Edição 36 do Brasil de Fato Minas Gerais

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cultura | pág. 15

Sem refeições O Restaurante Popular II, na área hospitalar, está fechado desde julho de 2013 e deve ficar pronto apenas no fim do ano, com dez meses de atraso nas obras. Com isso, BH oferece 4500 refeições a menos por dia

Mostra de arte em BH Em busca da ocupação artística das ruas de Belo Horizonte, Mostra Cidade acontece paralela ao FIT. Organizadores denunciam falta de financiamento para artistas

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Edição

Noronha Rosa

Divulgação / Mostra Cidade

Belo Horizonte, de 02 a 08 de maio de 2014| ano 1 | edição 36| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

minas | pág. 5

Quem faz nossa cidade

Fotos Noronha Rosa

minas | pág. 6

Açucena contra mineroduto Prefeita não assina anuência e assusta mineradora. Resistência serve de exemplo de luta para atingidos em Minas Gerais

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Banana em campo Campanha #Somostodosmacacos reforça o preconceito, segundo especialistas em questões raciais, e já tem gente querendo ganhar dinheiro com ela Reprodução

Para lembrar quem constrói o país, o Dia do Trabalhador é comemorado no dia 1° de maio. Conheça alguns trabalhadores que têm feito a cidade de Belo Horizonte crescer há décadas, como o Seu João, engraxate na Rua da Bahia há 51 anos, ou Maria Márcia, que às vezes trabalha mais de 15 horas por dia

02 | opinião

Belo Horizonte, de 02 a 08 de maio de 2014

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

Como será o amanhã, responda quem puder...

Qual é o limite do Judiciário?

Enquanto muitos se perguntam o que acontecerá em 2014, se haverá outra copa das manifestações, se não vai ter copa, se o povo vai somente assistir aos eventos ou se deixará sua contribuição, os movimentos sociais e sindicais, que nunca abandonaram as lutas e as ruas, continuam se mexendo. Sabem que não basta o povo sair às ruas, é necessário estar unido e certo do que quer.

BH recebe, nos dias 1, 2 e 3 de maio, o 5º Encontro dos Movimentos Sociais. São cerca de 2 mil pessoas de todo o estado, reunidas na Praça da Assembleia Legislativa, para estudar e se organizar. Participam movimentos sociais do campo, estudantis, sindicais, movimentos feministas, partidos políticos, movimentos ligados à igreja, além de tantas outras entidades e pessoas que não compõem organizações. Dois assuntos serão os principais nesses dias: o preço da luz e a necessária reforma política no nosso país.

O preço da luz foi questionado em um plebiscito popular organizado ano passado entre os dias 19 a

A articulação dos movimentos sociais e sindicais comemoram o 1º de maio com muita luta e organização, mas também com festa

27 de outubro . Mais de 600 mil pessoas votaram pela redução das tarifas e dos impostos. Como resposta, a Cemig faz propagandas mentirosas, que tentam enganar o povo e tiram a responsabilidade da empresa e do governo no aumento da conta. Esses votos todos estarão expostos em uma urna gigante durante o encontro e haverá um balanço dessa luta e definição de próximos passos.

Neste ano, está sendo organizado um plebiscito popular nacional pela constituinte exclusiva e soberana do sistema político. Essa é uma forma de fazer chegar a todo o povo brasileiro o debate sobre a estrutura política do nosso país e as mudanças necessárias para que possamos sair desse círculo vicioso em que somente quem tem dinheiro tem poder e vice-versa. No encontro haverá espaços de estudo e organização para a consulta popular.

Essa é a forma com que a articulação dos movimentos sociais e sindicais em Minas Gerais vêm, desde 2006, comemorando o 1º de maio, dia do trabalhador e da trabalhadora. Com muita luta, muita organização do povo, mas também com festa. Nos dias 01 e 02 de maio, as atividades do 5º Encontro dos Movimentos Sociais se encerram com shows de Andréia Roseno, Pereira da Viola, Gustavito, Sergio Pererê, Cactos Polares, Djambe, 12DuOito e Capitania do Samba. Será muita alegria e muita animação pra todos os gostos.

E o que é melhor! Tudo isso é aberto na praça, livre pra participação de quem se interessar. Basta chegar para conhecer e contribuir.

Imaginava-se que o término do julgamento da AP 470, vulgo mensalão, finalizasse também as aberrações cometidas nas instâncias mais altas do Poder Judiciário, na ânsia de prejudicar adversários políticos. No entanto, as aberrações não findaram.

A Promotora do Distrito Federal Márcia Milhomens escreveu mais um capítulo desse enredo. Para continuar a investigar se José Dirceu fez uso de um celular, justificando sua permanência em regime fechado, a promotora pediu ao STF a quebra do sigilo das ligações telefônicas que inclui a área do Palácio do Planalto. A justificativa que a promotora deu, depois que o Conselho Nacional do Ministério Público abriu processo para investigar o seu pedido, soou ainda pior. Ela afirmou que recebeu a denúncia em caráter informal e que seus informantes “recusaram-se, peremptoriamente, a prestar depoimento formal”. Portanto, bastou à promotora uma denúncia anônima, sem data e nem hora, para justificar a quebra dos sigilos da presidenta Dilma Rousseff.

Denúncia anônima, sem data e nem hora, foi justificativa para a quebra dos sigilos telefônicos da presidenta Dilma Rousseff Se uma denúncia anônima real ou fictícia é suficiente, essa promotora terá uma sobrecarga de trabalho. Reportagem da Revista Isto é de 2003 soube que Ricardo Sérgio Oliveira, caixa das campanhas eleitorais de FHC e José Serra, se associou ao doleiro Alberto Youssef para enviar US$ 56 milhões para o exterior. Então, um leitor pode pedir a quebra do sigilo telefônico dos dois tucanos para averiguar suas ligações com o doleiro?

Em 2009, quando Aécio Neves disputava com Serra quem seria o candidato, o jornalista Mauro Chaves escreveu em O Estado de S. Paulo o artigo “Pó pará, governador”. Não havia a necessidade do artigo.

Bastava o título para o então governador de Minas compreender a mensagem dos tucanos paulistas. Bastaria esse artigo para dar credibilidade aos boatos de que Aécio é usuário de cocaína?

Nunca é tarde para recordar também os livros “A Privataria Tucana” e o “Príncipe da Privataria”, que foram os mais vendidos nos últimos anos e despertaram muitas curiosidades, e exigem inúmeras respostas. Neles não há apenas indícios, mas documentos que compravam ações criminosas.

Daí vem à necessidade da reforma política, que não se refere apenas aos poderes Executivo e Legislativo. É preciso também mexer com Judiciário, tornando-o transparente e democrático. Assim, não teremos mais juízes que transformam réus em vítimas pessoais e se outorgam a condição de carcereiros.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309 3304

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Fotógrafa: Ana Beatriz Noronha. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.

Belo Horizonte, de 02 a 08 de maio de 2014

Reforma do Restaurante Popular II está paralisada OBRA Vistoria descobriu que apenas 20% da reforma foi concluída até o momento Noronha Rosa

Rafaella Dotta Vereadores de Belo Horizonte realizaram, na última terça-feira (29), uma visita técnica ao Restaurante Popular II, na área hospitalar, atualmente fechado. Na vistoria, os parlamentares descobriram que a obra está parada e não conseguiram que a Prefeitura informasse um prazo de retorno da reforma.

O motivo para o início da reforma, em julho de 2013, foi o comprometimento da área de cozinha e o prazo para a sua finalização era fevereiro deste ano.

“20% da obra concluída”, afirmaram os trabalhadores da empresa Petrel Engenharia, responsável pela reforma. Eles também confirmaram que os trabalhos estão paralisados desde 14 de fevereiro, quando protocolaram um documento na Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).

O vereador Pedro Patrus (PT) afirmou que a Câmara não sabia há quanto tempo a obra estava paralisada e que essa é uma importante

Conclusão da obra, que começou em julho de 2013, está prevista para dezembro

informação para pressionar a Prefeitura. “Nós solicitamos essa visita para entender melhor o que está acontecendo e descobrimos que está parada há quatro meses, por questões burocráticas e de pagamento da Prefeitura”, declarou.

Término

A Sudecap enviou representan-

Restaurantes Populares em BH Ao todo, os Restaurantes Populares de Belo Horizonte atendem a 15 mil pessoas diariamente, vendendo o almoço a R$ 2. O Restaurante Popular II é, junto com o Restaurante do Centro, o de maior estrutura: ambos têm capacidade para oferecer 4500 refeições. Com a reforma do Restaurante II, os 4500 usuários foram orientados a utilizar o Restaurante do Centro e o Refeitório da Câmara, que tiveram seus horários de atendimento estendidos. A Unidade Centro passou a atender de 10h às 14h30 e o Refeitório da Câmara, de 10h30 às 14h30.

tes para explicar os motivos da demora na entrega do Restaurante Popular II. De acordo com a Superintendência, a empresa que estava fazendo a obra desistiu, o que acarretou na contratação de uma nova empresa e na atualização do plano orçamentário. A conclusão está prevista para dezembro, segundo informação da Sudecap, o que resulta em 10 meses de atraso.

