Edição 31 do BF MG

Edição

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014| ano 1 | edição 31| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg Reprodução

Noronha Rosa

minas | págs. 6 e 7

entrevista | pág. 9

Brasil interrompido

Jornalismo resistente

Nesta primeira reportagem da série, detalhes do golpe que colocou o país em estado de medo e da ditadura que ninguém mais tem coragem de apoiar. Confira agenda das atividades sobre o período

O jornalista perseguido e exilado logo nos primeiros dias após o golpe de 64 José Maria Rabêlo demonstra que segue crítico e disposto a incomodar ricos e poderosos de Minas

a c n u n mais cidades | pág. 3

Elevado agora é Helena Greco

cultura | pág. 14

Vida e morte de guerrilheira

02 | opinião

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

Dona Helena Greco e as ruas da cidade

50 anos da tragédia brasileira

No 24 de março, se comemora o Dia Internacional do Direito à Verdade. A verdade liberta, costumamos escutar. E liberta mesmo.

Se não conhecemos os fatos da história de nosso país, produzimos sintomas sociais muito graves. E somos condenados a repetir erros do passado. Nossa sociedade ainda é marcada pelo autoritarismo.

Pessoas que desconhecem seus direitos são frequentemente tratadas com abuso por agentes públicos, como se fossem cidadãos de segunda categoria.

Também somos agredidos quando somos obrigados a transitar por ruas, praças, viadutos e até estádio de futebol que homenageiam ditadores, torturadores e assassinos. E são muitos os locais que levam nomes de ditadores e seus agentes. Dá para notar que vem crescendo um sentimento de rejeição ao período da ditadura.

Essa rejeição é fundamental, afinal, a ditadura só foi possível por-

Sai o nome do primeiro ditador do período militar e entra de uma grande militante que lutou contra o regime. Um gesto simbólico, mas de muita força que, na época, parte da sociedade a apoiou.

Mas a outra parte combateu.

Dona Helena Greco foi uma dessas. Já tinha 60 anos quando se engajou contra o regime. Ela foi a primeira vereadora de BH, eleita em 1982. Criou e participou ativamente do Movimento Feminino pela Anistia. Desde essa época, virou símbolo da luta pelos direitos humanos, ajudando a criar a Coordenadoria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura, o Conselho Municipal da Mulher, o Fórum Permanente de Luta pelos Direitos Humanos e o Movimento Tortura Nunca Mais. Por seu trabalho, foi ameaçada, perseguida e sofreu atentado a bomba.

E agora a Câmara de Vereadores, após diversos embates, aprovou projeto que nomeia uma das vias mais importantes do centro, o antigo Elevado Castelo Branco, para Elevado Dona Helena Greco. Sai o nome do primeiro ditador do período militar e entra o de uma grande militante. Um gesto simbólico, mas de muita força.

Há projeto de lei tramitando na Assembleia Legislativa para retirar homenagens de equipamentos e bens públicos de pessoas que participaram de crimes e violações de direitos durante o regime militar. É o caso do “Mineirão”, que se chama Estádio Governador Magalhães Pinto, um apoiador de primeira hora do golpe militar.

Antes tarde do que nunca, que venham logo a memória, a verdade e a justiça.

A década de 60 foi marcada na história do Brasil por uma crise econômica e política. Diante desse quadro, as forças populares e o governo João Goulart apresentaram à nação as reformas de base como uma saída para a crise.

Essas reformas significavam um novo modelo de desenvolvimento, fundado na indústria nacional, na distribuição de renda e na melhoria das condições de vida da população. Para isso, seria necessário controlar o capital financeiro, reformar a educação e fazer a reforma agrária.

Essas propostas uniram as forças populares, que estavam nas ligas camponesas, sindicatos, quartéis, no contexto de um governo popular, que tomava iniciativa das mudanças. Porém, as forças do capital se articularam com o império dos Estados Unidos e organizaram um golpe. Assim, a burguesia apelou para a força bruta para recompor seu controle sobre o Estado e impor sua vontade política.

Burguesia apelou em 1964 para a força bruta para recompor seu controle sobre o Estado No dia 1º de abril de 1964, o dia da mentira, se perpetuou um golpe militar e se implantou uma ditadura empresarial-militar que durou 21 anos. O saldo foi a maior dívida externa de todos os tempos e uma maior dependência do capital estadunidense e das empresas transnacionais.

Nos primeiros tempos, a repressão se abateu contra todas as formas de organização da classe trabalhadora. Além disso, se voltou contra todos os militares progressistas. Depois, a partir de 1968, a repressão se aprofundou com a organização dos DOI-CODI, financiado por empresas privadas. Então, se cometeu todo tipo de crime, torturas e assassinatos.

A repressão se ampliou com o cerco à Guerrilha do Araguaia (1973-75) e nova onda de repressão nas cidades, que foi também o inicio de sua queda. A partir das greves de 1978, a classe trabalhadora retomou as mobilizações de massa. Ganhou força a campanha pelas “Diretas Já” e, finalmente, a primeira eleição para presidente em 1989, que representou o fim e derrota da ditadura.

Durante o regime ditatorial de políticos medíocres, tivemos milhares de brasileiros perseguidos, exilados, torturados e assassinados. Nunca poderemos nos esquecer deles. Infelizmente, a Lei de Anistia de 1979 serviu apenas para esconder os responsáveis que agora as comissões da verdade pretendem registrar. Essas lições contribuem para evitarmos erros do passado e para enfrentarmos os desafios da construção de uma sociedade mais justa, verdadeiramente democrática e igualitária.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309 3304

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Fotógrafa: Ana Beatriz Noronha. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

Ontem homenagem a ditador, hoje a ativista dos direitos MUDANÇA Antes Castelo Branco, agora Elevado Helena Greco A Câmara dos vereadores de Belo Helena Greco foi fundadora do Movimento Feminino pela Anistia Horizonte aprovou, em 25 de março, o Projeto de Lei 646, que dá o nome de Viaduto Helena Greco para o antigo Elevado Castelo Branco, que liga a região Noroeste ao Centro da capital. A medida acontece às vésperas dos 50 anos do golpe militar, no próximo 1º de abril, e enfrentou descontentamentos da “bancada da bala”.

Desde 2012, o viaduto estava sem nome. A aprovação da Lei 10.562 em dezembro de 2012, revogou o Decreto 1.971, que nomeava o Viaduto Castelo Branco. Desde então, o vereador Caixeta, junto a organizações de defesa dos militantes contra a ditadura, tentavam aprovar o Projeto de Lei 646, que aprovava a mudança de nome. formações até hoje.

Helena Greco também foi vereadoDona Helena Greco morava em ra de Belo Horizonte pelo Partido Quem foi Helena Greco Belo Horizonte e, aos 61 anos, co- dos Trabalhadores. Nos seus dois Durante a Ditadura Militar no meçou a se envolver com a causa mandatos, entre 1982 e 1992, criou Brasil, de 1964 a 1985, o governo dos diretos humanos, na qual teve a Comissão Permanente de Direiprendeu, torturou e matou milha- reconhecimento nacional e inter- tos Humanos da Câmara, a primeires de brasileiros, na sua maioria nacional. Em 1977, foi uma das fun- ra do Brasil. estudantes e trabalhadores. Nesse dadoras do Movimento Feminino Dona Helena Greco morreu em período, eram cometidas brutalida- pela Anistia, que teve grande reper- 2011, com 95 anos de vida e 34 anos des contra pessoas que não concor- cussão na derrocada da ditadura. de militância. Dentre tantas boas davam com o governo. As famílias Realizadora de importantes heranças, nos deixou um espírito desses presos não conseguiam sa- ações, que lhe renderam a inclusão de luta: “A nossa cidadania depenber se estavam mortos ou não, e al- de seu nome no Projeto Mil Mu- de diretamente da nossa capacidagumas delas permanecem sem in- lheres para o Prêmio Nobel da Paz, de de indignação”, dizia.

Mônica em grande estilo

cidades | 03

Pergunta da semana Em 1º de abril, o Brasil completaria 50 anos de ditadura, caso pessoas contrárias ao regime militar não tivessem dado a vida pela redemocratização do país. Durante 21 anos, os militares mudaram leis, fecharam o Congresso Nacional e não permitiam que os brasileiros escolhessem seu presidente, governadores, deputados, senadores e prefeitos. O Brasil de Fato MG pergunta:

Qual a sua opinião sobre a ditadura militar?

Sinceramente, acho que foi um desastre. Porque não fizeram uma avaliação correta, justa, muita gente boa sacrificada. Então eu acho que agora a mentalidade do pessoal veio à flora. A verdade está sendo esclarecida.

Apesar de que tem muita injustiça, mas nós precisamos pensar sempre no dia de amanhã.

Edgar Rodrigues de Castro, aposentado

EXPOSIÇÃO Savassi recebe 20 estátuas customizadas da personagem mais famosa dos quadrinhos Por Maíra Gomes

Meninos travessos que xingam coleguinhas recebem o troco em coelhadas. Esse ensinamento vem de muito tempo, das histórias da turminha mais famosa dos quadrinhos brasileiros, a Turma da Mônica. E a dona da “lua” no Bairro dos Limoeiros ocupa agora as ruas de Belo Horizonte, no Bairro Savassi. A cidade recebe a exposição “Mônica Parade”, que reúne estátuas feitas de fibra de vidro com 1,85m de altura produzidas a partir da visão de 20 artistas plásticos, grafiteiros ou publicitários, como o ilustrador Alex Senna e a grafiteira Tikka Meszaros.

Com parte da comemoração dos 50 anos de criação da baixinha, nascida em 1963, a exposição visi-

tou a cidade de São Paulo em novembro do ano passado, onde recebeu mais de 5 milhões de visitantes durante o mês de exposição.

Em BH, a mostra chega com 30 estátuas a menos, já que um leilão arrematou as peças, gerando R$ 440 mil em recursos para o Fundo da Unicef.

