Edição 151 do Brasil de Fato MG

ESPECIAL

Mídia NINJA

Juventude contra o golpe Com propostas de Temer que prometem reduzir investimentos em políticas sociais, juventude será um dos grupos mais afetados. Levante Popular da Juventude é autor de diversas ações contra ofensivas conservadoras e assegura importância da organização para melhoria do país. Leia caderno especial sobre o encontro do movimento que reúne 7 mil jovens no Mineirinho

Minas Gerais

2 a 8 de setembro de 2016 • edição 151 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita

Brasil sem presidente eleito Governo ilegítimo Golpe na democracia brasileira foi aprovado por 61 senadores.

Atropelaram o voto popular e o projeto escolhido nas eleições de 2014. Lideranças e estudiosos apontam que a interrupção do mandato da presidenta Dilma Rousseff institui governo ilegítimo que se propõe a implementar um programa derrotado nas últimas quatro eleições

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OPINIÃO

Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 2016

Editorial | Brasil

Afastamento de Dilma e dos mais pobres

ESPAÇO dos Leitores

“Jornal que representa a visão dos trabalhadores acerca dos fatos do cotidiano. Fatos que na maioria das vezes são ocultados ou deturpados pela mídia golpista que domina os nossos meios de comunicação. Feito com uma qualidade gráfica impecável, o jornal tem excelente aceitação nas cidades do interior onde circula”.

Paulo Grossi

“Só espia!”

Alexandra Amaral comentando a matéria “Corte de 31% pode inviabilizar universidades mineiras”

“Não acredita? Então se prepare!”

Maria Ornelas comentando a charge da edição 150 que fez referência aos retrocessos com o Governo sem votos de Temer.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

O dia 29 de agosto de 2016 certamente figurará na história de nosso país como o dia em que uma mulher, a presidenta da República, Dilma Rousseff, enfrentou bravamente seus juízes no processo de impeachment, formado por uma imensa maioria de senadores homens. Em um belíssimo e consistente discurso de 46 minutos, ela bradou que é inocente e finalizou dizendo que é GOLPE! É GOLPE porque esse impeachment se trata de um processo marcado por ilegalidades, fruto de uma farsa jurídica e que atenta frontalmente contra a nossa carta magna, a Constituição Federal do Brasil.

Foram para o lixo 54 milhões de votos É GOLPE porque não houve a prática de nenhum crime de responsabilidade. O que se viu durante todo o processo foi uma trama arquitetada desde o início pelos partidos que perderam as eleições, liderados por Aécio Neves; depois por Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados com inúmeras acusações de corrupção e afastado do cargo pelo STF; e, por fim, orquestrada pelo golpista mor, Michel Temer. É GOLPE porque é a única forma de frear os processos de investigação de corrupção que estavam sendo feitos no país e que contava com o apoio de Dilma. Pela primeira vez na história do Brasil se viram gran-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

des magnatas presos e isso é inadmissível para a elite burguesa. É GOLPE porque é a única forma de frear a implementação das políticas sociais que visam incluir os mais pobres e miseráveis do nosso país.

Volta do neoliberalismo derrotado nas urnas É GOLPE porque só assim é possível a volta do neoliberalismo, tantas vezes derrotado nas urnas, e que já sabemos que é sinônimo de desemprego, repressão aos movimentos populares, eliminação dos

Precisamos de uma Constituinte para reformar o sistema político direitos da classe trabalhadora e entrega de nossas riquezas a empresas e países estrangeiros. É GOLPE porque, com o afastamento definitivo da presidenta Dilma, foram jogados na lata de lixo mais de 54 milhões de votos exercidos de forma legítima pelos brasileiros e brasileiras que elegeram um programa de governo. Esse programa está sendo descumprido pelo governo golpista do Temer.

Dilma honrou os votos que recebeu e certamente entrará para a história de cabeça erguida e coração valente. Aos lutadores e lutadoras do povo só nos resta lutar por uma Constituinte exclusiva e soberana que realize uma verdadeira reforma do sistema político brasileiro.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Marcos Assis, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.

Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 2016

PERGUNTA DA SEMANA

GERAL

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Declaração da Semana

Em épocas de impeachment e de eleições municipais, o Brasil de Fato MG pergunta:

Acorda, Brasil! O País está sendo entregue sem nenhum voto, à uma direita corrupta, obscurantista e mafiosa”.

Para que serve o seu voto?

Patrícia Pillar

Jairo Goldflus / Divulgação

Reprodução

Voto para mim é uma coisa muito séria. Significa mudança e desenvolvimento do país. Para eleger alguém que possa ajudar o cidadão. E quem recebe o voto tem que ter consciência de que está recebendo a confiança de alguém.

Para mim não está valendo nada. Acho que o impeachment da Dilma, que aconteceu ontem (31), foi um golpe no nosso voto. Por mais que não gostassem, não tinham o direito de tirar uma mulher que não cometeu crime. Estou me sentindo desrespeitada.

Edilene Alves, analista de crédito

Fernando de Almeida Santos, pintor

Tem alergia?

A culpa pode ser da sua roupa

Alguns tecidos podem ser responsáveis por quadros alérgicos, tanto respiratórios quanto dermatológicos. Conheça alguns fatores que podem desencadear reações indesejadas:

Em junho deste ano, a cantora Alicia Keys informou ao mundo que não iria mais se maquiar. Na ocasião, a artista posou para uma revista de cara limpa e explicou que se sentia muito pressionada a atingir a perfeição e se enquadrar no padrão estético.

Ao optar pela naturalidade, afirmou que “foi a coisa mais poderosa, livre e honestamente bonita” que já havia feito por ela mesma. Na noite do último domingo (28), ela compareceu à premiação Video Music Awards (VMA) também sem produtos na pele. Criticada na internet pela “cara lavada”, afirmou que as mulheres “sofrem lavagem cerebral pra que tenham que ser sensuais e desejáveis” e que não iria mais cobrir seu rosto, mente, alma, pensamentos, sonhos e esforços. Na data, ela também discursou em homenagem ao líder negro Martin Luther King. Mandou muito bem, né?

Tânia Rêgo / Agência Brasil

1. Roupa nova - O formol é comumente usado em peças que acabaram de sair da loja. O produto é um dos vilões de quem sofre com espirros e coceira e, para sanar efeitos, é indicado lavar a vestimenta antes de usá-la.

2. Material - De forma geral, tecidos sintéticos

como lycra e poliéster causam mais alergias do que fibras naturais, como o algodão. As substâncias que mais irritam o corpo são muito usadas em roupas pretas.

3. Roupa justa - Vestimentas muito apertadas

prejudicam a saúde, ainda mais se houver suor.

Ele aumenta a zona de contato da pele com a roupa e pode induzir alergias.

Fonte: Projeto Brasil sem Alergia

Na sexta (26), circulou na internet um vídeo do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), fazendo uma entrega de imóveis. Na gravação, o político faz piadas desrespeitosas, de cunho sexual, ofendendo uma mulher negra. Ao chamar a moça para receber as chaves da casa, Paes afirma: “vai trepar muito nesse quartinho”. Além disso, ele pergunta se ela é casada e diz que ela irá “levar muitos namorados pra lá”.

