Edição 10 do BF MG

brasil | pág. 11

cultura | pág. 14

esporte | pág. 16

Leilão de Libra gera polêmica

Festival de Arte Negra

Expectativa no campeonato

Com leilão, empresas se apropriarão de até 20% dos lucros do pré-sal. Organizações seguem mobilizadas pelo controle estatal do recurso que fica com a União

A cultura está em festa em Belo Horizonte. Até o dia 27, uma série de espetáculos resgatam a negritude e valorizam a feminilidade

Galo se enche de esperança com a volta de Ronaldinho Gaúcho Excesso de jogos enfraquece Cruzeiro

Edição

Mídia Ninja

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013 | ano 1 | edição 10 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

minas | pág. 6

Machismo e polêmica na UFMG Maíra Gomes

O professor de sociologia Francisco Coelho dos Santos foi suspenso após ser acusado de machismo. Estudantes se sentem ofendidos com comentários do professor há muito tempo, mas a gota d’água foi quando sugeriu que gostaria de ficar “na horizontal” com uma aluna. A diretoria da faculdade abriu sindicância para apurar as denúncias. Centro Acadêmico denuncia que Universidade tem sido conivente com casos como este cidades | pág. 3

Sua conta de luz pode ser mais barata

Plebiscito Popular sobre o preço da conta de luz chega a mais de 300 cidades de Minas. Com grande adesão, consulta se estenderá até 3 de novembro Joana Tavares

minas | pág. 7

Trabalhador preso por entregar panfleto A Cidade Administrativa foi palco de uma ação de intolerância do governo. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Correios foi preso por panfletar boletim convocando categoria para uma audiência pública

02 | opinião

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

A você, leitor: Liberdade e Cidadania

Leilão de Libra, um erro estratégico

É com alegria que o Brasil de Fato MG chega a sua décima edição.

Essa comemoração ocorre na mesma semana em que a população mineira tem a possibilidade de votar no Plebiscito Popular pela redução da tarifa de energia. Não é pouca coisa. Uma e outra iniciativa são sinais dos tempos.

O Brasil de Fato e o Plebiscito Popular têm em comum a busca pela melhoria das condições de vida. Ambos buscam contribuir com a construção de uma sociedade que beneficie a todos. O povo se cansou de um padrão de política que beneficia o setor privado.

Milhares de pessoas foram às ruas em junho e barraram o aumento das tarifas do transporte. Exigiram também mais Estado, com a ampliação de investimentos públicos em educação, moradia, saúde, cultura, lazer e políticas para a juventude.

As manifestações de junho afloraram o sentimento popular sobre a urgência de mudanças na sociedade brasileira. Reverter a perversa distribuição de renda vigente em nosso país, melhorar consideravelmente a qualidade dos serviços públicos e avançar nas reformas estruturais pendentes. Existe uma expectativa na sociedade de que a riqueza do Pré-Sal é fundamental para responder as demandas históricas do povo brasileiro.

Nesta semana, o leilão do campo petrolífero de libra foi concretizado. Nos últimos meses, marcamos uma posição sobre o leilão: somos contrários. Os motivos foram expostos. Cerramos fileiras em atos e marchas com diversos movimentos populares e entidades na denúncia do leilão e na defesa da soberania nacional. Faltou

caminho e não tem atalhos.

O Plebiscito Popular é um grande exercício de cidadania. O povo estuda, faz o debate, organiza os locais de votação, vota, apura e se manifesta. Com isso, aprende que tem direitos e que organizados temos força. São centenas de comitês populares que surgiram em mais de 200 cidades mineiras. E vieram para ficar. É essa mesma rede social que constrói e sustenta o Brasil de Fato Minas Gerais. Plebiscito e jornal nascem da luta por uma outra sociedade. Você que nos lê é nosso parceiro nessa caminhada. Agradecemos sua leitura atenta, críticas e sugestões. E claro, pedimos para que não deixe de votar no Plebiscito Popular pela Redução da Tarifa de Energia e do ICMS.

Falando Nilson

Você que nos lê é nosso parceiro nessa caminhada.

Agradecemos sua leitura atenta, críticas e sugestões.

E pedimos para que não deixe de votar no Plebiscito Popular pela Redução da Tarifa de Energia Se depender apenas dos governos, que são pressionados por múltiplos setores, as mudanças não virão ou serão a conta-gotas. Nessa disputa, sai em vantagem quem financia as campanhas e as grandes empresas de comunicação.

Se depender da elite mineira, não será fácil. Por isso, o povo precisa se organizar e pressionar. Não existe conquista sem luta. As lições das ruas e das lutas históricas são o caminho para enfrentar os problemas e obter conquistas. A luta é o

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309 3304 - (11) 2131 0800

diálogo para que a sociedade manifestasse sua posição sobre o destino dessa fantástica riqueza. É necessário seguir as lutas na defesa do controle popular e estatal sobre as riquezas naturais brasileiras, particularmente o Pré-Sal. Ao mesmo tempo, devemos ficar atentos para que os recursos financeiros provenientes do petróleo do campo de Libra sob o regime de partilha sejam, de fato, direcionados às áreas sociais e para ampliação de direitos.

Mesmo com a aprovação recente da lei que destina 75% dos royalties para a educação e 25% para a saúde, o capital financeiro fará imensas pressões para se apropriar desses recursos através da dívida pública do Estado brasileiro.

O Pré-Sal deve estar a serviço de um projeto estratégico: um Projeto Nacional de Desenvolvimento que

O Pré-Sal deve estar a serviço de um projeto estratégico: um Projeto Nacional de Desenvolvimento que contemple as reformas estruturais pendentes na sociedade brasileira contemple as reformas estruturais pendentes na sociedade brasileira. É fundamental viabilizar uma industrialização soberana fundada em tecnologia nacional e, ao mesmo tempo, de ponta. Só conseguiremos alcançar esses objetivos com pesados investimentos em educação ciência e tecnologia. Ser um grande exportador de petróleo não necessariamente possibilitará esses investimentos.

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, José Reginaldo Inácio, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.

Contato: redacaomg@brasildefato.com.br

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

Plebiscito pela redução da conta de luz movimenta o estado CONSULTA População mineira pressiona pela redução da cobrança de ICMS Reprodução

Da Redação Em toda Minas Gerais está acontecendo, desde o dia 19 de outubro, o Plebiscito Popular pela redução da conta de luz, que conta com 98 organizações sociais. Dada a participação da população, que está sendo maior do que a esperada, os organizadores decidiram aumentar o Plebiscito sete dias. Já são mais de 300 cidades incluídas e a expectativa é chegar a 1 milhão de votos.

“Quem começou o processo foram os militantes dos movimentos, mas agora a população já está se envolvendo e organizando o Plebiscito, levando para o seu bairro, pra sua escola e até pro seu mercadinho”, afirma a coordenadora do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Soniamara Maranho.

Estão sendo criados comitês em novas cidades e, onde já existiam, o número de urnas aumentou, pois a quantidade de votantes foi superior à planejada. Das cédulas e panfletos produzidos, cerca de 1 milhão já foram distribuídos e vai ser preciso confeccionar mais material.

Mutirão neste fim de semana Os mesários estão pretendendo intensificar a votação a partir desta sexta-feira. Estarão em praças, na saída de missas e cultos, no final do ENEM e na Feira Hippie. Pessoas interessadas em contribuir nestes dias ou durante a semana podem ligar para a secretaria do Ple-

cidades | 03

Pergunta da semana Neste fim de semana acontece, em todo o Brasil, o maior Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) da história, com mais de 7 milhões inscritos. O exame avalia a qualidade do ensino médio no país e possibilita o acesso ao ensino superior em universidades públicas e bolsas em particulares.

Você está preparado (a) para o ENEM?

Coleta de votos vai até 3 de novembro

biscito: (31) 9321-4251 [tim] ou (31) 3238-5000.

Opinião de votante “Votar neste Plebiscito é interessante porque vai mostrar o posicionamento do povo de Minas Gerais.

Nós temos que participar deste tipo de decisão, pois a nossa conta de luz é considerada um das mais altas do país”, Jorge Luis Pereira, lavrador e morador de Felisburgo (Vale do Jequitinhonha).

“Sim, eu acho que no ENEM o mais importante é o conhecimento geral e isso deu acessibilidade para muita gente. Então, se você está sabendo o que está acontecendo, automaticamente você está estudando” Matheus Augusto, estudante

Tarifa zero aos domingos Raíssa Galvão De Belo Horizonte O grupo que propõe a aplicação da tarifa zero na capital pede isenção imediata da cobrança de passagem aos domingos e feriados. Na última sexta-feira (18), membros do GT de mobilidade urbana da Assembleia Popular Horizontal de Belo Horizonte (APH) e movimentos cicloativistas participaram da Audiência Pública na Câmara Municipal para debater o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2014-2017.

Segundo Clessio Mendes, da APH, “a audiência teve sucesso no

objetivo de denunciar as prioridades da Prefeitura e da proposição de uma mudança inovadora para o transporte público”. Durante a apresentação, Clessio disse terem ficado evidentes as contradições do planejamento, que prevê R$ 1,1 bilhão para a implementação do Corta Caminho (abertura de novas vias de tráfego na cidade), enquanto o projeto “Prioridade do transporte coletivo” receberá apenas 100 milhões de investimento para o mesmo período. “Até parece que inventar rua nova resolve o problema do trânsito”, comenta.