Segundo a organização do evento, a capital mineira foi escolhida para receber o evento por ser uma das cidades do Brasil com o maior número de leitores. A inauguração, no dia 24, contou com a presença do criador Maurício de Souza e suas filhas Magali e Mônica. Espalhadas nos quatro quarteirões fechados que circundam a Praça Savassi, as pequenas grandes Mônicas alegram quem passa pelo local até o dia 24 de abril.

Eu acho que não foi bom. Privou muita gente da liberdade, de se expressar, de se locomover. O jornalismo foi privado de muitas coisas também. Mas o mais importante é que teve muita privação de informação.

Rayanne, operadora de monitoramento

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Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

“Privatização do metrô vai afetar a população” TRANSPORTE Metroviários alertam que PPP pode significar aumento da passagem Por Sumara Ribeiro Os metroviários de Belo Horizonte realizaram uma paralisação de 24 horas no dia 19 de março para protestar e alertar a população quanto ao processo de privatização do metrô. Em carta distribuída nas estações, os trabalhadores explicaram que têm consciência dos problemas que os usuários enfrentam diariamente com trens superlotados, sem climatização, roletas e elevadores com problemas de manutenção.

De acordo com eles, o motivo dos problemas é a falta de investimentos do governo federal que “não libera verbas nem mesmo para a manutenção dos trens e das estações”, apesar dos anúncios de verbas para obras de melhorias e ampliação do metrô.

A presidente do sindicato da categoria (Sindimetro-MG), Alda Lú-

cia, explica que essas verbas serão repassadas ao governo de Minas, que estabelecerá com empresários a chamada Parceria Público -Privada (PPP). Assim que terminadas as obras de melhorias e ampliação, o metrô de Belo Horizonte será “concedido” à iniciativa privada, o que é o mesmo que dizer que será privatizado. “O absurdo é que a maior parte dessas verbas vem de financiamento do governo federal. E, depois de pronto, o metrô passará para os empresários lucrarem à custa dos seus trabalhadores e da população. Hoje a passagem é R$ 1,80 porque é subsidiada pelo governo federal. Passando para as mãos de empresários o objetivo será o lucro; então o preço deve aumentar”, denuncia.

O (mau) exemplo do Rio de Janeiro Na capital fluminense, onde o

Rogério Hilário

Metroviários paralisaram atividade por um dia

metrô é privatizado, o preço da passagem é R$ 3,20. Os trechos que não eram lucrativos foram desativados pelo consórcio de empresas que passaram a administrar o metrô. Além disso, o processo de privatização provocou demissões em massa e ataque a direitos anteriormente conquistados pelos tra-

balhadores.

“Por isso fizemos a paralisação em Belo Horizonte, para exigir que o metrô continue público, prestando um serviço de qualidade, sem entregá-lo aos empresários. Não queremos ter o mesmo destino dos trabalhadores do Rio de Janeiro”, completa Alda.

Movimentos denunciam falta de transparência nas concessões de ônibus Da Redação* A Auditoria Cidadã da Dívida, em parceria com o movimento Tarifa Zero, concluiu que a auditoria do transporte público da capital realizada pela empresa Ernst & Young, contratada pela PBH, não tem valor fiscal. O relatório completo foi protocolado no dia 17, no Ministério Público.

Segundo integrantes do Tarifa Zero, os valores auditados pela consultoria foram todos repassados pela BHTrans e pelas empresas que operam o transporte público da capital. “Não se verificou se há fraude, não se verificou a origem das notas fiscais, ou seja, utilizaram valores e números que não podem ser comprovados. Qualquer procedimento sério de auditoria teria que comprovar a veracidade dos gastos, mas isso não foi feito”, afirma André Veloso, do Tarifa Zero.

“Os custos apresentados foram estimados. Queremos saber o custo real. Nos contratos de concessão do transporte público consta como obrigatória a apresentação das notas e documentos, não é necessá-

rio sigilo. A empresa Ernst & Young tinha que ter buscado estes dados e documentos”, reforça a economista Eulália Alvarenga, membro da Auditoria Cidadã.

Em nota divulgada à imprensa, o Tarifa Zero ressalta ainda que “não foi verificada a movimentação bancária das empresas e/ou

Economista questiona o valor de quase R$ 2 milhões cobrado pela empresa, que não fez auditoria contábil eventuais movimentações em dinheiro pelas mesmas” e que na auditoria “há diversos gastos não explicados, como ‘Custos Administrativos’ que equivalem a 73% dos custos com combustível”.

Além disso, Eulália questiona o valor de quase R$ 2 milhões cobrados pela Ernst & Young para realização de uma verificação independente, já que a própria empresa admitiu não ter feito qualquer auditoria contábil ou investigação de fraude, serviço inicialmente prometido pela PBH. “Pagamos

quase dois milhões pela auditoria e ela não foi real”, denuncia a economista.

Procurada, a Prefeitura de BH repassou a demanda para a BHTrans, que se limitou a informar que: “Todos os detalhes da auditoria realizada estão disponibilizados no portal da BHTRANS, bem como os dados de balanço”.

No entanto, não respondeu sobre os pontos levantados no relatório apresentado pelos movimentos sociais ao MP. Em reunião dos movimentos com o Ministério Público na segunda-feira (24), o promotor Eduardo Nepomuceno, que já investiga a questão do reajuste tarifário do transporte em Belo Horizonte, informou que o processo foi dividido em três partes, cabendo a ele apenas a investigação da isenção de ISS (Imposto Sobre Serviço), obtida pelas empresas de transporte em julho do ano passado, que custa R$25 milhões por ano ao município. A isenção pode estar em desacordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. *com informações de Portal Minas Livre

Fique de Olho!

Será realizada uma audiência pública sobre o levantamento realizado pela Ernst & Young na Câmara dos Vereadores no dia 2 de abril.

Tarifa deve subir Em reunião entre a Prefeitura de BH e o Ministério Público, na segunda (24), foi apresentado um resumo do relatório final ainda não divulgado da Ernst & Young, com recomendações para a alteração do contrato das empresas de ônibus e o reajuste da tarifa. Com base no resumo, foi informado que a passagem será aumentada para R$2,85 na terça-feira, dia 1º de abril. A informação foi passada pelo promotor Eduardo Nepomuceno aos movimentos. O acordo era de aumento da tarifa apenas após a apresentação do relatório final . “Esperávamos o último relatório para que a população pudesse analisar se há ou não a necessidade de aumento. Vê se a população pode ter aumento na tarifa numa situação dessa, com essa falta de transparência?”, desabafa Eulália.

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

Lei sancionada por Aécio prejudica 70 mil INCONSTITUCIONAL Lei de 2007 foi invalidada por decisão do STF Reprodução

Da redação* Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional a Lei Complementar 100/2007, que igualou servidores contratados aos profissionais concursados em Minas Gerais. Com isso, cerca de 70 mil servidores, lotados na área da educação, terão que deixar os cargos em um prazo de 12 meses. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) foi ajuizada pela Procuradoria-Geral da República.

Quando a Lei Complementar foi sancionada por Aécio Neves, já havia duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade questionado a vinculação de servidores ao Estado sem concurso público, ou seja, o governo tinha conhecimento da possibilidade de questionamento. Mesmo assim, sancionou a lei, o que comprometeu a vida de milhares de servidores. “O governo deve muita explicação aos efetivados. E vamos cobrá-las”, diz a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira.

De acordo com a ação, o governo de Minas efetivou aproximadamente 96 mil profissionais na área de educação sem a realização de concurso público. Por unanimidade, os ministros do STF decidiram pela inconstitucionalidade da lei. No entanto, o plenário do STF manteve os

Professores afirmam que vão cobrar explicação sobre os efetivados

fatos em foco Azeredo será julgado em Minas Gerais O Supremo Tribunal Federal decidiu, na quinta-feira (27), que Eduardo Azeredo será julgado pela Justiça de Minas Gerais. O ex-governador é acusado de desviar R$3,5 milhões para a sua campanha eleitoral. As empresas que colaboraram com o esquema foram a Copasa, a Cemig e o Bemge. Com o envio para Minas Gerais, o processo irá iniciar novamente, pois Azeredo renunciou a seu mandato de deputado, por isso não será mais julgado no STF.

Sem reajuste em 2014

direitos adquiridos pelos servidores já aposentados, o que, segundo o governo, representa 16 mil profissionais. Além disso, os trabalhadores que cumprirão os requisitos para aposentadoria até a publicação da ata do julgamento tiveram seus direitos mantidos. Outros 11 mil designados também não serão atingidos pela decisão, porque já foram aprovados em concurso público.

Os servidores contratados devem deixar o cargo imediatamente e os concursados ainda não nomeados devem ser convocados para assumir os respectivos cargos. Já nos casos em que não há concurso público em

andamento, o governo terá um prazo de um ano para regularizar a situação. No entanto, a decisão, que ainda pode ser questionada via recurso, só é válida após a publicação.

O Sind-UTE/MG solicitou uma reunião com o governador Antonio Anastasia e com a Secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, para tratar de assuntos relacionados à situação dos efetivados. “Não concordamos com a política deste governo de resolver as questões que envolvem milhares de pessoas por decretos e resoluções sem conversar com ninguém”, diz Beatriz. *Com Portal Minas Livre

Procon cria carro-laboratório para fiscalizar combustíveis O Procon Minas Gerais inaugurou, na última terça-feira (25), um carro laboratório para análise de combustíveis. Com essa inovação, não será mais necessário aguardar dias ou semanas o resultado de um exame. A coleta e análise poderão ser feitas no próprio posto de gasolina, facilitando a fiscalização.

Em 2011 e 2012, os problemas nos combustíveis mais encontrados pelo Procon Minas Gerais foi a mistura acima do permitido de álcool à gasolina e bombas que marcam volume superior ao abastecido.