A Prefeitura de Belo Horizonte investiu 2,2 milhões no empreendimento, inicialmente, mas o custo tende a aumentar. A lei garante que, após 13 meses da obra iniciada, a construtora pode reavaliar o gasto. A Sudecap informou que a revisão do preço, que é condição para a retomada das obras, está sendo feita e será publicada no Diário Oficial do Município dentro de um mês.

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Pergunta da semana Estatísticas divulgadas pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) revelam um crescimento de 22% no número de crimes violentos em Minas Gerais, comparado ao ano passado. Em relação às ocorrências de roubos, houve aumento de 27%. O governo de Minas reconhece o aumento no indicador, no entanto, segue sem apresentar propostas de melhorias para a política de segurança pública do estado, priorizando ações que aumentam a sensação de segurança, como o aumento do encarceramento, mas não enfrentam as raízes do problema.

O que você acha que o governo deveria fazer para melhorar a segurança pública no estado e diminuir a criminalidade?

Fazer alguma formação e proporcionar oportunidades para que os policiais se enturmassem mais com as pessoas carentes, para diminuir a violência que a polícia faz contra os pobres.

Natalia Aparecida Amorim dos Santos, 14, estudante

Ampliação do metrô ainda sem definição Da redação

Há anos se fala na ampliação dos serviços do metrô na cidade de Belo Horizonte e região metropolitana. No entanto, até hoje não se tem clareza quanto às ações que de fato serão implementadas ou como isso deve ocorrer. Uma audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa e Minas Gerais (ALMG) trouxe novamente o assunto à tona, na tarde de segunda-feira (28).

Um ponto ainda divergente do debate é sobre a gestão do metrô após o fim das obras, que atualmente está sob responsabilida-

de do governo federal por meio da CBTU. Outra possibilidade seria entregar a administração para a Metrominas, consórcio formado pelo governo estadual e as prefeituras de Contagem e BH. O início das obras depende dessa definição, já que cada grupo tem uma proposta diferente de ampliação. Desde a década de 1990, a CBTU vem fazendo estudos de demanda para escolher o melhor projeto de expansão. Segundo Luiz Prosdosciri, engenheiro da CBTU, as linhas prioritárias devem ser Barreiro-Centro e Centro–Pampulha. Já no projeto apresentado pela Prefeitura de Belo Horizonte, uma linha ligará

o Barreiro à Nova Suíça e outra fará o percurso Savassi-Lagoinha.

A Metrominas informa que delegará a administração e operação do metrô à iniciativa privada, por meio de uma Parceria Público Privada (PPP). Isso poderia prejudicar os trabalhadores, que teriam a condição de trabalho sucateada, e os usuários, que poderiam ter o valor da tarifa dobrado, como é o caso do Rio de Janeiro, onde o meio de transporte é privatizado. Lá uma passagem de metrô custa R$ 3,50. Aqui, com o atual formato, ela gira em torno de R$ 1,80, já que é subsidiada pelo governo federal.

O crime dá dinheiro e as pessoas são iludidas por isso. Políticas de esporte e cultura na periferia são importantes, porque todo mundo tem que ter um sentido na vida pra não cair no crime.

Paulo Ricardo Amaral Marcos, 23, auxiliar de serviços gerais

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Reforma urbana em debate CICLO BRASIL DE FATO Movimentos organizam espaço de formação sobre problemas e soluções para as cidades Maíra Gomes O último censo do IBGE, realizado em 2010, demonstra que 84% da população brasileira vive em áreas consideradas urbanas. Em Minas Gerais, houve aumento de 9,5% do adensamento nas cidades. No entanto, o crescimento não vem acompanhado de políticas para a carência de moradias e serviços públicos essenciais, apontam especialistas.

“Estamos passando por uma crise fortíssima nas cidades, que estão se tornando extremamente desumanas e insustentáveis. As cidades estão vivendo um período muito problemático, que afeta tanto a vida dos moradores quanto as questões ambientais”, afirma Ermínia Maricato, professora da Universidade de São Paulo e uma das mais importantes urbanistas do país.

Entre os fatores da crise, ela cita a falta de políticas de mobilidade e habitação. Sem esse planejamento, as pessoas chegam a passar três horas no trajeto entre a casa e o local de trabalho, o que gera um forte desgaste.

Dados apontam que grande parte da população urbana vive em aglomerados e favelas. Em Belém, capital do Pará, por exemplo, metade da cidade está nessa situação. Em Belo Horizonte, um quarto, ou seja, cerca de 600 mil pessoas. Um dos problemas das habitações irregulares é a falta de saneamento, que acaba refletindo na destruição do meio ambiente, pois matas e nascentes recebem os dejetos sem o tratamento devido.

“O Brasil passou por uma transição, desde a década de 1940, da população rural para o meio urbano, mas esse processo não foi pensado, planejado, pelo Estado brasileiro”, aponta Vinícius Nolasco, do Movimento de Trabalhadores Desempregados (MTD) que atua nas favelas de BH. “Assim, as pessoas tiveram que montar suas moradias da forma que fosse possível, o que significou muitas vezes a construção precária, em ocupações de terrenos públicos. Esses terrenos e moradias precisam ser regularizados, garantindo o direito das pessoas que estão lá”, completa.

O conjunto de medidas para repensar as cidades é reunido na ideia de uma reforma urbana, que vem sendo debatida no país por organizações e grupos de arquitetos desde a década de 1960, e ganhou fôlego com as manifestações de junho de 2013. São propostas de mudanças na questão fundiária, que passam por reformulações de leis de uso e ocupação do solo, formas de garantia do cumprimento da função social da propriedade e priorização do transporte público.

Ciclo de debates Belo Horizonte tem vivido um momento rico de discussão dessas problemáticas, com as denúncias de irregularidades no transporte municipal e mudanças no planejamento urbano, como o projeto Nova BH. Assim, o jornal Brasil de Fato MG e o MTD organizam um Ciclo de Debates sobre a Reforma Urbana. Os encontros serão realizados todas as quartas-feiras do mês de maio, no Sindicato dos Servidores Públicos de BH (Sindibel), com início no dia 07, com entrada gratuita.

Na abertura do ciclo, a urbanista Ermínia Maricato, principal referência no debate de planejamento urbano no país, fará uma palestra sobre o direito à cidade.

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Para melhorar o trabalho, é preciso pensar sobre ele COMEMORAÇÃO Depoimentos trazem várias faces do emprego de todo dia

Fábio Paulino, motorista de coletivo Eu tenho horário pra começar, mas não tenho para terminar. E preciso lidar com as várias exigências, dos usuários, da empresa e também o trânsito, que é pesado. Eu gosto, mas é muito cansativo e estressante.

Pedro Pereira dos Santos, vendedor de rua O que eu acho do meu trabalho? Acho que eu trabalho muito, uai, são 12 horas por dia. Na rua chove, faz frio e a gente sofre. Chegamos aqui às 5 horas da manhã para servir o povo aqui na rua do hospital.

O 1o de maio nos lembra que sem os trabalhadores nada acontece. De manhã à noite, são eles que garantem que a vida se reproduza. Assim, o Brasil de Fato MG pergunta aos trabalhadores o que eles estão achando dos seus empregos. Alguns falam da satisfação, mas também fizem críticas sobre o cansaço, a falta de tempo e a falta de valorização.

Seu João, engraxate e aposentado Eu acho meu trabalho muito bom. Eu já nasci trabalhando e até perdi a minha perna trabalhando, com 24 anos, em uma mineradora. O serviço, pra mim, é uma coisa que eu gosto. Eu levanto todo dia, 5h30 ou 6h pra vir pra cá e trabalho aqui [na Rua da Bahia] há 51 anos.

O bom desse serviço é que você não fica preso em um lugar só, você conhece gente, passa em tudo que é lugar e é uma experiência de vida. Mas a questão de valorizar os trabalhadores, tem que olhar mais pra isso. A empresa acha que a gente tem que ser uma máquina, e não é assim. Uma grande dificuldade é que a gente não acha um lugar fácil pra beber água, não é todo lugar que deixa a gente usar o banheiro. Mas vamos ver... tem uma proposta de que, se até dia 5 não resolver essa situação, vai parar todo mundo.

Lia Santos, vendedora de miudezas em geral Eu gosto, acho um trabalho maneiro, não é coisa pesada.