Depois da aceitação da proposta da tarifa zero pela maioria em ple-

nária, o projeto foi entregue oficialmente para a Comissão de Orçamento da PBH e, caso seja aprovado, será encaminhado para votação em plenária no legislativo municipal.

Assinaturas pela tarifa zero

Além da ação, a Assembleia Popular Horizontal também propõe um projeto de emenda à Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte. A proposta de iniciativa popular institui a gratuidade dos serviços de transporte público. Já foram colhidas cerca de 5 mil assinaturas das 95 mil necessárias.

“Eu não estudei, mas como eu formei o ano passado, acho que dá para fazer. Meu amigo fez o ano passado e disse que é cansativo, mas não é difícil” Rayssa Soares, estudante de enfermagem

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Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

Trabalhadores da APAE protestam por dignidade Reprodução

TRANSTORNO Briga não é com associação, é com diretoria Rafaella Dotta de São João del-Rei Há 80 dias sem receber seus salários, os profissionais da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São João del-Rei fizeram um protesto na terça-feira (22) em frente à APAE da cidade. O Sindicato que representa a categoria afirmou que, além do atraso salarial, existem mais irregularidades trabalhistas e a negociação já está na Justiça.

O ato, que durou o dia todo, teve adesão de 70% dos funcionários e reivindicava dignidade e respeito. Melissa Furtado de Pádua, professora na APAE, disse que muitos dos profissionais estão desistindo de trabalhar na entidade por conta das más condições e isso prejudica o estudante. “Hoje, a situação de trabalho não é boa e faltam até materiais”, afirma Melissa.

A diretora do Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional (Senalba MG), Cristina do Vale, declarou que os problemas

são resultado de má administração de verba. “A briga não é com a APAE, o impasse é com a diretoria.

Existem pessoas que são indicadas para esse cargo e aqui em São João del-Rei a diretoria não está sabendo controlar esse dinheiro.”

Na última audiência, realizada no mesmo dia do protesto, a Justiça concedeu liminar bloqueando os recursos da APAE e passou a verba para o sindicato, para pagamento dos salários atrasados. O Senalba MG e os funcionários marcaram nova audiência para o dia 29 de outubro, para discutir: férias não pagas, multa por atraso de pagamento, reajuste salarial não pago e outros.

Momento emocionante Na saída da aula, os funcionários no protesto gritavam: “Viva os alunos! Viva os alunos!” e os alunos, contentes, batiam muitas palmas e davam “viva” aos trabalhadores.

“Nós estamos aqui para garantir um serviço de educação e saúde de qualidade para os alunos e eles sabem disso”, afirmou Melissa Furtado, professora da APAE São João del-Rei.

Justiça bloqueou recursos da APAE e passou a verba para regularizar os pagamentos atrasados

Os professores na TV

Neonazista que enforcou catador de papel é solto O neonazista Antônio Donato Baudson Peret, conhecido como Donato Di Mauro, de 25 anos, foi libertado nessa quarta-feira (23) da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde estava detido desde o dia 15 de abril. O jovem foi indiciado por racismo, formação de quadrilha e divulgação do nazismo. Ele ficou conhecido após ter publicado no seu perfil do Facebook um foto onde aparece enforcando um catador de papel.

O alvará de soltura foi expedido pela juíza da 9ª vara, Raquel Vasconcelos Alves Lima. “A liberdade apresenta algumas limitações.

Ele não poderá acessar as redes sociais, mudar de endereço sem avisar a Justiça, deverá comprovar emprego e comparecer uma vez por mês na 9ª vara da Justiça Federal”, explica o advogado de defesa William Ferreira de Souza.

Outros dois membros do grupo, Marcus Vinícius Garcia Cunha, de 26 anos e João Matheus Vetter de Moura, de 20 anos, já estão fora da cadeia. O primeiro foi solto no dia 7 deste mês e o segundo no dia 22 de abril. O trio aguarda julgamento, que ainda não tem previsão de quando será realizado.

O caso

Donato Di Mauro foi preso na cidade de Americana, para onde fugiu após investigações motivadas por uma foto que publicou em seu perfil numa rede social. Na imagem, Donato aparece enforcando um catador de papel na Savassi com uma corrente, durante o dia. Os outros integrantes foram presos pelo Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil e da 1ª Delegacia de Polícia Sul. (Da Redação)

domingo - 8h25 - TV Band Minas

quarta - 11h | sexta - 20h | sábado - 16h - TV Comunitária de BH www.youtube.com/sinprominas O programa de TV do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais.

Temas relacionados à educação e assuntos em debate na sociedade.

anos

Filiado à Fitee, Contee e CTB - www.sinprominas.org.br

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Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

10 edições nas ruas de BH

SERVIÇOS Por dentro do Enem

JORNALISMO POPULAR Brasil de Fato Minas Gerais é distribuído gratuitamente na capital Raíssa Lopes De Belo Horizonte

O jornal Brasil de Fato Minas Gerais chega nesta semana à sua décima edição. A ideia de criar uma edição regional no estado partiu da intenção de consolidar uma mídia não tradicional na região e combater a hegemonia de informação, concentrada em poucos grupos comerciais.

O regional faz parte do grupo Brasil de Fato, que possui uma página na internet, uma agência de rádio e edições regionais no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

O professor de sociologia da Escola Estadual Flávio dos Santos, Wallace Oliveira, utiliza o Brasil de Fato para atividades em classe e também distribui as edições para os alunos. Ele trabalha com a educação de jovens e adultos - de 17 a 70 anos - que não tiveram acesso ou não concluíram os estudos dos ensinos fundamental e médio e comenta que escolheu o jornal pelo enfoque empregado nas matérias. “Gosto muito da visão do Brasil de Fato e como ele elabora suas notícias.

Elas fazem parte da proposta que escolhi trabalhar em sala de aula e discutir com os estudantes. Assim eles têm contato com pautas que a grande mídia não apresenta, como a realidade sobre os movimentos sociais e de trabalhadores”, conta.

O dirigente sindical e asses-

sor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua), Wagner Xavier, declara que uma redação no estado é um grande passo em prol da distribuição igualitária de informação jornalística em Minas. “Vivemos num estado onde existe um cerco à comunicação.

Qualquer projeto ou ideia é monitorado pelo aparato de controle implantado pelo governo. Vejo o Brasil de Fato como uma grande iniciativa do movimento popular, sindical, estudantil, da juven-

“Lá na Praça da Estação, o pessoal passa e comenta do jornal o tempo todo.

Teve uma moça que falou que o jornal é diferente, porque fala a verdade e não é aquela coisa de sangue, sabe?” tude e das mulheres. É uma vitória das minorias e de todo grupo que deseja consumir o processo de construção de um novo mundo. Vimos que é possível que haja disputas de ideias na região”, afirma.

Rodrigo Galdino se diz leitor assíduo do jornal. O jovem tem 24 anos e trabalha como porteiro num dos pontos de distribuição do periódico. “Eu gosto muito do

que leio, acho que o Brasil de Fato tem seu diferencial por se voltar para os problemas que afetam o povo”, diz.

Distribuição

A distribuição do jornal é realizada em vários locais em Belo Horizonte. São selecionados alguns pontos fixos de grande fluxo de pessoas, como Praça Sete, Cemig, universidades, escolas, fábricas, comércios, sindicatos e estações de metrô, onde são entregues as edições à população, todas as sextas-feiras. A bem-humorada dona Edna Ferreira, de 56 anos, é uma das pessoas que entrega. Ela e seu marido, Seu Zezinho, distribuem o jornal na Praça da Estação. Para ela, o jornal possui boa aceitação do público.

“Lá na Praça da Estação, o pessoal passa e comenta do jornal o tempo todo. Teve uma moça que falou que o jornal é diferente, porque fala a verdade e não é aquela coisa de sangue, sabe?

Tem também um rapaz que sempre está por lá, que é até da polícia. Ele me cobra quando não me vê na praça, disse que o jornal deveria ser diário. Todas as sextas ele para a viatura e vai me procurar”. Edna conta também que para atrair mais leitores, se inteira sobre os assuntos tratados nas edições. “Sempre leio, porque quando entrego, muitas vezes tenho que comentar sobre algum tema.

Quando é homem, eu já logo falo de futebol”, brinca.

Joana Tavares

Neste fim de semana será realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) da história, com mais de 7 milhões inscritos. Minas Gerais ficou em segundo lugar na lista de inscrições. 870 mil estudantes mineiros realizarão a prova.

Abaixo, algumas dicas para este momento.

Local

É possível conferir o local da prova no cartão de inscrição. O candidato que não o recebeu pode acessar o site do Inep (www.inep.gov. br) ou ligar para o MEC: 0800 61616

Horário

A organização do ENEM orienta que os estudantes cheguem uma hora antes do início da prova, ou seja, ao meio dia. Isso é necessário para procurar a sala de prova e se acomodar.

Transporte

Previna-se. O trânsito nas mediações dos locais de prova costuma aumentar nessa data. É preciso calcular um tempo maior do que o normal para chegar até lá. Chegar atrasado deixa o estudante nervoso e desestabilizado e pode influenciar no resultado da prova.