O carro-laboratório foi projetado por Luiz Otávio Teixeira, servidor do Procon e especialista químico, com financiamento do Fundo Esta-

minas | 05

dual de Proteção e Defesa do Consumidor. É o primeiro veículo de análise de combustíveis do Brasil.

Dicas do Procon: Cuidado com a adulteração de gasolina Abastecer, de preferência, sempre no mesmo posto e solicitar nota fiscal Desconfiar dos preços muito abaixo do mercado do etanol ou da gasolina Conferir a bomba antes de pagar ao frentista Permanecer ao lado da bomba de combustível enquanto o carro é abastecido Observar o lacre que fica nas bombas, ele não pode estar violado Ver se o equipamento tem o certificado do Inmetro

Representantes dos professores e dos servidores da saúde de Minas Gerais reuniram-se com o governo estadual na última terça-feira (25). As secretárias que representavam o governador Antônio Anastasia afirmaram que o governo não aceitará nenhuma reivindicação das duas categorias e que não irá conceder nenhum tipo de reajuste em 2014. Os trabalhadores marcaram assembleias para os próximos dias e pretendem engrossar as manifestações e greves marcadas para 9 de abril.

Enfermeiros não participam de eleição O Sindicato dos Enfermeiros de Minas realizou suas eleições no dia 20 de março e, com apenas 72 votos, a chapa não foi eleita. A votação aconteceu sob protestos e processos jurídicos. Um grupo de enfermeiras inscreveu sua chapa, mas não teve direito de concorrer. A segunda chamada da eleição está marcada para 2 de abril, quando também acontecerá uma audiência para continuação do processo jurídico contra a atual diretoria do sindicato.

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Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

Militares e EUA dão um golpe no Brasil DITADURA “Quando o país tinha uma verdadeira chance de melhorar, fomos impedidos” Por Rafaella Dotta Às 3 horas da madrugada de 31 de março, soldados do 4º Batalhão de Infantaria saem de Juiz de Fora rumo ao estado da Guanabara, atual Rio de Janeiro, comandados pelo general Olympio Mourão Filho.

Mesmo surpreendido pelo início do confronto antes do combinado, o governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, apoia a iniciativa. Está iniciado o golpe de 1964.

“Dizem que Castelo Branco achou a atitude precipitada e ligou para Magalhães Pinto, para dissuadi-lo a não apoiar. Mas Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro, já tinha espalhado a notícia de que a revolução estava começando”, detalha o professor de História Joab Costa Cruz.

Os estudantes e sindicatos declararam uma greve em apoio a Jango, mas foram repreendidos pelas forças militares. Às 16 horas de 2 de abril, Castelo Branco consolidou a repressão e o golpe com seu discurso: “[As autoridades civis e militares] Aconselham que a população se abstenha de participar de aglomerações e movimentos coletivos.

Avisam ainda que a normalidade voltou ao País e cessaram, imediatamente, todos os movimentos grevistas.”

Afim de evitar uma guerra civil, Jango vai para o Uruguai.

Manchetes Mais do que rápido, os jornais

LINHA DO TEMPO Veja os principais fatos e datas da Ditadura Militar e dos revolucionários que lutaram contra o regime.

começaram a saudar a deposição de João Goulart. “Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!” dizia o Correio da Manhã, em 1º de abril. E “Ressurge a Democracia”, era o título do editorial de O Globo em 2 de abril.

Estados Unidos bota o nariz no Brasil Historiadores e documentos oficiais confirmam a participação dos Estados Unidos no golpe civil-militar. “Os EUA queriam garantir o interesse dos seus empresários que tinham negócios no Brasil e viam como ameaças as reformas propostas por Jango”, explica Joab. O presidente pretendia reformular a educação, a distribuição de terras, os impostos e a política de moradia urbana.

Através do plano “Brother Sam” (Irmão Sam, em português), o governo norte-americano pretendia dar sustentação ao golpe. Documentos comprovam que no dia 1º de abril navios de guerra e militares norte-americanos estavam próximos ao litoral do Brasil, para o caso de atacar duramente Jango e organizações populares que quisessem resistir.

E tem início... “O dia que durou 21 anos” Os grupos que apoiaram o golpe, constituídos principalmente por políticos de direita, mídia e empresários, tinham interesses diversos e até contraditórios. Alguns apoia13 de março de 1964 Comício da Central do Brasil João Goulart anuncia as “reformas de base” 30 de março de 1964 Massacre de Ipatinga: ao menos 8 trabalhadores são mortos a tiros em protesto

Noronha Rosa

Monumento na Avenida Afonso Pena lembra os que lutaram contra o regime

vam como forma de afastar a esquerda do poder, mas não queriam uma ditadura.

“O Carlos Lacerda, governador da Guanabara, ajudou a articular o golpe porque queria ser candidato a presidente, e pra isso precisava derrubar Jango”, exemplifica Joab. Porém, depois que os militares chegaram ao poder, cancelaram as eleições de 1965, apertaram o cer-

co e implantaram uma Ditadura Civil-Militar.

Em todos os 21 anos, manifestações contra o regime eram correntes, até que a campanha do Diretas Já!, em 1984, forçou a reabertura democrática. Nesse ano, Tancredo Neves foi eleito presidente, mas ainda por voto indireto. Depois de 1964, a população só voltou a escolher seus governantes em 1989.

31 de março de 1964 Tropas saem de Juiz de Fora, rumo ao estado do Rio de Janeiro, iniciando o golpe militar

1º de abril de 1964 Sede da UNE é incendiada 15 de abril de 1964 Castelo Branco assume o cargo de presidente

1º de abril de 1964 Jango vai para Porto Alegre e militares consolidam o golpe, decretando o cargo de presidente vago 15 de março de 1975 Ernesto Geisel assume como quarto ditador

25 de outubro de 1969 Emílio Gasrrastazu Médice assume como terceiro ditador do regime 4 de novembro de 1969 Carlos Marighella é assassinado pelo governo militar

17 de setembro de 1971 Na Bahia, Carlos Lamarca é assassinado pelo governo militar 1 de março de 1972 Tem início a Guerrilha do Araguaia

25 de outubro de 1975 O jornalista Vladmir Herzog morre sob tortura

1º de abril de 1977 Geisel fecha o Congresso Nacional 12 de maio de 1978 Metalúrgicos do ABC iniciam a primeira greve pós AI-5, que teve adesão de 180 mil operários

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

Ditadura perseguiu milhares de brasileiros

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Agenda – 50 anos do Golpe

Resistir sempre. Ditadura Nunca Mais Plenário Juscelino Kubitschek, Assembleia Legislativa de MiREPRESSÃO Desde o início, estratégia foi a brutalidade nas Gerais.

Segunda, 31 de março, das 8h Imediatamente após o golpe, a Governador Valadares, que sofreu eles, 11 guerrilheiros e guerrilhei- às 17h30. violência contra os descontentes um ataque já em 31 de março. Li- ras do Araguaia.

Terça, 1º de abril, das 9h às e os líderes dos trabalhadores foi deranças foram vigiadas, perse17h30.

forte. Um dos principais articuladores da repressão era o general Olympio Mourão Filho, de Juiz de Fora, já nomeado presidente da Petrobrás pelo ministro da Guerra em 3 de abril.

Sobre sua tática, o jornal Diário Carioca escreveu: “antes de iniciar sua marcha teve de realizar três operações: silêncio, gaiola e Popay. A primeira consistiu em articular todo o movimento para que não pudesse ser fracassada a marcha do Exército revolucionário, a segunda para propiciar o clima de tranquilidade do povo, prendendo os líderes que atuavam nas massas trabalhadoras e, a terceira, operação de guerra”.

Em uma das entrevistas, o general confirma que o golpe não seria vitorioso se não tivessem prendido e matado representantes populares. “Se não ocorresse a prisão dos líderes sindicais nós teríamos a marcha dificultada”, afirmou ao Diário Carioca, em 3 de abril de 1964.

Tentativa de aniquilar uma geração “Num primeiro momento a gente ficou muito apreensivo e alguns setores receberam repressão imediatamente. Foi o caso de

guidas. Foi uma coisa escandalosa”, conta Sálvio Humberto Penna, que era sindicalista e militante da Ação Popular. Ele, sua ex-esposa (Ana) e seu filho, que tinha apenas 5 dias, foram presos em 1971, acusados de serem comunistas.

A Ditadura Militar resultou na prisão e perseguição de mais de 70 mil brasileiros, de acordo com Betinho Duarte, membro da Comissão da Verdade de Minas Gerais.

“O número de pessoas violentadas é maior que o número de pedidos de reparos do Estado. Mas estamos incentivando que todos denunciem. Afinal, se a gente não contar essa história, quem vai?”, questiona. Segundo pesquisas da Comissão Estadual feitas até o momento, em Minas Gerais foram 66 mortos e desaparecidos, entre

Estratégia do terror Belo Horizonte destacou-se como a “capital do terrorismo”, afirma Betinho. Entidades e pessoas receberam ameaças de telefone, pichações, roubos e principalmente atentado a bombas. Os locais mais atingidos foram os centros estudantis da UFMG, os jornais Em Tempo e De Fato, a Igreja São Francisco das Chagas e o Movimento Feminino pela Anistia.

O relatório assinado por essas organizações traz a seguinte denúncia: “A ameaça que fizeram em aviso colocado no para-brisa do carro da Presidente do Movimento Feminino pela Anistia Núcleo Minas Gerais [Dona Helena Greco], tem sido fielmente cumprida: ‘A cada ação, uma reação’”.

(Rafaella Dotta)

Comissão resgata abusos da ditadura Os crimes cometidos pelos agentes do estado começaram a ser esclarecidos em novembro de 2011, quando a Presidência da República criou a Comissão Nacional da Verdade. Nesses dois anos, a Comissão vem resgatando depoimentos de vítimas da ditadura e revelando crimes ainda desconhecidos.