Não satisfeito, ainda grita para a plateia: “vai fazer muito ‘canguru perneta’ aqui”. Os comentários geraram revolta e foram classificados por entidades como violentos, machistas e racistas. Se posicionaram contra a atitude a Defensoria Pública e Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM) e Núcleo Contra a Desigualdade Racial da OAB-RJ. A vítima, uma manicure do Morro da Babilônia, decidiu processar o prefeito.

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CIDADES

TRUCO ELEIÇÕES BH

Belo Horizonte, 11setembro a 17 de março de 2016 Belo Horizonte, 2 a 8 de de 2016

Com déficit de 56 mil moradias, candidatos explicam suas propostas para habitação BH Eleição é momento para discutir direito à moradia digna Reprodução / FMC

TÁ CERTO, MAS PERAÍ Délio

O candidato Délio Malheiros (PSD) se orgulha de ser o candidato “oficial” de Márcio Lacerda (PSB). Mas, você sabia que ele não foi o primeiro a ser apoiado por Lacerda? Até o dia 5 de agosto, o prefeito apoiava Paulo Brant (PSB). E Délio chegou até a declarar que renunciaria ao cargo de vice-prefeito caso sua candidatura fosse “vendida para o partido de Lacerda”.

Álvaro Antônio, NÃO É BEM ASSIM

“Começou a propaganda eleitoral. Você vai perceber que esse programa é diferente. Tem menos tempo, tem menos dinheiro”, afirmou Marcelo Álvaro Antônio (PR). Porém, ele é o candidato com mais dinheiro em campanha, totalizando R$ 800 mil, e tem 43 segundos de TV, o que o coloca em uma posição intermediária. >> Estas checagens fazem parte do Truco Eleições 2016, projeto da Agência Pública, que checa as falas de todos os candidatos a prefeito em cinco cidades: Belém, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. apublica.org/truco2016

Emílio Pio e Rafaella Dotta

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número de famílias sem moradia é um problema grave em Belo Horizonte. Segundo estudo da Fundação João Pinheiro, em 2013 a região metropolitana possuía 140 mil famílias sem local de moradia, sendo que destas 75 mil declaram gastar 30% ou mais da renda do mês com aluguel, o que é considerado gasto excessivo. Aos candidatos a prefeito da capital, fica a pergunta, como pretendem mudar o quadro da cidade?

Despejo, realocação e novas unidades A assessoria de Vanessa Portugal (PSTU) responde que o planejamento habitacional da candidatura foi construído com movimentos populares. A candidata afirma que estudos de 2010 apontam que 60 mil imóveis residenciais estão vagos em BH, enquanto existem 75 mil famílias sem moradia. O plano da professora é atualizar o levantamento e desapropriar os imóveis vazios.

O candidato Marcelo Álvaro Antônio (PR) defende uma “requalificação urbana” com implantação de Academias da Cidade e áreas de lazer. Pretende erradicar os pontos de risco alto ou muito alto com a remoção e realocação das pessoas para áreas próximas. Não cita quais co-

Falta de moradia é um problema em BH munidades passariam pelo processo ou se 100% dos moradores teriam direito a nova moradia, mesmo sem título de propriedade do local.

Já o candidato Sargento Rodrigues (PDT) propõe que, na sua gestão, a prefeitura organize um fundo habitacional e construa moradias independentemente da verba federal ou estadual. De 2009 a 2015, 13 mil unidades habitacionais foram construídas em BH, segundo a Companhia Urbanizadora e de Habitação de

Belo Horizonte (Urbel). A grande maioria, 61%, com recursos do Governo Federal, o que mostra dificuldade da política de se sustentar apenas com dinheiro municipal.

Mais que uma casa A proposta de Reginaldo Lopes (PT) cita a realocação de famílias e insere o direito ao serviço da Copasa e Cemig para todas as comunidades já existentes. Pretende também implantar a Lei Federal 11.888, que garante assistência de arquitetura e engenharia para melhoria das residências em vilas e favelas e criar um Conselho Habitacional Metropolitano.

Délio Malheiros (PSD), candidato da continuidade da atual gestão de Marcio Lacerda, herda um déficit de 56 mil moradias, segundo a Urbel, e promete a construção de 80 mil unidades pelo Minha Casa Minha Vida.

Os outros sete candidatos foram notificados, mas não responderam até o fechamento desta matéria.

Eleições no estado

Montes Claros Em Montes Claros, concorrerão ao cargo de prefeito Ruy Muniz (PSB) candidato à reeleição, Glaucia Eliana (PMB), Humberto Souto (PPS), Jairo Ataíde (DEM), Jéssica Vianna (PSOL) e Sued Botelho (PT). Muniz foi preso em abril deste ano por fraude na gestão pública de saúde. Ele teria retido recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados a quatro hospitais filantrópicos e públicos da região para beneficiar um privado.

Ipatinga Os candidatos são Cecília Ferramenta (PT), Sebastião Quintão (PMDB), Daniel Cristiano (PCB) e Robinson Ayres (PSOL).

Quintão virou notícia após protocolar programa de governo idêntico ao do município de Coronel Fabriciano, apresentado pelo Doutor Marcos Vinícius. Ele alterou apenas algumas frases e, em uma das páginas, esqueceu de mudar o nome da cidade.

Governador Valadares Disputam a prefeitura André Merlo (PSDB), Glêdston Guetão (PT), Kenned de Oliveira (PRP) e Ricardo Pedrosa (PEN). O cenário político da cidade está turbulento devido à operação da Polícia Federal que investiga uma rede de corrupção na prefeitura e Câmara Municipal. Desde abril, foram presas 26 pessoas.

Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 2016

MINAS

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Expansão desordenada coloca Ouro Preto em risco

URBANIZAÇÃO Terras sob domínio de empresa podem ser a solução para crescimento da cidade Wallace Oliveira

Wallace Oliveira

M

eus amigos, meus inimigos, salvemos Ouro Preto”. Este verso do poeta Manuel Bandeira, escrito em 1949, ainda parece bem atual.

Tudo se passa como se a cidade da Inconfidência Mineira, fundada há três séculos para arrancar riqueza do ventre de Minas, estivesse condenada a padecer entre a cobiça e o esquecimento.

Desde 1980, Ouro Preto é considerada pela Unesco patrimônio cultural da humanidade. Desde os anos 1970, a cidade cresce sob impulso da mineração e metalurgia.

Hoje, com 74 mil habitantes, a expansão se dá, sobretudo, nas encostas da Serra de Ouro Preto, ao norte, lugar da exploração do ouro no período colonial.

O local atrai os moradores por força da proximidade

Prefeitura doou terrenos para empresa que fechou e não os devolveu

Cidade cresce nma encosta da Serra de Ouro Preto

com o centro histórico, onde estão as principais atividades comerciais e os equipamentos públicos, mas também por falta de lugar para morar. O problema é que esse processo ameaça a segurança das pessoas, o meio ambiente e a preservação do patrimônio.