Dicas sobre a prova Questões

Como a prova é composta por textos longos seguidos de perguntas, a sugestão é: primeiro leia a pergunta, para saber o que procurar no texto. Caso não saiba a resposta, marque a questão e passe para a próxima. Você terá uma média de 3 minutos para cada uma.

Redação

Não comece a escrever imediatamente. Elabore a estrutura do texto num rascunho, com as ideias centrais de cada parágrafo. Isso pode deixar seu texto mais claro e coerente e ajuda a escolher os melhores argumentos. A redação precisa ter introdução, desenvolvimento e conclusão.

Dica para os pais

O ENEM é um dia importante para o estudante e muitos deles reclamam de saírem de casa já nervosos. Gritar para ele se apressar, ou para almoçar, ou fazer mil perguntas cria um clima de tensão. Tente acompanhá-lo e mostre confiança. Este é um de seus primeiros momentos como uma pessoa independente.

Programe-se para o ENEM Quando: 26 e 27 de outubro (sábado e domingo) Horário: 13h Temas do primeiro dia: Ciências Humanas e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias Temas do segundo dia: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e Redação Tempo de prova: 4h30min no primeiro dia e 5h30min no segundo

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Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

Professor machista suspenso

Racismo em trote está sem punição

VIOLÊNCIA Professor de ciências sociais é acusado de ofender alunas Maíra Gomes

Maíra Gomes De Belo Horizonte

Apesar de não ser nenhuma novidade casos de machismo na sociedade, essas atitudes não devem ser aceitas por ninguém. É o que defendem alunos de Ciências Sociais das Universidade Federal de Minas Gerais. Após anos ouvindo comentários machistas do professor Francisco Coelho dos Santos em sala de aula, o Centro Acadêmico do curso, CACS, em parceria com o Diretório Central dos Estudantes iniciou um processo de pedido de afastamento do professor e abertura de investigação sobre os casos.

A diretoria da Fafich acatou o pedido e o docente já foi afastado. O colegiado de Ciências Sociais afirmou, em reunião com os alunos, que será aberta uma sindicância para investigar do caso e que os procedimentos devem ser concluídos em até 30 dias.

O estopim se deu no último dia 10, quando o professor, ao usar uma aluna como exemplo para suas explicações, fez um comentário que beira o assédio sexual, sugerindo que gostaria de ficar na horizontal com ela. “Eu não sei exatamente as palavras certas, mas foi uma fala muito infeliz, de grande constrangimento. Na hora todo mundo ficou de boca aberta, ninguém conseguiu falar nada, porque é uma situação meio complicada em sala de aula”, conta a aluna que sofreu o assédio e prefere não se identificar.

Alunos deliberam em assembleia pelo afastamento do professor Francisco Coelho

Após o ocorrido, os alunos realizaram uma assembleia, em que foi deliberado o pedido de afastamento do professor. “Ali nós percebemos que muita gente, principalmente as mulheres, se sentiam incomodadas e indignadas com esses atos inadequados do professor, que aconteciam no ambiente acadêmico, decorrente da sensação de poder que ele acha que tem, acompanhado de um abuso de autoridade”, afirma Fernanda Maria Caldeira de Azevedo, representante do corpo discente do colegiado do Centro Acadêmico de Ciências Sociais.

A aluna explica que, segundo o Código de Ética do Profissional Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, a atitude do professor pode ser considerada assédio mo-

ral individual e coletivo, podendo até mesmo configurar assédio sexual. Um abaixo-assinado relatando o caso foi enviado à reitoria da Universidade, bem como ao Ministério Público de Minas Gerais e ao Ministro da Educação Aloísio Mercadante.

Não é um caso isolado Cientistas sociais formados pela UFMG, alguns há mais de dez anos, apoiam a sindicância aberta contra o professor Francisco Coelho dos Santos. Eles relatam que a postura do professor já era assim no início dos anos 2000, e que até as “piadas” se repetem. “Aos alunos que se levantaram contra o Chico, meu reconhecimento!”, diz o ex-aluno Rafael Bittencourt.

Crime de ódio, racismo e até fascismo: outro caso na UFMG Outro professor que vem chocando os alunos é Antônio Zumpano, docente de matemática no curso de Gestão Pública. Em seu perfil no Facebook são vistos comentários fascistas, homofóbicos e machistas, como a afirmação de que”o SUS deveria oferecer assistência psicológica para amenizar a dor de um pai que tem um filho gay” e “Fiquei sabendo que existe um Ministério da Igualdade Racial! Não seria melhor e mais honesto um ministério da Igualdade de Consumo?”.

A aluna Gisele Duarte Maia conta que foi realizado um ato para mostrar quem é o professor. “Fomos na sala em que ele dá aula para conversar com os alunos, já que quem não tem acesso ao perfil de-

le no Facebook não sabe o que ele diz”, diz Gisele, que afirma que os alunos buscarão as mesmas punições de Francisco para Antônio. O caso também pode ser enquadrado

Antônio Zumpano é acusado de posturas machistas, fascistas e homofóbicas no Código da categoria como desvio de ética. Está sendo preparado um dossiê sobre Zumpano para servir de base a um processo.

Universidade não oferece apoio

Durante o ano, foram denunciados diversos casos de racismo, ho-

mofobia e machismo na UFMG. Esta foi a primeira punição a ser aplicada. A estudante Fernanda Maria afirma que a diretoria deve se atentar mais aos casos. “A reitoria fechou os olhos. No caso do trote de Direito, eles disseram que era caso de bebida no campus [veja quadro ao lado]. Se não fosse a mobilização dos alunos no caso do professor Francisco, não haveria punição, ou se uma aluna fosse assediada entre quatro paredes, não teria onde ir para denunciar”, declara. Ela aponta a necessidade da criação de espaços dentro da universidade para debater a questão do preconceito, servir como um instrumento para acolher as vítimas e punir quem comete esse tipo de violência.

No início do ano, alunos da faculdade de Direito da UFMG aplicaram trote com teor racista e referências ao nazismo. A recepção foi realizada no dia 15 de março, tendo repercussão em todo o país a partir de fotos publicadas em uma rede social.

Nas fotos, um aluno aparece segurando uma corrente onde estava presa uma garota com o corpo todo pintado de preto, que levava um cartaz onde se lia “Caloura Chica da Silva”.

Outra foto que gerou polêmica foi a de três estudantes com os braços estendidos em referência ao comprimento nazista, um deles com um falso bigode imitando o ditador Adolf Hitler, ao lado de um garoto amordaçado preso em um pilar por fitas adesivas.

O alvoroço na mídia foi tanto que o caso chegou a ganhar uma nota de repúdio da Presidência da República. A Universidade abriu sindicância para apurar os fatos, mas ainda não houve punição. Ao final, eles indiciaram toda a turma dos calouros, alunos do segundo período e estudantes do Centro Acadêmico, por consumo de bebidas dentro do prédio da escola, baseado na portaria 037 que proíbe festas no local.

“Enquadraram todos por venda de cerveja, mas em nenhum momento foi colocada a questão do racismo cometido. Para nós, isso configura perseguição ao centro estudantil, já que o CA não pode dar uma resposta que garanta o direito dos estudantes. Ainda assusta os alunos para que não participem de lutas, já que o resultado é punição”, aponta Paulo Antonio Romano de Mello, membro do Diretório Central dos Estudantes da UFMG. Ele conta que, após pressão do Centro Acadêmico de Direito, o caso voltou para sindicância e ainda não chegou a sentença final. (MG) Reprodução

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

Sindicalista é preso por panfletar em frente à Cidade Administrativa Maíra Gomes De Belo Horizonte

Foi preso na manhã de segunda-feira (21), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Pedro Paulo Pinheiro. A detenção ocorreu porque o sindicalista estava entregando panfletos em frente à Cidade Administrativa. Ele conta que estava com outros companheiros sindicais em apoio ao Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados, Sindados, panfletando o boletim da entidade. Por volta de 7h30, dois oficiais da Polícia Militar exigiram o fim da panfletagem.

Por compreender que não estava cometendo crime algum, ele seguiu com a entrega. Alguns minutos depois, foi detido.

“Devemos perder qualquer ilusão de que os trabalhadores podem se organizar livremente. Fui preso por exercer o meu direito como sindicalista de convocar os trabalhadores para uma audiência que seria realizada na Assembleia Legislativa. Nós entendemos que uma norma dessa natureza não pode passar por cima da liberdade de expressão, da Constituição, do direito de liberdade e autonomia sindical. Se fazem isso com dirigentes sindicais, imagina o que fazem entre quatro paredes com o trabalhador”, declara Pedro Paulo.

Para a presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerias (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, o ocorrido evidencia uma situação recorrente no estado de Minas. “Quem pensa diferente do governo tem tido cada vez mais dificuldade de atu-

ar. Sempre que queremos fazer qualquer ação dentro da Cidade Administrativa, há inúmeros problemas que o governo coloca de forma a dificultar e até mesmo impossibilitar as atividades. A Cidade Administrativa não é um lugar que aceita e recebe os profissionais que estão organizados e querem manifestar”, aponta.