Para Frei Betto, a medida é ainda insuficiente. “É preciso que o Executivo federal obrigue as Forças Armadas a abrir seus arquivos e transforme a Comissão da Verdade em Comissão da Verdade e da Justiça, punindo severamente aqueles que, em nome do Estado, praticaram crimes hediondos”, defende.

26 de abril de 1965 Rede Globo inaugura suas transmissões com apoio do governo militar

16 de março de 1968 Greve em Contagem paralisa quase 7 mil operários

13 de novembro de 1968 É decretado o Ato Institucional 5, que aumenta a repressão

15 de março de 1967 Toma posse o segundo ditador, Marechal Costa e Silva Entra em vigor a Lei de Segurança Nacional e uma nova Constituição Federal

26 de junho de 1968 É realizada a “Passeata dos 100 mil” contra a ditadura, no Rio de Janeiro

4 de setembro de 1969 Militantes sequestram o embaixador dos EUA no Brasil, Charles Elbrick, que é solto após libertação de 15 presos políticos

15 de janeiro de 1985 Tancredo Neves é eleito, pelo voto indireto, presidente do Brasil. Morre antes de assumir e o cargo é passado a José Sarney, seu vice.

15 de outubro de 1978 João Baptista Figueiredo assume como quinto ditador 16 de abril de 1984 Manifestação pelas “Diretas Já!” reúne mais de um milhão de pessoas

15 de novembro de 1989 Primeiras eleições livres no Brasil, desde 1964.

16 de maio de 2012 É criada a Comissão Nacional da Verdade, para investigar as violências cometidas pela ditadura Março de 2014 Até o momento, foram contabilizados 70 mil presos e perseguidos pelo regime militar

Atividades no Memorial da Anistia Segunda, 31 de março, das 19h às 22h.

Rua Carangola, 288 Homenagens e apresentação musical com o músico Sirlan.

Tribunal Popular para Julgar os Crimes da Ditadura Militar Terça, 1º de abril, às 16h.

Praça Afonso Arinos, Belo Horizonte.

O ato faz uma atualização da repressão e coloca, simbolicamente, o Estado no banco dos réus.

Manifestação em repúdio ao golpe de 1964 – 50 anos! Abaixo a ditadura!

Terça, 1º de abril, às 17h.

Viaduto Helena Greco Tributo aos mortos, desaparecidos políticos, perseguidos, presos e torturados pela ditadura militar (1964 - 1985 ).

AUÊ pela Liberdade Terça, 1º de abril, às 17h.

Praça da Penitenciária José Maria Alkimin, Ribeirão das Neves.

Encontro com lanches, música e histórias para comemorar a liberdade: Ditadura nunca mais!

Ditadura

nunca mais

Na série “Ditadura nunca mais”, a próxima edição do Brasil de Fato MG traz os pontos de resistência contra a Ditadura Militar em Minas Gerais. Hilton Lobato, sobrevivente do Massacre de Ipatinga, conta como foi a ação militar que matou pelo menos 8 trabalhadores.

Confira também a resistência da Igreja São José, em Belo Horizonte, e em Governador Valadares.

08 | opinião

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar?

Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

João Godinho

Acompanhando

Na edição 30 ...

Vereador pretende criar vagão só para mulheres

“Gostaria muito de ver essa foto publicada no Brasil de Fato.

Recebi pela internet durante os protestos de junho de 2013. Achei fantástica. Afinal, nossa presidenta lutou contra a ditadura, foi presa por quase três anos, sofreu tortura.

Queremos essa Dilma de volta, para lutar contra a ditadura dos ricos, que seguem mandando no país.”

José Francisco, professor da rede pública.

...E AGORA

Robson Sávio

Bia Barbosa e Pedro Ekman

Pedrinhas está logo ali...

Vitória da liberdade de expressão

As cenas de presos decapitados no complexo prisional de Pedrinhas, no Maranhão, escancaram a situação vergonhosa do sistema prisional brasileiro.

Pedrinhas não é exceção. A desumanidade que caracteriza as prisões brasileiras é regra. Sem uma profunda reforma no sistema de justiça criminal, aqui incluso o sistema prisional, não sairemos da Idade Média.

Um dos reflexos direto das políticas contemporâneas de segurança pública, principalmente quando têm viés fortemente repressivo e respondem a demandas de um estado penal, é o adensamento do sistema prisional. Ineficiente (o custo médio do preso, por mês, gira em torno de R$1.500 e o índice de reincidência é altíssimo); violento (gangues disputam poder e prestígio dentro das prisões); poroso (a corrupção de agentes públicos é constantemente denunciada) e perigoso (a qualquer momento vítimas inocentes podem ser presas), o sistema prisional brasileiro está completamente obsoleto.

Em São Paulo, o Primeiro Comando da Capital, o PCC, e no Rio de Janeiro, o Comando Vermelho, já demonstraram que o crime que se organiza dentro dos presídios é tão ou mais perigoso que a criminalidade violenta nas nossas cidades.

Governos e sociedade precisam discutir um novo modelo prisional: prisões voltadas exclusivamente para a detenção de indivíduos de alto poder ofensivo e que favoreçam a ressocialização dos detentos; penas e medidas alternativas ampliadas para crimes de baixo e médio teor ofensivo; investimentos públicos nos programas de prevenção à criminalidade, principalmente voltados para a juventude; Judiciário mais célere e menos seletivo; capacitação permanente dos agentes penitenciários; combate sistemático à corrupção e à violência no e do sistema carcerário.

Robson Sávio Reis Souza , é professor da PUC Minas

No dia 25 de março, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que contraria interesses econômicos poderosos, tratando a comunicação como um direito fundamental e não apenas como um negócio comercial. A aprovação do Marco Civil da internet só foi possível devido a uma série de fatores.

Em primeiro lugar, a intensa participação e mobilizações de organizações e ativistas da liberdade na internet. Em segundo lugar, o relatório substitutivo do texto ficou a cargo do deputado Alessandro Molon (PT/RJ), que se mostrou um persistente articulador e negociador, garantindo os três pilares fundamentais: a neutralidade de rede, a liberdade de expressão e a privacidade dos usuários. Em terceiro, o governo comprou a briga após as denúncias de espionagem.

As garantias mais significativas estão expressas nos artigos 9, 19 e 7. O artigo 9 garante que quem controla a infraestrutura da rede tem que ser neutro em relação aos conteúdos que passam em seus cabos. Isso impede, por exemplo, que acordos econômicos definam quais conteúdos têm prioridade.

O artigo 19 delega ao sistema judicial a decisão da retirada de conteúdos na internet, acabando com boa parte da censura privada automática. Por fim, o artigo 7 assegura a inviolabilidade da intimidade e da vida privada e o sigilo do fluxo e das comunicações privadas armazenadas na rede. O único problema significativo de todo o Marco Civil é o artigo 15, que compromete seriamente nossa privacidade ao obrigar que empresas guardem nossos dados por seis meses, para fins de investigação.

A batalha ganha em 25 de março não resolve toda a questão, mas cria condições para a construção de um caminho no qual finalmente podemos seguir livres. E isso não é pouca coisa.

Bia Barbosa e Pedro Ekman são integrantes da Coordenação Executiva do Intervozes

A lei que criaria um vagão exclusivo, proposta pelo vereador Léo Burguês, foi debatida na última quarta-feira (26), em audiência pública na Praça da Estação. Movimentos de mulheres estão descontentes com a medida e marcaram um debate, que irá acontecer no dia 28, às 11h30 na Fafich, no campus da UFMG, na Pampulha. Em contrapartida, Léo Burguês anunciou que irá entrar em negociação com a companhia do metrô para a implantação do vagão.

Na edição 10...

Hospital do Barreiro em eterna obra ...E AGORA Publicamos uma matéria acerca de atrasos na construção do hospital, que começou em 2010.

Em audiência pública realizada no dia 18 de março, o prefeito Marcio Lacerda mais uma vez anunciou a retomada das obras. De acordo com o vereador Adriano Ventura, o prefeito deu o prazo de 15 meses para finalizar a primeira etapa, e 30 meses para finalização completa. No planejamento inicial, o Hospital do Barreiro estaria em pleno funcionamento em 2012.

Se o novo cronograma for cumprido, ele ficará pronto em meados de 2016.

Erramos Na edição de número 28, publicamos a matéria “Enfermeira agredida pelo ex-chefe”, em que relatamos agressão dentro de um hospital de Belo Horizonte.

O nome do agressor, ex-chefe da enfermeira, foi publicado equivocadamente. O caso da agressão permanece em processo jurídico.

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

entrevista | 09

“A imprensa de Minas sempre foi muito ligada ao poder” RESISTÊNCIA Jornalista perseguido pela ditadura lembra o passado e analisa o presente Por Joana Tavares Com menos de 25 anos, ele fundou, junto com um amigo, um jornal alternativo, que, nas suas palavras, “virou Minas de cabeça pra baixo”. O Binômio Sombra e Água Fresca, que já no nome criticava o projeto do então governador Juscelino Kubitschek, teve 12 anos de circulação e chegou a alcançar 60 mil exemplares, numa época em que BH não tinha mais de 300 mil habitantes. Em 1961, o jornal já havia incomodado tanto o regime que foi invadido por militares. Em 1964, a cabeça de José Maria Rabêlo já estava a prêmio e o jornalista conseguiu escapar da prisão por um trunfo da sorte. Ainda esperou a resistência antes de partir para a Bolívia, no primeiro exílio, que terminou com o golpe no país vizinho.

Foi para o Chile, de onde teve que sair com a ditadura de Pinochet. Foi então para a França, onde teve que esperar até que pudesse voltar pra casa, com sua esposa e os sete filhos.

A vida agitada parece que reforçou seus ideais. Com 86 anos, Ra-

“Essa subordinação da imprensa explica o prestígio do Aécio. Ficou aí oito anos, cultivando esse apoio interesseiro. Aqui a imprensa toda está a serviço dele” bêlo se define como um jornalista.