Tem dia que eu chego no trabalho às 9h, tem que dia que chego às 7h. Sou sozinha na loja trabalhando posso fazer alguma coisa para os meus filhos, que eu tenho 3 filhas. A única coisa que eu não gosto do meu trabalho é não ter tempo pra mim.

Claudineia Ferreira de Jesus, trabalha na limpeza urbana

Wilman Teixeira, desentupidor de fogão Faz 11 anos que eu ensino o povo a desentupir fogão com uma ferramenta de R$ 2. Eu trabalhei em fábrica de fogão aqui em Belo Horizonte em 1963 e, como eu fiquei com a vista fraca, não dava mais para atender nas residências.

Eu tive essa ideia: “Vou inventar uma ferramenta para desentupir fogão”. E há 11 anos esse instrumento é aprovado e elogiado por vocês!

Maria Márcia dos Santos, cozinheira e dona de lanchonete É muito cansativo, mas trabalho não é porque preciso, é porque eu gosto mesmo. Chego aqui às 5 horas da manhã e saio a hora que dá. Se der pra ir às 5 da tarde eu vou, se der pra ir às 10 da noite eu vou. Porque eu trabalho pra mim, e quem trabalha assim trabalha o dobro.

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Prefeitura nega autorização para mineradora AÇUCENA Município revoga autorização ambiental e dá exemplo para outros da região Maíra Gomes De Açucena Oito projetos de minerodutos assombram Minas Gerais. Três deles já estão em operação, e levam os minérios de Mariana até o Espírito Santo, de propriedade da Samarco e Vale. Outro, da Anglo America, em fase de obras, liga o município de Conceição do Mato Dentro ao Rio de Janeiro.

Quatro estão em fase de licenciamento, com destino ao Espírito Santo, onde serão construídos portos para escoamento dos minérios para o exterior. Um deles, da empresa Sul Americana Metais (SAM), coloca em risco a já pouca água do Norte de Minas. Outros dois são projetos da empresa Ferrous, que juntos devem levar 265 milhões de toneladas por ano de minérios do estado. O último é o caso da empresa Manabi, que deve fazer o escoamento de minérios explorados na cidade de Morro do Pilar, em Minas, até Linhares, no Espírito Santo, em 530 km, impactando 23 municípios.

A prefeita de Açucena, uma das cidades impactadas, Darcira de Souza Pereira (PT) conta que nunca tinha ouvido falar do empreendimento quando a empresa entrou em contato para pedir a assinatura da anuência. “A Manabi já havia deixado um modelo pronto, inclusive com um ‘xizinho’ para eu assinar. Descobrimos que já haviam feito sondagem em diversas partes da cidade e até mesmo negociações com proprietários rurais por onde deve passar o mineroduto”, conta.

A decisão da prefeita surpreendeu muita gente. Além de não assinar a anuência, ela decidiu revogar a declaração já aprovada. A resposta da empresa foi imediata, pressionando para que a gestora reverta sua decisão. “Não é fácil, sinto pressão de todos os lados. O que tenho observado é que a empresa tem uma lógica muito violenta de assédio”, avalia Darcira.

Armadilhas e exemplo Atualmente a empresa busca a licença prévia junto ao Ibama já que o empreendimento cortaria dois estados do país. Para que seja aprovado o Estudo de Impactos Ambientais (EIA/RIMA) que conquista a licença, é necessário que todos os municípios afetados entreguem dois documentos: a Declaração de conformidade com o Uso e Ocupação do Solo e a Declaração de Anuência.

Darcira se atenta às armadilhas colocadas por essas obras, que trazem a promessa de empregos e desenvolvimento. “Há uma ilusão temporária de crescimento, mas com o fim das obras ficam os problemas. O que gera é violência, aumento da prostituição, uso de drogas e crianças sem pais”, diz. Ela avalia que pequenos municípios não estão preparados para receber um grande contingente de trabalhadores, com pouca estrutura de políticas públicas como moradia, saúde e educação.

A atitude da prefeita de Açucena ecoou por outros municípios afetados pelo empreendimento da Manabi e outros locais vítimas de projetos de mineração. “É A prefeita de Açucena, Darcira Pereira, sofre pressão da empresa Manabi

Fotos: Mídia Ninja

Obras do mineroduto trarão violência, aumento no uso de drogas e prostituição para Açucena

O que é mineroduto?

Sistema de tubulações por onde se transportam minérios a longas distâncias, por baixo da terra. É de alto impacto ambiental, já que os materiais presentes no bombeamento são o minério a ser transportado e água, que leva o recurso.

uma luta muito ampla, contra um inimigo muito grande, de R$ 5 bilhões, que é o custo total do empreendimento. Precisávamos lançar mão de todas as forças possíveis”, declara Sammer Siman, militante das Brigadas Populares, movimento que acompanha a luta desde o início.

O caso de Açucena foi debatido no Seminário “Mineração: Qual o custo para Açucena, a bacia do Santo Antônio e o Brasil?”, nos dias 26 e 27 de abril. “O que se espera é que a articulação toque outras prefeituras para tomarem a mesma atitude [da prefeita de Açucena] e que a articulação pressione os governos federal e estadual para que barrem o mineroduto da Manabi”, avalia Sammer.

Outro seminário será realizado no mês de julho, na cidade de Ferros.

Água minério abaixo “Um estudo mostrou que com a água usada em cinco minerodutos dava para abastecer em média 40% da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Com os oito projetos em discussão no estado, possivelmente se poderia abastecer toda a RMBH, que tem 5 milhões de habitantes”, compara Luiz Paulo Guimarães de Siqueira, do Movimento dos Atingidos pela mineração e da Campanha pelas águas e contra o mineroduto da Ferrous.

Ele afirma que o modelo de mineração na lógica de exportação dos minérios in natura não traz nenhum benefício à população.

“Levam nossas riquezas embora e deixam o rastro de destruição pra trás”, diz. O militante aponta que com a cobrança de apenas 2% dos royalties para o Estado, o povo mineiro fica 98% mais pobre a cada dia.

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Ouvidoria faz a ponte entre governo e cidadãos DIREITOS Há 10 anos o órgão recolhe denúncias e demandas da população mineira Divulgação Da redação Você sabe o que é Ouvidoria Geral do Estado de Minas Gerais?

Pouco conhecido, o órgão completa dez anos em 2014, e é uma importante ferramenta de contato direto entre a gestão estadual e a população mineira. A ouvidoria possibilita que o cidadão registre denúncias, reclamações, sugestões ou elogios a respeito do serviço oferecido pelo Estado, em todas as suas áreas: Saúde, Educação, Polícia, Sistema Penitenciário, Fazenda, entre outras.

Para que os cidadãos tenham acesso ao sistema, são realizadas ouvidorias móveis, com tendas para atendimento ao público em diferentes locais da cidade, com ouvidores gerais especializados para ouvir as demandas. Além disso, as queixas ou sugestões podem ser efetuadas pelo telefone 162 e pelo site ouvidoriageral.mg.gov.br. As 28 Unidades de Atendimento Integrado (UAI’s) e a Casa de Direitos Humanos também oferecem o serviço.

Entenda o processo Feita a denúncia ou reclamação, ela é registrada e encaminhada pa-

Tenda da ouvidoria na Praça Sete: próxima será dia 13

ra o setor responsável. Por exemplo, se a queixa for referente à educação, ela é enviada à Secretaria Estadual de Educação, que deverá avaliar e responder à solicitação. O prazo inicial para a resposta é de dez dias. Caso sejam casos mais graves, com necessidade de investigação e apuração, a instituição tem até 30 dias para esclarecer o assunto perante o usuário.

A partir da identificação desses problemas pontuais, é possível que sejam catalogadas - pelo número de maior incidência - as principais mazelas sociais das regiões de Minas Gerais.

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fatos em foco MST ocupa a sede do Ministério da Agricultura Cerca de 700 trabalhadores rurais sem-terra ocuparam na manhã de quarta (30) a sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em Belo Horizonte. Os manifestantes reclamam do descaso do Governo Federal com a pauta da reforma agrária. Segundo a avaliação do movimento, o governo tem priorizado investimentos para o agronegócio, através do MAPA, gerando exclusão no campo e produzindo commodities exclusivamente para a exportação. Além disso os alimentos produzidos no modelo do agronegócio usam centenas de agrotóxicos que fazem mal à saúde do trabalhador rural e do consumidor na cidade.

SERVIÇO A próxima ouvidoria móvel acontece no dia 13/05, de 9h às 16h, na Praça Sete (no quarteirão da Rua Carijós, entre o Cine Brasil e avenidas Amazonas e Afonso Pena). O atendimento também pode ser feito pelo site ouvidoriageral.mg.gov.br, todos os dias da semana, e pelo Disk-Ouvidoria, 162, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. A Casa de Direitos Humanos, que também oferece atendimento, fica na Avenida Amazonas, 558, no Centro de Belo Horizonte.

