econômica é sinal de valorização. As travestis ricas sofrem a mesma discriminação das que moram na rua”, relata Lucas, que se tornou militante da causa.

Ele chama a atenção para a expectativa de vida das travestis - de 35 a 40 anos - e afirma que as instituições não estão preparadas para acolher pessoas trans. “Se nasci com uma condição e quero manifestá-la, sou banida da família, da escola, do mercado de trabalho. O que me resta? Prostituição, tráfico de drogas ou salão de beleza. E se eu não tenho talento como cabeleireiro?”, questiona.

A partir do seu trabalho, o fotógrafo deseja que a transgeneridade seja vista com naturalidade. De acordo com Lucas, são fotos que mostram pessoas trans em casa, varrendo o chão, executando tarefas cotidianas comuns a todos. A vi-

Exposição fica em cartaz até 29 de abril, no Memorial Minas

da de uma travesti que é professora de tênis na UFMG e de outra que adora caminhar pelo Parque Municipal fazem parte do acervo.

“Elas, Madalenas” O nome é uma tentativa de provocar o pensamento crítico dos espectadores. Segundo Lucas, a personagem bíblica Maria Madalena sempre foi estigmatizada, assim como as pessoas trans. “Ela é a pecadora, a apedrejada, mas a Bíblia a reconhece como santa. As transgêneras também são vítimas do desconhecimento, presas a um estereótipo que não existe”.

SERVIÇO A exposição fica em cartaz de 9 a 29 de abril, com entrada gratuita. O Museu Minas (Praça da Liberdade) abre todas as terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 17h30, quintas das 10h às 21h30 e domingos, das 10h às 15h30.

cultura | 15

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014

AGENDA DO FIM DE SEMANA FESTA

HISTÓRIAS

Evento Buteco Tropicalizemos!, organizado pelo Levante Popular da Juventude, lembra os 50 anos do Golpe Militar e celebra a resistência à Ditadura ao som de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, entre outros. Sexta (4), às 17h30, no Território Livre da Faculdade de Direito e Ciências do Estado (Avenida João Pinheiro, 100, Centro).

Encontro semanal de contadores de história. A Reunião promove seleção e pesquisa de textos literários, exercícios de narração e trocas de vivências.

Sexta (4), às 9h45, na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte (Rua Carangola, 288, Santo Antônio).

é tudo de graça!

OCUPAÇÃO CULTURAL

1ª Ocupação Cultural de Ibirité reunirá moradores, artistas e agentes culturais para ocupar os espaços públicos da cidade. Sábado (5), a partir das 10h, no Complexo da Estação.

FESTA Evento Em nome do Amor e da Diversidade marca ocupação das praças com atividades culturais e muita música. Domingo (5), às 15h, na Praça Raul Soares.

Segunda a quinta-feira LITERATURA

Projeto Sempre um Papo recebe a jornalista e escritora Eliane Brum para debate e lançamento do livro “Meus Desacontecimentos - A História da Minha Vida com as Palavras”. Terça (8), às 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro).

MÚSICA

ARTES VISUAIS

Show de lançamento do CD Casa de Vinícius, homenagem ao poeta Vinícius de Moraes, e exibição do documentário “O Vinicius de Marta – Um amor portenho”, de Carlos Pronzato, inspirado na 8ª mulher do artista.

Quinta (10), às 20h, no Teatro Santo Agostinho (Rua Aimorés, 2679, Santo Agostinho).

A exposição Sentido Obrigatório questiona e analisa o caráter obrigatório e proibitivo das leis. De 8 a 11/04, no Cine Theatro Brasil (Rua dos Carijós, 258, 5° e 6° andares, Centro).

CINEMA A mostra Encontro com o cinema alemão apresenta produções audiovisuais da Alemanha, que retratam temas como a Segunda Guerra Mundial e queda do Muro de Berlim. De 4 a 13/04, no Cine Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro). Confira a programação completa no site www.sescmg.com.br.

esporte |

na geral Eleição na CBF

Marco Polo del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, registrou sua candidatura à presidência da CBF. Os cinco vices da chapa são o atual presidente da CBF, José Maria Marin (SP), Gustavo Feijó (AL), Delfim Peixoto (SC), Marcus Vicente (ES) e Fernando Sarney (MA), atualmente um dos vice-presidentes na confederação nacional. O pleito será em 16 de abril e não terá chapa de oposição.

Barcelona punido pela FIFA - Portuguesa aciona Justiça Cocontratações só em 2015 mum por Vaga na Série A

Bronze no Judô

O Barcelona foi punido nesta quarta-feira (2) pela Fifa por descumprir a regra da entidade para transferência internacional de atletas com menos de 18 anos. A regra permite que um adolescente seja transferido somente em circunstâncias específicas, avaliadas por um sub-comitê da comissão do status de jogadores.

Faz parte da política do Barcelona trazer jovens talentos do mundo todo e treiná-los desde cedo na filosofia do clube. Lionel Messi, por exemplo, chegou ao Barcelona com 16 anos. Dessa forma, o Barcelona está impedido de fazer qualquer contratação de atletas pelas próximas três janelas de transferência internacional (do meio e do final deste ano, além de janeiro de 2015). Ou seja, novas contratações só no meio de 2015.

Até lá, terá que buscar uma solução doméstica para as saídas dos ídolos Puyol e Valdés, já dadas como certas. A Federação Espanhola de Futebol também foi multada, em cerca de R$ 1,3 milhão.

A judoca brasileira Maria Altheman ganhou medalha de bronze no Grand Prix de judô realizado na última semana em Samsum, na Turquia.