Impróprio para habitação “O município tem 60% do território em locais de risco alto ou muito alto. Há poucas áreas para expansão urbana e as que são atualmente utilizadas dão lugar a bairros que crescem sem planejamento”, afirma o engenheiro e geotécnico Michel Fontes, presidente do Instituto Geotécnico de Ouro Preto. Segundo ele, a atual ocupação das encostas Lidyane Ponciano / Sind-Ute-MG

ameaça a segurança dos moradores. “Já existem históricos de movimentação, indícios de massas mobilizadas de solo, propensas a escorregamento.

Com o acúmulo de chuvas de 120 mm³ em cinco dias, a possibilidade de escorregamentos acontecerem é superior a 87%.

Em alguns locais, esse risco chega a 99%”, explica.

Outro problema diz respeito à preservação patrimonial. “A ocupação de morros, em áreas que têm visibilidade a partir da área tombada e preservada, é anterior à consolidação da praça Tiradentes, que é um ícone da cidade desde o século XVIII. O adensamento populacional nessa área afeta toda a ambiência e visibilidade do conjunto arquitetônico”, comenta André Henrique Vieira, do Instituto do Pa-

trimônio Histórico e Artístico Nacional.

Para o geógrafo Edenir Monteiro, também há um confronto entre o crescimento urbano e o meio ambiente. “Ali tem a divisa com a Área de Proteção Ambiental Estadual da Cachoeira das Andorinhas, tem a parte do Jardim Botânico, com proposta de virar um monumento e unidade de conser-

Ocupação Chico Rei pressionou por bairro planejado vação. O local também é importante para a captação da água na parte alta da cidade.

Então, por ser uma área de recarga hídrica, precisa ser preservada”, alerta.

Crescer em outra direção Em 1973, o Plano de Conservação, Valorização e Desenvolvimento de Ouro Preto e Mariana, feito pela Fundação João Pinheiro, recomendou a expansão planejada para a região sudoeste, próximo a onde fica a Uni-

versidade de Ouro Preto. Haveria ali capacidade para abrigar 12 mil habitantes.

Na época, o município cedeu terrenos de 1,19 milhão de metros quadrados à empresa canadense Alcan, que tinha uma fábrica de alumínio na região. Mais tarde, a Alcan criaria a marca Novelis, detentora da fábrica e dos terrenos do município. Em 2014, a Novelis anunciou o fechamento da fábrica, gerando a demissão de 350 trabalhadores. Os terrenos, entretanto, não foram reavidos pelo poder público.

Surgiu, então, a suspeita de que a empresa venderia esses terrenos a particulares, o que levou um grupo de moradores a ocupar o local. “Em dezembro de 2015, organizamos a ocupação Chico Rei, numa área de cerca de 17 hectares. O objetivo foi pressionar a Novelis e a Prefeitura, cobrando a construção de um bairro planejado no local, como saída para o crescimento de Ouro Preto. Eles não usam essas terras, apenas especulam, enquanto o povo é empurrado para as encostas”, afirma Wanderley Kuruzu Rossi, integrante do Coletivo Ocupação Chico Rei.

MP quer que Samarco pague 1,3 milhão por mês para reestruturar Mariana O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) recorreu à Justiça para que as empresas Samarco, Vale e BHP Billiton paguem a quantia de R$ 1,3 milhão por mês para que o município de Mariana arque com os gastos da saúde e da educação. De acordo com a promotoria, o valor corresponde à média mensal da arrecadação da cidade em 2015, com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), tributo que deixou de ser pago pelas mineradoras. Segundo a ação, o rompimento da Barragem de Fundão acarretou “prejuízos expressivos aos direitos fundamentais da população” e “há risco de interrupção do funcionamento do hospital e fechamento de creches”. Por nota, a Samarco afirmou “não ter conhecimento da ação” e não possuir débito sobre a arrecadação da CFEM.

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ESPECIAL

BeloBelo Horizonte, 2 a 11 8 de setembro de de 2016 Horizonte, a 17 de março 2016

Desobedecer e resistir

Opinião

João Paulo Cunha

omeça um novo momento na luta C dos brasileiros pela consolidação da democracia. Passada a farsa do impeachment

no Senado, agora é nas ruas. Todos os dias. O tempo todo. Em defesa de todos os direitos ameaçados. A senha foi dada pela presidenta Dilma Rousseff, por meio de sua atitude altiva, enfrentamento corajoso aos canalhas e palavras exatas de convocação à oposição mais determinada que um governo golpista merece.

O Brasil, a partir de 31 de agosto, está sem presidente eleito. A própria solenidade de “posse” de Michel Temer, com sua protocolar covardia, e a primeira reunião ministerial pósgolpe, com um infantilismo que envergonha a história política brasileira, confirmam a vacância do cargo. O usurpador não tem estatura moral para a função, não congrega patrimônio político para o mandato a que se arroga, não amealha apoio entre a maioria dos brasileiros. Mostrou-se uma figura patética,

traído já na estreia da farsa que protagoniza, por obra de seus próprios comparsas.

Há muitos caminhos para a resistência.

O primeiro se liga aos projetos já anunciados de destruição de direitos, corte de investimentos sociais e submissão

A vida dos golpistas não será fácil aos interesses do capital financeiro internacional. São ameaças que convocam desde já às trincheiras dos sindicatos e dos movimentos populares de todo o espectro progressista. Para cada direito do trabalhador roçado de leve pelo arbítrio, uma greve. Para cada riqueza nacional barganhada, dezenas de ações iracundas.

Para cada movimento regressivo no sentido

Lula Marques / AGPT

da concentração de renda, centenas de ocupações. Às afrontas aos direitos humanos, o combate intransigente e pertinaz.

A repressão será enfrentada no deserto da ilegitimidade. Quando se insurgem contra defensores de direitos de cidadania, as tropas não são forças da ordem, mas milícias de interesses privados e, no limite, criminosos. É importante ter claro que, na ausência substantiva da legitimidade, estabelece-se um plano em que desobediência se justifica como forma de ação política.

Resistir e desobedecer. Mas não esquecer de recuperar a história que levou o povo até as conquistas que hoje lhe ameaçam tirar.

Tudo começou com a luta popular pela justiça social, direitos humanos e melhores condições de vida. E é nela que se deve buscar de novo a inspiração. Não se trata de começar de novo, o terreno conquistado é inegociável.

Os inimigos do povo estão contentes. Mas será por pouco tempo. A vida dos golpistas não vai ser fácil. É o mínimo que se deve prometer a eles.

Lula Marques / AGPT

Senadores investigados na Lava Jato dizem ‘sim’ ao impeachment Dez votos favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff foram dados por senadores investigados na Lava Jato. São eles: Renan Calheiros (PMDB), Benedito de Lira (PP), Ciro Nogueira (PP), Romero Jucá (PMDB), Jader Barbalho (PMDB), Edison Lobão (PMDB), Fernando Bezerra Coelho (PSB), Fernardo Collor (PTC), Gladson Cameli (PP) e Valdir Raupp (PMDB). Citados por delatores, todos são suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Na segunda (29), Dilma afirmou que seu afastamento ganhou força com o apoio de integrantes do PMDB que tentavam interromper a Lava Jato. “Queriam o poder a qualquer custo e tudo fizeram para desestabilizar a mim e a meu governo. Contrariei interesses e por isso pago um preço alto”, comentou a presidenta.