Noronha Rosa

BH recebe Encontro dos Atingidos pelos megaeventos Em meio à expectativa quanto à realização da Copa do Mundo no Brasil e após as manifestações de junho de 2013, BH recebe o “Encontro dos Atingidos – quem perde com os megaeventos e megaempreendimentos”, organizado pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP). Cerca de 600 atingidos das 12 cidades-sede da Copa do Mundo se reunirão nos dias 1, 2 e 3 de maio, no Colégio Municipal Marconi. Nestes três dias de Encontro dos Atingidos, a ANCOP pretende avançar na organização popular por intermédio da troca de experiências, traçar estratégias de luta em comum, elaborar documentos de denúncia e um plano de reparações que deve ser entregue aos governos, Justiça e poder legislativo.

Quilombolas pedem liberdade de acusados de matar pistoleiro no Norte de Minas

Teve início o 5° Encontro dos Movimentos Sociais na quinta-feira, em Belo Horizonte. Durante os dias 1, 2 e 3 de maio, cerca de 2 mil pessoas de todo o estado de Minas Gerais se reúnem na praça da Assembleia Legislativa. Com extensa programação, o encontro pretende debater os rumos da Reforma Política no Brasil e a questão da energia em Minas. Acompanhe o evento na página do Facebook: facebook.com/encontromovimentosmg

Em manifestação em frente ao TJMG, na manhã de terça (29), cerca de 70 membros da comunidade Brejo dos Crioulos pedem liberdade de cinco acusados de matar um pistoleiro durante um conflito de terra na região onde fica a comunidade, em 2011, sob alegação de falta de provas e falhas na ação que resultou na prisão do grupo.

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Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar?

Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Jarbas Oliveira

Acompanhando

Na edição 34...

Descaso fechados

mantém

teatros

...E agora

Apresentação do samba “A cidade que queremos”, no dia 26 de abril, em Belo Horizonte, produzido pelos usuários do Centro de Convivência Oeste, durante o 10º Concurso de Samba Enredo da Liberdade Ainda que Tan Tan para o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, 18 de maio

Mario Magalhães

Douglas Belchior

Paulo Malhães: na despedida, o torturador ficou só

Contra o racismo nada de bananas, por favor!

As contas oscilam, mas nenhuma reportagem descreveu mais de meia centena de pessoas no enterro do torturador, matador e ocultador de cadáveres Paulo Malhães. Dos seus sócios e apoiadores em práticas como seviciar oposicionistas até a morte e depois cortar dedos, arrancar dentes e extirpar vísceras, pode-se dizer que a idade dificulta a locomoção.

Malhães, como se sabe, morreu em circunstâncias ainda não esclarecidas. Em meio a tantas suspeitas, há uma evidência: o site “A verdade sufocada’”, vinculado ao coronel reformado Brilhante Ustra, trucidou a verdade ao informar na sexta-feira que Malhães havia recebido quatro tiros. Inexiste, até agora, relato de que ele tenha sido baleado. Outro equívoco é supor que eventual colapso cardíaco do facínora tenha ocorrido enquanto ele regava suas orquídeas no sítio onde vivia. O militar estava em mãos de homens que invadiram sua residência, conforme relato da viúva. A perícia recolheu um travesseiro onde, de acordo com a senhora Malhães, havia marcas de sangue.

Para registro histórico: há pelo menos um episódio em que um opositor à ditadura morreu de colapso cardíaco, como informou o laudo da necropsia e testemunhou uma companheira. O que o laudo não contou e ela revelou é que o coração entrou em pane quando o guerrilheiro era torturado no pau-de-arara e recebia doses cavalares de choque elétrico.

Não se sabe ainda como Malhães morreu, mas não se ignora que ele foi atacado. Portanto, não teria morrido, e sim sido morto. O certo é que, na hora derradeira, as viúvas da ditadura abandonaram Malhães. Seus amigos e admiradores não foram valentes nem para ir até o cemitério.

A comparação entre negros e macacos é racista em sua essência. No entanto, muitos não compreendem a gravidade da utilização da figura do macaco como uma ofensa, um insulto aos negros.

No Brasil, a maioria dos jogadores de futebol advém de camadas mais pobres, embora isso esteja mudando. Dentre esses, a maioria dos que atingem grande sucesso são negros. Por buscarem o sonho de vencer na carreira desde cedo, pouco estudam. Os que se tornam estrelas vivem um mundo à parte, numa bolha.

E Daniel comeu a banana! Ironia? Forma de protesto? Ele respondeu: “Tem que ser assim! Não vamos mudar. Há 11 anos convivo com a mesma coisa na Espanha. Temos que rir desses retardados.” Ele elaborou uma reação objetiva: Vamos ignorar e rir! O racismo os incomoda. E os atinge. Mas de que maneira? Afinal, são ricos! E há quem diga que “enriqueceu, tá resolvido” ou que “problema é de classe”! O elemento econômico suaviza o efeito do racismo, mas não o anula.

Sou negro, nascido em um país onde a violência e a pobreza são pressupostos para a vida da maior parte da população, que é negra. Neste país, assim como em todo o mundo, a comparação de uma pessoa negra a um macaco é algo ofensivo. Eu, como negro, não admito. Banana não serve como símbolo de luta contra o racismo. Ao contrário, o reafirma na medida em que relaciona o alvo a um macaco e na medida em que simplifica, desqualifica e pior, humoriza o debate.

O racismo é algo muito sério. Vivemos no Brasil uma escalada assombrosa da violência racista. Esse tipo de postura e reação são despolitizadas e alienantes. E seguem vocês, “olhando pra cá, curiosos, é lógico. Não, não é não, não é o zoológico”. Portanto, nada de bananas, nada de macacos, por favor!

Mario Magalhães é jornalista e autor do livro “Marighela o Guerrilheiro que incendiou o mundo” (Leia a íntegra deste artigo em brasildefato.com.br)

Douglas Belchior é colunista da Carta Capital e militante do movimento negro

Após ficar fechado por cinco anos, o Teatro Francisco Nunes será reaberto no dia 6 de maio, quando estreia o 12º Festival Internacional de Teatro de Palco & Rua (FIT), com a apresentação da peça “Prazer”, da Companhia Luna Lunera. As estruturas deterioradas foram removidas para dar lugar a um projeto de arquitetura que resgata o estilo modernista da década de 1950.

O trabalho, iniciado em maio de 2013, modernizou o palco, realocou a distribuição das cadeiras da plateia. Foi feita uma reforma elétrica e hidráulica e modernizado o sistema de som e ar condicionado, além de restauração no foyer do teatro.

Na edição 31...

Lei sancionada por Aécio prejudica 70 mil ...E agora O Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SindUTE-MG) realizou Assembleia Geral na quinta-feira (24). A categoria decidiu manter a mobilização permanente do movimento em todas as regiões do estado e marcou nova assembleia para o dia 15 de maio, com paralisação total de atividades e indicativo de greve. Os educadores definiram ainda um calendário de lutas para os próximos dias e votaram as propostas que serão incluídas na pauta de reivindicações, já apresentada ao governo em janeiro deste ano. A categoria cobra, principalmente, a abertura das negociações.

Belo Horizonte, de 02 a 08 de maio de 2014

entrevista | 09

“É preciso criar condições para que pobres tenham empregos de qualidade” Rafaella Dotta e Renato Rios Neto Em palestra organizada pelo Sindicato dos Economistas, o convidado para o debate foi Marcio Pochmann, que falou sobre “Economia e Democracia”. Para o economista, o trabalho mudou de formato e é preciso prestar mais atenção às atividades imateriais, aquelas que fornecem serviços.

Pochmann, que presidiu o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) entre 2007 e 2012, fala nesta entrevista sobre emprego e sobre o equívoco do instituto na divulgação de pesquisa sobre a aceitação do estupro no Brasil.

Brasil de Fato - O Brasil está com altas taxas de emprego atualmente. Podemos ficar seguros que essa situação será duradoura?

Marcio Pochmann - Essa é uma questão ampla, tendo em vista que o Brasil segue em uma situação diferente do que está ocorrendo nos países ricos, que eram referência de como deveríamos organizar o mercado e as políticas de trabalho. O que se percebe hoje, com base num estudo organizado pela OIT e divulgado recentemente, de 2008 pra cá, é que o mundo destruiu cerca de 62 milhões de empregos e, nesse mesmo período, o Brasil criou 11 milhões de empregos. Então, o Brasil está numa situação relativamente superior na questão do trabalho, em uma trajetória de queda do desemprego e uma elevação da renda média dos trabalhadores. Mas o futuro do trabalho está dependendo muito de 2014, que é um ano importante do ponto de vista da democracia. Na confirmação do quadro eleitoral, há propostas diferentes em relação ao que fazer com o trabalho. O futuro do Brasil depende das decisões democráticas a serem feitas este ano, porque o emprego está associado ao nível de crescimento da economia e às políticas públicas.