O deputado Rogério Correia apoia o sindicalista e afirmou que a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa irá solicitar um audiência pública sobre o caso. “Nós queremos debater tanto a questão da prisão irregular e arbitrária, quanto o conjunto destas repressões e atos autoritários que estão existindo na Cidade Administrativa. Não é a primeira

Maíra Gomes

Pedro Paulo Pinheiro e Rogério Correia

“Fui preso por exercer o meu direito enquanto sindicalista de convocar os trabalhadores para uma audiência que seria realizada na Assembleia Legislativa”

são e contra a liberdade de organização sindical. “A CUT-MG já tomou a decisão de questionar a constitucionalidade desse decreto”, conta o advogado, que frisa que o sindicalista fazia a entrega dos boletins em frente a um ponto de ônibus, ou seja, em via pública, local de acesso livre à população.

vez que tem esse debate, já fizemos dois, referentes à jornada e condições de trabalho e assédio moral. Essa vai ser a terceira denúncia”, declara o deputado.

O advogado da CUT-MG Luciano Pereira conta que a prisão se deu por desacato à ordem dos policiais, baseada em decreto do governo estadual de número 45/357. No entanto, ele considera a prisão ilegal e afirma que o decreto é atentatório contra a liberdade de expres-

Também recolheram o Brasil de Fato O jornal Brasil de Fato também foi alvo da mesma ação na Cidade Administrativa, em distribuição de sua terceira edição. Durante entrega na manhã de 6 de setembro, a Polícia Militar ameaçou de prisão o entregador, alegando que não podia distribuir o jornal no local. O rapaz, que prefere não se identificar, teve que se retirar com os exemplares restantes.

Lei Orgânica da Polícia Civil é aprovada em segundo turno na ALMG Thaís Mota Do Portal Minas Livre

Foi aprovada em segundo turno na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a Lei Orgânica da Polícia Civil, na quarta (23).

O projeto traz mudanças na estrutura da Polícia Civil, compila toda a legislação que trata das carreiras, além de criar novos cargos na corporação.

No entanto, alguns pontos reivindicados pela categoria não fo-

ram contemplados e serão debatidos em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo Recursal do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol -MG) na próxima terça-feira (29).

“Nenhuma das 27 emendas apresentadas pelo sindicato para aprimorar a lei foi aceita. Mas a categoria sabe que o que conseguimos já foi tirar leite de pedra, porque a relação do governo com a Polícia Civil é de animosidade. Então, vamos elaborar um projeto al-

ternativo e discuti-lo com os próximos candidatos ao governo de Minas”, afirmou o presidente do Sindpol, Denílson Martins.

Os trabalhadores continuam acampados na sede do Legislativo e, após a sanção do governador, uma assembleia da categoria deve ser marcada. No caso de vetos ao projeto de lei, os profissionais vão avaliar se continuam em greve ou se realizam outra mobilização para pressionar os parlamentares a derrubarem os vetos.

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fatos em foco Protesto contra torturador No fim da tarde de terça-feira (22), um grupo formado por ativistas da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de Minas Gerais e movimentos populares realizaram protesto em repúdio ao Tenente-Coronel Lício Augusto, em frente ao Círculo Militar, onde seria iniciada uma palestra sobre a Guerrilha do Araguaia.

O tenente é conhecido como um dos maiores repressores da ditadura militar e um dos torturadores e executores de pelo menos 60 guerrilheiros. Lício Augusto foi recebido em meio a cartazes com fotos de combatentes assassinados, vaias e gritos de “assassino!”.

No encerramento do ato, tinta vermelha foi lançada na calçada, representando o sangue dos mortos nas batalhas do Araguaia.

Mais um eletricitário morre em trabalho O eletricista Carlos Ribeiro (42) morreu em decorrência de acidente de trabalho na rede Cemig, na manhã de segunda-feira (21). O trabalhador entrou para o quadro da empresa em 1989, aos 18 anos. Este foi o terceiro acidente de trabalho fatal na Cemig em 2013. O Sindicato dos Eletricitários ressalta a urgência de mudanças na política de segurança e saúde da empresa, e cobra compromissos a serem firmados, como a reconstrução dos mapas de risco da Cemig e direito de recusa quando o trabalhador presumir risco para vida ou integridade física.

Depois da saúde, privatização na educação A PBH prepara a primeira Parceria Público Privada (PPP) na área de ensino, oito meses após estabelecer esta mesma parceria no setor de saúde. O projeto prevê a construção de 37 escolas - 32 para o ensino infantil e cinco destinadas a crianças a partir de seis anos. O consórcio deve ser contratado até o fim do ano e as obras estão previstas para o início de 2014. “As manifestações de junho deram o recado a todos os governos: mais Estado, mais serviços públicos de qualidade e não mais privatização”, critica a coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação, Beatriz Cerqueira.

08 | opinião

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

Acompanhando

Foto da semana

Thais Correia/Midia NINJA

Na edição 8...

BH precisa de um centro administrativo?

... e agora

Nilmário Miranda

Luis Carlos da Silva

Na quarta-feira (23), A Prefeitura de Belo Horizonte realizou uma sessão para apresentar o projeto da Operação Urbana Consorciada Nova BH, que pretende modificar radicalmente o planejamento urbano da cidade, com alterações de lei, desapropriações e outras. Apesar da ampla abrangência do projeto, a PBH promoveu a reunião sem a participação dos moradores, exigindo convite para a participação. Movimentos sociais e de comunidades foram impedidos de entrar na prefeitura, guardada por cerca de 40 guardas municipais e 10 policiais militares.

O transporte como direito social

Choque de gestão? Para quê?

Na edição 7...

Intervenções simbólicas reivindicam a manutenção e o fomento do verde na Vila Dias, que fica entre os bairros Santa Tereza e Santa Efigênia. Lápides negras com nomes de árvores foram inseridas em um monte de areia, numa das calçadas do lugar.

Está em tramitação na Câmara Federal a Proposta de Emenda Constitucional 90/2011. Ela estabelece para o transporte público as condições que o artigo 6º da Constituição prevê para a educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados: um direito social.

Fui escolhido relator da PEC 90 e até o final do ano terão sido realizados cinco seminários estaduais. É um momento oportuno. É recente a eclosão das jornadas de junho, em que o transporte ganhou a conotação política que já continha, mas que sucessivas administrações recusaram-se a admitir.

A PEC 90 foi proposta pela deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). Ela foi pensada e gerada ainda no tempo em que sua autora era a prefeita de São Paulo pelo PT (1989/1992). À frente de um governo democrático-popular e executora de uma gestão que se notabilizou pela inversão de prioridades e participação popular, marcas petistas, Erundina e sua equipe tiveram claro o papel social do transporte.

Deve-se ter claro que a PEC 90 não pressupõe gratuidade, subsídio ou financiamento. É da proposta o reconhecimento do transporte como um direito social. Com a aprovação da PEC, o artigo 6º terá um acréscimo, com a inclusão do transporte como um dos direitos sociais previstos na Constituição.

Essa mudança no texto constitucional é relevante.

Com ela, poderão ser adotadas políticas públicas de interesse popular, justamente a grande demanda que suscitou as manifestações recentes.

Nilmário Miranda é deputado federal (PT-MG)

Participe Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato

Emblema do governo mineiro, desde 2003, o tal choque de gestão é o único elemento concreto do débil programa de governo. Prometia uma revolução gerencial. Vejamos o que resta: Do ângulo empresarial: Temos um depoimento do presidente da Fiemg, Olavo Machado Jr.: “Possuímos 120 mil empresas industriais; destas, 62 mil não geram emprego algum; outras 30 mil possuem de 1 a 4 empregos. O Estado possui apenas 3.500 indústrias extrativas ou de transformação. Estas são responsáveis por mais de 70% do pessoal ocupado e 90% dos salários.”

Na perspectiva dos serviços essenciais: Educadores, profissionais da saúde, da segurança e da assistência social dão essa resposta nas ruas: greves e mobilizações sucessivas por melhorias salariais e de condições de trabalho.

Sob o ângulo das contas públicas: O governo tem sobrevivido com a ajuda de sucessivos empréstimos. Toda a farsa midiática montada em torno do suposto “déficit zero”, alardeado por Aécio Neves, serviu apenas para esconder uma manobra contábil. Quando Anastasia assumiu, em 2011, Minas tinha uma dívida de R$ 65 bilhões. Hoje, a dívida já está em R$ 100 bilhões.

Para quê serviu o tal choque?

Até agora só inibiu o real debate: qual o projeto político, econômico e social que pode tirar Minas da condição de estado-refém dos humores da economia internacional, sobretudo dos países importadores de commodities agrícolas e minerais?

Luis Carlos da Silva é sociólogo, especialista em gestão pública e assessor parlamentar

BHMorar não soluciona falta de moradia

... e agora

O Brasil de Fato MG acompanha, desde sua segunda edição, a situação das ocupações urbanas. Nesta quarta-feira (23), foi realizada Audiência Pública na Assembleia Legislativa para discutir as violações de direitos fundamentais - especialmente o de moradia - das comunidades William Rosa, Vitória, Esperança e Rosa Leão. A pressão da Prefeitura Municipal para o despejo das famílias continua. Na terça-feira (22) o Grupo de Ações Táticas Especiais da PM (GATE) e cavalaria voltaram a circular na Rosa Leão. Houve, também no dia 23, uma reunião de preparação para organizar o despejo da William Rosa. Representantes da Prefeitura afirmam que as ocupações não são viáveis, em decorrência do projeto de operação urbana no Isidoro, que pretende construir 70 mil apartamentos na Granja Werneck. A proposta envolve a desapropriação de 8 mil famílias, que continuam resistindo às iniciativas da administração pública.