“O golpe é misógino e contra o povo” pós decisão do Senado, a presidenta Dilma falou pela primeira vez ao povo na A quarta-feira (31). O discurso durou cerca de 15 minutos e enfatizou a necessidade de ânimo e luta para os movimentos populares e a população que, segundo ela,

sofrerão com o desrespeito aos direitos do trabalho, saúde, educação, moradia e demais áreas. Além disso, ela afirmou que a sua retirada foi motivada pelo machismo e pelo conservadorismo. “O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino.

O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência”, disse, com firmeza. Dilma também ressaltou os avanços da igualdade de gênero durante seu governo e disse que “nada fará as mulheres recuarem”. Se despedindo com um “até daqui a pouco”, ela encerrou suas palavras com um poema e prometeu oposição enérgica e incansável. Para conferir a fala na íntegra, acesse: www.brasildefato.com.br

Contra o golpe Propostas de Temer impactarão diretamente o “futuro do país”. Jovens serão retirados de universidades e sofrerão com a restrição do acesso ao SUS. No mercado de trabalho, podem enfrentar eliminação de direitos da carteira assinada e ficar reféns da terceirização

Minas Gerais

Setembro de 2016 • edição especial • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita

Reprodução / Levante Popular da Juventude

Juventude quer sacudir o Brasil

Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude acontece entre os dias 5 e 9 de setembro, em Belo Horizonte. Cerca de 7 mil jovens de todos estados do país participam do evento. Com programação extensa, que envolve palestras, rodas de conversa e atividades culturais, movimento tem objetivo de discutir melhorias das condições de vida da juventude brasileira

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ESPECIAL

Belo Horizonte, setembro de 2016

Menor salário e mais suor para o “futuro do país” EMPREGO Jovens podem enfrentar eliminação de direitos da carteira assinada e tendem a ser os mais prejudicados Rafaella Dotta

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ocê tem de 15 a 35 anos?

E já trabalha? Então prepare-se. O governo não eleito de Michel Temer possui propostas de uma reforma trabalhista, em que passaria a permitir aumento da jornada de trabalho, salários menores que o mínimo e a terceirização sem limites.

O Projeto de Lei (PL) 4962, se aprovado, permitirá a negociação da redução dos direitos adquiridos pela CLT. Assim, se patrão e trabalhador aceitarem, pode-se aumentar horas de trabalho, diminuir férias, excluir 13º, diminuir o salário e o horário de almoço.

Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A juventude poderia cair em dois grandes problemas: o “risco das super jornadas” ou o “risco McDonalds”, como classifica o economista Frederico Melo, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As “super jornadas” podem chegar a 12 ou 13 horas por dia. Já o “risco McDonalds” trata-se da remuneração por horas trabalhadas a depender da necessidade do patrão.

Jovens ficarão mais reféns da terceirização

Pior para adolescentes A parcela mais vulnerável da juventude seriam os adolescentes de 15 a 17 anos. O Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada (IPEA) di-

vulga que a taxa de ocupação de 15 a 17 anos caiu de 41%, em 1995, para 19%, em 2013.

Porém, cerca de 75% desses adolescentes trabalhavam no mercado informal em 2013,

recebendo um salário médio de R$ 460, enquanto o salário mínimo valia R$ 678.

“O jovem sem capacitação é tratado de forma degradante pelo mercado de trabalho”, analisa Sabrina Ribeiro, secretária de juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG).

Na mira da terceirização Tudo isso soma-se ainda ao PL 4330 que, se aprovado, aumenta a terceirização no país. Isso leva os trabalhadores a empresas que têm as piores condições. “Os jovens geralmente são menos qualificados e não possuem experiência. Tendem a ser reféns da terceirização”, diz o economista.

Juventude teme rumos da educação e saúde PEC 241 Se aprovada, medida pode retirar estudantes de universidades e restringir acesso ao SUS Alexandra Martins / UnB Agência

Cristiane Sampaio e Raíssa Lopes onsumado o golpe, a proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 gera temor no Brasil. Ainda tramitando na Câmara, a legislação prevê a fixação de limites para os investimentos públicos. A medida teria vigência de 20 anos.

Se passar, essa PEC deve implicar a redução crescente de investimentos nas áreas sociais, principalmente em saúde e educação. Em um estudo do Ministério da Fazenda, economistas simularam quais teriam sido os gastos federais de 2003 a 2015 caso a PEC tivesse entrado em vigor naquele ano. A pesquisa revelou que os repasses sofreriam, nos setores de educa-

C

ção e cultura, uma diminuição de 62%. Já na saúde, seriam retirados 45%.

Saúde precarizada Com a Constituição de hoje, o Governo Federal é obrigado a aplicar o mínimo de 13,2% de sua receita em saúde. Com a PEC, a ga-

rantia não mais existiria e os cortes estimados para o Sistema Único de Saúde (SUS) ficariam entre R$ 44 bilhões e R$ 65 bilhões. De acordo com a estudante de medicina e militante do Levante Popular da Juventude Sofia Alves, o cenário ameaça

os avanços conquistados nos últimos anos. É o caso do Programa Mais Médicos que, segundo o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, tem seus dias contados.

“A juventude, sobretudo a da periferia, já está exposta a uma série de danos. Com o desmonte do SUS, estamos falando da sobrevivência do nosso povo. Todos os avanços foram enfrentamentos do governo Dilma contra a indústria far-

Haverá um retrocesso de 20 anos”, afirma militante

macêutica, categoria médica e planos privados. O governo Temer representa esses segmentos”, assegura Sofia.

“Os pobres serão expulsos das universidades” Desde que Temer assumiu, programas de incentivo à educação e profissionalização já vinham sofrendo cortes preocupantes. Estão na lista o Prouni, Fies, Pronatec e Ciência sem Fronteiras. Além disso, o governo suspendeu o Programa Nacional de Combate ao Analfabetismo.

Para Jessy Dayane, da Coordenação Nacional do Levante, o Brasil sempre teve uma educação elitista. “Os pobres serão expulsos das universidades. Haverá um retrocesso de 20 anos”, afirma.

Belo Horizonte, setembro de 2016

ESPECIAL

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“Jovem brasileiro tem incrível capacidade de enxergar as contradições de tanta desigualdade” LEVANTE Duas integrantes de um dos principais movimentos de juventude do Brasil falam da relação entre os jovens e o momento por que passa o país Amelia Gomes e Fernanda Targa

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Brasil de Fato MG entrevistou militantes do Levante Popular da Juventude.

Julia Louzada é estudante de psicologia em Belo Horizonte e atua na frente estudantil da organização. Em outra frente de atuação, Mara Farias, organiza os jovens de Felipe Camarão, uma comunidade periférica de Natal, no Rio Grande do Norte. As duas compõem o movimento desde seu surgimento, em 2012.