Nesse quadro atual, percebemos que muitos setores estão em falta de mão de obra. Como lidar com isso?

O Brasil havia experimentado uma situação como essa apenas na década de 1970, quando se dizia que havia um milagre econômico e tivemos sinais de escassez de mão de obra. E, de fato, em determinados setores, determinadas regiões, há carência de mão de obra qualificada, mas isso não é, a meu ver, algo que se manifesta em todo o pa-

Reprodução

tante, e que a maior parte foram empregos vinculados à carteira assinada. E que, ao mesmo tempo, são empregos gerados, em sua maior parte, por micro e pequenas empresas e são empregos ao redor de dois salários mínimos, salários relativamente baixos. No entanto, as pessoas que chegaram a esse emprego eram em grande parte muito pobres. Então, para esse segmento, que antes estava desempregado ou em atividades muito precárias, essa ascensão ao emprego significou um avanço considerável. Passou a ter remuneração permanente, com direitos trabalhistas. É claro que o Brasil precisa deixar de ser uma economia de baixos salários, precisa ter salários maio-

“Me encontro entre aqueles que acham que o erro ensina muito, que o erro ensina mais do que o acerto” O economista Marcio Pochmann

ís. Nós temos um estoque de 6 milhões de pessoas desempregadas, um milhão de jovens que ingressam no mercado de trabalho e, portanto, o Brasil precisa continuar crescendo

“Desde 2008, o mundo destruiu cerca de 62 milhões de empregos e, nesse mesmo período, o Brasil criou 11 milhões “ para poder gerar emprego. O esforço que está sendo feito para elevar a escolaridade e a capacitação dos trabalhadores, seja no “Sistema S”, no governo federal e estaduais, são absolutamente fundamentais porque, se o Brasil continuar crescendo, com base nos investimentos, nós teremos necessidade de mão de obra mais qualificada. A população brasileira , ainda hoje, tem uma escolaridade média de dez anos, que é muito baixa.

A gente vive um momento inusitado. O Brasil não só exporta, mas atrai mão de obra. Tem uma questão nova, com o trabalho de estrangeiros aqui no Brasil?

Sem dúvida, há uma pressão de gente qualificada de países ricos que desejam encontrar uma alternativa que não percebem em seus

países de origem. Por isso, o Brasil tem que tratar muito bem e com cuidado essa questão porque, se ele fizer uma abertura do seu mercado de trabalho, possivelmente os melhores empregos não ficarão com os brasileiros, e sim com os estrangeiros. Nos países que abrem possibilidades de os brasileiros trabalharem e terem boas oportunidades, não vejo por que a gente não possa fazer aqui. Mas é importante que tenhamos capacidade de criar condições para que a população mais pobre também tenha possibilidade de ascender a empregos de qualidade.

“Se o Brasil continuar crescendo, com base nos investimentos, nós teremos necessidade de mão de obra mais qualificada” Voltando na questão da taxa de emprego do Brasil, o que falta para esse índice virar qualidade de vida para o trabalhador?

Eu acredito que essa situação do emprego e da remuneração tem que ser olhada sob dois prismas. De um, é quando a gente percebe que o Brasil, nesses últimos 12 anos, criou cerca de 22 milhões de empregos, que é uma quantidade muito impor-

res. Temos que considerar que nós temos muito o que crescer, inclusive pelo mercado interno. Agora, a mudança na estrutura de salários passa por dois aspectos fundamentais.

Primeiro, diz respeito à capacidade dos sindicatos negociarem com as empresas e, por outro lado, à necessidade de o país continuar crescendo, sobretudo com base no investimento que permite a elevação de empregos de qualidade. Então, abriria oportunidade para toda a população que está se formando, está estudando muito, e quer ter um emprego de qualidade.

Você esteve à frente do IPEA durante muito tempo e recentemente houve a polêmica em torno da divulgação errada dos dados da pesquisa sobre os estupros. Como você avaliou esse caso?

O mais importante é reconhecer que houve um equívoco, que todos nós estamos passíveis de errar, e o mais importante para repará-lo é a postura que a instituição vai ter a partir dessa situação. Me encontro entre aqueles que acham que o erro ensina muito, que o erro ensina mais do que o acerto. Então é preciso identificar o que ocorreu, como ocorreu, e tomar todas as medidas para que isso não mais venha a se manifestar, porque pode comprometer, evidentemente, a imagem de uma instituição de tão grande credibilidade como é o IPEA.

10 | brasil

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Teste de vacina contra dengue aponta redução de 56% dos casos ESTUDO Empresa farmacêutica conseguiu diminuir a incidência da doença em 12 regiões da Ásia Agência Brasil A empresa farmacêutica Sanofi Pasteur anunciou na segunda-feira (28) o resultado de um teste da vacina contra a dengue feito na Ásia. O estudo mostrou redução de 56% nos casos de dengue em 12 áreas endêmicas na Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e no Vietnã. É o primeiro de dois testes da fase três, que visa a fornecer dados sobre a eficácia da vacina em seres humanos, em diferentes ambientes epidemiológicos. O segundo teste está sendo aplicado na América Latina - Brasil, Colômbia, Honduras, México e Porto Rico - e os resultados devem ser apresentados nos próximos dois meses.

A fase três é a última do período de testes antes de a vacina ser submetida aos órgãos reguladores de cada país, explica Lucia Bricks, diretora de saúde pública da Sanofi Pasteur. “É um resultado inédito. Estudos de vacinas para dengue têm mais de 70 anos; a Sanofi Pasteur iniciou há 20 anos e é a única a completar a fase três. Os outros competidores [laboratórios] estão nas fases um e dois, fases pré-clínicas”, disse.

Os testes na Ásia envolveram 10.275 mil crianças, de 2 a 14 anos. Na América Latina são mais de 20 mil pessoas de 2 a 16 anos. Entre 2011 e 2013, elas foram sorteadas para receber três do-

ses da vacina ou um placebo, com intervalo de seis meses entre cada dose.

A médica da Sanofi Pasteur explica que os resultados começaram a ser analisados um mês após a aplicação da terceira dose, com a identificação do vírus. “O grupo vacinado teve menos da metade de casos e a incidência de dengue nas pessoas que não foram vacinadas foi muito mais alta do que a agente imaginava, 4,7%, uma incidência altíssima”.

A vacina será licenciada possivelmente com três doses,

/minsaude

para proteger contra os quatro tipos de dengue, segundo a médica.

“A partir disso, depende das autoridades regulatórias de cada país que vão dar seus pareceres sobre o protocolo, mas no final de 2015 já se deve ter uma resposta”, explica Lucia Bricks sobre a colocação da vacina no mercado.

/minsaude

O PROGRAMA MAIS MÉDICOS TROUXE MAIS SAÚDE PARA MINAS GERAIS. Só aqui no estado, já são

1.272 médicos

Reprodução

levando atendimento de qualidade a

487 municípios* *Abril de 2014

Mais Médicos no Brasil:

Dobrou o investimento em atenção básica

Atendeu mais de

Cerca de

da demanda dos municípios

de pessoas beneficiadas

100%

49 milhões

O Programa Mais Médicos do Governo Federal superou uma grande meta: em apenas oito meses, atendeu a mais de 100% dos municípios cadastrados no Programa. E Minas Gerais faz parte desta conquista com maisde 413 milhões de reais investidos, além da ampliação e melhoria do atendimento médico oferecido à população, principalmente a que vive nas localidades mais distantes e nos bairros mais pobres.

Confira se a sua cidade está participando do Programa. Acesse o site maismedicos.saude.gov.br ou ligue 136.

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brasil | 11

Banana não combate racismo POLÊMICA Especialistas dizem que campanha #somostodosmacacos é despolitizada e não educa contra o preconceito

Reprodução / Instagram

Pedro Rafael Vilela De Brasília (DF)

No último domingo (27), o lateral direito do Barcelona e da seleção brasileira, Daniel Alves, foi mais uma vítima de racismo no futebol.

Depois que um torcedor jogou uma banana no gramado, o jogador reagiu ao ato racista de forma ousada: comeu a fruta dentro de campo.

A atitude foi a senha para que o astro Neymar, que tem mais de 20 milhões de curtidas no facebook, postasse uma foto ao lado do filho exibindo uma banana e lançando a campanha #somostodosmacacos.