Autor de três livros - um deles sobre a capital, outro sobre o Binômio e um terceiro sobre o exílio - ele planeja uma segunda edição da “grande reportagem” sobre a história de BH, um livro de fotografias da cidade, em parceria com o filho, ele fala ao Brasil de Fato sobre a política de ontem e de hoje.

Brasil de Fato - O senhor foi um dos fundadores do Binômio, jornal alternativo que circulou em Minas de 1952 a 1964.

José Maria Rabêlo - O Binômio foi uma das mais singulares e intrigantes experiências de jornalismo da história do Brasil. Ele começou como um jornal de dois estudantes, de 23 e 24 anos, sem apoio financeiro, sem relação com grupos e já no primeiro número foi recebi-

Noronha Rosa

do de uma maneira muito calorosa. E a partir daí ele foi crescendo, crescendo, até que chegou a 60 mil exemplares quando foi fechado pelo golpe de 1964. Mas aí já era outro jornal, não era só humorístico, como no começo. Ele era principalmente um jornal crítico, de debate dos problemas nacionais, mas com uma grande inserção de humor.

Qual a motivação de criar o jornal?

A imprensa de Minas sempre foi muito ligada ao poder. Mais até do que em outros centros. E aqui os jornais todos repercutiam o pensamento do governo. Durante o governo de Juscelino, ele comprava a imprensa toda. Com dinheiro e com a simpatia. Ele lançou seu programa de governo, em 1952, que se chamava “Binômio energia e transporte”. Nós, que já éramos de oposição, lançamos o nosso Binômio, que era o Binômio da verdade: ‘sombra e água fresca’. Essa foi a epígrafe do jornal durante todo o tempo.

O senhor acha que a imprensa mineira mudou de lá pra cá?

Nessa questão da subserviência ao poder, não. São ainda muito ligados ao poder. A publicidade do governo é a maior, e dela dependem os jornais e empresas de comunicação. Essa subordinação explica o prestígio do Aécio. Ficou aí oito anos, cultivando esse apoio interesseiro. Aqui a imprensa toda está a serviço dele.

O que aconteceu após o golpe?

Tive que fugir, me exilar. Fiquei esperando para ver se haveria alguma reação e em setembro fui para a Embaixada da Bolívia, até conseguir ir para o país. Mas teve o golpe lá, e fomos para o Chile. Com o golpe lá em 73, tivemos que sair. Então foram três exílios, eu, minha mulher e sete filhos. Depois fomos para a França, onde era mais tranquilo. Mas tudo isso foi em nome do jornal. Sou jornalista. Nossa missão é transmitir algum fato, algum pensamento. E para isso é preciso ser muito simples, muito acessível.

Tem gente que acha que é bom escrever difícil, mas acho que em todo momento é preciso ser compreensível.

Jornalista José Maria Rabêlo

“O golpe foi um corte.

De uma hora para outra, os movimentos sociais foram banidos, a imprensa controlada, o ensino inibido. Perdemos 20 anos no processo de desenvolvimento” Qual a participação de Minas no golpe?

O golpe foi gerado aqui. A parte militar e o apoio da sociedade.

Apoio maciço, a começar pelo governador do estado, pela maior parte da assembleia, da Igreja... existia um movimento chamado “os novos inconfidentes”, que se preparava para o golpe. Reunia a fina flor do empresariado. Mas claro que quando São Paulo entrou, deu o peso econômico. Mas Minas teve a importância decisiva na organização e execução do golpe.

Qual a importância de conhecer a história da ditadura e o que esse período deixa de consequência para nós hoje?

Apesar de já termos tido outra ditadura, a do Vargas, o Estado Novo trouxe grandes avanços para o Brasil. Depois o país começou um processo de avanço nas conquistas políticas e sociais. O golpe foi um corte. De uma hora para outra, os movimentos sociais foram banidos, a imprensa controlada, o ensino inibido. Perdemos 20 anos no proces-

so de desenvolvimento. Depois foi retomado, mas com muitas falhas.

O governo Sarney, depois Fernando Henrique, um dos piores governos que o Brasil teve. Depois veio a retomada dos processos de 1930, que foram os governos Lula e agora da Dilma.

Como o senhor avalia os governos petistas?

A reação que havia ao Getúlio é a mesma que há hoje à Dilma. Os interesses dominantes no Brasil são muito egoísticos. Nada que cheire a povo eles aprovam. Se fosse possível voltar ao escravismo, para eles seria ótimo. Podem-se fazer críticas, divergir, mas temos no Brasil de hoje uma divisão bem nítida entre Dilma e as forças que apoiam seu governo e a oposição e o resto da direita. Quem não vir isso, não entende nada. Além da direita, há uma esquerda renitente, apegada a coisas secundárias, embora impor-

“Os interesses dominantes no Brasil são muito egoísticos. Nada que cheire a povo eles aprovam “ tantes. Assim, fazem o jogo da direita. É preciso considerar a correlação de forças, não adianta querer fazer um governo socialista no Brasil hoje. O quadro mundial não permite.

Leia a entrevista na íntegra em: www. brasildefato.com.br

10 | brasil

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

58% da população acredita que estupro é culpa da mulher Reprodução

VIOLÊNCIA Pesquisa mostra que machismo ainda é realidade Mais da metade da população brasileira - 58% - acredita que o estupro é culpa da mulher. Segundo estudo do Sistema de Indicadores de Percepção Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada na quinta-feira (27), 65,1% da população concorda parcial ou totalmente com a ideia de que as mulheres que usam roupas que mostram o corpo “merecem” ser atacadas.

A pesquisa, que foi realizada em 212 municípios do país, em todos os estados, tem uma margem de erro de 5%. No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, a intenção foi levantar opiniões e percepções da sociedade em temas co-

mo sexismo e violência.

Apesar de 91% dos entrevistados acreditarem que “homem que bate na esposa tem que ir pra cadeia”, os pesquisadores alertam que “infelizmente, seria prematuro concluir, com base nesses resultados, pela baixa tolerância à violência contra a mulher na sociedade brasileira, pois a mesma pesquisa oferece evidências no sentido contrário”. Por exemplo: 63% concordaram que casos de violência doméstica devem ser discutidos apenas em família. Um número maior ainda - 89% - acham que “roupa suja se lava em casa” Os pesquisadores destacam que o modelo familiar machista - centrado no poder do homem, que muitas

Maior reclamação no SUS é atendimento Projeto que recebe denúncias sobre o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) recebeu mais de 900 denúncias em 13 dias, desde o lançamento. A demora para ser atendido, com 58% das reclamações, foi o item mais citado. Em seguida veio

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou nesta terçafeira (25) o relatório preliminar sobre a Casa da Morte de Petrópolis, centro de tortura clandestino usado pelos militares, na década de 1970.

a falta de leitos, com 26%. O projeto, chamado Caixa-Preta, é uma iniciativa da Associação Médica Brasileira (AMB). Os estados que tiveram mais denúncias foram São Paulo e Bahia.

As denúncias podem ser feitas no site: www.caixapretadasaude.org.br.

O relatório se baseia no depoimento de Inês Etienne Romeu (foto), única sobrevivente. Ela foi espancada, estuprada e submetida a torturas psicológicas e deficiências alimentares.

vezes explora a mulher - ainda é defendido, ou ao menos ainda é referência para 64% dos entrevistados, que acham que “os homens devem

ser a cabeça do lar”. A pesquisa, que versa sobre diversos temas, pode ser acessada no site do Ipea (ipea.gov. br). Da Redação

Morte de Jango será investigada na Argentina Arquivo

Após 50 anos do golpe e 38 da suspeita de morte de Jango, nunca investigada pelos juízes brasileiros, o promotor Miguel Angel Osorio, responsável por vários casos ressonantes da rede terrorista tecida pelas ditaduras sul-americanas nos anos 70, assumiu o compromisso de investigar a morte do ex-presidente João Goulart. “Não podemos nos permitir perder tempo”, disse o promotor em entrevista à Carta Maior.

Ele defende que 2014 é um ano “importante para a história brasileira, e para que se possa fazer justiça com Goulart e com outros brasileiros que desapareceram quan-

do estavam na Argentina”. “A anistia deixada pelos militares tem a intenção de que não se chegue à verdade”, disse.

brasil | 11

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

Marco Civil aprovado INTERNET Antes da votação, manifestantes entregaram petição com mais de 340 mil assinaturas favoráveis ao projeto Após cinco meses de polêmica e intensos debates, a Câmara aprovou na terça-feira (25), o projeto do Marco Civil da Internet (PL 2.126/11). Os deputados aprovaram o texto em votação simbólica. Desde 28 de outubro de 2013, o projeto passou a trancar a pauta da Câmara.

O projeto define os direitos e deveres de usuários e provedores de serviços de conexão e aplicativos na internet. A aprovação abre caminho para que os internautas brasileiros possam ter garantido o direito à privacidade e à não discriminação do tráfego de conteúdos. O texto agora segue para o Senado e, caso seja aprovado lá também, irá para sanção presidencial.

“Hoje em dia, precisamos de lei para proteger a essência da internet, que está ameaçada por práticas de mercado e, até mesmo, de governo.

Assim, precisamos garantir regras para que a liberdade na rede seja garantida”, disse o relator do projeto deputado Alessandro Molon (PT-RJ).

Antes da votação, um grupo de

manifestantes entregou ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), uma petição com mais de 340 mil assinaturas a favor do Marco Civil da Internet. Na ocasião, Alves disse que o projeto já estava “amadurecido”para ir à votação.

Entre os principais pontos da proposta estão: a garantia do direito à privacidade dos usuários, especialmente à inviolabilidade e ao sigilo de suas comunicações pela internet. Atualmente, as informações são usadas livremente por empresas que vendem esses dados para o setores de marketing ou vendas.