Na conversa, Julia e Mara apontam aspectos do perfil da juventude brasileira a partir das experiências com o trabalho de base desenvolvido pelo Levante. Também citam

os principais temas políticos que impactam jovens e apontam elementos para a construção de um Programa Popular para a Juventude Na sua opinião, quais são as peculiaridades do jovem brasileiro?

Mara Farias: A juventude brasileira foi protagonista de muitas transformações populares. Os jovens são criativos, alegres, dispostos a lutar e se indignar com os problemas locais. Mas são também mar-

No Brasil vivem 51 milhões de jovens cados pelo desrespeito à sua diversidade, pela dificuldade de acessar as universidades e pela violência direcionada da polícia. Essa realidade gera no jovem brasileiro uma incrível capacidade de enxergar as contradições geradoras de tanta desigualdade.

Júlia Louzada

Qual a importância de um movimento que se dedica

especificamente a pautas da juventude?

Júlia Louzada: Hoje no Brasil vivem 51 milhões de jovens e temos demandas muito concretas. A juventude negra está sendo exterminada, estamos vivendo vários retrocessos no campo da educação, não temos um projeto de vida pra juventude no campo e o avanço do conservadorismo tem matado as

Levante quer organizar os jovens que lutam pessoas LGBTs. Entendemos o Levante Popular da Juventude como a ferramenta que quer organizar jovens que se convenceram de que só a luta muda a vida!.

O que, na sua opinião, difere o Levante de outros movimentos de juventude?

MF: O Levante carrega em seu nascimento e amadurecimento o exemplo de quem nos criou, os movimentos populares do campo. Conseguimos traduzir o método de trabalho dessas experiências para o trabalho de base com a

juventude que não tem perspectivas de vida. Nosso movimento tem dado conta de uma tarefa que não é fácil, construir uma identidade nacional e unitária, mas que evidencia toda a nossa diversidade.

O 3º Acampamento Nacional do Levante pretende formular um Programa Popular pra Juventude. Por que optaram por construi-lo neste momento?

MF: A juventude organizada está indo às ruas, se posicionando contra os retrocessos, mas só isso não basta, temos que mostrar ao jovem um programa, uma proposta que solucione os problemas que estamos enfrentando.

Quais os objetivos desse Programa? E sobre o que ele versa?

JL: A experiência apontou saídas e propostas de superação dos problemas da juventude, mesmo que às vezes não tenhamos nos dado conta de que estávamos gestando um programa popular para a vida da juventude brasileira. Chegamos a algumas sínteses, que vamos debater com profundidade nos dias do acampamento

Mara Farias

Quais as perdas para a juventude diante dessa conjuntura de golpe no Brasil?

MF: A juventude tem muito a temer com o golpe. Crescemos num um país que conseguiu garantir programas sociais voltados para a juventude, mas com esse cenário já conseguimos sentir os retrocessos e eles estão atacando diretamente os jovens.

JL: Sabemos que daqui pra frente as coisas estarão mais difíceis, que a juventude vai sentir na pele toda essa retirada de direitos e a ascensão do conservadorismo. No próximo período, as lutas vão ser mais intensas, precisaremos de força e coragem.

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ESPECIAL

Belo Horizonte, setembro de 2016

Jovens do campo e da cidade definem lutas prioritárias em cenário de golpe ACAMPAMENTO A programação do maior evento organizado pelo Levante Popular da Juventude conta com debates, oficinas e atividades culturais Mídia NINJA

Camila Maciel de São Paulo

Programação

U

ma semana após o Congresso Nacional decidir sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, cerca de 7 mil jovens de todo o país estarão reunidos em Belo Horizonte para definir lutas prioritárias em um cenário político que já aponta perdas para os trabalhadores. O Levante Popular da Juventude promove, entre os dias 5 e 9 de setembro, no estádio Mineirinho, a 3° edição do Acampamento Nacional do movimento.

Levante reúne 7 mil jovens no Mineirinho

Thiago Ferreira, 27 anos, da coordenação nacional do Levante, aponta que o golpe será um tema central no evento e destaca que será um momento oportuno para organizar a juven-

tude. “O combate ao golpe não se encerra com o fechamento do impeachment, pelo contrário, só abre um leque de retrocessos”, avalia.

Debates, oficinas e atividades culturais fazem parte do roteiro do encontro, que terá como objetivo a elaboração de um Programa Popular para a Juventude Brasileira. O documento tem, inicialmente, dez eixos, que incluem temas que afetam diretamente a vida dos jovens, como acesso ao ensino superior, direito à cidade, cultura, democratização da comunicação, entre outros.

Levante

3° Acampa

É um movimento popular que organiza jovens por todo o Brasil pela conquista dos direitos da juventude e pela construção de um projeto popular para o país. Em 2011, o movimento ganhou caráter nacional. A estratégia de mobilização se baseia no tripé organização, formação e luta. Thiago explica que os núcleos de base do movimento estão abertos para acolher novos integrantes que se alinham às propostas do Levante. Para saber mais, acesse: www.levante.org.br

O acampamento ocorre a cada dois anos, sendo a principal instância de decisão do Levante Popular da Juventude. É nesse espaço que são definidas as linhas de atuação e as bandeiras de luta prioritárias do movimento. A atividade vem crescendo a cada edição, tendo reunido mil jovens na cidade Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul; e 3 mil em Cotia, no interior paulista.

Levante nas ruas: relembre três ações do movimento Escracho: é uma estratégia de luta inspirada nos “escraches” feitos em países como Argentina e Uruguai para denunciar a falta de justiça em relação aos torturadores da ditadura militar. No Brasil, a prática se ampliou e vem sendo usada também para dar visibilidade a casos de corrupção, preconceito, além de expor políticos que tem defendido o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff.

Lula Marques / AGPT

Cunha é alvo de “chuva de dólares”

Alvo de denúncias de corrupção, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então presidente da Câmara Federal, foi surpreendido, em novembro de 2015, por uma chuva de dólares falsos que estampavam a foto dele.

Reprodução de vídeo

“Banho de glitter” no Bolsonaro

Jair Bolsonaro (PP-RJ), deputado conhecido por posições conservadoras, é alvo de escracho em Porto Alegre, no dia 26 de janeiro de 2016. O ato teve objetivo de denunciar a transfobia, a LGBTfobia, o machismo e o racismo do parlamentar.

Mídia NINJA

Escracho na casa de Michel Temer

Após aprovação do processo de impeachment, jovens do Levante fizeram ato, no dia 21 de abril deste ano, em frente à casa do então vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP). Rasgando a Constituição, os jovens denunciaram o golpe parlamentar em curso.