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

entrevista | 09

“A internet mudou a forma como interagimos e nos organizamos” Arquivo pessoal

ON LINE Professor analisa a relação entre internet e política Cristiane Souza de Belo Horizonte As mobilizações de junho, as denúncias de espionagem dos Estados Unidos e a lei da transparência de informações colocaram em foco a relação entre internet e política. Esses processos serão objeto de reflexão do Colóquio Internacional Tecnologia e Democracia, que acontecerá na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, nos dias 30 e 31 de outubro. O evento, que conta com a participação de pesquisadores de oito países, tem as inscrições gratuitas e abordará como as novas tecnologias afetam as democracias.

Na entrevista a seguir, o coordenador do evento e professor do Departamento de Ciência Política da UFMG, Ricardo Fabrino Mendonça, responde algumas questões sobre o uso da internet pelo Estado e pelos movimentos sociais.

Brasil de Fato - Qual o real alcance do uso da internet no Brasil? As desigualdades de acesso influenciam na forma como as pessoas discutem ou buscam informações sobre política na rede?

Ricardo Fabrino Mendonça - O Brasil tem cerca de 80 milhões de usuários de internet. Esse é um número expressivo e o percentual da população que não tem acesso tem caído rapidamente.

No entanto, um número significativo de brasileiros permanece excluído digitalmente. Além disso, o acesso não é igualitariamente distribuído. As classes D e

E, bem como os moradores de zonas rurais, têm índices bem menores de uso.

Há disparidades de gênero e de idade também no uso da internet. Tudo isso tem consequências políticas.

O ativismo online é um novo tipo de mobilização? Quais os limites e desafios?

As jornadas de junho questionaram a separação apregoada por várias pessoas entre o dito “ativismo de sofá” e o “ativismo de verdade”. O ativismo online é uma dimensão muito importante das práticas de atores críticos em suas várias modalidades. Não se pode ignorar a internet e as interações mediadas por computador na compreensão da grande maioria dos conflitos contemporâneos.

“A possibilidade de fala não implica possibilidade de ser ouvido. Essa é uma questão que precisa ser pensada para que não se idealize o potencial da internet” Os movimentos sociais podem ser construídos ou fortalecidos via internet? Suas vozes são amplificadas no ambiente digital?

Movimentos sociais podem ter ganhos em termos de redução dos custos de algumas ações e diversificação de estratégias, além de novas possibilidades de expressão, tendo em vista as transformações nos regimes de visibi-

Ricardo Fabrino Mendonça, professor do Departamento de Ciência Política da UFMG

lidade atuais. O mais importante é perceber que há transformações estruturais na sociedade - nos modos como interagimos, conversamos, nos organizamos e atuamos. Entender essas transformações ajuda a entender a natureza dos conflitos contemporâneos, seus potenciais e limites. Outra coisa a perceber é que possibilidade de fala não implica possibilidade de ser ouvido. Essa é uma questão que precisa ser pensada para que não se idealize o potencial da internet.

O que há de mais positivo na apropriação de ferramentas digitais pelo Estado (governos municipais, estaduais e federais) no caso do Brasil? Quais os ganhos para a população dessas iniciativas?

Há ganhos interessantes em termos de aumento da transparência e de ga-

rantia de acesso a informações antes sigilosas ou muito difíceis de serem encontradas. Esse me parece um ganho gigantesco para a democracia. Também é preciso citar as várias experiências participativas que têm surgido. Potencialmente, essas experiências criam possibilidades para a aproximação entre cidadãos e o sistema político. Há de se destacar, contudo, o risco de uso dessas formas de participação de maneira não democrática, apenas para que os cidadãos achem que estão participando ou para legitimar decisões impopulares.

Serviço: Colóquio Tecnologia e Democracia Local: Auditório do CAD 2, Campus Pampulha da UFMG Data: 30 e 31 de outubro de 2013 Inscrições gratuitas no site: coloquiotecnologiademocracia.org

Aconteceu na h istória essa semana

25 de outubro de 1975: Ditadura assassina Vladimir Herzog Nascido na Iugoslávia, Vlado Herzog emigrou para o Brasil ainda criança. Integrante do Partido Comunista Brasileiro, aproveitou sua posição de jornalista para proteger militantes. Esta ação chamou a atenção do II Exército, que o convocou para prestar depoimento. No dia 24 de outubro de 1975, se apresentou na sede do DOI-Codi, em São Paulo, para esclarecimentos. No dia seguinte, foi encontrado morto em uma cela. A versão oficial foi a de que Herzog cometera suicídio. No entanto, as fotos divulgadas pelo Exército demonstravam a impossibilidade de ele ter se matado e o rabino que preparou seu cadáver para o funeral atestou marcas de tortura. O assassinato de Herzog causou comoção e reação contra a ditadura militar. Em 1978, a Justiça responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog foi assassinado e concedeu indenização à sua família.

10 | brasil

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

País terá mais 12 mil médicos até abril com programa federal SAÚDE Mais 2.180 profissionais formados em outros países devem iniciar no programa neste mês O governo pretende trazer ao país pelo menos 12 mil médicos até abril de 2014 com o programa Mais Médicos, que foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff nesta quarta-feira (22/10). O programa tem o objetivo de levar médicos para regiões consideradas prioritárias e com carência desses profissionais, como periferias das grandes capitais e interior do país, além de aprimorar a capacitação dos profissionais no país.

Durante a sanção, Dilma disse que o Mais Médicos tem efeito não apenas nas populações pobres e desassistidas, embora esse seja o foco principal, mas na estruturação de todo o sistema público de saúde, ao sancionar lei que cria o programa. “A ausência de médicos produz nos postos de saúde, nas UPAs [unidades de Pronto- Atendimento], nos hospitais, o que sig-

nifica aumento de filas e aumento de custos para o próprio país”, disse.

O programa foi alvo de críticas das principais entidades médicas do país. Uma delas por contratar profissionais estrangeiros sem a necessidade de passarem pela revalidação do diploma. Durante a tramitação no Congresso, a proposta enviada pelo governo foi alterada pelos parlamentares.

O último balanço do ministério aponta que 1.232 médicos estão trabalhando no programa, sendo 748 brasileiros e 484 com diplomas do exterior e o registro provisório.

Mais 2.180 profissionais formados em outros países devem iniciar no programa neste mês. Com isso, o total de brasileiros que serão beneficiados pelo programa deve chegar a 13,3 milhões de pessoas (com informações da Agência Brasil)

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Dilma e o ministro Alexandre Padilha com médico Juan Delgado, na sanção do programa

brasil | 11

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

Rendimento do país com o leilão de Libra gera polêmica PETRÓLEO Dilma afirma que 85% da renda ficará com a União; especialistas questionam Fernando Frazão / Agência Brasil

Da Redação

A presidenta Dilma Rousseff afirmou em cadeia nacional de rádio e TV que a licitação para a exploração do pré-sal no campo de Libra é diferente de privatização e que a maior parte da renda ficará com o Estado. A afirmação da presidenta gerou polêmica entre especialistas em relação à renda, que é importante para mensurar quanto fica com o país e poderá ser investido em educação e saúde.

O consórcio vencedor é formado pela Petrobras (40%), a anglo -holandesa Shell e a francesa Total (com 20% cada uma), além das chinesas CNOOC e CNPC (com 10% cada uma). Esse grupo pagará R$ 15 bilhões para explorar o campo, além de impostos, royalties e uma quantidade do óleo extraído à nova estatal brasileira do petróleo PPSA. A presidenta Dilma afirmou que 85% do valor gerado pela explora-

ção ficarão com a Petrobras e o Estado. A partir disso, especialistas começaram um debate. O edital para a licitação é complexo, os valores mudam de acordo com o patamar de produção e o valor do petróleo no mercado.

Para o ex-diretor da Petrobras Ildo Sauer, o governo ficará com 60%.

“Se o preço ficar como está e os poços não declinarem na produção — mas eles vão declinar — seriam 41% do lucro para o governo, mais a fração que cabe à Petrobras. A Petrobras vai ter 40% do consórcio e o governo detém 48% da Petrobras”, disse.

Fernando Siqueira, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), afirma que a União reterá no máximo 20,5% do petróleo. “O edital de Libra pode levar a União a receber na faixa de 9,93% a 45,56% do óleo/lucro, ou seja, aplicando estes percentuais à parte a ser partilhada – 45% – chega-se aos valores entre 4,5

Voto Aberto é aprovado no Senado

José Eduardo Cardozo (Justiça), Magda Chambriand (ANP) e Edson Lobão (Minas e Energia) com representantes das empresas do consórcio

a 20,5%”, afirma.

Já o consultor da Câmara dos Deputados para Assuntos de Petróleo e Gás Paulo César Ribeiro Lima, acredita que a participação da União será muito menor e pode chegar a 9,93% do valor ofertado

pelo consórcio à União (de 41,65%).