Os provedores não poderão fornecer a terceiros as informações dos usuários, a não ser que haja consentimento do internauta; os registros constantes de sites de buscas, os e-mails, entre outros dados, só poderão ser armazenados por seis meses. O projeto também define os casos em que a Justiça pode requisitar registros de acesso à rede e a comunicações de usuários.

Reprodução

Garantia da privacidade e neutralidade da rede foram conquistas da sociedade

De acordo com o texto, as empresas não vão poder limitar o acesso a certos conteúdos ou cobrar preços diferenciados para cada tipo de serviço prestado.

Antes da votação, o governo recuou e aceitou alterar alguns pontos considerados polêmicos por parlamentares da oposição e da base aliada. O principal deles é o princípio

da neutralidade de rede que assegura a não discriminação do tráfego de conteúdos. Após negociação, os deputados acordaram que a regulamentação deste trecho da lei caberá a um decreto da Presidência da República, depois de consulta à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) (Agência Brasil)

Artigo

Pasadena: uma denúncia requentada Por Emanuel Cacella* A Globo e demais emissoras jogaram pesado diante da prisão do diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. A denúncia da venda da refinaria de Pasadena, nos EUA, foi feita pelo representante dos trabalhadores no Conselho de Administração (CA) da Petrobrás, Sílvio Sinedino, há mais de um ano. Na época, pouco interesse despertou. Agora as grandes emissoras de TV se mobilizaram, movidas por dois interesses: manchar a imagem da Petrobrás e bater no governo Dilma.

A grande mídia não quer o PT no poder. Deixou para mais perto do período eleitoral a divulgação do escândalo de Pasadena. Dias depois, o Ibope soltaria uma pesquisa. Criou-se a expectativa de que a presidenta Dilma perderia pontos na intenção de voto. Mas a pesquisa frustrou os comentaristas de plantão.

Quanto à denúncia de Pasadena, nada de alarmante, considerando o tamanho da Petrobrás. O problema dos donos da mídia é não aceitarem a Petrobrás como gestora do pré-sal, a maior descoberta recente de petróleo no planeta. Da mesma forma que os EUA não aceitam Nicolás Maduro, presidente eleito da Venezuela, à frente dos negócios da PDVSA. A Venezuela possui a maior reserva de petróleo do planeta, ultrapassando a Arábia Saudita. A Petrobrás financia mais da metade das obras do PAC (Programa de Aceleração da Economia). Além disso, financia vários programas sociais.

Que empresa privada chega perto disso? Mais de 80% do faturamento da Petrobrás são investidos no país, enquanto as privadas remetem todo o seu lucro para o exterior.

A Petrobrás responde por 10% do PIB. A presidente da Petrobrás, amiga de Dilma, Maria das Graças Foster, antes de tomar posse, foi denunciada pela mídia por favorecer os negócios do marido, que teria 42 contratos com a empresa, sendo 20 sem licitação. Mas, como ela serve fielmente ao capital internacional, ao invés de denunciá-la, a grande mídia prefere premiá-la.

Se depender dos EUA, Nicolás Maduro tem que ser deposto. Já o sonho da Globo e demais emissoras, porta-vozes dos mesmos interesses, é ver a Petrobrás privatizada. *Emanuel Cancella é coordenador da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Sindipetro-RJ

Wikimedia Commons

12 | mundo

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

EUA e UE expulsam Rússia do G8 e ameaçam com mais sanções CRIMEIA Em meio a conflito no leste europeu, forças do Ocidente buscam isolar russos Depois de suspender a Rússia do G8 (grupo dos países mais industrializados e ricos do mundo) na segunda-feira (24), Estados Unidos e países do G7 (Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão), seguem declarando que irão aplicar mais sanções aos russos.

Na quarta-feira (26), o presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou que os Estados Unidos e a UE (União Europeia) “estão juntos” no processo de isolamento da Rússia, devido a suas ações no conflito interno da Ucrânia. O mandatário estadunidense enfatizou que “as sanções serão crescentes”.

“A Rússia está sozinha”, disse Obama, após reunião com representantes da UE, na Bélgica. Ele declarou ainda que “o mundo é mais

seguro e justo quando a Europa e os Estados Unidos são solidários”.

A exclusão da Rússia já era esperada. Antes mesmo de ser tomada, ela já havia sido ironizada pelo chanceler russo, Serguei Lavrov: “Se nossos parceiros ocidentais pensam que esse formato sobrevive assim, então que seja. Não vemos grande tragédia. O G8 é um clube informal”.

Conflito ucraniano Após conflito interno na Ucrânia, que depôs o presidente, Viktor Yanukovytch, a região da Crimeia, no sul do país, fronteira com a Rússia, decidiu realizar um referendo para declarar a independência em relação ao restante do país.

Com o apoio russo, os cidadãos do local decidiram por 92% sepa-

Wikipedia

“A Rússia está sozinha”, disse Obama, após reunião com representantes da União Europeia.

rar da Ucrânia e serem anexados à Rússia, o que foi apoiado por Moscou. EUA e UE não reconhecem o referendo. O exército ucraniano es-

tá em retirada do território da Crimeia, onde já se encontram tropas russas. (Da Redação, com agências de notícias)

Maduro pede ajuda à Unasul para Novas tecnologias podem restringir liberdade de expressão paz na Venezuela UNESCO/Mehdi Benchelah

CRISE Em reunião na capital venezuelana, ministros de países latino-americanos discutiram soluções de diálogo no país O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu o apoio da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) para reforçar o diálogo entre os diferentes setores da sociedade.

“Eu pedi apoio para reforçar a Conferência de Paz da Venezuela e o Diálogo pela Paz”, disse em um programa de rádio local.

O pedido foi feito na terça-feira (25), em Caracas, a uma missão de ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros da Unasul (Bolívia, Paraguai, Equador, Co-

lômbia, Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Venezuela, Peru, Guiana e Suriname).

Nicolás Maduro pediu ainda que a entidade participe da Comissão da Verdade, criada recentemente pelo Parlamento venezuelano para investigar os atos de violência por todo o país que ocorreram no país desde fevereiro último. Além de Maduro, a missão de ministros se reuniu com vários líderes da oposição. (Com Agência Brasil e Opera Mundi) Wikipedia

Embora o progresso tecnológico tenha expandido as oportunidades de liberdade de expressão, ele também tem permitido novas ameaças, como a censura na internet, alertou na terça-feira (25) a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).

“A liberdade de expressão é essencial para a dignidade, o diálogo e a democracia”, disse a diretorageral da UNESCO, Irina Bokova, no lançamento do relatório Tendências Mundiais da Liberdade de Expressão e do Desenvolvimento da Mídia, na Suécia.

“Precisamos agir firmemente, para fortalecer os quadros legislativos de cada país, treinar jornalistas, desenvolver a capacidade e avanço dos meios de comunicação e da informação”, afirmou.

O relatório adverte sobre “o aumento do controle de conteúdo online por intermediários da internet, tais como sites de busca e redes so-

Treinamento de jornalistas apoiado pela UNESCO no Haiti, em 2011

ciais, que ameaçam a transparência no fluxo livre de informação e levantam preocupações sobre a ‘privatização da censura’”.

O documento também observa que a empresa brasileira Globo Comunicação e Participações LTDA é uma das 50 maiores corporações internacionais de mídia do mundo em termos de receita. (ONU)

Cidade chinesa limita automóveis devido à poluição

Há seis semanas são registrados diariamente protestos em várias regiões da Venezuela.

Mais uma cidade chinesa, Hangzhou, decidiu limitar a compra de automóveis para tentar melhorar a qualidade do ar e aliviar o trânsito. O governo municipal restringiu para 80 mil o número de automóveis que podem ser vendidos anualmente na cidade. Oitenta por cento das novas matrículas serão sorteadas e as restantes vão a leilão.

Com cerca de 8 milhões de habitantes, Hangzhou é a sexta cidade chinesa a limitar a venda de automóveis, depois de Pequim, Xangai, Cantão, Guiyang e Tianjin. Há pouco mais de duas décadas, a bicicleta era o principal meio de transporte privado. (Agência Brasil)

Belo Horizonte, de 27 de março a 03 de abril de 2014

variedades | 13

A novela Como ela é Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9.

Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

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O bebê e sua majestade

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AMIGA DA saúde

Quem vem acompanhando a trama um tanto reacionária de “Em Família” deve estar impressionado com a saga vivida pela personagem Juliana para realizar o “sonho” de ser mãe. Deixemos para discutir sobre o conservadorismo da atual novela de Manoel Carlos para depois. Hoje, vamos falar da obsessão da tia de Helena.

Desde que se casou com Nando, numa cerimônia budista cheia de misticismo e alegria, Juliana deseja ser mãe. Depois de três abortos, o desejo se tornou obsessão. Na atual fase da novela, a moça se apegou muito a Bia, filha de sua ajudante Gorete, a ponto de agir como se fosse sua mãe. Antes mesmo de propor para a doméstica algum acordo para ficar com a menina, Gorete é atropelada. Durante os dias em que ela permaneceu mais pra lá do que pra cá, Juliana não fez questão de esconder que a morte de Gorete seria a solução para, enfim, se tornar a mãe de Bia. Dizem as más línguas que Juliana desligou os aparelhos hospitalares para dar uma forcinha para a morte de Gorete.

Porém, não foi tão simples assim. A menina tem pai e avó, que exigiram dinheiro de Juliana. Nem isso foi empecilho para ela, que furtou uma joia do leilão de Helena. A joia foi recuperada logo em seguida – todos da família já perceberam que a moça vem precisando de um médico. Além de furtar, a moça se isolou dos parentes, pediu o divórcio e agora ofereceu casa, comida e roupa lavada para Jairo, o pai de Bia. Ela quer que ele traga a menina e todos possam viver como uma família.