Belo Horizonte, Horizonte, 19 2 aa825 dede setembro dede 2016 Belo fevereiro 2016

BRASIL

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Sem aval das urnas, Temer assume a presidência do Brasil e deve promover cortes e privatizações GOLPE Por 61 votos a 20, Senado aprova afastamento definitivo de Dilma. Crise política deve se agravar com medidas do novo governo Geraldo Magela / Agêncai Senado

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF) Numa votação que ficará marcada na história por ter colocado em xeque a democracia do país, o Senado Federal afastou de forma definitiva a presidenta Dilma Rousseff, do PT, na quartafeira (31). Por 61 votos a 20, num resultado já esperado, Dilma perde o mandato presidencial por causa de acusações duvidosas. Responsabilizada pela edição de três decretos de suplementação orçamentária e atrasos nos repasses a bancos públicos, a petista apenas repetiu medidas tomadas por praticamente todos os seus antecessores, como Lula e Fer-

Afastamento de Dilma foi questionado na imprensa internacional nando Henrique, além de dezenas de governadores e milhares de prefeitos.

Apesar de ter perdido o cargo, Dilma manteve os seus direitos políticos. Apenas 42 senadores votaram para que Dilma perdesse os direitos políticos. Com isso, ela sai do cargo de presidente, mas poderá ter outras ocupações profissionais, como dar aulas e consultorias, o que já disse que pretende fazer a partir de agora.

O vice-presidente Michel Temer, convertido em titular, abandonou a base do governo de Dilma há nove meses, e tem agora como principal aliado o PSDB, parti-

A força do poder econômico e da mídia para a deposição de Dilma remete ao golpe de 1964

do derrotado nas eleições de 2014. Em debate promovido pelo Brasil de Fato na última segunda-feira, a historiadora Joana Montaleone, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembra que parte da elite brasileira e os partidos de oposição nunca aceitaram a quarta vitória eleitoral do PT para a Presidência da República.

“Eles não esperavam perder.

Quando viram o que ocorreu, rapidamente foi articulado um plano B. Após um mês do resultado eleitoral, já havia pessoas pedindo impeachment. Aquilo foi fomentado pela mídia. Eles também perceberam que poderiam perder a próxima. A opção foi partir para um golpe parlamentar”, afirmou Joana.

Desde que o Brasil reconquistou sua democracia, em 1985, apenas dois presidentes eleitos pelo voto direto conseguiram terminar seus mandatos: Lula e Fernando Henrique. A força do poder econômico e da mídia para a deposição de Dilma remete ao golpe de 1964, acrescenta Joana. “A atuação dos empresários em 64 foi mui-

Temer pretende privatizar “tudo o que for possível vender” to evidente. [Hoje], a força do empresariado em cima do Congresso se dá através do dinheiro para as campanhas”, declarou.

Mundo fala em golpe O afastamento de Dilma, tida por seus aliados e até mesmo por seus opositores como uma mulher honesta, foi questionado na imprensa internacional esta semana. Matéria do jornal The Washington Post, um dos principais dos Estados Unidos, descreve que adversários políticos “se uniram pela retirada de Dilma sabendo que era injusto” . O The Guardian, da Inglaterra, fala em desejo de barrar a operação Lava Jato. O Le Monde, da França, fala em “golpe encenado”. Na Argentina, Es-

panha, Portugal, Rússia e até no Oriente Médio, a repercussão foi parecida.

O programa do golpe Para Luiz Carlos Bresser -Pereira, economista, cientista político e ex-ministro do governo FHC, a população brasileira e classe política pagarão caro pela destituição de Dilma Rousseff, o que ele chama de “farsa jurídica”. Ele alertou que o governo prepara para as próximas semanas o anúncio de um plano de privatizações que vai incluir, segundo disse o próprio Temer, “tudo o que for possível vender”, especialmente empresas do setor elétrico e de infraestrutura.

Além disso, já tramita no Congresso uma proposta de emenda constitucional que

População pagará caro pela destituição de Dilma”, afirma Bresser

congela por 20 anos o crescimento dos gastos públicos.

Na prática, a medida vai reduzir, ao longo dos anos, recursos públicos para áreas como saúde, educação, meio ambiente, saneamento básico, ciência e tecnologia, entre outros. A proposta, por outro lado, não mexe no pagamento de juros da dívida pública para banqueiros e rentistas.

Outros dois projetos que devem ser apresentados ainda este ano é a reforma na previdência, que poderá aumentar a idade mínima e tirar o salário mínimo como piso do INSS. A mudança na legislação trabalhista também está prevista, e pode flexibilizar direitos da CLT, como férias, 13º salário e aumento de jornada.

A socióloga Eliana Graça afirma que a agenda de governo não foi eleita nas urnas. “Trata-se de aprofundar a crise e não de solucioná -la. As propostas do Temer são tão regressivas e neoliberais que já não são mais recomendadas nem pelo próprio FMI [Fundo Monetário Internacional]”, opina.

12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 2016

Novela

Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br

valeuuim!

Q

Último capítulo T

oda novela chega ao fim. E com seu fim emergem vários sentimentos: para os fãs a tristeza de não verem mais diariamente aqueles personagens e dilemas; para o autor e os atores, o alívio do dever cumprido; para os críticos, a esperança de novas histórias para comentar. Seja qual for a sensação, o último capítulo é uma despedida.

Hoje, quem se despede sou eu.

Durante três anos, estivemos juntos semanalmente. Foram mais de 150 textos e muitos temas. Falamos de entretenimento e de como ele é potente para reforçar ideologias, estereótipos, preconceitos. Falamos do papel que as novelas têm para formar opiniões, para introduzir temas no sofá da casa das pessoas, para nos fazer refletir sobre nossos comportamentos. Falamos sobre amor,

Amiga da Saúde Amiga, como descubro qual é o meu dia fértil?

Quantos dias antes e depois do dia fértil corro o risco de engravidar?

Patrícia Cristina, 16 anos, estudante.

Cara Patrícia, consideramos que a mulher tem um período fértil (não somente um dia) em que as chances de engravidar são maiores. Esse período compreende a ovulação (dia em que o óvulo é liberado pelo ovário, ficando disponível para ser fecundado), 3 dias antes e 3 dias depois. A ovulação ocorre geralmente 14 dias antes do 1º dia da menstruação. Por exemplo, em uma mulher que tem o ci-

clo regular com duração de 28 dias e que tenha menstruado no dia 1º, dia 15 ela estará ovulando e seu período fértil será de 12 a 18 desse mês. Já as mulheres que têm ciclos maiores ou desregulados poderão ovular em outros dias, devendo então anotar as datas das últimas menstruações e procurar um profissional de saúde para auxiliar no cálculo do período fértil.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf.

amizade, política, sexo e sexualidade, religião, violência. Falamos sobre a vida. Foi um processo muito rico, em que aprendi bastante, escrevendo, dialogando com leitores, pesquisando temas e polêmicas para os textos. Cresci, como amante das novelas, como pretenso escritor, como cidadão atento ao que está na ordem do dia. Foi maravilhoso!