As contas do jornalista Fernando Brito, do Blog Tijolaço, estão mais próximas das do governo e apontam 75,73% para a União.

Marco Civil de Internet deve ser votado até quarta-feira

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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 43 de 2010 que estabelece voto aberto para todas as deliberações e instâncias do Legislativo nos âmbitos federal, estaduais e municipais. A comissão rejeitou dois destaques para manter o voto secreto em casos de análise de veto e apreciação de indicação de autoridades. A PEC precisa ser votada em dois turnos pelo plenário do Senado. Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), os parlamentares devem representar a vontade do cidadão. “As ruas estão a exigir transparência do Congresso Nacional. Voto aberto em tudo. Mandatário não pode esconder o seu voto do mandante. Neste momento, há sim um clima para estabelecermos a transparência”, ressaltou. (Agência Brasil)

Mesmo com o acordo de líderes partidários, o Projeto de Lei 393/11 não foi votado no plenário da Câmara. O texto prevê a publicação de biografias independentemente da autorização do personagem ou da família. O recuo foi anunciado pelo presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Segundo ele, a pauta da Câmara não pode mais ficar trancada e os deputados terão que votar até quarta-feira (30) o Marco Civil da Internet, que tramita em regime de urgência. O Palácio enviou uma recomendação diante das denúncias da espionagem norte-americana. (Da Redação)

Voto aberto no Legislativo depende de votação em dois turnos no Senado.

12 | mundo

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

EUA não vão deixar de espionar, diz autor de livro sobre CIA Crédito: Reprodução

CONFLITO Para Hernando Calvo, espionagem eletrônica norte-americana tem interesses econômicos As revelações de que os EUA espionaram países aliados e empresas estrangeiras, incluindo conversas da presidente Dilma Rousseff, geraram uma crise diplomática e uma série de críticas contra os estadunidenses.

Porém, para o jornalista colombiano Hernando Calvo Ospina, autor do livro “A CIA e terrorismo de Estado”, os vazamentos feitos pelo ex-analista de inteligência, Edward Snowden, sobre a espionagem norte-americana, não são nenhuma novidade.

“Acho positivo que se tenha criado um rechaço público, mas me espantou a surpresa causada pela revelação. Essa prática não era secreta e nem é algo novo”. Ele alerta que a atividade vai continuar. “Obama não

disse, e nunca dirá, que a espionagem será encerrada. Simplesmente, eles vão se esforçar para que não ocorram mais vazamentos e outros ‘Snowden’”.

Em seu livro, Ospina traça um histórico de como foi criado o perfil de atuação do serviço de inteligência e espionagem em diversos países da América Latina, Ásia e África. Ele explica que o processo de interferência em uma nação estrangeira, realizado pela CIA, funciona como uma “grande artimanha diplomática, econômica e propagandista”.

Atualmente vivendo na França, Ospina é colaborador do jornal Le Monde Diplomatique.

(Paulo Pastor Monteiro, do Opera Mundi)

Para jornalista, espionagem é voltada para interesses econômicos

Governo de Cuba anuncia ONU pede parceria para combater tráfico de unificação de moedas pessoas ECONOMIA Objetivo é estimular setores que produzem

OIT/A. Khemka

bens e serviços para exportação

O governo de Cuba anunciou nesta semana o processo de unificação das moedas do país. Com a medida, o CUP (peso cubano) - dinheiro com o qual grande parte da população recebe salários e utiliza para serviços básicos - e o CUC (peso conversível) moeda utilizada no câmbio e no turismo, comparada ao dólar - passarão a funcionar de forma integrada.

“Foi estipulado pelo Conselho de Ministros colocar em vigor o cronograma de execução das medidas que conduzirão à unificação monetária e cambial”, explicou uma nota oficial publicada no jornal cubano Granma.

O objetivo “é ter melhor mensuração da economia cubana, estimulando setores que produzem bens e serviços para exportação e de substituição de importações”.

Segundo informações da Telesur, o governo cubano não estabeleceu datas, afirmando apenas que o processo começará pela “unificação monetária para as pessoas jurídicas e físicas”.

O governo cubano esclareceu que “nenhuma medida que se adote no terreno monetário irá prejudicar as pessoas que licitamente obtenham renda” em qualquer das duas moedas. (Opera Mundi) Reprodução

Peso cubano será unificado com o peso conversível (moeda de turismo)

A relatora da ONU, Joy Ezeilo, destacou a necessidade de parcerias internacionais por “esforços coordenados e efetivos” pelo fim do tráfico de pessoas. Para especialistas das Nações Unidas, do Conselho da Europa e da Organização de Cooperação e Segurança da Europa, a parceria entre países, órgãos regionais e internacionais e organizações da sociedade civil “é essencial para respostas ao tráfico de pessoas”.

Ezeilo afirmou também que “o direito das vítimas deve ser a questão central”. Segundo a relatora, “as vítimas, cujos direitos são roubados, têm de ser protegidas, assistidas, têm de lhes ser fornecidos medicamentos e têm de ser reintegradas” à sociedade.

Cerca de 21 milhões de pessoas são vítimas da indústria multibilionária do tráfico de seres humanos e de trabalhos forçados.

Só os lucros gerados pela indústria do sexo são de 32 bilhões de dólares por ano, de acordo dados de 2005 da Organização Internacional do Trabalho. (ONU)

FRASE DA SEMANA “Profunda reprovação com essas práticas inaceitáveis entre aliados e amigos”, manifestou o presidente francês François Hollande ao mandatário dos EUA Barack Obama, após denúncias de espionagem norte-americana.

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

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Desafio! Pense em novelas e sÊries brasileiras com histórias de reencarnação ou do mundo do espiritismo. Pensou? Serå que pensamos nas mesmas?

Pense agora por que serå que esse assunto prende tanto a atenção da gente...

Nesta semana, em Joia Rara, a guarda de PÊrola foi disputada entre o avô, o temido Ernest, e os pais, AmÊlia e Franz. Os dois querem levå-la ao Himalaia, depois de descobrirem que a menina Ê a reencarnação de um monge budista.

Com certeza, essa revelação vai ser uma importante trama da novela das 18h.

JåemAmorà Vida,aalmadeNicoleaparececonstantementeparaThales,deixando o rapaz, ora espantando, ora esperançoso de conseguir o tão desejado perdão da menina amada.

Mas a vida apĂłs a morte jĂĄ foi drama de outras novelas. Quem nĂŁo se esquece da novela A Viagem? Exibida na dĂŠcada de 1990, a trama girava em torno de pessoas que jĂĄ tinham passado desta pra outra. Os personagens mortos seguiam “vivosâ€?, influenciando a vida na Terra, para o bem e para o mal.

Alma Gêmea (2005) mostrou a história de amor de Rafael e Luna, interrompida quando a moça Ê assassinada após um assalto realizado a mando de Cristina, mulherambiciosaequeamavaRafael.Nodiaemquedesencarna,Lunavoltana pele da cabocla Serena, que segue, sem saber, o destino da paixão por Rafael e se muda para a cidade do rapaz.

EscritonasEstrelas(2010)eAmorEternoAmor(2012)tambÊmfalaramdasrelaçþes entre o plano físico e e o plano espiritual. Lembrou dessas novelas?

Vamos entĂŁo para a segunda pergunta. Acho que o universo do espiritismo estĂĄ presente nas novelas porque ĂŠ, como as outras religiĂľes, uma resposta para as famosas perguntas sobre a existĂŞncia humana, tais como “de onde viemos? para onde vamos? ĂŠ possĂ­vel se comunicar com pessoas que jĂĄ morreram? elas voltam?â€? A religiĂŁo ĂŠ parte da vida em sociedade, desde as mais antigas. VocĂŞ concorda? Ou fĂŠ nĂŁo se discute?

Se vocĂŞ gosta de novela, mande sugestĂľes de temas e histĂłrias para quimvela@brasildefato.com.br. A gente pode conversar deles numa semana dessas!

AtĂŠ mais!

Por Joaquim Vela

Mande sua dĂşvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui vocĂŞ pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da SaĂşde

Hå dois meses, experimentei um anticoncepcional injetåvel. No momento da aplicação passei mal, desmaiei e recobrei a consciência minutos depois. Desde então, sinto muitas cólicas e não parei de menstruar. AlÊm disso, meu fluxo estå maior do que o de costume. Estou preocupada. O que pode ser?

Querida amiga, venho sentindo meu olho latejar. É estranho, como se ele estivesse fibrilando todo o tempo.

Isso Ê normal? Qual mÊdico devo procurar caso a sensação se prolongue?

Talita Santos, 25, secretĂĄria

Olha, Tiago, esse tremor na pålpebra estå muito relacionado a uma vida agitada, stress, cansaço, uso de estimulantes como cafÊ, guaranå, chocolate, etc.