Pelo visto, a obcecada Juliana é capaz de passar por cima de qualquer coisa para ter Bia por perto. Só não entendo bem se isso é amor, se é vontade de construir mesmo uma família. Gente, onde já se viu matar, roubar, seduzir, dar dinheiro por um ser humano? De onde eu venho isso é crime mesmo. Ou doença, pra ficar mais fino. Sou mais uma família toda alegre e desajustada, pobre, de lésbicas, do que for, do que gente rica querendo roubar filhos dos outros.

Se a história fosse um filme, o nome seria: “Tudo por um bebê!”.

Quero só ver onde isso tudo vai dar. Ou nem quero, mas aí é outra novela.

Até a próxima semana!

Joaquim Vela

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

Querida amiga, minha mãe teve trombose na Gostaria de saber por que quando estamos co- perna há cerca de 6 meses e até hoje está usando chilando é comum termos um susto. Isso sem- um comprimido anticoagulante. Ela terá que topre acontece comigo e com outras pessoas mar isso a vida toda? que conheço...

Lucimara, 37 anos, garçonete.

Queila Fátima, 29 anos, turismóloga Essa é uma coisa bem comum mesmo, Queila. Acontece com pessoas de qualquer idade, logo antes de cair num sono profundo. Também é conhecido como espasmo hípnico. É algo que precisa de mais estudos, mas o que se sabe até o momento é que isso acontece por um desequilíbrio entre corpo e mente. Quando o corpo pede sono e a mente continua em atividade, o cérebro emite um sinal para que o corpo desper-

te. Isso é sentido como se estivéssemos caindo ou tomando um choque elétrico e subitamente acordamos. Acontece mais quando a pessoa está dormindo mal ou quando está fazendo um esforço para se manter acordada. Quando acontece muito pode também ser sinal de deficiência de magnésio, ferro ou cálcio. Nesses casos, a dieta precisa ser corrigida.

Cara Lucimara, para saber se sua mãe necessitará continuar usando anticoagulante, é preciso saber qual a causa da trombose que ela teve. Algumas pessoas têm distúrbios na coagulação do sangue (trombofilia), isso predispõe a pessoa a ter trombose. Nesse caso, é melhor prevenir com o uso contínuo do remédio, uma vez que esse pode se repetir. Toda família precisa fazer exames porque pode ter trombofilia também. Mas em outros casos, a pessoa po-

de ter a trombose por um problema momentâneo que dificultou a circulação do sangue, como fraturas nas pernas, cirurgias de varizes, etc. Ou seja, momentos em que a pessoa ficou com a movimentação limitada e por isso teve a doença.

Nesses casos, em geral, o uso do anticoagulante é temporário, até passar o risco. De qualquer forma, essa é uma doença grave e as recomendações médicas precisam ser seguidas à risca.

Boa noite, amiga! Meu namorado sempre queixa de dor no “saco”. Ele me disse até que já teve inchaço um dia. Isso é normal? O que pode ser?

Maria Antônia, 35 anos, vendedora ambulante.

Isso não é normal, Maria. Toda dor frequente nos testículos ou na bolsa escrotal (conhecida popularmente como saco), deve ser investigada. Ainda mais se já ocorreu inchaço, como você disse. As causas de dor são muitas. Pode estar relacionada a hérnias, varicocele (varizes na bolsa escrotal), algum trauma testicular ou mesmo doenças mais graves. Todos esses casos precisam de tratamento e podem trazer problemas mais graves. Converse com seu namorado sobre os riscos e peça pra ele procurar aju-

da médica. No centro de saúde de referência ele poderá ser melhor orientado sobre o que fazer e, caso necessite, será encaminhado ao urologista.

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Brasil em imagens FOTOGRAFIA Mostra traz momentos marcantes e representações do brasileiro em 170 anos de história Por Maíra Gomes Um passeio pela história do Brasil por meio de fotografias tiradas entre os anos 1833 e 2003. São cerca de 350 imagens, que vão desde retratos de trabalhadores de cada período e expressões culturais até momentos marcantes, como a Revolta das Chibatas ou os anos de chumbo da Ditadura Militar no país.

Esta é a proposta da exposição “Um olhar sobre o Brasil”, em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil até 28 de abril. Com curadoria do historiador e fotógrafo Boris Kossoy e curadoria adjunta da historiadora, antropóloga e escritora Lilia Schwarcz, fotografias de autorias desconhecidas às de renomados fotógrafos como Geraldo de Barros, Sebastião Salgado, Thomaz Farkas e Mário Cravo Neto levam os visitantes a percorrer cenas e ambientes da história nacional, acompanhando a criação da identidade e valores brasileiros.

“A exposição retrata 170 anos de um olhar sobre a história. Demonstra o papel da fotografia na construção da imagem da nação. Todas as etapas contemplam o aspecto político, social, econômico e cultural. Como diz o curador Boris Kossoy, não é ‘a’ história, e sim uma história, um olhar”, explica Carlos Nagib, presidente do CCBB. História em fases A exposição começa com imagens de 1833. Fotografias de negros escravizados que estavam à venda, chamados de cartão-visita, estão expostas como estiveram em seu tem-

po, demonstrando o “bom produto” que aqueles escravos podiam ser. Em toda fase inicial, a exposição segue repleta de imagens de negros escravizados, em representações de funções de trabalhos, na lida com a terra ou a casa de seus senhores e até mesmo em fotografias

Exposição fica em cartaz até 28 de abril, no CCBB

“A exposição retrata 170 anos de um olhar sobre a história. Demonstra o papel da fotografia na construção da imagem da nação” tiradas para estudos antropológicos, que mostram o corpo nu de homens e mulheres negras, quase como para que se possa afirmar que eles são mesmo tão humanos quanto os brancos.

Logo chega outra fase do país e ali aparecem membros da Família Real, com uma peculiar imagem póstuma de Dom Pedro II. Fotografias de momentos marcantes como a Guerra do Paraguai, o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul, vêm em seguida.

Não é raro que se vejam fotos de indígenas nas mais variadas funções.

Eles estão nas matas, trabalhando e até mesmo como pupilos em missões religiosas, que eram muito comuns no interior do Brasil.

Importante imagem que não poderia faltar é a decolagem do avião 14-Bis, projetado e pilotado por Santos Dumont em 1906. Um rápido salto na história leva o visitante a viver o modernismo, movimento cultural de grande expressão que tem reflexo

até hoje na concepção de arte e cultura. Chega-se depois à ala onde se encontram diversas representações de lutas populares, como a Revolta das Chibatas e a Greve de 1917.

As revoltas e greves vêm junto com o desenvolvimento, que é demonstrado na exposição pela inauguração de ferrovias e indústrias.

Lampião e a companheira Maria Bonita se fazem ver em uma bela foto do grupo de cangaceiros, seguida por outra tirada pelo delegado que os capturou, suas cabeças expostas como prêmio em uma estante.

Caras de presidente, maracatu e lixão Vem então a Era Vargas e a questão política se mostra central na vida do país. Entre fotos de presidentes eleitos e outros depostos, festas populares como o Maracatu e Boi demonstram a diversidade e efervescência cultural. A riqueza do Rio São

Vida e morte de uma guerrilheira Por Maíra Gomes Iara Iavelberg foi militante contra a ditadura. Nascida na elite paulistana, se interessava por temas como a liberdade sexual e o movimento feminista, mas foi na faculdade de psicologia da USP, na qual ingressou em 1963, que encontrou outras causas e engajou-se na política.

Grande quadro intelectual da resistência, Iara tornou-se guerrilheira na luta armada, integrando diversas organizações. A última foi o Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), no qual ingressou junto com seu companheiro, Carlos Lamarca. Vivendo uma rotina de sequestros e ações armadas, o casal estava entre os mais procurados pe-

Noronha Rosa

la repressão, com cartazes com seus nomes espalhados por todo o país.

A guerrilheira morreu em 1971, aos 27 anos de idade, em Salvador, trancada no banheiro de um prédio de apartamentos no bairro de classe média da Pituba, cercado por forças de segurança. Iara foi encontrada com um tiro no peito. A versão oficial dizia que ela se matou, mas a família e amigos rejeitam tal tese, reforçados por documentos, que apresentam diversas contradições.

Documentário estreado no dia 27, no Cine CentoeQuatro, “Em busca de Iara” resgata a vida da militante

Francisco, a beleza da garota de Ipanema, repressão e violência na Ditadura, rituais de Candomblé, a inauguração de Brasília, belezas naturais como Foz do Iguaçu, moradores de rua, trabalhadores de lixão, Airton Senna na galeria dos vencedores, o Massacre dos Carajás sofrido pelos sem- terra.

As imagens se chocam, se confundem e se destacam, demonstrando a riqueza que é a história de um país, a diversidade e força que carrega um povo. “Um Olhar para o Brasil” traz a identidade coletiva do brasileiro, que consegue se enxergar em cada um daqueles momentos retratados ali. “É uma representação muito boa dos períodos da história. Consegue também dar uma ideia de toda a parte cultural do Brasil. Muito interessante a exposição”, afirma o aposentado José Eduardo, morador de Belo Horizonte.

Reprodução

através de uma investigação de sua sobrinha, Mariana Pamplona. O filme busca desmontar a versão oficial sobre a circunstância de sua morte.

Em 2003, uma ação judicial determinou a exumação do corpo, que fora sepultado na seção destinada aos suicidas do Cemitério Israelita de São Paulo, fato traumático para os familiares. A conclusão do novo laudo, assinado pelo legista Daniel Munhoz, da USP, apontou que o tiro que causou a morte da militante fora dado a uma distância incompatível com o suicídio, abrindo espaço à tese de uma execução.

“Em busca de Iara” está em cartaz no Cine CentoeQuatro até o dia 2 de abril, com exibição às 19 horas diariamente, exceto segunda-feira. Os ingressos custam R$10 a inteira e R$5 a meia. O espaço fica na Praça Ruy Barbosa, 104, Centro.