Imediatamente, centenas de pessoas repetiram o gesto nas redes sociais, inclusive diversas celebridades. Até a presidenta da República, Dilma Rousseff, se manifestou em apoio a Daniel Alves e à campanha.

Formulada pela agência de publicidade que administra a carreira do jogador Neymar, a campanha é “despolitizada” e “não educa sobre o racismo”, afirmam especialistas em

questões raciais ouvidos pelo Brasil de Fato. “#Somostodosmacacos não propõe nenhuma alteração nos privilégios e nas diferenças entre negros e brancos que vemos no Brasil e no mundo”, aponta Marjorie Chaves, doutoranda em política social na Universidade de Brasília (UnB).

Para Jerônimo Silva Júnior, do movimento União de Negros pela Igualdade (Unegro), usar a palavra ‘macaco’ reforça o preconceito, em vez de combatê-lo. “Acharam que essa campanha ia responder ao racismo, mas é uma resposta do senso comum, que não enfrenta a complexidade do tema. Macaco é um termo associado à ideia de supremacia de uma raça branca e foi justificativa para o colonialismo e a escravidão de negros”, critica.

Campanha vira negócio

Entre os famosos, o apresentador da TV Globo Luciano Huck foi mais além. Dono de um grife de roupas, ele logo lançou uma camiseta da campanha ao preço de R$ 69. Recebeu uma

Neymar e a foto que deu início à campanha #somostodosmacacos

enxurrada de críticas na internet pelo oportunismo.

Marjorie Chaves explica que a campanha não abala a estrutura racista da sociedade. “São ‘globais’ e intelectuais conservadores que sempre

foram contra políticas de ação afirmativa para negros, como as cotas, e que não questionam mecanismos do racismo, como o extermínio da juventude negra das periferias”, afirma.

População indígena sofre mais violência Cimi

Mayrá Lima de Brasília (DF)

Os conflitos no campo atingiram principalmente os povos indígenas no último ano. Ao todo, 15 índios foram assassinados, outros 10 sofreram tentativas de homicídio e 33 foram ameaçados de morte. Esses números fazem parte do relatório Conflitos no Campo de 2013, uma publicação anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgada na segunda-feira (28).

Em termos de violência contra a pessoa, que inclui também intimidações e prisões, os indígenas estão envolvidos em 238 ocorrências do total de 829. É o pior momento para os indígenas em 29 anos de existência do relatório Conflitos no Campo, de acordo com a Pastoral.

Para Cleber Buzatto, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a ofensiva contra os indígenas tem explicação. “O território indígena é uma espécie de barreira para o avanço do agronegócio e do latifúndio. Eles buscam novos territórios de exploração para transformar bens naturais em mercadorias”, disse.

Os estados de Mato Grosso do Sul e Bahia, lugares de forte atuação do agronegócio, lideram o ranking da

violência contra indígenas. Foram 15 ameaças de morte, sete tentativas de assassinatos e três assassinatos no MS. Já na Bahia, dos seis assassinatos, quatro foram de indígenas.

Conflitos no campo

O relatório informa que, no geral, foram registrados 1.266 conflitos no campo, quando, em 2012, foram 1364. Deste total, em 2013, contabilizam-se 1.007 conflitos por terra, 154 conflitos trabalhistas e 104 conflitos por água.

O poder público aparece em 90 ocorrências de violência, beneficiando proprietários de terras ou mesmo grileiros. O número de famílias despejadas pela construção de barragens e usinas hidrelétricas, pela mineração, pela grilagem de terra, pela extração de madeira e pela lavoura de monoculturas aumentou 76% em 2013, com registro de 3,1 mil casos. “O modelo de desenvolvimento aplicado não preserva o direito das famílias que estão no local. Passam o trator por cima dos direitos das pessoas e das famílias que estão por lá”, apontou dom Enemésio Lazaris, presidente da CPT.

CAMPANHA SALARIAL UNIFICADA 2014 dos Trabalhadores dos Serviços Públicos Municipais de BH

Assembleia da campanha salarial

- COM PARALISAÇÃO e INDICATIVO DE GREVE -

06 de maio de 2014 (terça-feira) 08h30 - Praça da Estação

15% de reajuste Melhoria dos serviços públicos de BH

R$ 28,00 de vale-alimentação Fim das terceirizações

INDIBEL

12 | mundo

Belo Horizonte, de 02 a 08 de maio de 2014

Evo Morales segue como favorito para reeleição BOLÍVIA Candidato à recondução no cargo em novembro tem 24 pontos de vantagem

POPULAÇÃO LGBT

ONU lança campanha pela igualdade de direitos A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou nesta semana uma campanha para promover a igualdade e o respeito aos direitos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). A campanha “Livres e Iguais” é uma parceria com a prefeitura de São Paulo. A iniciativa foi lançada mundialmente em julho do ano passado e chega agora ao Brasil Relatório divulgado no início deste ano pelo Grupo Gay da Bahia mostrou que 312 gays, travestis e lésbicas foram assassinados no Brasil no ano passado, o que representa uma morte a cada 28 horas, em média.

Iniciativa mundial quer promover respeito à população LGBT

Sondagem também mostrou que nível de aprovação de Evo segue alto

O presidente da Bolívia, Evo Morales, que tentará sua segunda reeleição em novembro, tem uma vantagem de 24 pontos sobre o candidato opositor, o empresário Samuel Doria Medina, de acordo com um levantamento publicado pelos jornais El Deber e Página Siete. A sondagem revela que a intenção de voto em Evo é de 38,3%, contra 13,4% em Medina.

A vantagem do mandatário, no entanto, caiu sete pontos percentuais. A última pesquisa, realizada pela Tal Cual Comunicación Estratégica e publicada em janeiro, indicava que Evo tinha a preferência de 45,7% dos eleitores. A pesqui-

sa aponta que 14,5%, “não sabe ou não respondeu” ao questionário, enquanto 13,4% afirmaram que não votarão em “nenhum” candidato.

A sondagem mostra também que o nível de aprovação do presidente segue alto. Dos 2.500 consultados, 68% disseram que aprovam muito ou pouco sua gestão. Em janeiro, o índice era de 73%.

A Constituição boliviana diz que um candidato não precisa ter a maioria absoluta nas eleições para vencê-la no primeiro turno, sendo necessário somente ter dez pontos de diferença sobre o segundo colocado. (Opera Mundi)

EUA e aliados são colonialistas na internet, diz Julian Assange Estados Unidos, Reino Unido e seus aliados têm agido como colonialistas na internet. A afirmação foi feita por Julian Assange, fundador do Wikileaks durante o evento Arena NET Mundial.

Tornados causam Assad anuncia 17 mortes candidatura Fortes tornados, nos estados de Arkansas e Oklahoma, nos Estados Unidos, provocaram a morte, nesse domingo (27), de pelo menos dezessete pessoas, segundo informações de equipes de emergência.

O presidente sírio, Bashar Al Assad, no poder desde 2000, anunciou na segunda-feira (28) a sua candidatura às eleições presidenciais de 3 de junho. A informação é do presidente do Parlamento, Mohammad Al Lahham.

África do Sul festeja 20 anos de democracia A África do Sul festeja neste domingo (27) o seu “Dia da Liberdade”, que celebra as suas primeiras eleições multirraciais, que levaram Nelson Mandela, o líder do Congresso Nacional Africano (CNA), a ser o primeiro presidente negro da história do país. Num ato de Estado, celebrado na sede do governo em Pretória, Zuma apelou aos seus concidadãos a votar nas eleições gerais no próximo dia 7 de maio.

Portugal comemora 40 anos da Revolução dos Cravos Em 25 de abril de 1974, desabrochava em Portugal a Revolução dos Cravos, ação liderada pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) e que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, criado por Antônio Salazar em 1933. A população distribuiu cravos vermelhos aos soldados, que os colocaram nos canos de seus fuzis, transformando a flor no símbolo da Revolução.

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AMIGA DA saúde

variedades | 13

A novela Como ela é

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

Ouvi dizer no rádio, num programa do governo, que gripe mata e se tiver sintomas temos que procurar logo o médico. Achei estranho porque sempre tive gripe e nada aconteceu. Além disso, os postos de saúde vivem lotados. Tenho mesmo que ir no médico se tiver gripe?

Mara Jane, 32 anos, vendedora É verdade que a gripe é uma virose bem comum e que todo mundo passa por ela sem grandes problemas.

Geralmente só beber muita água, tomar um leite quentinho ou uma sopa de legumes no fim do dia já são suficientes pra tirar um pouco do mal estar. Os sintomas duram cerca de uma semana e desaparecem sem uso de remédios. Mas também é possível ter complicações.