Foi a segunda medalha do Brasil no torneio, que também teve bronze de Charles Chibana. O próximo compromisso dos judocas é o Campeonato Pan-Americano, que será disputado no Equador nos dias 25 e 26 de abril

A Associação Portuguesa de Desportos acionou na quarta-feira (4) a Justiça Comum para ter seus pontos devolvidos e consequentemente a vaga na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Rebaixada para a série B do Brasileirão no lugar do Fluminense, devido à escalação de um jogador irregular, a Lusa não se intimidou com as ameaças da CBF de possíveis punições e decidiu levar o questionamento até as últimas instâncias. Na primeira audiência o time de São Paulo saiu vitorioso, recebendo de volta os quatros pontos descontados pela irregularidade. Dessa forma, o time rebaixado para série B, hoje, é o Flamengo. A dúvida é se o time carioca realmente será rebaixado ou irá contar com todo o aparato burocrático da CBF ao seu lado, o que não ocorre com os times de menor expressão.

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Você Sabia

O Judô chegou ao Brasil em 1922, com a imigração japonesa. Embora fosse uma prática comum entre as mulheres, o primeiro campeonato só ocorreu 1980, depois que um grupo de mulheres conseguiu revogar a lei que proibia a organização de competições femininas da modalidade.

16 | esporte

Belo Horizonte, de 04 a 10 de abril de 2014 imagem de arquivo

OPINIÃO América Más recordações da Copa do Brasil Bráulio Siffert Das 25 edições da Copa do Brasil, o América participou de 15. A melhor campanha foi em 1998, quando eliminou o Inter e, nas oitavas de final, foi derrotado pelo Sport, terminando em 11° lugar. Das demais edições, não há boas recordações: o América já foi desclassificado na primeira fase por times sem expressão como Kaburé-TO (1994), Goiânia-GO (2001), Baraúnas-RN (2005) e Águia de Marabá-PA (2009); e em quase todas as outras perdeu logo na segunda fase.

Em 2014, felizmente o América despachou o modesto Santos do Amapá; e agora, se ganhar do ven-

cedor de Bahia e Vila Nova, provavelmente terá um proveitoso duelo contra o Corinthians. A Copa do Brasil é de fato uma importante disputa para dar chance de título de expressão a times menores ou pelo menos para garantir boas receitas em jogos contra times de muita torcida.

OPINIÃO Atlético

OPINIÃO Cruzeiro

Liberdade de expressão

Que venha o Clássico!

Washington Alves/site oficial

Bruno Cantini

Rogério Hilário Lamento não poder, por questões de prazo para entrega da coluna, falar sobre a Copa Libertadores.

Não resta dúvida que o Atlético vai se classificar para as quartas-de-final. Apenas não temos ainda certeza da melhor campanha da primeira fase ou da garantia de fazer todos os jogos decisivos em casa. Mas, se isso ainda é uma incógnita, falemos de Campeonato Mineiro. Assim como em 2013, quem tem a vantagem é o Cruzeiro. E, da mesma forma, cabe ao Galo inverter a situação com uma vitória no primeiro confronto ou, pelo menos, não perder. Daí, a conquista do título no segundo confronto dependeria do triunfo de um dos arquirrivais.

Embora o adversário esteja melhor neste ano, o alvinegro, seguramente, conta com um elenco ca-

paz de manter a hegemonia no futebol do estado e dar à torcida o tricampeonato. No clássico, vale muito pouco a vantagem ou o momento da equipe. Tradição conta muito, talvez mais do que o talento. Aliás, se a superioridade técnica fosse predominante, não restaria dúvida sobre o tri do Galo.

Pelo visto, parece que estou em cima do muro. Só faço uma alusão à resiliência – propriedade que algumas matérias têm de se contrair no frio e expandir-se no calor - para falar de outro assunto: a demissão de Lélio Gustavo da rádio Itatiaia. Qual o motivo? A qualidade dos comentários? A crítica a Neto Berola? A defesa de Bob Faria? Onde está a liberdade de expressão? Sou atleticano, mas nenhum jogador, técnico ou dirigente do clube está acima de qualquer questionamento. Uma reflexão mais profunda sobre o caso é necessária.

Wallace Oliveira Enquanto envio este comentário para o jornal, o Cruzeiro ainda não jogou contra o Universidad de Chile. Esse jogo abre a mais difícil sequência de partidas do time desde que Marcelo Oliveira chegou à Toca. Nos próximos dias, a Raposa terá dois clássicos, pela decisão da 100ª edição do Campeonato Mineiro, além da partida contra o Real Garcilaso, pelo torneio continental.

Em um século, essa será a 47ª decisão do estadual jogada entre Cruzeiro e Atlético. O Cruzeiro venceu 25 finais sobre o arquirrival e o Atlético se deu bem nas outras 21 oportunidades. A vantagem cruzeirense começou nos anos 60, com a inauguração do Mineirão, a profissionalização do clube e a série de cinco títulos consecutivos, entre 65 e 69. Antes disso, o Cruzeiro fora

campeão por 11 vezes, mas apenas quatro contra o Atlético, duas delas com o nome de Palestra Itália.

Como os dois clubes priorizaram a Libertadores, o Mineiro não necessariamente será motivo para muitas comemorações. Porém, um mal resultado, dependendo das circunstâncias, pode tornar o ambiente insustentável para o vice-campeão. Em 2007, por exemplo, a derrota do Cruzeiro por 4 a 0 para o Atlético levou o então técnico Paulo Autori a pedir demissão. Já em 2008 e 2009, as duas goleadas de 5 a 0 aplicadas pelo Cruzeiro complicaram a situação dos treinadores do Galo, Geninho e Leão, respectivamente, que pouco depois se desligariam do clube.

Por conta disto, é preciso encarar o Mineiro com seriedade. Mais do que uma taça, entrará em campo uma rivalidade histórica.