Filme está em cartaz no Cine 104

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AGENDA DO FIM DE SEMANA FOTOGRAFIA

TEATRO

A exposição Awêry Taputari, de Priscila Bartolomeu, apresenta imagens registradas em diversas tribos brasileiras, evidenciando o contato dos visitantes com expressões da arte, beleza e tradição desses povos. Sexta (28), sábado (29) e domingo (30), de 9h às 17h, no Centro Cultural Lagoa do Nado (Rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904, Itapoã).

Cia Maria Cutia apresenta as peças “Como a gente gosta”, “Concerto em ré” e “Na Roda”, em homenagem ao Dia Nacional do Teatro. Sexta (28) às 20h, sábado (29) às 18h e domingo (30), às 16h, na Praça da Liberdade.

é tudo de graça!

DEBATE

Ciclo de debates sobre como são construídas as representações de transexuais homens no Youtube. Sexta (28), às 18h30, no Espaço CentoeQuatro (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro).

MÚSICA Apresentação do grupo de maracatu Trovão das Minas. Domingo (30), às 11h, no Parque Juscelino Kubitschek (Avenida Bandeirantes, Sion).

cultura | 15

Segunda a quinta-feira CINEMA

EXPOSIÇÃO

EXPOSIÇÃO

A Imaginação da Matéria de Minas apresenta seleção de obras de 36 Mostra Ingmar Berg- artistas populares, de toman – Instante e Eter- das as regiões de Minas nidade, a maior já de- Gerais. Até 20/04, terças, dicada ao cineasta sue- quartas e sextas das 10h co na América Latina. De às 19h, quintas das 12h às 21h, e sábados e do28/03 a 12/05, no Cine Humberto Mauro mingos das 12h às 29h, (Av. Afonso Pena, 1.537, no Centro de Arte Popular (Rua Gonçalves Dias, Centro).

1608, Funcionários).

Moradores de rua apresentam releitura do painel “Guernica”, de Pablo Picasso. Até dia 10/04, de segunda a sexta das 8h às 22h, e aos sábados, de 8h às 16, na Puc Minas Coração Eucarístico (Av. Dom José Gaspar, 500).

MÚSICA Show do indiano Ravi Shankar e da artista Myrian Aubin. Segunda (31), às 19h30, no Conservatório UFMG (Avenida Afonso Pena, 1534 Centro).

esporte |

na geral Álbum da copa

O álbum de figurinhas da Copa 2014 ainda não foi lançando oficialmente, mas os colecionadores já podem conferir as primeiras informações na internet. Para completar a edição serão necessários 640 cromos. São 17 jogadores de cada seleção, uma foto do time perfilado e a réplica dos estádios sede. A expectativa é que o álbum chegue às bancas no mês de maio.

Crise na CBV O deputado federal Romário (PSB-RJ) sugeriu na última semana a criação de uma CPI para investigar irregularidades na Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Denúncias de um site de esporte especializado indicam que dois dirigentes da CBV receberam recursos da entidade para intermediar contratos de patrocínio com o Banco do Brasil.

As denúncias levaram à renúncia do presidente Ary Graça que, em pronunciamento sobre o caso, afirmou que “foi “traído pelos amigos que ajudou a enriquecer”. Ele admite ter repassado às empresas dos ex-dirigentes R$ 2 milhões. O Banco do Brasil, em comunicado oficial, condicionou a continuidade do patrocínio ao esclarecimento dos fatos. Vale lembrar que os recursos destinados à CBV vêm do governo federal, através da Lei Agnelo Piva e da Lei de Incentivo ao Esporte e que a busca por patrocínios sempre foi um desafio para o esporte no Brasil. Mais uma novela para o esporte brasileiro.

Novo calendário, mais empregos para os jogadores

Circuito Mineiro de Skate

Movimento criado por jogadores do futebol brasileiro em 2013 e que desde então vem aterrorizando a vida de dirigentes, o Bom Senso Futebol Clube apresentou duas propostas consideradas fundamentais para a melhoria do esporte em nosso país. São elas o fair play financeiro e um novo modelo de calendário. O fair play seria um controle de dívidas dos clubes, estipulando percentuais para o déficit (valor negativo) que o clube pode ter. O prazo é de dois anos para quitar todas as dívidas e, caso isso não ocorra, os clubes devedores ficam fora dos campeonatos nacionais. O movimento propõe ainda novas datas, mais reais, para a disputa dos campeonatos. As novidades são muitas e, entre elas, está a criação de uma Série E, com 432 clubes divididos em 36 grupos. Com a concretização das propostas do movimento, os jogadores ganharam aliados importantes: os treinadores, que se mobilizaram para apoiá-los na luta contra a desigualdade no futebol.

Organizada pela Federação Mineira de Esportes Radicais, acontece até o dia 30 de março a primeira etapa do circuito mineiro de Skate Street 2014.

Entre as competições serão oferecidas oficinas gratuitas para quem quer iniciar no esporte. As atividades ocorrem no Ginásio Califórnia, no bairro Riacho, em Contagem.

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Você Sabia

O primeiro álbum de figurinhas de futebol no Brasil surgiu em 1950. Com o título “Balas futebol”, ele trazia figurinhas dos craques do mundial de 1950. O nome faz referência à companhia de balas Americana LTDA, que comercializava o álbum.

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OPINIÃO Cruzeiro

O que mudou? imagem de arquivo

OPINIÃO Atlético Wallace Oliveira Neste ano, o Cruzeiro teve um dos piores inícios de Libertadores em suas 14 participações. O surpreendente, porém, é que o atual campeão brasileiro tenha tantas dificuldades para vencer adversários que não são tecnicamente superiores.

Tentando entender o que mudou, levantei algumas comparações entre os desempenhos nas duas competições.

No Brasileiro, a equipe teve, por partida, médias de 2,03 gols marcados, 0,97 gols sofridos, 7 finalizações certas e 8,76 finalizações erradas. Na Libertadores, a mesma equipe tem média de 2 gols marcados, 1,75 gols sofridos, 6 finalizações certas e 10,75 finalizações erradas. Em suma, os números pioraram, mas a piora é mais acentuada na defesa, com a média de gols sofridos quase dobrando. Assim, pois,

o Cruzeiro tem o melhor ataque do torneio, mas também tem a 6ª defesa mais vazada.

Sem a pretensão de explicar tudo, já que o futebol é regido por muitos imponderáveis, arrisco uma hipótese. Note-se que, primeiramente, caiu o rendimento de Nilton e Lucas Silva, enquanto seus reservas são inferiores na marcação e saída de bola. Em segundo lugar, o lado esquerdo era o ponto frágil do time, faltando cobertura às subidas de Egídio. Na direita, Ceará marcava bem e, quando ele saía para o ataque, o zagueiro Dedé cobria o setor. Agora, a deficiência do lado esquerdo não foi sanada, mas o direito piorou. Dele saíram as jogadas dos três gols sofridos no Mineirão, contra La U e Defensor.

Se essa explicação estiver correta, o principal problema do Cruzeiro é pontual e pode ser resolvido no curto prazo, com treinamentos. imagem de arquivo

OPINIÃO América Mancha na história Bráulio Siffert Tudo bem que um gol ilegítimo aos 2 minutos de jogo e muita inversão de falta desestabiliza qualquer time mais fraco. E tudo bem também que não há pênalti marcado para o América contra o Atlético há pelo menos 15 anos. Mas nada justifica ser dominado em campo e perder de goleada para um rival sem demonstrar qualquer vontade de reagir.

Tradicionalmente, o América pelo menos fazia jogos duros contra o Atlético: tirando essa derrota de 4 a 1 na primeira semifinal do campeonato mineiro e a de 5 a 2 na primeira fase do ano passado, desde 1996

o América não perdia de 3 ou mais gols de diferença para o Atlético. E, inversamente, o América ganhou de goleada apenas quando acabou sendo o campeão: 1993 e 2001. Será que um dia o Coelho voltará a ter times como aqueles e assim devolver essas recentes goleadas?

Dor elegante

Rogério Hilário “Sofrer vai ser minha última obra.” Para o Atlético atual, a semelhança com 2013 lembra o verso final de “Dor Elegante”, grande poema de Paulo Leminski musicado por Itamar Assumpção, mortos prematuramente no auge da genialidade. Como no ano passado, a Copa Libertadores seguirá sofrida nos momentos decisivos, assim como a primeira fase caminha tranquila, apesar de alguns atropelos. Nesta semana, quando o Galo completa 106 anos, ficam as lembranças de êxtases e de agonias. E, pelo visto, ambos prosseguirão nas vidas dos alvinegros. Lembremos, nada é fácil para o atleticano, sempre ressabiado com as circunstâncias. Daí, a “dor elegante”, que entristece a princípio, mas, indubitavelmente, pode conduzir à reabilitação, às vitórias e às conquistas heroicas.

Por falar em desconfiança, não entendo tanta onda com o Ronaldinho Gaúcho. Ultimamente, a queda de rendimento do craque vem concorrendo, na imprensa, com o

Bruno Cantini

suposto risco de racionamento de energia e de água, bem como com a campanha pela redução da maioridade penal. Nas três pautas, apenas o jogador ganha algum apoio, apesar das piadinhas sobre as baladas.

Quando é para falar em crise energética ou no crescimento da criminalidade envolvendo menores, só os alarmistas e os detratores do Estatuto da Infância e do Adolescente têm espaço e voz. Isso me lembra debates, parciais sobretudo, sobre as cotas raciais nas universidades federais. A inclusão parecia um sacrilégio ou, para rimar, um privilégio. Ser contrário às cotas, isso sim é discriminação e preconceito.

Tudo bem. O Galo está praticamente garantido nas finais do Campeonato Mineiro, depois dos 4 a 1 no primeiro jogo contra o América, nas semifinais.

E Ronaldinho Gaúcho, seguramente, é o principal trunfo para a conquista do tetra. Como a do bi na Libertadores. Ele já aprendeu: tudo, no clube, é sofrido, mas, no final, vem a recompensa.