Gestantes, crianças, idosos e pessoas que possuem doenças crônicas como diabetes, hipertensão, asma, etc, terão mais chances de ter complicações e é importante que sejam vacinados contra a gripe. É realmente contraditório o governo orientar todos os sintomáticos a procurar os serviços, que não têm estrutura para atender todo mundo e ficam lotados. Aí os casos mais graves acabam correndo risco de não ser avaliados corretamente. De qualquer forma, caso a gripe apareça, você precisa buscar ajuda profissional se tiver febre alta e insistente, dificuldade para respirar, ou outros sintomas não esperados como sangramentos, vômitos e desmaio.

Xô machismo!

O machismo - e a crítica dele - estão na boca do povo. E nas novelas também.

Grosso modo, o machismo prega a ideia de hierarquização de poder entre homens e mulheres. Somos “acostumados” a pensar que homens podem fazer, querer e dizer certas coisas e mulheres não. Mas esse traço antigo da nossa cultura não nos impede de mudar o pensamento e a forma de ação. Afinal, somos todos iguais, certo?

Vamos lançar alguns casos de machismo da novela “Em família”, como exemplo. Jairo adverte Juliana: “casei para ter mulher quentinha me esperando”. Laerte segue perturbando Luiza justificado pelos seus desejos de macho mimado. Branca vai caçar as ex-amantes de Ricardo para expor o lado cafajeste do ex-marido.

Mulher quentinha esperando? Há tempos elas são corresponsáveis pelo provimento da família. À mulher resta ceder aos desejos do homem? Há tempos elas dizem ‘não’. Homem cafajeste? Há tempos elas querem é respeito e troca.

Se há tempos o machismo existe, há tempos ele vem dando sinais de coisa ultrapassada. Quando o vemos na novela, precisamos denunciá-lo, para não parecerem “naturais” esses e outros absurdos. Fiquemos de olho!

Joaquim Vela (quimvela@brasildefato.com.br)

14 | cultura

Belo Horizonte, de 02 a 08 de maio de 2014

Arte por toda parte UNIÃO Mostra Cidade acontece paralela ao FIT e pretende garantir maior circulação da cultura Ana Beatriz Noronha Espaço de criações partilhadas, processos artísticos comuns, encontros, fissuras, rua! De 5 a 25 de maio Belo Horizonte recebe sua primeira Mostra Cidade, uma ocupação artística de ruas e espaços culturais pela cidade.

“A mostra surge de uma união de artistas que desejam pensar um novo tipo de acesso à arte. Tentamos nos encontrar para fazer um trabalho que é autogerido, em um pensamento que vai além da questão da curadoria”, é assim que Manu Pessoa, atriz do Núcleo de Teatro do Espaço Comum Luiz Estrela, descreve o desejo de união e horizontalidade na construção do evento. Para a atriz, a força da união de coletivos e de artistas que estão trabalhando juntos, em diferentes núcleos, é meio para potencializar a articulação artística em Belo Horizonte.

Durante o mês de maio acontece tradicionalmente o FIT (Festival Internacional de Teatro). Para os artistas que estão trabalhando para que a Mostra aconteça pela primeira vez na capital mineira, inseri-la no calendário de maio tem um significado político. “Acontece durante o período do FIT, de uma maneira paralela, pra tentar caminhar junto com ele, no sentido de utilizar o mês de maio como mês do Teatro, e de outras expressões artísticas também, como pretexto pra gente poder realizar esse manifesto prático pra cidade”, explica João Filho, ator da Casca, Cia de Teatro e Intervenção urbana de BH.

Segundo João, “a Mostra Cidade surge de uma necessidade de compartilhar com o poder público, com o cidadão comum, com os artistas, o desequilíbrio entre a quantidade de pessoas com trabalhos e processos artísticos e a problemática de uma distribuição de renda da cultura que não dá conta de suprir essa demanda artística”.

Para Rogério Gomes, da Cóccix Cia Teatral de Venda Nova, a importância da ação está no desejo por uma produção mais equilibrada e coesa, que consiga, nas palavras do artista, “organizar uma Mostra com oficinas, formação e ocupação de espaços, como a casa Cupim, o Espaço Comum Luiz Estrela, a Sede dos Aflitos, o Georgette Zona Muda, a casa de Cultura Dona Rosa... entre tantos outros ainda não institucionalizados como espaços de cultura”.

Rogério acredita ainda que é preciso um maior retorno para o espectador, uma maior circulação de arte pela cidade. “Isso é poder, é se empoderar do ofício de exercer sua função de forma legítima, organizada, provando que nós, artistas, independente do perfil e da linguagem que escolhemos para trabalhar, temos condições de colocar essas propostas artísticas em contato com o espectador, mostrando que essa burocratização que vemos acontecer não precisa existir”, avalia.

Divulgação / Mostra Cidades

Programação é gratuita e acontece em vários pontos da cidade

cas urbanas, olha para a Mostra e para a gestão artística. Interessados na investigação da imagem e suas transversalidades com a palavra, o grupo se relaciona com a cidade através de intervenções, buscando rupturas com a normatização do espaço e respiros para o olhar, criando derivas e vertigens na cidade. “Criar junto esse lugar de potencialização das artes em BH é Experiência do novo uma experiência linda e de real poEspaço de experimentar o no- tência política, tanto para a ressigvo, é desse modo que o coletivo nificação do próprio modo de fazer PAPU: processos artísticos e poéti- arte quanto para repensar as políti-

cas públicas envolvidas nesse processo”, explicam.

A Mostra de Artes é um convite a todas as pessoas interessadas na comunhão da arte com a cidade. Toda a programação é aberta ao público e gratuita. A Mostra Cidade escolheu o bom e velho “chapéu” como forma de viabilizar contribuições espontâneas, ou como afirma Rogério, “é a forma que encontramos para tentar minimamente democratizar o acesso à arte e desburocratizar o caminho até ela”.

Para mais informações: mostracidade@gmail.com ou acesse a página do evento:https://www.facebook.com/pages/Mostra-Cidade

Pelo direito de aparecer e ser chamado pelo nome Raíssa Lopes No dia 7 de maio, será realizado em Belo Horizonte o 1º Colóquio sobre (In)Visibilidade Trans: direitos humanos e enfrentamento da violência. O evento debaterá as dificuldades e violências diárias vivenciadas pela população travesti e transexual em Minas Gerais e no Brasil. Uma das pautas em destaque é o não reconhecimento do nome social – aquele com que as pessoas trans se identificam - e como o poder público se posiciona e atua a respeito do tema.

O Colóquio é organizado pela equipe que gerencia o I Congres-

so de Diversidade Sexual e de Gênero da Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG, que será realizado também na capital, de 2 a 5 de setembro. Ambos os projetos são de iniciativa de alunos e professores da Universidade, segundo a estudante de Direito Olívia Paixão. “A ideia do Colóquio surgiu a partir do Congresso, que está em fase de organização”, declara a jovem.

Olívia conta que uma das novidades do Colóquio serão as duas impressoras disponibilizadas para travestis e transexuais que desejarem realizar a confecção de cartões do SUS com o nome social. Para isso, é

exigido que o usuário leve apenas um documento de identificação, não necessariamente com foto. “Essas impressoras representam uma denúncia, porque nos centros de saúde a escolha pelo nome social nunca é respeitada. E mais do que proporcionar acesso e informação às pessoas trans, queremos mostrar para elas que têm o direito de lutar por respeito”, ressalta Olívia.

O evento será realizado no terceiro andar da Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG, e a feitura das carteirinhas no primeiro andar do prédio. A entrada é franca e aberta ao público.

Divulgação

cultura | 15

Belo Horizonte, de 02 a 08 de maio de 2014

AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA

TEATRO

Show do cantor Thiago Pethit. Sexta (2), às 18h30, na Praça da Savassi.

CULTURA NEGRA

Bate-papo com o Grupo 3 de Teatro, para que o público conheça melhor o trabalho da companhia dos atores Débora Falabella, Yara de Novaes e Gabriel Fontes Paiva. Domingo (4), às 15h, no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade).

é tudo de graça!

MÚSICA

Festival Conexão Autoral reúne as bandas Senhor Kalota, Intelecto Urbano, Santo Forte, Quita, Favela Groove e Rock D’La Rua. Domingo (4), das 9h às 13h, no Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 821).

Segunda a quinta-feira EXPOSIÇÃO

Mostra “Bordescrevendo Guimarães” retrata, em bordados, a viagem realizada pelo escritor Guimarães Rosa a Campos Gerais de Minas.

De 06/05 a 01/06. Terças, quartas e sextas das 10h às 19h, quintas das 12h às 21h, e finais de semana das 12h às 19h, no Centro de Arte Popular da Cemig (Rua Gonçalves Dias, 1.608, Lourdes).