Pode tambÊm ter relação com a deficiência de algumas substâncias como o potåssio. Descansar, evitar os estimulantes, buscar uma alimentação com mais frutas, evitar longos períodos usando o computador são formas de melhorar este problema. Caso o sintoma persista,

Querida Talita, o mais provåvel Ê que seu desmaio não tenha sido uma reação ao medicamento e sim devido ao momento de tensão gerado pela aplicação. Você deve ter medo de injeção, não Ê? Jå o aumento do fluxo menstrual e as cólicas são alguns efeitos que podem ocorrer com o uso do anticoncepcional injetåvel. Esses efeitos devem durar mais tempo porque o remÊdio permanece no local, sendo libe-

Reprodução

rado gradativamente na corrente sanguĂ­nea. Procure uma/um ginecologista e fale sobre esses efeitos. Ela/ele lhe ajudarĂĄ a avaliar as vantagens e desvantagens desse e de outros mĂŠtodos que poderĂŁo ser experimentados.

Tiago Oliveira, 21, estudante

Queria amiga, sinto muita dor no baixo-ventre. É muito intensa, parece uma cólica. De acordo com a posição que me encontro, ela alivia um pouco. Me falaram que pode ser infecção de urina, mas não sinto desconforto na micção, só ao tocar a região abdominal. O que faço? Não estou conseguindo mais conviver com esta dor.

SĂ´nia Martins, 56, funcionĂĄria pĂşblica

procure um oftalmologista, ou um clĂ­nico. No SUS, vocĂŞ consegue acesso a esses profissionais atravĂŠs do centro de saĂşde mais prĂłximo da sua casa.

Prezada Sônia, a dor sempre Ê um sinal que o nosso corpo nos då de que algo não estå bem. Mas essa dor no baixo-ventre pode ter inúmeras causas. Pode sim ser infecção urinåria, mas tambÊm pode ser algo relacionado com seu útero ou intestino. Você não deve conviver com essa dor, precisa procurar um profissional de saúde para te avaliar, identificar o que estå acontecendo e tratar, se for necessårio. É tambÊm

muito importante que esteja em dia com o exame citolĂłgico do colo uterino (Papanicolau), que deve ser feito uma vez por ano.

14 | cultura

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

A cidade é negra FAN Sétima edição do Festival de Arte Negra chega a BH com atrações gratuitas durante toda a semana Lívia Bacelete De Belo Horizonte

A cultura negra está em festa no mês de outubro. A sétima edição do Festival de Arte Negra (FAN) toma conta do circuito da Praça da Estação, no centro da cidade, entre os dias 22 e 27. Com o tema “Um lugar no mundo: Afroamérica”, o festival se desafia a ser interativo, agregando as pessoas e apostando nos artistas locais.

O músico e coordenador musical do 7º FAN, Sérgio Pererê, explica que foram criados shows especialmente para essa edição. “Juntamos artistas que não tinham experiência em trabalhar juntos e criamos espetáculos que continuam depois

Espetáculo Bagagem

Fotos: Netun Lima

do FAN, com qualidade técnica capaz de, inclusive, disputar o mercado da música”, conta.

Com uma programação que abrange artes de diversos segmentos, entre música, moda, artes visuais e cênicas, cinema e literatura, o 7º FAN destaca a questão do feminino em toda programação e inova ao promover o primeiro desfile do festival, fomentando uma reflexão sobre o mercado da moda negra e estimulando o empreendedorismo no setor.

“Ao transformar o FAN em uma festa, no sentido de comunhão entre as pessoas, ganhamos força para que ele continue” Feminino e negritude em alta A integrante do grupo musical Xicas da Silva Iamí Rane participou da Mostra de Movimentos Urbanos, uma espécie de pré-FAN, que integra a programação oficial. “Para os artistas independentes, essa é a oportunidade de fazer algo dentro do contexto do seu trabalho, mais do que os shows que ele faz o ano inteiro”, afirma.

Para a percussionista e contramestra da Associação de Capoeira Angola Dobrada Alcione Alves, o festival é uma forma de resgatar e fortalecer a cultura negra da cidade, que, em geral, é marginalizada.

“O FAN tem uma característica de

Roda de Sopros no Festival de Arte Negra

exaltar a cultura negra, levantando a bandeira não só da cultura afro, mas da cultura em geral”, acredita.

Alcione gostaria que a divulgação do festival fosse ainda maior, para que ele também atingisse a periferia e as classes privilegiadas, que, para ela, ignoram o verdadeiro valor de nossas raízes”.

Sérgio Pererê acredita ser importante deixar o legado de que o festival não é de uma equipe que coordena, nem de uma instituição que o financia, mas sim da cidade e do país. “Ao transformar o FAN em uma festa, no sentido de comunhão entre as pessoas, ganhamos força para que ele continue”.

saiba mais: O 7º Festival de Arte Negra é promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura, e acontece de 22 a 27 de outubro, no Circuito Praça da Estação, que inclui a Funarte, o Iphan e o CentoeQuatro. A maioria das atrações é gratuita ou está a preços populares. Mais informações no site: fanbh.com.br

Festivais gratuitos com programação variada Santa Tereza, o bairro que viu nascer o Clube da Esquina e o Sepultura, não podia mesmo ter preconceitos em matéria de música.

Aberto a todos os estilos, o 5º Festival de Música de Santa Tereza ocupa a Praça Duque de Caxias neste final de semana. E como a tradição boêmia comanda os destinos do bairro, a festa promete entrar noite adentro.

O festival teve inscrições abertas a músicos de todo o país e recebeu nada menos do que 250 trabalhos de todos os gêneros musicais. O público vai poder conferir os 24 selecionados, em duas noites de shows,

na sexta-feira e no sábado, a partir das 20h.

No domingo, às 14h, no mesmo local, serão entregues os prêmios aos vencedores. A entrada é franca para todos os dias.

O público vai ter outros motivos para ir à praça de Santa Tereza. Depois das apresentações dos finalistas, cada noite será encerrada com shows de músicos ligados ao Clube da Esquina. Na sexta-feira, a apresentação fica por conta de Gabriel Guedes e no sábado, será a vez de Lô Borges e banda.

Música experimental Para quem quer conhecer novas formas de expressão musical, a Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários) abre suas portas neste final de semana para evento que traz o que há de mais moderno na música erudita mineira. É o festival Multifonias – Música Contemporânea em Foco, que reúne concertos de música experimental. No sábado será apresentada a instalação sonora de Rogério Vasconcelos Barbosa, baseada em cantos dos índios Maxacali, além de concertos dos grupos Derivasons, Oficcina Multime-

dia e do Grupo de Percussão da UFMG. As apresentações começam às 20h30.

No domingo, são duas programações: às 11h, com o Grupo Sonante 21 e convidados e, às 19h, com os grupos O Grivo, Shlag, Duo Qattus e Coletivo D’Istante. As formações instrumentais serão bastante diversificadas, com solos, duos, trios, quarteto de violão, grupo de percussão e o grupo teatral Oficcina Multimedia. Além dos concertos, o evento trará apresentação de obras eletroacústicas e instalações de diversos compositores e grupos.

A entrada é franca. (Da Redação).

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA

INFANTIL

Show da cantora Aline Calixto, pelo projeto “Sesc Chorinho e Samba na Praça”. Domingo (27), na Praça da Assembleia, Santo Agostinho, a partir das 11h30.

A banda Arte Favela mescla em suas apresentações elementos da cultura hip-hop, e cria um ambiente de reflexão sobre a identidade cultural dos jovens moradores de vilas e favelas. Sábado (26), às 10h, no Centro Cultural São Bernardo (Rua Edna Quintel, 320, São Bernardo).

é tudo de graça!

O Quarteirão do Soul - evento cultural com danças e músicas dos anos 70 e 80 - acontece mais uma vez em BH. Desta vez, o encontro é no Espaço Santa Catarina Soul (Rua Santa Catarina esquina com Av. Amazonas), sábado (26), das 14h até às 20h.

Carta para o Mundo das Fadas, com Éricka Martin. Leitura compartilhada do livro “O carteiro chegou”, de Janet & Allan Ahlberg, seguida de leituras de histórias infantis consagradas e recriação literária dos clássicos.

Sexta (25), às 14h, no Centro Cultural Zilah Spósito. 20 vagas para crianças a partir dos 7 anos.

DANÇA A Companhia Flutuante apresenta o espetáculo “Fluxos em Preto & Branco Experimento #10”, pautado na relação entre dança e desenho. Sábado (26) às 20h e domingo (27), às 19h, no Foyer da Av. Augusto de Lima do Sesc Palladium (Avenida Augusto de Lima, 420, Centro).

Segunda a quinta-feira EXPOSIÇÃO

LITERATURA O Sarau Litero-Musical Viva Voz conjuga literatura e música de modo informal e divertido. Quinta (31), de 19h às 21h, no Centro Cultural Vila Santa Rita (Rua Ana Rafael dos Santos, 149, Vila Santa Rita).

CINEMA

A mostra Brinquedos Antigos expõe jogos eletrônicos, bonecas, robôs, carrinhos e personagens da TV e cinema dos anos 70 e 80. Acontece até o dia 31 de outubro no Museu Histórico de Contagem (Praça Ver. Josias Belém, 01, Sede Contagem). Segunda a sexta-feira, de 8h às 12h, e das 13h às 16h30.