Mas o melhor de tudo mesmo foi poder contribuir com um projeto da magnitude do Brasil de Fato MG. Um projeto de comunicação popular, honesta, engajada em informar e formar cidadãos mais conscientes da realidade de nossa sociedade e dos desafios enfrentados em nosso país. Um projeto que se fortalece ainda mais depois de um dia como quarta (31), quando constatamos a nossa democracia ameaçada. Por isso, não posso deixar de enobrecer toda a equipe envolvi-

da nesse projeto, guerreiros e militantes dedicados na busca de um mundo melhor. E a eles dizer, sinceramente, o meu muito obrigado! Vida longa para vocês e para o jornal.

Não posso deixar de agradecer também aos leitores, sem os quais o escritor não pode existir, pois escrevemos para sermos lidos. Muito obrigado a você que me acompanhou por aqui e por email. É chegada a hora hora de enveredar por outros desafios, escrever sobre outros assuntos, dedicar-me a essa luta em outros espaços. Sou eternamente grato por essa oportunidade e dela só levarei alegrias.

Nos vemos por aí! Um abraço carinhoso!

Joaquim Vela

Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 2016

Dicas Mastigadas Caldo de legumes caseiro

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por Alan Tygel

Instruções Refogue a cebola e o alho na manteiga, junto com o sal.

Jogue a água e os demais ingredientes e cozinhe por meia hora. Use os legumes em outro prato e separe o caldo. Após esfriar, coloque em forminhas de gelo e congele para usar quando necessário.

Ingredientes:

Não use Caldo Knorr!

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Um dos piores hábitos alimentares dos nossos tempos é o uso de tabletes de caldos de legumes e carne prontos. Eles contêm doses enormes de sal e glutamato monossódico, que deixam qualquer comida com o mesmo gosto. Fazer seu próprio caldo de legumes é um jeito simples de ter uma alimentação mais saudável e gostosa, reduzindo a ingestão de alimentos ultra processados.

4 talos de aipo (salsão) 2 colheres de sopa de manteiga 1 cenoura em rodelas 1 cebola picada 2 dentes de alho amassados 1,5 litro de água 1 colher de chá de sal Opcional: alho-poró, salsa, cebolinha, tomate, cravo da índia, manjericão e carne ou frango.

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.

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CULTURA

Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 2016

Filme ‘Aquarius’ é perseguido após denunciar golpe CINEMA Estrelado por Sônia Braga, filme passa por dificuldades para sua simples exibição nas salas de cinema Mariana Pitasse do Rio de Janeiro (RJ) pós passar pelo tapete vermelho de um dos maiores eventos de cinema do mundo, o Festival de Cannes, na França, com cartazes que se manifestavam contra o golpe de Estado que acontece no Brasil, o filme “Aquarius” passou a sofrer retaliações. Mesmo antes de sua estreia, que aconteceu na quinta (1), o filme já passava por algumas dificuldades, tanto para ser escolhido para representar o país no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017, quanto para sua simples exibição nas salas de cinema nacionais.

O Ministério da Justiça determinou que o filme, estrelado por Sônia Braga, tem

Reprodução

A

Temer tenta calar a cultura”, afirma diretor Kleber Filho”

Artistas denunciaram na França que o país vive um momento de ruptura democrática

classificação indicativa de 18 anos, com a justificativa de que teria “uma situação sexual complexa”. Dessa forma, o filme é proibido para menores, o que dificulta a sua distribuição pelos cinemas do país e na programação da televisão, além de não poder participar de mostras abertas ou em escolas.

Para o diretor Kleber Mendonça Filho, trata-se de uma injustiça, já que o filme está distante dos últimos lançamentos que tratam a questão da sexualidade de forma mais clara, como “Bruna Surfistinha” e “Praia do Futuro”, mas que mesmo assim rece-

beram indicação mais leve.

“Uma coisa que parece muito fraca no governo Temer são as ideias. Acho lamentável que em 2016 um país como o Brasil passe por isso. Estamos vivendo a quebra de uma linha democrática, isso é muito sério. Tentam calar a cultura”, afirma o diretor.

Remoções “Aquarius” é um filme político e trata de histórias bem comuns no Brasil dos últimos anos: as remoções e a especulação imobiliária. Na trama, Clara (Sônia Braga) é uma jornalista aposentada

que mora no último prédio de modelo antigo da orla de Boa Viagem, em Recife, e enfrenta uma construtora que tem outros planos para o terreno.

Apesar de tratar de uma realidade bem brasileira, o filme é sucesso por onde passa e vem colecionando ótimas recepções dos críticos e do público. Em Cannes, concorreu à Palma de Ouro, premiação máxima do festival francês. No Festival de Sidney, na Austrália, conquistou o prêmio de melhor filme, assim como no festival da Polônia.

“Essa classificação indicativa prejudica muito. Esse filme foi feito para todo mundo”, argumenta a atriz Sônia Braga.

Oscar Apesar de ser apontado como favorito, o filme também enfrenta um dilema para conseguir ser indicado como representante brasileiro no Oscar. Marcos Petrucelli, um dos nove críticos de cinema escolhidos para a comissão que seleciona filmes para a competição, já se manifestou

diretamente a favor do impeachment e contra o posicionamento político do diretor de “Aquarius”, e já criticou o filme diversas vezes sem tê-lo visto O diretor Gui Fiúza pediu seu desligamento da comissão do Ministério da Cultura (MinC) que seleciona um filme brasileiro para disputar uma vaga no Oscar. Mesmo sem confirmar o motivo, a baixa engrossa o coro contra possível perseguição do ministério ao filme favorito para a disputa. Em retaliação ao MinC, a diretora Anna Muylaert desistiu de concorrer à vaga com seu mais novo filme, Mãe Só Há Uma (2016).

Na última edição, o filme dela Que Horas Ela Volta? (2015) representou o Brasil. Outro diretor a abandonar o pleito foi Gabriel Mascaro, com o filme Boi Neon (2016).

Divulgação

Cinema em transe

Divulgação

Mariana é uma menina que vive em uma pequena cidade de Minas

Trans no teatro

O monólogo “BR-Trans” explora histórias reais de travestis, transexuais e transformistas de vários estados brasileiros. Com texto e atuação de Silvero Pereira, a peça é resultado de uma pesquisa de 12 anos sobre como esses sujeitos levam a vida. Silvero visitou universidades, boates e pontos de prostituição de Fortaleza a Porto Alegre. A trama aborda temas como violência e abuso, mas também superação e resistência. Está em cartaz até 19 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e o valor da entrada é R$20 e RS10 a meia. No próximo dia 10, o ator e a diretora Jezebel De Carli participarão de um bate-papo após a sessão.

“Errante: um filme de encontros” é um longa que retrata a vivência do diretor Gustavo Spolidoro durante o carnaval de 2011. Por cinco dias de festa, Gustavo deixa-se guiar pelo acaso e filma seus encontros e acontecimentos inesperados em Porto Alegre e Rio de Janeiro. A exibição será no Sesc Palladium, de 8 a 12 de setembro, com sessões às 19h. A entrada é gratuita e os ingressos devem ser retirados 30 minutos antes. No dia 13 de setembro, às 19h, haverá uma sessão comentada pelo diretor.

Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 2016

Vai começar a 16ª na geral Paralimpíada da história

N Como BH Pedala?