EXPOSIÇÃO

O evento Das Pretas Bazar reúne música, beleza, moda, estética e artesanato afro. Acompanhe discotecagem do DJ Mestre Lau, workshop de turbantes, e o desfile “Moda é para todos!”, apresentando ideias de como compor o estilo afro-brasileiro. Domingo (4), das 10h às 20h, na Rua Pouso Alegre, 854.

EXPOSIÇÃO

CINEMA

Primeira edição do “Fórum Shakespeare BH”, que traz à capital exposição de fotos, palestras, mesas de bate-papo e oficinas sobre o dramaturgo inglês William Shakespeare. Até 05/05, das 8h às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários).

Filmes de Quintal apresenta sessão do cineclube CineQuintal com o filme La Chica Del Sur, do diretor argentino Jose Luis Garcia. Terça (6), às 20h, no Espaço CentoeQuatro (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro).

“Mestres da Gravura” possui 170 obras representativas da gravura europeia, pertencentes ao acervo da Fundação Biblioteca Nacional, cuja origem remonta à Real Biblioteca, trazida ao Brasil por ocasião da vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. Até 22/06. De terças a sábados, das 9h30 às 21h, e domingos e feriados das 16h às 21h. Palácio das artes.

esporte |

na geral Racismo na NBA

Donald Sterling, proprietário do Los Angeles Clippers, time da liga de basquete americana, foi denunciado por racismo. Em conversa telefônica com a mulher, o dirigente pediu para ela que não levasse pessoas negras aos jogos dos Clippers, nem que aparecesse em público ao lado de negros.

O dirigente foi banido do esporte e terá que pagar uma multa de R$ 5,5 milhões a NBA.

Rio garantiu seu nono título na Superliga feminina A equipe do Rio de Janeiro venceu no domingo (27), no Maracanazinho, a equipe do SESI-SP, e se sagrou, pela nona vez, campeã da Superliga Feminina de Voleibol.

Esta foi a primeira final, em 9 edições da competição, em que a adversária do Rio não foi a equipe de Osasco. A equipe do técnico multicampeão Bernardinho venceu as adversárias por 3 sets a 1, parciais de 21/11, 21/12, 13/21 e 21/16. O destaque do jogo foi a levantadora Fofão, de 44 anos, eleita a melhor atleta da final. Havia, inclusive, um boato de que a atleta anunciaria o encerramento de sua carreira no final do jogo, o que acabou não acontecendo.

Briga de Emerson Sheik e Mano Menezes deixa futebol em segundo plano Foi ao ar no último domingo (27) no programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, uma entrevista com Emerson Sheik, ex-jogador do Corinthians e atual atacante do Botafogo. Na entrevista,

Davi e Golias o atacante botafoguense deixou clara sua insatisfação com o treinador Mano Menezes, com o qual trabalhou durante quase quatro meses no time paulista. Seja por problemas pessoais, seja por ter sido preterido pelo técnico devido à má fase que vivia, o fato é que Emerson ganhou um espaço na grande mídia para que pudesse expor seus pensamentos sem nenhum grande motivo. A questão é que esse espaço até hoje não foi dado ao treinador. A reflexão que fica dessa postura do atleta e do maior veículo de comunicação do Brasil é a necessidade de dar ênfase a questões secundárias do esporte. No momento em que o futebol brasileiro mais precisa da união de seus protagonistas (jogadores e técnicos), presenciamos um movimento contrário dos grandes veículos de comunicação. Eles se utilizam de seu poder para atingir seus objetivos, que não parecem ser voltados para a melhoria na estrutura do esporte popular.

No confronto entre o pior e o melhor colocado da fase de grupos da Libertadores “Davi venceu Golias”. O Nacional do Paraguai superou o favoritismo do Vélez e chegou, pela primeira vez, às quartas de final da competição. Os paraguaios venceram o jogo de ida por 1x0 em Assunção e arrancaram um empate histórico (2x2) na casa dos argentinos.

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Você Sabia

O basquete é o terceiro esporte mais popular do mundo, só perde para o futebol e o vôlei. É praticado em 170 países e tem quase 300 milhões de adeptos. A Liga de Basquete dos Estados Unidos (NBA) é a mais famosa do mundo, com 30 equipes cadastradas.

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Belo Horizonte, de 02 a 08 de maio de 2014 imagem de arquivo

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OPINIÃO América Que continue assim!

Bráulio Siffert O América começou bem a Série B, demonstrando vontade, organização e agressividade. A marcação esteve firme e os ataques foram construídos com várias alternativas, não mais dependendo apenas do meio-campo, como estava ocorrendo no campeonato mineiro. Além disso, o time tem boas peças no banco de reservas – como Mancini -, o que é fundamental em um campeonato longo como o Brasileiro.

Em dois dos últimos três jogos – contra o Ceará pela Série B e contra o Santos do Amapá pela Copa do Brasil – o América venceu por três

Todas as semanas nas ruas de

BH

gols de diferença, o que não conseguiu fazer no Mineiro deste ano e só fez três vezes em todo o ano de 2013. O time tem que continuar assim: fazendo muitos gols, impondo-se em casa e arrancando pontos fora. Ainda é cedo para qualquer prognóstico, mas parece que o América é forte candidato para subir para a Série A.

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(31) 3309-3304

OPINIÃO Atlético

OPINIÃO Cruzeiro

Especulações, incertezas e tensões

É cada parada torta...

Rogério Hilário Como acredito que, desta vez, não serei atropelado pelo destempero de Alexandre Kalil, que demitiu Paulo Autuori quando a coluna estava pronta, posso falar sobre o Atlético com tranquilidade. Bem, ainda é cedo para avaliar Levir Culpi, treinador com várias passagens pelo Galo e pelo Cruzeiro, mas que de importante mesmo só tem um título pelo arquirrival, a Copa do Brasil de 1996. Ainda esteve com o clube no pior momento de sua história, transformado numa superação pela torcida, principalmente: a disputa e o título da Série B. Ele é competente, sem dúvida. Só que precisará de muito mais do que isso para fazer o time recuperar o futebol do ano passado. E, também, superar as especulações, as incertezas e as tensões dos bastidores.

Experiência não falta a Levir, acostumado a atravessar, galhardamente,

Carlos Juri

Reprodução

as intempéries.

Porém, atleticanos de fina estampa não têm muito do que reclamar.

Sacrifício sempre foi o dia a dia, o cotidiano. E, nem por isto, arrefeceu a paixão, a esperança e, muito menos, impediu as conquistas. Históricas.

Heroicas e eternas. A recuperação é uma questão de tempo, não tenho dúvida. Em que momento, ou em qual competição, não tenho o dom da premonição para dizer. Nem o poder de Kalil para transformar, seja por contratações alardeadas no twitter, ou por demissões de treinadores atribuídas às pressões dos torcedores.

Aliás, sou, à minha feição, torcedor. E sei o quanto esta condição é limitada no futebol brasileiro, em que o Estatuto do Torcedor é, na maioria das vezes, letra morta. Quando querem justificar atitudes, somos responsabilizados. Quando nossa presença é incômoda, somos ignorados ou reprimidos.

Wallace Oliveira Foi num baile em Asunción, capital do Paraguai, onde eu vi o Dani Güiza o jogo inteiro a reclamar...

E lá se foi o Cerro Porteño, adversário mais chato do país de Samudio. Depois daquele primeiro tempo assustador, da defesa sobrenatural de São Fábio e da expulsão de B. Rodrigo, confesso que já rezava para não sair com a derrota, quando Dedé subiu às alturas e fez o que os atacantes pouco têm feito: gol!

Por fim, coube a Dagoberto fechar o caixão dos paraguaios.

O Cruzeiro está de brincadeira, ou melhor, levou a sério demais essa história de que “eu sou Cruzeiro até morrer” e ainda vai matar muitos torcedores do coração. Calma, Cruzeirão, pois temos seis jogos pela frente. Seis! Eu só posso morrer depois do título, de preferência no Mineirão, que é mais perto de casa.

E mal os cruzeirenses cardíacos recebem alta do hospital, lá vamos nós a Buenos Aires. Na quarta-feira (7), Cruzeiro e San Lorenzo se enfrentarão pela oitava vez. Das outras sete, uma foi pela Copa Montevidéu (1971), quatro pela Mercosul (1998) e duas pela Libertadores (2008). O Cruzeiro venceu três confrontos, empatou dois e perdeu os outros dois.

Daqui pra frente, o time, que se classificou na raça e no sufoco, tem que recuperar o futebol de campeão brasileiro. Para tanto, Goulart deve voltar a jogar bola, já que um mau rendimento dele abre um buraco na transição para o ataque. Os atacantes também precisam melhorar. Tudo bem que os adversários agora jogam mais fechados, mas os erros nas finalizações têm sido bizarros.

E vamos à próxima parada torta.

“Raja” coração, amigos!