O Cruzeiro é o grande campeão do Mundial de Clubes Masculino de Vôlei, realizado na semana passada em Betim, ao derrotar na final de forma retumbante a equipe russa do Lokomotiv 3x0 (25/20, 25/19 e 25/20). O resultado é um feito: a fortíssima equipe russa havia derrotado o time mineiro na fase de grupos. Para chegar à final, superou o tetracampeão mundial Trentino, da Itália, fazendo que pela primeira vez um clube italiano não fosse campeão mundial desde que a competição começou a ser disputada, na década de 1980. Parabéns à equipe celeste, que agora entra forte na disputa da Superliga, da qual é a atual vice-campeã.

A volta de quem não faz falta A má fase do Vasco da Gama, que está se encaminhando para a disputar a Série B pela segunda vez em cinco anos, ameaça trazer prejuízos não só para o clube e sua grande torcida, mas para todo o futebol brasileiro. Eurico Miranda, presidente do clube na década de 90 e começo deste século, será candidato nas eleições presidenciais do clube do ano que vem. Seu longo perí-

periferia paulistana. Segunda (31), às 20h30, no CentoeQuatro (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro).

MÚSICA A orquestra Fino do Choro apresenta o ritmo popular chorinho em música de câmara, pelo projeto Quarta Cultural da UFMG. Quarta (30), 12h30, no Conservatório UFMG (Avenida Afonso Pena, 1534, Centro).

Exibição do filme “Mataram meu irmão”, do cineasta Cristiano Burlan.

O longa retrata o círculo de violência em torno dos bairros da

A cantora e compositora Erika Machado apresenta show intimista na capital, com canções de seus primeiros dois discos.

Quarta (30), às 19h30, no Café do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537).

esporte |

na geral Cruzeiro também arrasa no vôlei

cultura | 15

odo à frente do Vasco da Gama foi marcado por diversas denúncias de corrupção, manipulação de jogos e de estreita relação com a Federação Carioca de Futebol, à época dirigida pelo falecido Eduardo Viana, o famigerado “Caixa D’água”. O atual presidente do clube, o ex-jogador Roberto Dinamite, que assumiu o cargo como opositor de Miranda, não conseguiu realizar as reformas necessárias nem atingir resultados expressivos. Ainda guarda prestígio por ser ídolo da torcida na época de atleta, mas, de acordo com o Estatuto do Clube, não poderá ser candidato na próxima eleição. Dessa maneira, um possível rebaixamento para a Série B (o clube tem hoje 54% de chances de cair) concorre para a volta do legítimo representante da velha-guarda da cartolagem corrupta ao futebol. Nosso querido esporte bretão, cuja direção já vai muito mal, promete ficar um pouco pior.

Tchau, Tupi O Tupi foi eliminado pelo Juventude-RS na semifinal do Campeonato Brasileiro Série D. No sábado passado (19) o Galo Carijó derrotou a equipe gaúcha em Juiz de Fora por 1x0, resultado que foi insuficiente frente à derrota por 4x0 so-

frida no jogo de ida. Apesar do resultado, a equipe comemora a classificação para a Série C do ano que vem. Os jogadores já entraram de férias, por não haver mais jogos neste ano, mas a diretoria começa na próxima semana o planejamento para 2014. Já o Juventude fará a grande final da competição contra o Botafogo Paraibano.

na Justiça Comum, o Mogi Mirim por ter acionado a Justiça sem que antes tenham sido esgotadas as instâncias desportivas. Por último, na quarta-feira (23), a CBF anunciou que o adversário do Santa Cruz será mesmo o Betim. A partida será realizada no domingo (27), às 17h, na Arena do Calçado, em Nova Serrana.

Quem tem dívida, viaja

Ricardo Teixeira na mira da Europa

Grande confusão envolveu o Betim na Série C. O clube foi punido pela FIFA com a perda de seis pontos por conta de sua dívida com o The Strongest, da Bolívia, contraída com a negociação do jogador Pablo Escobar. Com a perda de pontos, o Betim não seria mais o 4º lugar do Grupo B e o adversário do Santa Cruz-PE pelas quartas de final seria o Mogi Mirim-SP. A polêmica se instalou às vésperas do jogo que seria realizado entre as equipes mineira e pernambucana, no sábado passado, com a delegação do Santa Cruz já hospedada em Sete Lagoas. O jogo foi cancelado até que se tomasse uma decisão definitiva sobre o assunto. O Mogi Mirim entrou na Justiça Comum para garantir a punição da FIFA. O gesto engatilhou uma guerra de liminares, porque o Betim denunciou, também

E por falar em velha-guarda da cartolagem corrupta, apertou um pouco mais o cerco sobre o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

O cartola mantém desde novembro residência em Andorra, estância europeia situada entre a Espanha e a França, onde se refugia das críticas e denúncias que tem sofrido cotidianamente no Brasil. Mas o governo local se vê bastante pressionado a negar a renovação do visto de residente, que vence no próximo mês, devido à aparição de novas denúncias de esquema de desvio de recursos de amistosos da Seleção Brasileira para o bolso de Teixeira. As denúncias envolvem também o atual presidente do Barcelona, Sandro Rosell.

16 | esporte

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

OPINIÃO Cruzeiro

Mau jogo e má torcida Whashigton Alves

Preocupa que Renato Gaúcho elogie tanto o futebol feio de sua equipe

Wallace Oliveira Mau jogo Reafirmo a observação da semana passada: a queda de rendimento do Cruzeiro procede do desgaste gerado pela maratona de dois jogos semanais, que prejudica especialmente as equipes cuja maneira de jogar exige grande movimentação dos atletas. Nada além do normal. Nas próximas rodadas, o líder do Brasileirão voltará a jogar bem, mas isto não equivale à vitória. O futebol seria menos fascinante se os bons nunca perdessem.

No cenário ideal das torcidas, seu time concilia o bom jogo com a eficiência da vitória a cada partida ou do título a cada torneio. Em certas épocas, as duas coisas costumam andar separadas. Com a eliminação de 1982 na memória, a Seleção Brasileira de 1994 venceu a Copa do Mundo sobre a Itália jogando feio. Isto não diminui essa conquista.

Preocupa, contudo, que Renato Gaúcho tanto elogie o futebol feio de sua equipe. Essas declarações quase sempre antecedem o aumento da pancadaria e da retranca. Não por acaso, o Grêmio rouba menos bolas do que a média do campeonato e comete um número de faltas acima da média. Se o problema do vice-líder não é carência de elenco, só posso atribuir essa atitude ao medo de perder.

Má torcida A Justiça suspendeu a presença da Máfia Azul e do Pavilhão Independente nos estádios por cinco meses, em razão das brigas nas partidas contra Flamengo, SPFC e Atlético. Não me interessa defender as organizadas, até porque elas não merecem. Apenas lembro o efeito colateral dessa punição. As organizadas unificam e dão ânimo à massa. Sem elas, o grito das arquibancadas se torna um ruído monótono, incompreensível e sem vibração.

Basta ver a diferença entre os jogos da Seleção e os jogos dos clubes.

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OPINIÃO Atlético

Ronaldinho Gaúcho manda meu enfado embora

Bruno Cantini

Rogério Hilário

Alvíssaras. Parem as máquinas.

Ele está voltando. Ronaldinho Gaúcho treinou. Até que enfim algo que vale a pena, depois do título na Copa Libertadores e da vitória sobre o Cruzeiro, é claro. Ufa! Já estava até me contentando também com o Lucas Cândido, ou com a garotada que detonou o Flamengo. Também estava quase perdoando o Dátolo.

O Atlético é assim mesmo. E atleticano segue a mesma toada. Faz rir e chorar, quase no mesmo instante.

Ainda bem que estamos rindo com mais frequência ultimamente.

A falta de Ronaldinho Gaúcho pelo menos fez o Cuca cair na real. Que Campeonato Brasileiro, que nada. Mundial é o que interessa.

Com isso, o treinador, auxiliado pelas suspensões e contusões, pôde até testar os garotos.

E agora, com a possibilidade do retorno do craque, o título deixou de ser um sonho e se aproxima da realidade.

Ele está voltando!

Só que o destempero da imprensa persiste. Os exageros, a falta de critério e o oba-oba têm sido uma constante. Já estavam considerando o Lucas Cândido um craque, por causa do gol contra o Flamengo, e falando em reforçar (meu Deus, reforçar) o grupo que vai ao Marrocos com os ex-juniores. Pra quê. Pra nada. Pura falta de assunto. Com Ronaldinho Gaúcho voltando aos poucos aos treinos e o Campeonato Brasileiro apenas como treino, as pautas tendem a melhorar.

CBF: atraso e enrolação A CBF, com muito atraso, se manifestou sobre as demandas do Bom Senso F C, movimento organizado por jogadores das Séries A e B do futebol brasileiro. A entidade “máxima” do futebol publicou na terça-feira (22) nota convidando diversas entidades, incluindo o próprio Bom Senso, para uma reunião na próxima segunda (28). Entre as entidades convidadas está a Rede Globo (que é no fundo quem tem poder para bater o martelo), e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais (Fenapaf), cujos dirigentes entraram em conflito aberto com os líderes do Bom Senso. A resposta da CBF adia um pouco mais a decisão, pra ver se assim esfria um pouco a pauta. Não se poderia esperar muito de uma entidade presidida por um ex-deputado da ditadura militar e envolvida até o pescoço em casos e mais casos de corrupção.