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Atos golpistas completam um mês. Prisões não chegaram ainda a mandantes e financiadores
EXTREMA DIREITA Governo, Congresso e STF prometem punição a quem comandou, financiou, instigou e executou atos
Valter Campanato /Agência Brasil
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Redação, com Filipe Cabral e Caroline Oliveira
Há um mês, o Brasil e o mundo assistiam chocados a um dos episódios mais lamentáveis da história democrática do país: os ataques terroristas em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. Vestidos de verde e amarelo e escoltados pela Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), os extremistas invadiram a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, destruíram equipamentos de trabalho, obras de arte, mobílias históricas, roubaram armas e chegaram a defecar em prédios públicos. Aos gritos de “intervenção militar”, os envolvidos pediam a anulação das Eleições 2022, nas quais Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado pelo pre- sidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com informações da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape/DF) divulgadas dia 8, 1.398 extremistas envolvidos no ataque estão presos em unidades de segurança de Brasília. Além disso, 460 pessoas se- guem monitoradas por tornozeleiras eletrônicas, e as investigações seguem em andamento na Justiça.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), garantiu que o episódio não será esquecido e prometeu punição severa a quem depredou o patrimônio público. “Esse episó-
Servidores e parlamentares fazem ato pela democracia e pedem justiça
dio deplorável não será esquecido e produzirá consequências severas aos responsáveis”, comentou, no início da sessão do Senado no dia 8.
Também a presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, se pronunciou por ocasião da data. “Restou fortalecida a comunhão nacional em torno do princípio nuclear e inderrogável que privilegia e consagra entre nós a democracia, que não pode, em absoluto, sofrer qualquer transgressão”, afirmou. Prometendo punição aaos que comandaram, financiaram, instigaram, executaram e apoiaram os atos.
Atos golpistas geraram prejuízo financeiro de ao menos R$ 25,6 milhões
Os atos golpistas que aconteceram contra os prédios dos Três Poderes, em Brasília, geraram prejuízo financeiro de pelo menos 25,6 milhões. A projeção foi feita pelo Projeto Lupa nos Golpistas, da agência de checagem Lupa.
A apuração, feita com base em estimativas dos Poderes, aponta que a maioria das despesas (83,5% do total) envolve a recuperação da infraestrutura de Palácio do Planalto (R$ 7,9 milhões), STF (R$ 5,9 milhões), Senado (R$ 4,1 milhões) e Câmara dos Deputados (R$ 3,5 milhões). Os custos, no entanto, podem ser maiores.
Marcos do Val diz que manipulou informações
No dia (8), para rememorar os 30 dias dos atentados terroristas e reafirmar a defesa da democracia, o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), deputados, senadores e entidades parceiras organizaram ato no Congresso Nacional para defender o Estado brasileiro.
Decana da esquerda brasileira no Congresso, a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) afirmou que os “atos foram um desrespeito à vida, ao patrimônio nacional, à nossa democracia. Democracia é uma luta de todo dia, de todo o ano, de sempre, e temos que dar a própria vida, se necessário, pra que ela subsista e exista de fato na vida de uma sociedade, não só do ponto de vista político, mas também social, do ponto de vista da nossa civilização. É disso que se trata este momento aqui”.
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que manipulou o noticiário ao dar informações conflitantes sobre uma suposta tentativa de golpe. “O resultado está dando certo”, disse o senador. “Com o tempo vocês vão saber qual é o objetivo. O objetivo foi atingido, e é claro que eu fiz essa manipulação de notícias desencontradas, mas um dia vocês podem entender isso daí”, afirmou.
Ao envolver o ministro Alexandre de Moraes em uma possível trama, ainda que não tenha ocorrido de fato, a possível estratégia de Marcos do Val é retirar a legitimidade do ministro para tocar ações contra os atos golpistas e bolsonaristas.