Você quer contribuir com a mobilidade urbana em Belo Horizonte? Quer uma cidade onde seja possível andar de bike com segurança em qualquer lugar? A pesquisa “Descobrindo como #BHPedala” quer saber o que pensam os ciclistas da capital. Para colaborar, é preciso apenas responder a um breve questionário, que pode ser acessado pelo link: bhpedala.ga. O questionário fica disponível até o dia 18 de setembro. A pesquisa é realizada pela Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte – BH. Reprodução

Você tem críticas, sugestões ou perguntas a fazer?

Escreva para nós

esportemg@

brasildefato.com.br

o dia 7 de setembro, terão inícios os Jogos Paralímpicos Rio 2016, que vão até o dia 18. Participam 4500 paratletas de 176 países, em 23 diferentes modalidades. O Brasil terá sua maior delegação na história, com 279 paratletas: 181 homens e 98 mulheres, além de 23 acompanhantes (guias, calheiros e goleiros) e 195 profissionais técnicos, administrativos e de saúde. Minas Gerais envia 27 representantes, sendo 17 deles atletas. Destaque para Terezinha Guilhermina, de Betim, uma verdadeira lenda viva do paratletismo mundial. Ela é três vezes campeã paralímpica, oito vezes campeã mundial e nove vezes campeã parapan-americana. Os ingressos dos jogos variam de R$ 10 a R$ 130 e podem ser adquiridos pelo link: migre.me/uQPHi.

ESPORTES

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Curto e Grosso

Superando limites Buda Mendes / CPB

Márcio Rodrigues / CPB

Marcelo Pereira

A Celtic apoia palestinos Durante um jogo contra o time israelense Happel Beersehba, pela Liga dos Campeões da UEFA, a torcida do time escocês Celtic agitou bandeiras da palestina, em protesto contra a violência exercida pelo Estado de Israel.

A Fifa, que quase nada faz para acabar com o racismo, a homofobia e outras formas de violência no futebol, puniu o Celtic com multa de £18.000 (R$ 76 mil). Os torcedores não se deixaram intimidar com a punição e organizaram uma campanha beneficente, que arrecadou mais de R$ 500 mil. O dinheiro foi usado para pagar a multa e, o restante, doado como solidariedade a palestinos.

Reprodução de vídeo

saudade dos Jogos Olímpicos ainda está batendo forte, mas esta coluna quer convidar o leitor a deixar a nostalgia de lado e acompanhar os Jogos Paralímpicos, que começam na próxima quarta-feira (7) e vão até o dia 18, no Rio. Além de ser um espetáculo esportivo de excelência, com muita competição e emoção, será uma oportunidade para o grande público comprovar como a pessoa com deficiência é capaz de grandes feitos, garantidas as condições para que ela possa desenvolver suas potencialidades.

Todos nós temos nossos limites pessoais, físicos ou não. Mas, em condições de igualdade, podemos ser o que quisermos. É isso que estes atletas vão nos mostrar a partir da semana que vem.

Se isso não bastar para te convencer, lembre-se que o Brasil é uma potência paralímpica, tendo sido o sétimo lugar geral nos jogos de Londres 2012.

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ESPORTES

Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 2016

Beckenbauer é processado por corrupção

DECLARAÇÃO DA SEMANA Colin Kaepernick / EFE

Francsico Obando

O

Ministério Público da Suíça está na cola do exzagueiro alemão Franz Beckenbauer, além de outros três dirigentes futebolísticos. Eles são acusados de fraude, lavagem de dinheiro e apropriação indevida de recursos, em um esquema

de compra de votos para sediar a Copa de 2006, realizada na Alemanha. A imprensa do país já havia revelado, em 2015, um esquema de caixa 2 entre o comitê de candidatura da Alemanha e a empresa de artigos esportivos Adidas.

Até o fechamento desta edição, ainda não tinham terminado os jogos Botafogo x Cruzeiro e Equador x Brasil.

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Não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime pessoas negras. Para mim, isso é maior que o futebol.

Existem corpos nas ruas e pessoas se safando dos assassinatos.

Colin Kaepernick, jogador do San Francisco 49ers, que, em jogo da pré-temporada da Liga Nacional de Futebol Americano, recusou-se a ficar de pé enquanto o hino nacional dos Estados Unidos era tocado.

Gol de placa Carlitos Tévez foi decisivo para o pagamento dos salários atrasados de jogadores da segunda divisão argentina. Liderados por ele, atletas da primeira divisão ameaçaram entrar em greve caso não fossem quitadas as dívidas. Acertado o pagamento, o Campeonato Argentino pôde começar.

Gol contra Deu no blog do Juca Kfouri: foram suspensas todas as bolsas estatais aos atletas e equipe técnica federados na Confederação Brasileira de Esgrima. O governo Temer começou, meu povo! Prepara o lombo.

Decacampeão Bráulio Siffert Como se não bastasse a situação praticamente irreversível, o América continua perdendo jogos bobos, quando não aproveita as chances criadas e toma gols nos poucos avanços do adversário. Contra o Vitória, oportunidades apareceram no primeiro tempo, mas a má fase e a falta de confiança e vontade de vencer empurraram as bolas pa-

É Galo doido!

Rogério Hilário

ra fora. Talvez seja momento de mexer no ataque, sacando Michael e Osman e testando Nilson, Sávio ou Danilo.

Inexplicavelmente, todos os treinadores do América em 2016 insistem em inverter o ditado: para eles, em time que se perde não se mexe. Com Enderson Moreira, o time evoluiu, mas é preciso mudar peças e posturas para se chegar às vitórias.

O Atlético abusa do direito de jogar mal. Em três partidas, deixou a massa ressabiada e Marcelo Oliveira contribuiu para o desconforto. Contra o Grêmio, poupou, no primeiro tempo, jogadores como Robinho e Douglas Santos. Bastaram os dois em campo para se instaurar o equilíbrio. Com um meio-campo mais pegador, quem sobrou em campo foi

La Bestia Negra Nádia Daian

o tricolor gaúcho.

Basta ver as estatísticas: quase trinta 30 conclusões a gol do adversário e apenas duas do Galo. Se a prioridade é conquistar o Brasileirão, alguns cuidados são necessários. Isso não inclui poupar jogadores. Já são tantos contundidos que começa a faltar suplentes.

Marcelo Oliveira: brincadeira tem hora. Chega de invenção!

O técnico Mano Menezes completou um mês à frente do Cruzeiro. Sob o comando do treinador, o time conquistou 11 pontos em 18 disputados (três vitórias, dois empates e uma derrota), o que representa um aproveitamento de 61,11%.

A campanha no returno nos tirou da zona de rebaixamento, mas não foi suficiente para nos afastar da zona de

confusão. A sintonia com a torcida foi reconquistada e o time, mesmo que não seja brilhante, tem sido efetivo.

Após o jogo com o Botafogo, pela Copa do Brasil, o time tem dez dias para treinamentos e uma sequência dura no Campeonato Brasileiro, que dirá o que a torcida pode esperar do time.

Continuamos tendo a certeza de dias melhores.